Bairro Quinta

Bairro Quinta

Quinta é o quinto distrito do município de Rio Grande. Está situado na região oeste do município.

A localidade foi criada em 31 de dezembro de 1909, através do ato 532. O documento dava origem ao 5º Distrito, batizado de Júlio de Castilhos pelo intendente municipal, Trajano Augusto Lopes. Mesmo antes da oficialização, o vilarejo já existia, no entanto, era ligado ao Povo Novo. Um pouco mais tarde, em 1903, foi criada a Sociedade de Instrução e Recreio Quinta (Sirq), pois os moradores sentiram

04/07/2020

Lilia Neves: Leituras em educação distrital
Assim fora a despedida da Professora Maria Iveta de Araujo das alunas da aula do s**o feminino aqui na Vila da Quinta e lhe ofereceram uma cesta de doces e a acompanharam até a Estação Ferroviária. Uma das meninas era Eulália Paulina Soares, filha do Abdon Salies, a mais ligada à professora, sua vizinha e companheira nas horas vagas.
Partira Iveta e f**aria o esquecimento do seu legado. Teria novos alunos na cidade na Aula Mista na casa de Francisco Lima, na rua Rheingantz, número 554, com duas peças alugadas (Jornal Rio Grande – 10/12/1928) uma para s**o feminino e outra para o s**o masculino e na rua movimentada pelo trânsito dos bondes e no porão da casa, os teimosos do dia, teriam meia hora de castigo depois do término da aula. (Lirba de Lima, 90 anos, entrevista em 18/06/2003, ex – aluna)
Neste tempo, fim dos anos 20, professora Iveta morava na rua Visconde de Paranaguá, 51 e não teria mais a companhia da irmã Lilia Neves já falecida. Era uma mulher solitária. Sua sobrinha Walquiria, filha da Lilia estava sempre presente, mas morava em Pelotas e foi com os mimos da Walquiria que ficou os últimos tempos de sua vida.
Era filha de João Batista de Araujo e Maria Aguiar Cardoso, moradores de Arroio Grande. (Cópia - Biblioteca Escola Lilia Neves) Iveta nasceu em 02/09/1968 e foi professora contratada do Estado dando aula no município do Herval. (Livro de Assentamentos de escolas e professores públicos. Livro 1 -094 -1900, AHRS). Junto com a irmã Lilia Neves, (Nomeada em 08/03/1909 para o Bibiano de Almeida) foi transferida para Rio Grande ( Apostila de 10/03/1909 removida para a Vila da Quinta a seu pedido. Livro I – Registros e Títulos de Professores, 1907-1913, AHRS) e começava a lecionar aqui na Vila f**ando até aproximadamente o ano de 1922.
No domingo do dia 13 de março de 1932, 10 anos após a morte da irmã Lilia Neves, na Sociedade Beneficente Portuguesa de Pelotas, às 22 horas morreria Maria Iveta de Araujo. O trem com o cortejo público chegaria às 16 horas da segunda-feira na Estação Central (Jornal E’cho do Sul, 14/03/1932, Biblioteca Rio Grandense) para o cemitério local. Não houve grandes homenagens com coroas em ramos de flores nem condolências das pequenas escolas onde trabalhou e nem proferiram discursos inesquecíveis quando morrera a professora Lilia Neves. O trem com seu corpo passaram pela Vila da Quinta e nada soubemos se aconteceu alguma manifestação. Hoje a homenagem que prestamos com seu nome desde 2009 é a sala de vídeos e de informática da Escola Estadual de Ensino Médio Lila Neves
Entrevistas Transcriadas

Entrevista: Diana Neves Ribeiro
15/07/2003

A minha avó conheceu a professora Iveta e dizia que ela era muita simpática, tanto ele como a irmã Lilia. Ela trabalhava aqui na quinta e inclusive morava aqui. A Lilia é que morava por períodos, principalmente nas férias de verão. A casa da Iveta, que minha avó contou, f**ava do lado onde é o supermercado agora e a casa da Lilia era ao lado. O marido da Lilia vinha a ser parente do meu avô, o vô Celo, mas o nome era Marcelino Pereira das Neves, primo do Frutuoso Pereira das Neves que era casado com a Lilia.
Minha avó materna era Elodina Dutra, morava no km 7, n zona da Coxilha e meu avô tinha um campo ali. Ela conhecia a Iveta que era solteira, não era casada e morava aqui. Depois, dizem né, ela foi morar com o sobrinho, ela não tinha ninguém pois eles eram de Arroio Grande e por não ter companhia, morava com o sobrinho.
Ela dava aula na casa dela porque nesta época o colégio não existia. Minha vó dizia que ela tinha uma sala onde recebia os alunos para lecionar. A Iveta era uma pessoa... diferente da Lilia, era mais fechada e menos comunicativa, mas excelente pessoa. Era reservada, não gostava de sair de casa, conversava muito, mas com poucas pessoas e minha avó quando vinha a Quinta a visitava, eram amigas. A Lilia era diferente, expansiva, alegre e muito prestativa e a Iveta era calma e f**ava mais em casa.
As relações coma Iveta é que quando vinham aqui para a Quinta,, naquele tempo era só a carroça, tiravam uma semana, faziam tudo o que tinham que fazer, compras, ir de trem a Rio Grande, consultar... essas coisas assim, f**avam até uma semana e minha avó muito comunicativa, gostava de conversar, fazer amizades,, ela saia e fazia as visitas nos parentes e também naquele tempo só tinha a rua principal, Coronel Salgado, e até faziam as corridas de cavalo nela, as conhecidas pencas. Todos vinham das redondezas para as “carreiras” de cavalo aqui na Quinta, era sagrado nos fins de semana e um movimento enorme. Era toda a rua e era só esta rua que existia e com poucas casas. Era essa aqui, (residência atual, Dr. Nascimento, 396), a da esquina ( antiga Ferragem Zé Gonzales), depois ali onde é o Supermercado tinha outra casa antiga, também ali onde é o Galego, a do Antonio Louro que ainda tem uns traços da casa ainda. O cinema, o Cine 15, mas tinha outra casa lá onde tem um barzinho, também era antiga. Tinha a do Chuvas que podes ver pela fotografia, elas aparecem né, são de madeiras e telhado de zinco. Ali era um hotel do seu Maneca Chuvas. Ele hospedada as pessoas que vinham de fora e f**avam no hotel. Era uma casa de madeira cumprida, mas bem forte. Depois com o tempo... o seu Maneca morreu, ficou somente o seu Luiz.
Eu acho que deveria ter a homenagem para a professora Iveta. Não a conheci, mas sempre ouvia falar bem dela e creio que possa ter sido a pioneira na educação porque depois dela é que vieram os padres (Ordem de São de São José de Murialdo – Josefinos) que até meu ai estudou na escola deles. Foi uma Escola Agrícola que f**ava em frente a Estação nos terrenos da Prefeitura.
A minha mãe é de 1910, lá do Belendengue e estudou com a tia Dalva. Ela deu aula aqui na quinta também e depois foi para Rio Grande. È importante porque naquela época as filhas mulheres aprendiam o essencial; ler, escrever e fazer conta e os homens, os que tinham possibilidades e recursos dos filhos estudarem, mandavam para Rio Grande para tirar o ginásio. Nem imaginas tirar o ginásio naquele tempo era uma grande coisa. Meu tio se formou e virou Guarda Livre e era o Guarda Livre de uma Estância, fazia a contabilidade da estância, mas as mulheres... era só o essencial.
Depois que a Iveta foi embora, nunca mais soube noticias dela. Somente depois que meu pai (Décio Vignoli Neves, era escritor, nasceu na Quinta) começou a trabalhar nos livros “Vultos do Rio Grande” é que ele começou a falar na Iveta e na Lilia. Conseguiu falar com a Walquiria, a filha da Lilia Neves, porque além do parentesco, fazia versos, rimava assim, como a Walquiria e por intermédio dela, meu pai foi achando coisas da Lilia e da Iveta. Creio que meu pai não conseguiu muita coisa, e se tiver, não sei onde pode ter f**ado.
A Iveta era mais reservada, mais fechada, mais.. feinha também né, coitadinha, então era aquele negócio, a Lilia era mais simpática, bem casada, mas por justiça deveria ter uma homenagem a Iveta, acho eu.

Entrevista: João Correia
08/06/2003

Eu conhecia a Dona Iveta e ela dava aula, não sei se era lá para baixo (apontava para a rua Cel. Salgado em direção a Vila Santo Antonio) ou aqui na frente que tinha uma escola que era do genro do Luiz Costa que dava aula particular. (defronte ao salão paroquial).
Conheci a Iveta sim. Ela era baixinha e boa pessoa. E todos gostavam dela e morava aqui na Quinta, mas não me lembro dessa Lilia Neves. Não fui aluno dela pois eu era mais velho. Eu comecei na Escola dos Padres e quando eles foram embora, fiquei estudando com o professor que era genro do Luiz Costa, mas não lembro o nome dele.
Olha se eu visse o retrato dela eu a reconhecia, até porque eu já tinha uns 12 anos. Vou fazer 94 anos. Passaram-se 82 anos, é um bocado de anos para a gente se lembrar, afinal sou de 1909.
Quando eu estudava, meu professor era o padre Humberto (Humberto Pagliane, responsável pela Escola Agricola da Quinta) ele era o chefe e tinha uns 3 a 4 padres, mas ele era o chefe. Ele era muito bom, meio doutor saindo por essa campanhas curando gente, meio homeopático né. Precisavam dele nesta campanha aí, ele ia atender. Depois veio um outro, usava um cavanhaque, chamado padre Eustáquio. Teve outro que morreu aqui, era o padre Inácio e era neste tempo que eu estudava na Escola.
Sou filho daqui mesmo e meu era de Santa Vitória do Palmar, João Corrêa Mirapalheta e em 1909 eu nasci aqui.

Entrevista: Jandira
03/06/2003

Eu estudei no Lilia Neves que antes era uma escola do município e foi o que aprendi na vida e fui só até a 3ª série. Hoje estou com 77 anos e sou de 1926 e quando eu estudava tinha 3 professoras. A dona Julinha que era viúva, a Julieta que era filha da dona Julinha e Dalva Nicola. Elas moravam aqui e a Dalva Nicola morava lá onde era a Sotil ( Passando a sub estação da CEEE, lado direito da Br 471), ali era a estância dela.
Depois passou a ser Lilia Neves. Antes não tinha nome não e então mudou para melhor. Vieram professores de Pelotas e essa Gilda que era de Rio Grande. Eu estava no colégio e teve festa quando botaram o nome de Lilia Neves. Não teve salgadinhos como hoje né e se batiam palmas, naquele tempo já era alegria. Teve jogos, desfile, ginástica com a professora Carmem Vaz. Tinha outras professoras além dela como a Noemi Gigante, casada com o Antunes, a Emilia Machado e a Nair Pasquer. Eram as quatro professoras que vinham de trem e elas passavam a semana aqui, iam embora no sábado e voltavam no domingo à noite, no Bagé, naquele tempo tinha o trem noturno.
Elas f**avam nas casas de famílias aqui durante a semana, mas quem pode te informar melhor são as ‘Maragatas’ pois são do meu tempo. Estudavam, jogavam e como jogavam. Nós íamos ao Povo Novo, nós brigávamos com elas lá. Era aquele jogo do saque, sabe? vôlei né e no colégio de madeira que incendiou, aliás, diziam que botaram fogo de propósito e f**ava perto da casa do Sergio Carvalho (defronte ao DTG Tangara no antigo Horto). Ali foi o segundo Lilia Neves, o de madeira que o antigo de material desabou e depois construíram esse prédio de agora. ( 1961)

Entrevista: Alcidina Salies Pontes
18/06/2003

Esse poema é que minha mãe leu no último dia de aula da dona Iveta na escola lá na Quinta e guardei isto com muito carinho. Foi uma despedida P*S a professora passou a lecionar em Rio Grande e o nome da minha mãe é Eulália Paulina Salies e depois de casada ficou Farinha no sobrenome. Ela era filha de Abdom Salies e Arzelinda Poester Salies, moradores na Quinta a muitos anos. Minha mãe dizia que a dona Iveta foi a primeira professora que ficou vários anos aqui na Quinta e minha mãe nasceu em 1901.
A aula não era particular, tinha vários alunos e eu não sei onde f**ava o colégio. Sei que minha mãe a esperava todos os dias na Estação e iam junto para a escola, assim contava ela. A dona Iveta morava em Rio Grande e vinha todos os dias de trem para a Vila para dar aula, mas talvez ela tenha f**ado na Quinta no verão, porque ela morava com a irmã, dona Lilia Neves que veraneava lá , elas sempre moravam juntas.
Minha mãe não aceitava que a Escola da Quinta não tivesse o nome ou alguma coisa que lembra-se a dona Iveta porque a dona Lilia Neves nunca lecionou na Vila da Quinta.
Minha mãe casou com Alcides Garcia Farinha e não morava na Quinta quando casou em 1927. Veio para Rio Grande em 1918 mas meu avô continuava a ter campos aí. Eu não sou professora, trabalho na assistência social. Sempre gostei de trabalhar com crianças pobres e procuro fazer alguma coisa por elas.
Sei pouco sobre a Lilia Neves e somente aquilo que a minha mãe dizia, que as irmãs moravam juntas, a Iveta era solteira e a Lilia dava aula em Rio Grande. Para ela era a Iveta que merecia uma homenagem e não a Lilia Neves.

04/07/2020

SIRQ – Uma instituição centenária
A arte de ser centenária não deve ser expressa apenas como manifestação e valorização estética. Tal arte é antes de tudo uma atitude do homem em relação ao seu passado. A Sociedade e Recreio viu passar e embalou os sonhos dos homens que ajudaram a criar o 5º distrito em 1909, desmembrando-o do Povo Novo. Viveu os horrores de duas grandes guerras mundiais, sepultou sócios vitimados pela gripe espanhola de 1918 e foi testemunha de defesa das nossas revoluções internas, criando mitos e heróis de uma terra dominada pelos coronéis, mas sempre fora delicada e suave com a beleza de rainhas, princesas e misses que um dia desfilaram em sua sede. Quebrou o protocolo quando deixou os nãos sócios assistirem os jogos da Copa do Mundo de 1970 quando a Quinta só tinha um aparelho de televisão. Foi administrada pela prepotência dos velhos caudilhos políticos, mas também teve a doçura de um dia ser guiada somente por mulheres. Firmou-se assim, ao canto e desencanto de seu poder. Puniu e expurgou quem ousara transgredir seus códigos, mas agraciou e bajulou benfeitores conforme seus interesses.

Fundada em 8 de janeiro de 1903, teve suas atividades iniciais na casa do Capitão Abdon Salies e como o espaço da grande sala estava começando a f**ar pequeno, Abdon dou o terreno para a construção da sede onde se encontra hoje. O primeiro salão ficou pronto em 1905, construída de madeira e as telhas eram de zinco. O estilo era colonial, amplo, as janelas em arco, e duas janelas da frente eram maiores e os vidros eram coloridos na parte superior, despontando como um dos mais belos prédios do nascente século 20 na pequena povoação à margem da linha férrea.
Até 1917, os bailes eram concorridíssimos e o espaço nobre era disputado pela elite rural. Quando ocorriam bailes de gala, havia, em horário especial, trem fretado de Rio Grande, exclusivamente para o transporte de senhoras e senhores que frequentavam a Sociedade.
A primeira crise surgiu 15 anos após sua fundação: em campo minado de atitudes prepotentes entre sócios e a diretoria, vieram à tona as primeiras deserções. Criava-se assim um salão independente, mas com o poder de barganha e arranjos políticos viria à pacif**ação. Concomitante a isso a gripe espanhola de 1918, que por aqui deixa suas vitimas e a 1ª Guerra Mundial, deixaram a SIRQ em compasso de espera.
Administrar a SIRQ e neutralizar diante de seus conflitos internos ao longo da sua história, nunca foi tarefa fácil, independente do sucesso e realização pessoal na vida privada. As crises vieram de longe, desde 1922 quando foram interrompidas as atividades da instituição e, repassou, em forma de arrendamento a sua sede para o Grupo dos 15”!!, período em que começava a exibição de filmes em seu interior. Com o protestos e reações de antigos sócios, se reorganizava a Sociedade em 1926 com a formação de uma nova diretoria. Renovada e ambiciosas, oferece um curso primário e aulas noturnas para os adultos com verbas próprias da entidade. Neste período surge a caneta tinteiro, folheada a ouro, oferecida pelo professor José Antonio Carneiro. Recebeu doações de livros e obras para sua biblioteca e intercedeu ao Poder Público Municipal para a criação de uma praça em frente à Estação Ferroviária, na época, terreno da antiga Escola Agrícola. A nossa primeira praça situava-se onde hoje f**a o Posto de Saúde.
A Revolução de 1930 interromperia novamente as atividades sociais. A revolução que levaria Getulio Vargas ao poder, mexeria com os nossos caudilhos. Foi organizado um corpo de voluntários para combater em Rio Grande as tropas federais que resistiam ao golpe e no interior da Vila, havia homens armados para o combate. Homens como Marcelino Pereira das Neves e Augusto Nicola, formariam suas milícias para impor a ordem na cidade. A SIRQ f**aria fechada até terminarem as pressões políticas e outros atores em cena na politicagem local, novas picuinhas viriam pela frente, e persistiriam os mesmo traumas da inconsistência partidária.
Em 1934 surgiram dois blocos carnavalescos: “As Floristas” e “As Ciganas”. Nosso carnaval ganhava o brilho e a rivalidade entre os dois blocos e com eles a luxúria, beleza, competitividade e misturados a tudo isto, uma batalha em suas entranhas: a invocação politica. As Floristas nasceram na SIRQ e as Ciganas, renegadas que ousaram criar um espaço só para elas no já existente cinema, que oferecia bailes no carnaval. Cores, gritos, segredos na época de Momo, mas em cada espaço, uma pitada da politica reinante: na Sirq, o conservadorismo do PSD e no Cine !5, o populismo do PTB.
Sob a alegação da 2ª Guerra Mundial, corroborada pelo desinteresse coletivo local e pelas ações pertinentes a politica nacional com a ditadura getulista, a Sociedade permaneceu fechada de 1939 a 1948, tentando se organizar em 1949. Os resultados foram efêmeros. Desleixo e falhas administrativas deixaram a Sociedade fechada por mais de 13 anos. O brilho do enorme salão, já com seus 30 anos, virou entulho. O assoalho apresentava buracos, parte das madeiras das paredes estava despregada e havia goteiras por todos os cantos. Era a exposição do triste abandono.
Surgia o inicio da década de 1950 e com ela o movimento de futuras lideranças jovens no intuito de reerguerem a SIRQ, mas somente em 26 de junho de 1952, em Assembleia Geral, definiu-se o papel da entidade para os novos tempos. A primeira campanha seria para reerguer uma nova sede social, já que a antiga estava em ruínas e foi demolida. A nova obra oferecia uma estrutura sólida e pensada sobre todos os aspectos da construção arquitetônica: água encanada, rede de esgotos e luz elétrica. A sede foi decorada e mobiliada ao longo dos anos com móveis, louças, cristais, cortinas, mesas e cadeiras, estas vindas do Paraná.
Uma grande festa em 16 de outubro de 1954 inaugurava o atual prédio da Sociedade, abrindo o caminho para os novos tempos. Politicamente tudo se mantinha calmo, somente brigas e desafetos pessoais alteravam sua trajetória de conturbações administrativas. Obras de embelezamento, mesas e cadeiras de Gramado, a colocação do parquet, o forro em colmeia, caracterizando uma das melhores acústicas nos salões existentes, na cidade os jornais estampavam fotos das rainhas e noticias da ”Quinta” pelas mãos do escritor Décio Neves.
Pairavam recomendações em ofícios com um bem caríssimo como a eletrola e ainda havia a incerteza da utilidade de um aparelho chamado televisão e suas benesses para a coletividade social. Quando o antigo prédio de madeira do Lilia Neves incendiou, abrigou as aulas da escola até o prédio em construção f**ar pronto,e teve um curso supletivo mantido com verbas do Ministério da Educação desde 1962.
Mantinha inabalavelmente, por tradição, suas exigências de conduta e respeito em seu interior, com exageros personalizados de uma sociedade em transição. Ainda são memoráveis os bailes entre 1960 e meados de 1970 que elegeram rainhas, princesas e garotas da primavera. A elite rural aos poucos se ausentou, pois já não tinha mais o prestigio e o poder de outrora. Passaram a vigorar os novos modelos sociais, nitidamente urbanos, no comando da Sociedade e mesmo com as modif**ações sociais em andamento, continuou sendo referência de uma classe detentora de prestígio social e poder, mostrando-se lenta para as transformações necessárias e visão de futuro, pouco contribuindo para a desmistif**ação de preconceitos raciais e sociais afinados ao longo de sua história. Sua influência politica continuava intocável, a Ala Feminina nos eventos sociais e carismáticos, principalmente entre 1968 e 1971, repartindo também seu espaço quando fundado o CTG Raphael Pinto Bandeira em 1968.
Com a chegada dos anos 80, mudanças radicais na estrutura social estavam acontecendo e a Sociedade arredia a elas. Pagar taxa de água e energia elétrica signif**ava pesadelo aos tesoureiros. As crises de outros tempos batiam à porta. Recomeçavam as interrupções no funcionamento da Sociedade, parcerias simplistas, carnaval e pouca ousadia desmereceram o brilho da SIRQ.
Ficou centenária nos anos 90, adaptou-se aos novos conceitos da sociedade, virou um clube de interesses particularizados, sem o brilho de outros tempos. Aprendeu a ser mais democrática no uso de seu interior com as portas abertas à comunidade local, mas perdeu o encanto de sua história. Aos poucos desapareceram suas referências do passado para recriar um novo modelo de ação, empobrecida pelo simplismo, mas sonhos vivos na imagem dos mais novos. O presente segue sem definição conceitual com outra geração reconstruindo um novo tempo.

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Rio Grande, RS
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