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ÚLTIMOS DIAS
Natureza naturante
Por José Sousa Machado
“Cala. Nas orlas
do bosque não ouço
as palavras que dizes
humanas; mas ouço
palavras mais novas
que falam gotas e folhas
longínquas. (…)”
(Gabriele D’Annunzio “A Chuva no Pinhal”)
Sob o título enigmático de “Meia sombra”, Ângela Dias expõe, na Sá da Costa, cerca de duas dezenas de linóleo-gravuras sobre papel, de formatos variáveis, e dois desenhos de grandes dimensões em aguarela e guache.
Que palavras “mais novas” são estas que D’Annunzio anuncia no seu poema e qual a sua relação com estas obras de Ângela Dias? O que nos dizem, umas e outras? E que língua falam?
Escutemos a voz do silêncio; o silêncio intemporal que sussurra no cume de uma montanha íngreme e o repouso revigorante que o contacto continuado com a natureza nos oferece. Ouçamos com disponibilidade interior o murmúrio descontínuo da folhagem reluzente dos plátanos agitados pela briza mansa do entardecer; afaguemos a rugosidade áspera e perene dos ciprestes, erguidos como totens cravados sobre a crosta da terra-Mãe; acariciemos os frutos perfumados dos maracujás suspensos numa latada e a rosácea desmaiada das suas flores… inspiremos ainda a paz e a inebriante atmosfera meditativa que a imersão no mundo natural nos devolve generosamente e contemplemos, também, a beleza e sensualidade que tudo, assim, desvela… deixemo-nos, enfim, levar e embalar na ladainha salpicada das gotículas da chuva caindo sobre a folhagem de um jardim, temperando-lhe o solo com o odor penetrante do húmus…
“… Escuta. Chove
das nuvens esparsas.
Chove sobre os tamarindos (…),
chove sobre os pinheiros
escamosos e ásperos.
Chove sobre os mirtos
divinos,
sobre as giestas fulgentes,
sobre o zimbro frondoso
de bagas perfumadas (…) ”
(Ibid)
Ângela Dias conhece bem a fonte que satura de prodígios o mundo natural e estimula as suas subsequentes coreografias florais, desenhando no ar voltas e contravoltas precisas e surpreendentes em “bebedeiras de azul” (António Gedeão).
A artista reside e trabalha no cimo de um outeiro com um vasto horizonte pela frente e absorveu intuitivamente, intimamente, muitas das formas inesperadas de que a natureza se reveste; a sua essência sensível, a sua “ordem”, as cores, movimento, ritmos e odores; a sua musicalidade também.
A relação íntima que a artista desenvolve activamente com a natureza que a circunda manifesta-se agora na fluidez e liberdade destas gravuras, desenhadas com goivas sobre placas de linóleo. Este trabalho fez aparecer “plantas desconhecidas. (…) Cada desenho é uma viagem sobre o mapa de uma planta” e, no seu conjunto, representam “estações, cor, aroma, movimento e paisagem, (…) com a intenção de lhes dar espaço e tempo para existirem e crescerem abundantemente”, afirma Ângela Dias.
As qualidades, os ritmos específicos e a função que cada planta particular desempenha na ordem oculta e nas determinações causais do mundo natural, os seus atributos, migraram da natureza para o papel rosaspina de marfim, sobre o qual estas gravuras estão impressas… podemos dizer que a artista, em certa medida, absorvendo a regra da natureza, executa, agora, nestas obras, também, a função de jardineira e a exposição transmuta-se, então, em “laboratório da alma” (Yvette Centeno). Tal como Gustav Meyrink (“O Anjo da janela do Ocidente”), também Ângela Dias pode dizer que “… percebi de súbito, com uma ardente claridade interior, que era eu essa árvore na colina…”.
Sobre os dois desenhos de grande formato, também patentes ao público, nos quais palavras, letras, signos se entrelaçam nas plantas desconhecidas que a artista idealizou, afirma Ângela Dias que estas plantas “pertencem a um jardim literário (…) que podia existir em qualquer jardim público ou privado” pois, parafraseando Heidegger, compete ao homem, durante a sua estadia neste mundo, o pastoreio do Ser que primeiramente se manifesta através da palavra.
“…chove sobre os nossos rostos
bravios, (…)
sobre os frescos pensamentos
que a alma apregoa
como boa nova (…)”
(Ibid)
(Sá da Costa, até 31 de Julho. De segunda a sábado, das 14h30 às 19h. Rua Serpa Pinto, 19, Chiado, Lisboa)
The Matter of Painting
by José Sousa Machado
“Listen
to the fragile brightness music leaves
as it burns in the dunes
once, I was that sand’s precarious light (…)”
(Eugénio de Andrade, “Limiar dos pássaros")
The title of Catarina Pinto Leite’s exhibition at Galeria Sá da Costa – “Palimpsesto” [Palimpsest] – is evocative of a common practice among medieval copyists: the erasing of manuscripts written on parchment or papyrus in order to write a new document or correct sections of pre-existing text.
The similitude between Catarina Pinto Leite’s present paintings and collages and the palimpsest – i.e. employing the same support to write a succession of texts – results from their processual common ground, in terms of using already finished works as supports for the creation of new ones.
Roughly two years ago, she showed at Galeria Diferença “Rua de mão única”, an installation in which visitors walked between translucent veils of Japanese paper that hung from the gallery’s ceiling, suggesting a street flanked by fluttering walls with varying degrees of transparency. After the closing of the exhibition, the installation was dismantled, and Catarina Pinto Leite reused the sheets of Japanese paper to create the paintings and collages shown here, working in a way akin to the palimpsest copyists to produce what we may call “figural palimpsests”.
The installation’s dismantling returned the paper to its original organic quality, once disconnected from the exhibitive concept; however, on the other hand it added to it a number of indelible traces of its previous use: a variety of thicknesses and textures, a watery translucence, an irregular rugosity, the deep creases left by crumpling, various casual or deliberate tears and overlapping sheets. It was on these materials so rich in history, experiences and memory that the artist now chose to work, painting them with Ecoline watercolours, oil paint and beeswax – rather than on some neutral matter, lacking the present materials’ biographical richness, which the viewer does not know, but nonetheless senses.
During the passage from the first to the second stage of this long creative process, the artist’s gaze evolved naturally from an initial speculative and conceptual scheme to a poetic and allegorical discourse on the nature itself of matter in painting. Moving through this eminently poetic dominion, while combining harmonies, chromaticism, rhythms and evanescent shapes free from any obvious representational purpose, Catarina Pinto Leite explored then the sensitive qualities of her materials, freed from the restraints of reason, as is usually the case with poetry and music. Like poetry – seen here as the essence of language, as a metalanguage – these pieces by Catarina Pinto Leite touch the limits of language, that which has yet to be named. Giorgio Agamben wrote about this in “The Idea of Matter”, stating that “what we reach is obviously not a thing so new and awesome that we lack the words to describe it; it is, rather, matter, in the sense in which one says, ‘the matter of Britain’ […] Where language stops is not where the unsayable occurs, but rather where the matter of words begins” – an undefinable substance that pulses at the root of what exists, “which the ancients called silva (wildwood)”, a pure preBabelian language that sings in unison with poet Antonio Delfini’s lines:
“When I finally reach the poem,
Sleep is beginning to reach you;
May my song be to you
Like a dream in your night.”
Ainda a propósito da exposição "Mergulhar os punhos", de Flávia Germano Barra.
Talvez me tenhas confundido com o arvoredo*
Por José Sousa Machado
“Faz de mim guarda de teus espaços,
manda-me escutar a voz da pedra,
dá-me o olhar que eu possa alargar
sobre a solidão imensa dos teus mares;
(…)
e caminhar atrás de um velho cego,
pelo caminho que ninguém conhece.”
(Rainer Maria Rilke, “O Livro das Horas”)
Flávia Germano Barra apresentou na Sá da Costa uma “instalação” intitulada “Mergulhar os punhos”, na qual recriou o ambiente do seu atelier no Ribatejo.
Cerca de três dezenas de pinturas (?), desenhos (?) sobre papel, de técnicas e formatos variados, e algumas poucas esculturas em madeira, a que se juntavam, consoante os casos, outros materiais, como o plástico, papel machê, linho, gesso e pigmentos em pó, coabitavam lado a lado com cascas secas de eucalipto e troncos de madeira que desenhavam formas organicistas nas paredes brancas e no soalho de madeira da galeria. Um cavalinho/baloiço de criança forrado a papel machê, uma bancada com instrumentos de trabalho da artista, páginas rasgadas de um livro de poesia também da autoria da Flávia e, por fim, um recanto confortável para repouso e fruição do trabalho realizado completavam este projecto expositivo.
A articulação entre as pinturas de Flávia Germano Barra e os elementos apropriados do mundo natural era fluente e espontânea. Cada elemento ocupava naturalmente o seu lugar exacto, no contexto geral da exposição, sem necessitar de outra justificação para participar neste enredo artístico para além da sua presença expressiva mesma. Tudo se encaixou perfeitamente nesta malha tautológica de sentidos, repercutindo, cada qual à sua maneira única, o fundamento plástico e existencial do conjunto.
A lógica que organizou a convivência entre uma tão grande profusão de elementos heteróclitos obedeceu apenas ao desfiar contínuo de uma melopeia imemorial, uma fragrância oriunda de um esteio existencial mais profundo e intimo que religa o Ser da artista à terra que habita, num abraço invertido entre memória e esquecimento.
As pinturas ostentam camadas sobrepostas de diferentes experiências, vivências, memórias, emoções, afinidades culturais e sonhos da artista, arrastadas como aluviões no leito de um rio turbulento, ora revelando, ora ocultando fiapos e reminiscências de tempo e narrativas diversas, impregnando o acto criativo de uma densidade expressionista estilhaçada.
Estes novelos densos de véus cromáticos sobrepostos conferem o substracto telúrico às pinturas; um propósito intemporal exala delas, à semelhança do que afirmou Holderlin quando, sobre a tradução que realizou do “Édipo” de Sófocles, escreveu que deus e o homem, “para que não desapareça a memória dos olímpicos, comunicam na forma, esquecida de tudo o resto”. O tempo dilata-se nestas obras, como nos novelos de linhas de espaço/tempo descritas por Stephan Hawking.
Curiosamente a poesia de Flávia Germano Barra, recentemente publicada em livro, sob o título “A maçã cai fria”, adopta uma idêntica metodologia construtiva, transcrevendo ou traduzindo para linguagem poética o esquema axiomático que preside à elaboração das pinturas expostas: aforismos, sentenças, interrogações, proposições, palavras soltas, organizadas num galope ritmado, como se lê nos seguintes excertos poéticos, neste caso, da poeta: “Cova das urtigas//para cá dos quintais/os pincéis secos/oblíquos/pasmados”* ou, ainda, “O vento agita a sombra/onde havia luz recorta-se a última definição da planta/uma franja/uma raiz/um terço/o sol a sobrar de si mesmo/a pedra a aquecer mais sombra (…)”*
*Versos e excertos de poemas de Flávia Germano Barra, incluídos no livro “A maçã cai fria”.
Flavia Germano Barra, "Mergulhar os punhos", seg. A sáb., 14h30-19j. Sá da Costa
"O desenho maior, feito em rolo, qur dá o nome à exposição (...), pode muito bem ser um retrayo fiel de várias imagens-lembranças wue lutam por emergir e assim conquistar um lugar no desenrolar do tempo...o da artista."
Pedro Arrifano
Rita Dias em concerto na Sá da Costa
Rita Dias concert in Sá da Costa
"Brasil com S"
Até 6 de Janeiro na Sá da Costa
(Untill January 6 in Sá da Costa)
SEMINÁRIO A PENSAR NA EUROPA
A Sá da Costa orgulha-se da tradição de tertúlias da histórica livraria e propõe-vos agora um curto seminário subordinado ao tema “Pensar na Europa” estruturado em seis sessões de duas horas, entre as 19h e as 21h, a partir de 4 de Outubro.
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Apresentação do Seminário
Nunca se falou talvez tanto na Europa como nos últimos dois anos mas ao mesmo tempo raramente se consegue trazer para o debate público uma noção clara daquilo que ela significa. Poucos conceitos condensam em si representações, sentimentos e aspirações tão contraditórias: velha e venerável Europa, quase defunta e suicidada pelos seus crimes, reduzida à impotência, vulnerável e sob tutela, mas ao mesmo tempo laboratório constitucional pós nacional, Europa exportadora de estabilidade, porto de abrigo residual dos direitos humanos e sociais
INSCRIÇÕES: Por telefone: 912 283 000 (das 10h às 19h) | Por email: [email protected]
Abriu o espaço Sá da Costa Café
📍Rua Garrett 100 / Rua Serpa Pinto 19/19A
Faça uma visita!
CICLO DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA
Esta iniciativa procurará aprofundar o conhecimento sobre a temática multidisciplinar e artística da joalharia contemporânea portuguesa, tão pouco conhecida ainda do público em geral. Promover-se-á o contacto com a realidade desta área, a proximidade no diálogo - das experiências às novas aprendizagens – a referência, o contexto e sua relevância. Deste modo, procuraremos desenhar uma panorâmica abrangente na diversidade e originalidade da joalharia portuguesa no contexto mais amplo da criação artística contemporânea.
Este ciclo decorrerá em modo de corrente dinâmica com os vários participantes ao integrarem o ciclo de aulas sobre a Joalharia Contemporânea Portuguesa, inserida no âmbito da 1ª Bienal de Joalharia Contemporânea, que decorre em Lisboa a partir de Setembro.
Datas: Todas as 4ªs feiras, de 13 de Setembro a 9 de Dezembro de 2021
Duração: Três meses – 13 sessões
Horário: 19h30 - 20h30
Local: Livraria Sá da Costa – Galeria. Rua Serpa Pinto, 19 (ao Chiado), Lisboa
Público-alvo: Jovens e adultos
Número mínimo de participantes presenciais mais participantes on line: 15
Orientação: Inês Nunes
Convidados: Cristina Filipe, Ana Campos, Manuel Vilhena, Marília Mira, Leonor Hipólito, Pedro Sequeira, Carla Castiajo, Estefânia Almeida, Teresa Dantas, Catarina Silva, Marta Costa Reis, Luís Torres, Carolina Quintela, Gonçalo Conde e Diana Silva.
PREÇOS:
Pagamento total: 190€
Pagamento mensal (4 sessões): 70€
Pagamento avulso (por sessão): 30€ (presencial e online/Zoom)
Valor da inscrição: 30€, descontáveis na primeira prestação
*As inscrições encerram no final do dia 10 de Setembro
INSCRIÇÕES:
Por telefone: 912 283 000 Por e-mail: [email protected]
Programação – Datas:
13 de Setembro: 19:30-20:30 – Apresentação, Inês Nunes
22 de Setembro: 19:30-20:30 - Cristina Filipe
29 de Setembro: 19:30-20:30 - Ana Campos
6 de Outubro: 19:30-20:30 - Manuel Vilhena
13 de Outubro: 19:30-20:30 - Marília Mira
20 de Outubro: 19:30-20:30 - Leonor Hipólito
27 de Outubro: 19:30-20:30 - Pedro Sequeira
3 de Novembro: 19:30-20:30 - Carla Castiajo, Estefânia Almeida e Teresa Dantas
10 de Novembro:
Terra e Vento ( um equilíbrio) by
Angelo Encarnação
“A Cultural Interpretation of Stone - part II” com curadoria de Marta Jecu
Exposição de 30 Janeiro a 29 de Fevereiro na Livraria Sá da Costa - Galeria Espaço Camões
Horário: segunda a sábado 14:30-19:00
Morada: Praça Luís de Camões 22-4’ andar
Imagem:
“Empreinte génétique du territoire” 2019 de Gilles Zark
Impressão digital 100x100 cm
“Based on cartographic professional data, these images of land offer an hallucinatory dimension rendered by our own imaginary on the complexity of our inhabited world - but at the same time based and mediated by technological information.”
Trecho do texto de sala escrito por Marta Jecu
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A primeira tertúlia De Copo Cheio terá por tema a Literatura Erótica ~~ dia 11 de Março no Donna Taça wine bar em Lisboa
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