Pedarilhos

Olha que ótima notícia! 💥

O 19° Encontro Nacional de Cicloturismo está com uma programação imperdível! E não podia ser diferente para não perder a tradição de um encontro incrível.

As informações e as inscrições estão disponíveis em nosso site.

Então confira lá no site, se inscreva e venha passar momentos incríveis com a gente no feriado de Corpus Christi - 30/05 a 02/06.
Esperamos por vocês! 🙏🌞⛰️🚴🏻‍♂️🚴🏻‍♀️

https://www.clubedecicloturismo.com.br/eventos-1/16-encontro-nacional/597-19-encontro-nacional-de-cicloturismo-3

Mais alguns registros da nossa mini-férias de última hora.

Surgiu a oportunidade de escapar da rotina uns dias, e já estava nos nossos planos conhecer essa montanha. Joga toda tralha de camping na mochila e vamos!

Foi a deixa que precisávamos pra passar umas noites acampados avistando os Soldados de Sebold e esticar as pernas na montanha.

Agradecemos a acolhida do pessoal da .doguardiao que além de nos receber tão bem com certeza oferece a vista mais bela dos soldados!

Notícia triste, soubemos hoje da partida repentina de nossa amiga e grande cicloviajante Chica!
Pessoa que nos ajudou muito, sempre generosa em compartilhar, alegre e animada. Também compartilhamos momentos que guardaremos com muito carinho, entre uma visita lá nos seus campos e aqui nos nossos, nos inspirou muito, nossa eterna admiração. F**a agora a saudade!
Obrigada pelo privilégio de termos lhe conhecido e aprendido tanto contigo Chica! Ainda difícil acreditar...
Maria Cristina Hartmann (Chica)

Oi gente!! Pra quem leu o nosso artigo de como vender fotos na internet e se cadastrou no Shutterstock, temos uma atualização importante... O Shutterstock mudou (para muito pior) a maneira que vai pagar os colaboradores. Pra ver os detalhes da mudança : https://forums.submit.shutterstock.com/topic/100133-new-earnings-structure-for-contributors/

E pra assinar a petição contra essa mudança: https://www.change.org/p/shutterstock-object-to-the-decline-in-shutterstock-s-contributor-earnings

Sign the Petition Object to the decline in Shutterstock's Contributor new earnings policy

A gente tá só esse doguinho da foto nesse sábado preguiçoso. Registro de Janeiro de 2013. Lá vai uma sequência de fotos que nos trás boas lembranças. Patagônia só trás boas lembranças. Mas em algumas das fotos, em uma principalmente, algo errado não está certo. Vamos ver quem descobre primeiro, precisa ser bom observador. Spoiler: que acompanhou aquela nossa viagem longa na época que ela acontecia (2012-2014), provavelmente vai bater o olho e saber do que estamos falando. 🤣 O assunto foi tema de várias fotos na época. Gente, só uma postagem à toa pra hoje, faz tempo que não publicamos nada por aqui, uma sequência de fotos que a gente gosta de rever, raros momentos de uma brecha de sol batendo na Carretera Austral, até parecia verão. Ops, era verão! Se você não acompanhou, tá tudo no nosso blog, fotos, registros, posts de relatos e a rota do percurso, link na bio! Abraços, inté!

Final de semana recebemos a visita da Dani e do Léo viajantes do mundo , casal com quem gravamos podcasts de volta ao mundo em bicicleta. Era prometido gravarmos o último episódio da viagemndeles quando viessem nos visitar e provar a cerveja do André, porém o tempo era curto e decidimos aproveitar para desfrutar a convivência. Além disso, o final de semana foi movimentado na região e já havíamos combinado de conhecer a Tirolerfest aqui de Treze Tílias juntos. Foi um excelente final de semana na companhia destes queridos, muito papo sobre viagens, a vida, o universo e tudo mais! Esperamos revê-los em breve, valeu pela visita Dani e Léo! E ouvintes, aguardem pelo último episódio do podcast da viagem Betterway que irá acontecer logo mais!

A poeira do Pará nunca mais saiu da nossa roupa. Sujos e cuspindo tijolinhos seguíamos contentes. Ainda não sabíamos se encontraríamos um lugar pra tomar banho no final do dia, mas isso não importava, nosso caminho era só esse mesmo. Estávamos de passagem, situação dificultosa temporária. No final torcíamos por um igarapé pra nos banhar e relaxar também, acabamos tendo de nos contentar com a to****ra do pátio de um posto de gasolina. Aquele banho de pano na frente dos transeuntes, que por sorte eram poucos e diante da nossa condição até se compadeciam. Quanto você já se sujou igual criança numa viagem de bicicleta? Lava a alma, não é?! Conta aí pra gente.

A gente precisa preservar a natureza neste planeta, ele é o único que tem tem açaí, até onde sabemos! A realidade tem sido surreal, e o brasileiro passando vergonha internacional, quem se importa realmente está desesperado, se você não está desesperado provavelmente não está se informando o suficiente do que esta acontecendo aqui. Em 2013 pedalamos pela Amazônia, na época não tínhamos Instagram, mas quem acompanhou nossa viagem de bicicleta via Facebook já sabe que viemos falando deste tema há muito tempo. Vivemos no sul, a Amazônia parece tão distante, mas a cinza das queimadas já chegaram pra estes lados, e cada vez mais a natureza nos prova que tudo está conectado, ela é um organismo só, e nós somos tipo uns parasitas muito daninhos. Muita gente daqui do Sul não faz nem ideia do que é essa exuberante e sensível floresta do Norte. Tem gente que pergunta se é perigoso viajar de bicicleta na Amazônia, se tem estrada, se vê onça. Oras, é igual pedalar no interior de qualquer outro estado, só é mais quente e úmido, mas tem comunidades a cada tantos quilômetros, vilarejos e cidades igual qualquer lugar. Diferente mesmo é umas frutas muito doidas e deliciosas tipo cupuaçu, bacaba, murici e tantos outras de nome engraçado, que só tem lá. Foi super tranquilo viajar pela transamazônica, fora as ladeiras e o calor úmido, ou o lamaçal quando chove, às vezes nem parecia que estávamos dentro da planície amazônica, o pasto bordejando a estrada era tão extenso que por quilômetros não tínhamos nem sinal de floresta, nem uma mísera sobra pra descansar um pouco e tomar uma água. Já outras áreas, próximo de reservas, aquela delícia de sombra e ar fresco, já chegando em Belém puro açaizeiro nos quintais das casas e cada pouco uma casinha de bater açaí, um litro na época pagávamos cinco reais. Não tem combustível melhor pra pedalar que um açaí com rapadura geladinho! Precisamos preservar esses matos gente, tem coisa deliciosa de comer crescendo em árvore lá dentro, e muita coisa que a gente nem sabe ainda...

Estávamos ansiosos por conhecer a floresta amazônica brasileira. Vínhamos descendo desde os Andes no Peru, o calor era descomunal, entramos no Acre debaixo de 41C e muita umidade. Uma das experiências mais gratif**antes da nossa viagem pela América do Sul, foi ter passado cerca de três meses pedalando dentro da floresta amazônica entre a parte peruana e brasileira. Presenciamos alguns focos de incêndio da mata neste percurso, e imensos campos de pastagem para o gado, sem sombra alguma para os bichos terem algum conforto térmico. Também vimos com nossos próprios olhos e até tocamos com as próprias mãos castanheiras centenárias, as samaumas gigantes, e minúsculos insetos. Ouvimos relatos de pessoas locais sobre como o desmatamento de “correntão” era algo comum e assustador, “treme até a casa inteira” nos disse uma senhora. Vimos diversos caminhões passando na estrada com troncos de árvores derrubadas, imensas, mal cabiam duas toras em uma carreta. A destruição não é de hoje, mas é assustador como está f**ando tudo tão pior e tão rápido. Dói de imaginar o que esta virando esse país, 2019 tem sido pesado.

Como foi sua primeira cicloviagem?
A nossa foi seguindo esse super checklist. Confira📜 e não faça o mesmo!
Colchonete de espuma: ✅
Barraca de supermercado:✅
Toalha de algodão de secagem ultra prolongada:✅
Bicicletas de uso diário:✅
Leite de caixa com achocolatado pro cafe da manhã:✅
Cobertor de casa:✅
Saber de antemão onde pernoitar e como chegar lá: 😬
Encontrar um camping a noite e não ser permitido pernoite pra não sócios mas dar um jeito conversando: ✅
Previsão do tempo: 🔮
Empolgação: 💯
Tudo certo pra dar errado: 🧞‍♂️
Margem de erro para mais ou para menos: 🆙
E foi assim que começamos no cicloturismo em julho de 2008!
As fotos chegam estar amareladas, feitas com um finado celularzinho Sony Ericsson com incríveis 1 MP. Nossa primeira quando ainda não era hype 🤣!
E vocês, como foi que o bixinho picou?
(Essa # é zuera!)

Embrenhar-se nos miolos do Brasil vale o esforço! Tem tanta coisa linda fora dos lugares e rotas turísticas, tanto cantinho cheio de beleza natural e pessoas acolhedoras. Pedalamos o equivalente a quase um ano pelo Brasil, e ainda tem tanto lugar que não conhecemos! Nesse trajeto de norte a sul, nosso país nos encantou e encheu de orgulho. Viver do lado de fora, percorrendo as estradinhas de interior, convivendo com tantas culturas em um mesmo povo foi lindo!
Dica de caminho por que percorreu antes de nós o Espinhaço. E que agora está mapeado em grande parte por em seu novo guia!
Foto: 2014.

Uma segunda-feira qualquer na estrada. Hoje amanheceu ensolarado por aqui, e apesar do frio aqui que tem feito esses dias em SC, me lembrou um pouco dessa luz alegre de todas as manhãs de acampamento em nossa passagem pelo nordeste brasileiro. Puro sol! Amamos pedalar nessa região, não tínhamos muitas expectativas além das belas praias, mas a receptividade das pessoas e as paisagens mais interioranas foram lindas. E apesar de ser Nordeste, famoso pelo calor não era insuportável ”a quenturia”, pois sempre havia um ventinho gostoso que vinha do mar. Antes de sair de viagem tínhamos certo receio de pedalar no Brasil, principalmente nas regiões mais distantes de onde vivemos, falta de informação e terrorismo midiático. Não poderíamos estar mais equivocados, nunca faltou um lugarzinho para passarmos a noite, ganhamos muita, MUITA fruta, parar pra tomar água em frente à alguma casa na beira da estrada (pois, é onde geralmente tem uma árvore de sombra pra nos abrigar) e não faltou convite pra um cafezinho ou uma recarga das garrafas com água sempre gelada. Foto de 2014.

Do dia em que fomos testemunha de um assassinato.
De um lado da montanha um parque natural tentando preservar, do outro explosões detonando as rochas da mesma montanha para extração de minério.
É triste e impactante ver algo assim ao vivo, em um lugar tão lindo e exuberante. Imagino como dói pra quem vive ali, todo dia um pedacinho a menos da montanha estará lá. O ser humano e sua ideia fixa do crescimento econômico infinito, sempre querendo mais e mais, a insatisfação que move o mundo na direção do insustentável. O planeta já está na sobrecarga ambiental.

Um dos momentos que mais apreciamos, seja viajando de bike, a pé ou em casa, é o cafe da manhã! Com essa vista da porta da barraca então, perfeito! Nossa última noite com as montanhas nevadas do Peru, tinha que ser no “paso” antes de começar a descida de 100km. Um dos pedaços mais legais da viagem, despedir-se dos Andes e mergulhar de corpo inteiro na Amazônia!

Clareando o dia na estrada. Tempo fresco pra pedalar no Acre, só madrugando! E foi assim em Rondônia, Pará, e depois Nordeste abaixo. Ô caluria! Dava dez horas da manhã e já parecia que a pressão baixava, era difícil seguir debaixo do sol. Retomar o pedal só depois das três da tarde e olhe lá. Difícil, mas o lugar é lindo demais. Só que esta mata está sendo sistematicamente destruída. Pedalem pela Amazônia enquanto há tempo, ainda tinha uns pedacinhos de floresta pela estrada em 2013, uma publicar castanheira raramente, já tinha muito pasto e soja e eram breves os contatos com a floresta. E ah, antes que me esqueça, para ciclistas planície amazônica não é planície, prepara as pernas pros morrinhos!

“Saiam conhecer o mundo” eles disseram, “vocês verão lindas paisagens”, eles disseram. Nem só de paisagem bonita se faz uma viagem de bicicleta. Passamos por muitos, MUITOS lugares onde damos de cara com o lado feio do ser humano. Mas então por quê temo essa tendência de só mostrar o que é bonito, o que foi bom e tal? Parar e fotografar momentos como esse, e até piores, demanda muito mais esforço mental do que quando você interrompe o pedalar pra registrar um momento bom em lugares maravilhosos. (Sim eu sei, estamos no insta e aqui ninguém posta coisa feia, só bonita). Nossa tendência mais fácil é ignorar o problema, é passar reto fingindo não ver o lixo descartado indevidamente, a desigualdade social e a miséria, a violência doméstica, o homem sendo predador do homem, por que no fundo sabemos que fazemos parte do problema em alguma escala. Não tem jeito, uma viagem de bicicleta é cheia dessas paisagens difíceis também, assim como na vida cotidiana e urbana, a gente tende a fazer vista grossa pra conseguir sobreviver e sair mentalmente ileso da experiência, e achar que não temos parte nisso. Mas fizemos um exercício de ver, conversar sobre isso enquanto íamos pedalando, não dá pra parar e ajuntar todo lixo na beira da estrada, nem resgatar todo bicho abandonado à própria sorte, nem dar de comer a toda criança faminta pedindo moedas, mas podemos tentar levar a nossa vida diferente, pra começar. Viver uma vida mais simples, menos coisas, menos consumismo, menos predatória, mais consciente é um começo, é o nosso começo.
Por isso amigos, f**a aqui um apelo nosso, aproveitando essa reflexão matinal, podemos começar pequeno, antes de reciclar o seu lixo, pense em reduzí-lo, não é a natureza quem tem que nos agradecer , somos nós mesmos, os seus filhos e netos. Ah, e se for pra montanha, leve seu merdotubo, o sh*ttube 💩e leve TODO seu lixo de volta com você, e depois encaminhe pra reciclagem corretamente (o cocô não! Esse ou composta ou vai pro esgoto). Todos devemos respeito à nossa casa e aos que compartilham ela conosco. E agora, se possível tenham um bom dia! 🙄♻️👣

As pessoas têm um fascínio pela eterna juventude, um medo de envelhecer, de ver as rugas e cabelos brancos aparecendo. ‘Mazóia’ que véinhos massa a gente vai f**ar, aposto que vamos repetir trocentas vezes aquela história de quando viajamos pela América do Sul de bicicleta e comemos tanta poeira na estrada, repetidas vezes e mais vezes pras mesmas pessoas. E pras mesmas pessoas vamos contar as histórias de quanta poeira comemos de novo. Opa, pera, eu já disse isso? 🤔 Pode ser, mas os jovens vão achar graça e dizer “que criatividade esses velhinhos tem pra inventar essas lorotas!”
Mas apesar de ninguém possivelmente acreditar as nossas histórias de juventude, nós dois saberemos (ou não🤷‍♀️), e esperamos continuar ativos e com saúde pra fazer o que nos traz felicidade e ainda poder de vez em quando viajar de bicicleta juntos enquanto for possível!

Há dias vínhamos pedalando em uma região seca e quente do Peru e acampando selvagem várias noites seguidas. Além de ser uma região rural e de pouca estrutura, em uma viagem longa optamos por economizar com hospedagens pagas, muitas das quais cobravam separadamente pelo banho, outras nem ofereciam essa possibilidade, conforme mais remota a região. Assim que começamos a atingir certa altitude, aumentava cada vez mais o fluxo da água de degelo que escorria na canaleta da estrada, e era cristalina. Vários dias sem tomar banho, suando debaixo do capacete, a cabeça coça muito, então aproveitamos pra tomar um semi-banho ali mesmo, na beira da estrada. Logo, conforme seguíamos subindo já estaria frio, e após anoitecer não daria coragem de dormir com cabeça molhada, no máximo passar um pano úmido pelo corpo antes de colocar a roupa limpa de dormir. Então nada melhor que o sol do meio dia pra realizar a tarefa aproveitando a oportunidade de abundância de água, mas estava tão congelante que chegava a estralar a cabeça, mas que alívio! Na medida das nossas possibilidades, mantínhamos em dia a higiene pessoal. No baldinho de água aproveitamos pra lavar umas peças de roupa. Bom lembrar que o descarte da água ensaboada na natureza deve ser distante de onde a água corre.

A melhor época pra pedalar na Patagônia Argentina definitivamente é o final da primavera, na nossa opinião. As montanhas ainda com neve remanescente do inverno, e o colorido das flores enfeitando as bordas da estrada. Está foto foi em outubro. Meses mais tarde percorremos a região e tudo já estava diferente. A neve já havia derretido após o verão, as flores já secaram anunciando a chegada do outono, e muitos rios oriundos do degelo já estavam secos.
Viajar pela Patagônia, tanto Argentina quanto a chilena, não tem erro, é beleza pra todo lado!

📷1: De onde vínhamos
📷2: Para onde seguíamos
Obs: não tínhamos mais água, não passavam veículos, não haviam casas no caminho.
De Salsacate a Chepes via Los Tuneles, La Rioja, Argentina. Uma estrada bem doidona e a primeira grande aventura da viagem. Pra ler essa história inteira visite nosso blog, muitos relatos desta viagem pela América do Sul com fotos e informações, além de um mapa com nosso roteiro completo. Link na bio.

Cafézinho saindo e cuscuz no v***r. Servidos de um café da manhã na beira do rio? E que saudade desse calor do Nordeste. Nosso fogareiro ainda estava vivo, mas nas últimas e a gente economizava, a água que cozinhava o cuscuz no v***r já usava pra fazer o café.
📷 nos idos de 2014. 😂
Bom dia, galera!

Nossa decisão de iniciar uma cicloviagem pela serra catarinense em pleno inverno foi uma cagada. Não que fosse uma escolha infundada. Então aí dentro deste ponto luminoso aos pés da Serra do corvo branco dois jovens ainda sem as rugas marcadas no rosto pelo sol, vento e frio. Em outras palavras seria aquele meme “sabe nada o inocente do John Snow”. Enfim nossa primeira experiência de acampar num local onde o morador mais próximo estaria a algumas dezenas de quilômetros, e nenhuma luz urbana poderia atrapalhar o visual da via láctea e nenhuma viva alma prestaria auxílio porque carro nenhum passou por aquela estrada depois das 18h. Noites frias de inverno são as melhores pra ver estrelas, mas com a roupa inadequada você pode pegar uma hipotermia na brincadeira. Os diversos casais que hospedamos pelo Warmshowers nos diziam que a Carretera Austral, no Chile, mesmo no verão era fria, chovia muito e poderia até nevar. Esse seria nosso primeiro grande objetivo, mas a gente não ousava contar ele pra qualquer um, até porque corríamos o risco de ouvir uma sonora gargalhada em resposta. Quando perguntavam pra onde seguíamos com tanta bagagem na bicicleta, ainda inseguros da própria decisão pros próximos anos das nossas vidas a gente respondia que era pra próxima cidade. Nós tínhamos concordado que poderíamos desistir a qualquer momento caso um de nós não estivesse mais feliz com a viagem, e essa ideia de sofrer de graça e ainda por escolha própria não era levada muito a sério nem por nós mesmos, fomos levando meio como uma brincadeira, um teste pra ver qual é. Na pior das hipóteses... não, deixa pra lá... vai que atrai, o universo conspira ou sei lá... Então a ideia era testar nossos equipamentos ainda no começo, e ver se a gente aguentaria a experiência com possibilidade de repetição e possibilidade de uma escalada no grau de dificuldades. Nesse pontinho luminoso aos pés da Serra do corvo branco, um jovem casal passava frio comendo uma das primeiras centenas de polentas pré cozidas que comeriam dentro deste novo lar, aquecendo seus pés com garrafas pet cheias de água quente.

Pra começar a segunda-feira bem animados! 🤣 Lá vai uma sequência de fotos bem alto astral na Bolívia. Todos os dias são lindos, fáceis e sem nenhuma dificuldade, como se cumprir o sonho de viajar de bicicleta fosse um eterno sábado. Só que não!
Pra quem pergunta: nossa vocês ‘pedalaram’ tudo isso, não cansam, não quiseram desistir? Assim, digamos que pedalados não no sentido estrito da palavra. Desistir ali implicava o mesmo esforço de continuar, então tava mais fácil continuar, mesmo.
Pra contextualizar, Bolívia foi um dos lugares que mais gostamos de percorrer, mas também os de condições mais duras condensado em apenas um mês. E quando a gente fala isso a gente vê a cara de desilusão das pessoas, acho que é porque elas imaginam lugares de praia, sei lá. Bolívia foi intenso, curto e grosso, sofremos bastante com o clima extremo, dor de barriga frequente, percorremos altiplano em pleno inverno, altitude, estradas horríveis e às vezes até sem estrada nenhuma, escassez de água e abastecimento de comida restrito, pouco contato humano, cara rachada de frio, sol e secura. Ao mesmo tempo o lugar com as paisagens mais surreais e inóspitas. Talvez o lugar onde mais empurramos a bike em terreno plano, e até em descida tivemos que empurrar, tão ruim a estrada, que era perigoso a bike se desmontar com a gente em cima. E cair num meio de nada desses, se machucar alguém ou estragar a bike, não tem nem como chamar socorro. Sem cobertura de sinal de celular, e uma estrada “atalho” que não passa carro nenhum, era só nós e as llamas. Apesar de tudo isso, faríamos de novo? Óbvio!
Bom início de semana pra todos, se tiver que empurrar na areia fofa na estrada plana e vento gelado na cara nessa segunda feira, lembra de apreciar o que tem de bonito no teu entorno, que suspeito que é isso que faz valer toda a dificuldade na vida.

Bom dia viventes! Tá tão frio que congelou a lente da câmera. Mentira, isso daí foi a 4mil metros no inverno da Bolívia com -17C. Então passando pra avisar que nem no altiplano Boliviano a sensação térmica é de tanto frio como na úmida Santa Catarina a -1C. Quem pretende um dia pedalar no altiplano ou na Patagônia, o inverno catarinense é um bom campo de teste de equipamento e treino! Dizem que domingo é pra tá pior, preparemo-nos. E vocês aí, congelou os bigode?

De vez em quando a gente dormia em quartos de hospedaria, tipo nesse dia em que fazíamos aniversário de casamento, pois, data especial, uma vez ano ano, ou quando alguém nos oferecia alguma cortesia. E essa é a nossa incrível capacidade de tornar um quartinho de hospedagem chique, em ainda mais glamuroso, se liga na técnica! Nossa maravilhosa decoração de varal, pelo menos sairemos limpinhos. Se não deixam entrar com a bike no quarto a gente nem f**a, até porque a grande vantagem de dormir em local assim é agilizar a saída pela manhã e descansar o máximo possível, e se tiver que desmontar a bike inteira pra deixar ela do lado de fora, já se foi nosso lucro de tempo! Notem nosso senso de romantismo, aniversário de casamento, camas de solteiro, pois era a habitação mais barata do local e a única no térreo. Depois de arrumar as bikes num cantinho, é só juntar as camas, oras! É claro, não esquecer do varal, só não vai sair furando as paredes do lugar, aqui a gente encontrou um gancho na parede, e o outro lado amarramos na janela, se não tiver nenhum gancho, vale só amarrar de uma bike pra outra ou usar cabides. Sempre bom ter cordinhas na bagagem, pode ser útil pra varias coisas, até pra amarrar a bike no caso de uma carona na emergência, por isso a gente sempre tinha varias fitas de carga “quick release”, destas que se emendam e são super fortes, servem pra amarrar a bagagem na bike também. Inclusive temos disponível na loja as da marca Naturehike em duas medidas neste link:
www.pedarilhos.com.br/loja/fitas-para-carga-quick-release-naturehike.html

Sala de aula abandonada. A gente só não perdeu a conta de quantas vezes dormimos em escolinhas assim, porque mantemos um log com estes dados. Agora as crianças pegam transporte municipal para estudar longe de casa, geralmente numa escola maior na cidade, e as pequenas escolinhas de cada comunidade ganham outros usos, um deles é alojamento de cicloviajante. Pedalar pela área rural e estradinhas de terra tem essa vantagem, é sempre bem fácil encontrar lugar pra passar a noite, ao menos no Brasil.
Memórias de viagem, 2014.

Subidinhas de MG, aquele velho truque de forçar os viajantes em bicicleta a ir mais devagar, só para lhe contemplar melhor. Já vi disso na Patagônia, viu dona Minas Gerais?! Lá o ditado era “quem se apressa na Patagônia perde seu tempo”, e minas também tem seu ditado, mas é claro que tem a ver com comida!
Bora empurrar então, e calcular a quilometragem do dia como se fosse duas ou três partes mais! A gente aprendeu a não reclamar de ir devagar em lugar bonito. Desde que o estoque de goiabada no alforje garanta o nosso bom humor até a hora da janta!

Já já tá saindo o cafezinho! Parte favorita do dia, despertar no acampamento, ainda melhor com esse solzinho batendo na barraca. A única coisa ruim é vestir a roupa de pedal que, ou tá molhada da lavada do dia anterior, ou tá úmida porque já tá usada. Mas veja como são relativas as coisas na vida. Isso é só considerando de Minas pra baixo, porque de Minas pra cima acordar tem que ser ainda no escuro, fugir do sol o quanto puder, e roupa molhada pra pedalar é tão bom quanto ar condicionado.

Quando amanhece chovendo na estrada, engole o choro e segue pedal e vai com chuva mesmo? Ou fecha o zíper e volta a dormir? Afinal, pra quê a pressa?
Pra nós, depende de como está o estoque de comida, já que água tá caindo do céu mesmo. Geralmente carregamos um ou dois dias extra de comida por emergência, e dias de chuva estão nessa categoria emergencial! 😂
Boa segunda-feira, gente estradeira!

Episódio 36 Pedarilhos no ar! Neste episódio conversamos com , viajante nômade, cantor e compositor que está na estrada desde 2011, denominando “a volta ao mundo mais lenta da história”.

Vamos lá ouvir um pouco das histórias que ele tem pra nos contar, e também um pouco das músicas que ele tem pra nos cantar?
Todos os links mencionados neste episódio estão no post oficial no blog Pedarilhos, link na bio, ou copie e cole abaixo link direto:
http://www.pedarilhos.com.br/blog/36-vidaje-volta-ao-mundo-mais-lenta-da-historia-podcast-pedarilhos/