Ruben Lopes - Escritor

Hellas

O vinho abre o caminho,
De águas tão antigas e agitadas.
Tanto marinheiro pairou sobre elas,
Procurando fortunas e sereias.

No topo põe-se o sol,
Hoje Apolo paira raso,
O algodão está tão perto,
Não pode ser acaso.

Que monumento,
São as terras helénicas.
Onde pouco é o sustento,
E as ondas frenéticas.

Por entre o algodão,
Apolo faz o seu ofício.
O turno está a findar,
Aos cavalos finda o sacrifício.

Por estas terras e mares,
Caminhou Aquiles e Leonidas.
Sejam deusas ou mortais,
Por hellas, morrem de amor perdidas.

All over the place

All over the place,
Is where I find myself.
Looking for the answer,
Without knowing the question, itself.

I hear the cars running,
The streets crumbling where I step,
Earphones In, I sing and dance,
Maybe Satan deserves another chance.

I stop to pick up the pieces,
Of my broken and shattered soul,
They are millions,
I am alone.

My back starts cracking,
Such pain gets no relief,
It strikes down my body,
It strikes down my belief.

Is it heaven or hell,
Beneath the ground,
I keep feeling it.
But don’t recognize the sound.

Where are you,
God knows I’m sorry,
For being an insolent prick,
Thriving for glory.

Check this out.

And she speaks,
Words that would melt in your ear,
God wouldn’t make so much sense,
In this world, madness is quite dense.

The devil’s curse,
Between her tights,
Heaven would be worse,
Wouldn’t it?

I don’t even recognize,
The divine anymore,
Notion and lullabies,
It’s pain I adore.

Hit me, again.
Another pint for the lads,
I’ll be out in a sec,
I need a priority check.

With an angels voice,
And a dazzling smile,
Aphrodite prepares for the feast,
She is ready to tame the beast.

Burgundy lipstick,
In a red flowered dress,
No one will ever doubt,
That she is Olympus Empress.

Would you really rush out?
The chemistry, the burgundy.
Leave aside what’s left to unfold,
Or would you tame the world?

I feel Aphrodite in my bones,
I feel them popping and cracking,
I really don’t mind the pain,
It was the pain I was lacking.

Slow it down, Aphrodite,
Come back to bed.
I just ordered a Jack N’ Coke,
In your thoughts, I want to choke.

Girassóis

Salta pelos campos,
Como vespa de primavera,
Ouve-se o silêncio,
Não sabe o que lhe espera.

A mãe chama,
Chama para sua casa.
Hoje ainda é,
Amanhã pode ser brasa.

Atrasa-se, a menina,
Ainda não terminara a brincadeira.
Ontem o campo era apenas campo.
Hoje, é trincheira.

A inocência da pequena,
Que nunca deixara de o ser.
É levada em devaneios,
Não dela, ela apenas queria,
Ser mulher.

Sente-se a atualidade de um poema nada atual:

Zumbe o vento,
Por entre a chuva.
É canção ensurdecedora.
A quem dá a liberdade por duradoura.

A humanidade esquece e relembra.
Ou então nunca soube,
Ou então finge que não se lembra,
Ou então nessa chuva nem decência coube.

Ora vem uma gota,
Enquanto outra no chão quebra.
O céu assim chora,
Que demência elabora?

De bigode aprumado,
O messias voltará.
De fasces empunhado
"è terapeutica, La libertà".

A sua divindade aceitarás,
Sedento, esfomeado.
Prefiro passar fome,
A viver atrelado.

Cessa a chuva,
Mas não tardará a voltar.