Voz Activa

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Ensino a Distância
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Voz Ativa é o Jornal da universidade sénior de Oeiras (USO).

28/01/2024

Quem diria! Já quase 80 anos. Emília nem queria acreditar. Faltava-lhe apenas ano e meio para lá chegar.
Olhava-se no espelho e questionava-se como tudo isto tinha vindo a acontecer. Uma velha, era agora uma velha. É certo que a OMS tinha levantado a fasquia para definir a idade das pessoas segundo o padrão da velhice, mas mesmo assim!
Emília não podia acreditar. Se ela raciocinava, se fazia coisas importantes ainda, se tinha hobbies e não eram só palavras cruzadas, como raio é que ela tinha chegado a velha num ápice?
Ah! E ia ao ginásio 3 vezes por semana e cultivava o espírito, a mente com aulas semanais.
Lembrava que na sua família poucos parentes à exceção da mãe, tinham chegado àquela sua proveta idade. Até a sua avó materna, para ela um símbolo de longevidade tinha durado uns míseros 72 anos.
E imaginava lares e cadeiras de rodas já tão próximas de si, da sua vida. Pobre Emília!
Dos livros e filmes e de tudo o que observava, punha-se a magicar e a imaginar situações, desatualizadas provavelmente, como estas:
Uma velhota de 80 anos (ou quase) sentada numa cadeira mais ou menos confortável cheia de almofadas por detrás, com umas pernitas magras penduradas, metidas numa pantufas azuis de trazer por casa. E, claro, a bengalinha ao lado para se poder levantar.
- Mãezinha, quer que eu lhe traga um chazinho para lhe aquecer a alma, pergunta a filha solícita?
Sim, porque a velhota que é viúva, já não consegue viver sozinha, acostou-se na filha. Já não chateia ninguém, limita-se a obedecer às regras que lhe impõem.
A coluna já não a deixa levantar-se e andar durante muito tempo. O tempo, passa-o a fazer tricot e camisolas para os netos, a ver televisão e a papar telenovelas.
Já não usa carrapito como acontecia há uns anitos, agora ficou-se pelo cabelo curto, cortado pela D. Amélia cabeleireira que lá vai de mês a mês.
É assim que a Emília ainda vê as senhoras de 80 anos (ou quase). E não se revê nestas imagens que criou, pois com ela é tudo ao contrário, que coisa!
Antonieta Barata

17/01/2024

A Bolsomania
Corria o ano da pandemia de 2020. Aquele mês de março deixou-nos completamente surpresos. Foi um ciclone que nos derrubou a todos. Isolamento em casa e a frase” por favor fique em casa” ou “não saia pela sua saúde” deixou-nos paralisados de terror. Que doença era essa tão terrível? Nunca nos tinha acontecido.
E assim começou a pandemia. Quase todos, sem nada para fazer.
A máscara. Ah! A máscara! Até para ir à rua ao supermercado da esquina era preciso máscara. Inicialmente as máscaras esgotaram nas farmácias. Era preciso arranjar máscaras. Foi quando começaram a aparecer as máscaras artesanais. Compravam-se duas ou três, por vezes mandavam-se fazer, lavavam-se e toca a usar outra vez.
Acho que o bichinho há muito vinha a germinar dentro de mim, não sei, mas era preciso um pretexto!
Agora já tinha um pretexto. As máscaras. Tinha em casa uns trapinhos e o exemplo de algumas amigas minhas que sabendo um pouco de costura faziam-nas para os filhos, netos, familiares…Reclamavam até as cores conforme o seu clube de futebol.
Disseram-me que no YouTube explicavam como se faziam e havia muitos tipo de máscaras à escolha do freguês. Embrenhei-me na leitura e na feitura das ditas. Experimentei um tipo de molde. Não gostei, claro, era a primeira. Como eu não sou de desistir assim do pé para a mão, voltei à carga. Experimentei vários tipo de moldes, mas fixei-me num. Era o que me calhava melhor.
Inicialmente fazia à mão, pois não tinha máquina de costura. Há muitos anos que não tinha máquina. Qualquer coisa que era preciso ou fazia à mão ou mandava fazer nessas lojas que agora proliferam e que arranjam todo o tipo de roupa.
Comprei uma máquina das baratas e comecei a trabalhar mais rápido. Mais tarde comprei outra e vendi a primeira, comprei mais duas, uma delas está no Algarve para quando vou de férias.
Sem receio de me enganar devo ter oferecido mais de 500 máscaras a quem me aparecia pela frente: colegas, amigos e amigas, familiares e outros. Já estava apaixonada pela costura sem ter tirado nenhum curso, workshop ou o que quer que fosse.
Deram-me mais tecidos, eu, comprar nem por isso.
Inicialmente comecei a fazer alterações na minha roupa, sempre tentando meter um pouco de patchwork, mas sem grande sucesso. Os acabamentos matavam-me, faltavam-me as bases.
Virei-me então para as bolsas pequenas, tipo telemóvel, mais tarde aprendi a pôr fechos nas mesmas. (ou ziperes à brasileira).
Fi-las ao baixo, ao alto, para utilizar como porta-lápis, com três compartimentos, alguns saquinhos para pão, etc. Foi a minha filha que me deu o empurrão de saída para fazer coisas mais diversas. Era o meu hobbie preferido e como tal não pedia dinheiro a ninguém, nem ninguém me perguntava quanto custava.
Até que um dia, uma prima minha disse-me: faz-me bolsa com tons alaranjados e pago-te 5 euros. Fiquei felicíssima. E até ia levar fecho.
Fiz a bolsa com o maior esmero. A partir daí e salvo uma única exceção passei a vender, sempre barato, é claro. Foi no verão de 22. A minha prima foi o balão de oxigénio que me faltava, consegui vender-lhe algumas, não só para ela, mas para amigas dela.
Subi ligeiramente o preço, comecei a fazer também chapéus de pano, sempre em patchwork.
Quando veio o inverno de 22/23 fiz algumas bolsas chamadas de “Inverno” com tecidos mais grossos e encorpados. Vendi bem. Nesse ano o preço era 6/ 7 euros.
Cheguei a ir para Universidade Sénior carregada de sacos e vendia. Neste inverno não estou a ter grande sucesso com as chamadas “malas de Inverno”, a menos que sejam de ganga. Lá vou tendo algumas encomendas, mas tenho verif**ado que afinal onde consigo vender mais neste momento é nas viagens de grupo. Os autocarros puxam ao ato da compra.
O preço continua baratinho, nas viagens sobe um pouco por causa dos trocos e lá vamos vivendo.
Graças a Deus não preciso disto para viver, é pura carolice. Mas uma boa carolice, uma paixão serôdia.
Antonieta Barata

29/12/2023

Acabei de fazer agora o resumo do livro “Com os holandeses” de Rentes de Carvalho”. Comecei a ler a “Ernestina” e depois rumarei à “Amante holandesa”, todos do mesmo autor.
Porquê? Talvez por causa de um clube de leitura a que pertenço, cujo “professor” mandou fazer a leitura de dois deles e por a Biblioteca de Oeiras me poder disponibilizar esses livros.
A Amante holandesa já foi a mais, a mais não será, porque o escritor deixa-se ler bem e tem estilo.
Vem isto a propósito de estar em férias do Natal. Dito assim parece ridículo. Isto de se ser velho e de se pertencer a uma universidade sénior, tem destas coisas, volta-se a ter férias tal como nos tempos em que estudávamos ou dávamos aulas (o meu caso). Há uma sensação de elasticidade no tempo, coisa que outros que não tiveram o meu percurso de vida possivelmente não experimentam.
Sempre senti que este período de uma semana que medeia o Natal e o Ano Novo é o melhor período para fazer coisas ociosas (ou não).
Eu sei que hoje, com a minha idade, já não se justif**a dizer isto, pois dir-me-ão que tenho todo o tempo livre à minha frente. Que posso f**ar a ver televisão todo o dia (desde que não sejam os nossos desgastantes canais idiotas), que posso f**ar na cama até às horas que me apetecer, que posso levar os dias a ler jornais e revistas, que posso dispensar o ginásio, que posso enrolar-me numa manta e nem sair de casa, etc. Pois posso, mas não me apetece.
Pura estupidez, dirão alguns.
Aos reformados é comum ouvir dizer-se: “já trabalhei durante muitos anos tudo o que tinha a trabalhar, agora acabou-se, já não quero ter mais obrigações, rotinas, deveres, encargos e afins. Quero finalmente descansar.
E agora? Afinal quem é que tem razão?
Antonieta Barata

04/10/2023

É uma coisa que me chateia. Quererem comparar a vida de há 50 anos com a atual. Não há comparação possível. E então no que diz respeito às mulheres ainda pior.
Vem isto a propósito de um vídeo, ou uma foto que corre por aí muito nas redes sociais onde mostram umas meninas dos anos 60 de minissaia, a fumar, de cabelos compridos com ares de “queques” dessa época. E eram mesmo as queques da época.
São fotografias tiradas de revistas que nada têm a ver com a realidade dessa altura a não ser para meia dúzia das tais meninas queques da linha.
Eu andei pela lisboa dos anos 60 e não vi nada disso. Nas colónias não sei.
Vi, foi muita pobreza e dificuldade de subsistência. A realidade portuguesa não era essa para a maior parte da população. Eu até me podia considerar uma privilegiada porque não passei fome, tirei um curso médio, mas a roupinha era “esgrime” (à justa) como dizem na minha terra.
As tais avós de que falam não são as verdadeiras, estas tinham a 4ª classe, trabalhavam de costura, tinham 2 vestidos que usavam alternadamente e pela altura do joelho, nada de calças. Namorava-se nos jardins às escondidas.
Das duas, uma: ou sou muito velha ou as “fake news” estão a mentir com quantos dentes têm. O pior é que as mulheres que as leem, acham bem e aplaudem. Isso é que é grave.
Antonieta barata

15/09/2023

Há quem faça diários, listas, fotos, memorize momentos e tudo o que de alguma maneira crie uma certa ligação à vida. Outras, querem lá saber, vão vivendo e logo se vê.
Eu pertenço ao 1º grupo. Chega a ser uma obsessão. Quero deixar tudo escrito e registado. Mal escrito, mal registado, é verdade, mas é uma bengala de que me sirvo para fazer prolongar o tempo.
Uma vez alguém me disse e eu não esqueci. Que era bom que todos os dias recordássemos qualquer coisa de bom que nos tivesse acontecido. E a seguir metêssemos dentro de um frasco de vidro para f**ar registado o momento. Infelizmente, pouco depois veio a pandemia e o frasco ficou esquecido de coisas boas. Nessa altura o meu registo passou a ser outro: apontar o nº de mortos, infetados, a falta de camas de hospitais, etc.
O frasco continua esquecido, faço outro tipo de listas, sobretudo as do supermercado. Faço também algumas reflexões, tiro fotos (não com o intuito de fazer fotos artísticas), mas sobretudo pelo registo.
Aquele conselho que me deram sobre o frasco, amplifico-a a todas as pessoas. Tem imensas vantagens: f**amos a saber em que data fomos abençoadas por tal ou tais acontecimentos, tentando sempre recolher o maior nº de felizes ocorrências diárias mesmo que por vezes não sejam tão felizes assim. Basta que sejam medianamente felizes. E façam favor de ser felizes como dizia o Solnado.
Antonieta Barata

09/08/2023

Há pessoas que estão sempre bem com tudo: pode ser com Deus ou pode ser com o Diabo porque o que querem é viver em paz, com amor e “alegria”, sem chatices e sobretudo sem pensar muito. Sim, porque pensar doi, não vale a pena sofrer por tão pouco. Além disso têm pavor de cair na esparrela do politicamente incorreto. Isso já é uma suposição minha.
Achei piada, hoje, quando um amigo do meu marido, daqueles dados à conversa e conhecendo já o seu parceiro como um indivíduo que dá luta com os seus contraditórios, pediu-lhe para andarem os dois a fazer a rota do paredão. Um pretexto para dois dedos de conversa ou mais.
- Porque é que quer andar no paredão com um chato como eu? Pergunta o marido.
- Ora, porque você faz perguntas. Gosto muito das pessoas que fazem perguntas. Questiona. Gosto disso.
Que não vão no “diz-se que diz-se” e não aceitam tudo como se fosse uma verdade bíblica.
Com essas pessoas do “diz-se que disse” não há conversa, uma vez que já foi tudo dito por alguém “que sabe” o que origina uns diálogos do tipo “está tudo bem”, não há nada a fazer, temos de aguentar, a vida é mesmo assim, etc.
Imagino este diálogo: O indivíduo que dá luta, espicaçando o outro, pergunta-lhe:
- Então o que me diz sobre o aumento dos preços? A inflação, sobretudo nos alimentos? Alguém está a meter muito dinheiro ao bolso e nós a ver e a pagar calados que nem uns ratos.
- Sabe, não ligo muito a isso, desde que ele chegue para ir comendo alguma coisa nem faço contas. No supermercado vou metendo no carrinho tudo o que preciso para me abastecer. O pior é no fim: pago sempre mais uns 50 euros do que pagava antigamente pelos mesmos produtos. O que é que a gente há-de fazer? É assim a vida. Não podemos mudar nada.
De pessoas apáticas com esta estamos nós fartos. Não vêem que podemos substituir uns produtos por outros mais baratos e se calhar até mais saudáveis. Nas feiras compra-se mais barato. Aos afegãos, aos paquistaneses, porque não? Qual o problema? Pelo menos fazem alguma concorrência aos supermercados. E se o preço for exorbitante podemos sempre passar sem esse produto, ou não?
As tais pessoas de que falo parecem ser de facto as mais felizes. Serão?
Antonieta Barata

07/08/2023

A passagem inexorável
Olhamos para nós e pensamos: não pode ser. Não posso estar a fazer já esta idade, possivelmente enganaram-se na Conservatória e estou com 10 anos a menos no mínimo. Mas a realidade nua e crua é que temos mesmo aquela idade que não admitimos ter.
Podemos inventar mil desculpas, que nos sentimos bem, que a cabeça funciona lindamente e que fazemos não sei quantos passos por dia sem ajuda de bengala ou qualquer outro apoio.
Pois é! Mas e daqui para a frente? Podem dizer que estou a pôr a carroça à frente dos bois, que estou a sofrer por antecipação, que é viver um dia de cada vez. Sei isso tudo. Mas não me dá co***lo. E quando chegamos próximos do aniversário estas angústias agigantam-se. Como se só nessa altura acrescentássemos um ano à nossa (perdão, à minha) já vetusta idade.
Havia uma maneira, mas ninguém que eu conheça chegou lá. Só nos livros e filmes de ficção científ**a é que chegam lá. É ter de viajar à velocidade da luz que são uns miseráveis 300.000Km/s.
A gente vê-os chegar a outras galáxias novinhos em folha. Ora eu só consigo viajar no máximo a 120/130 Km/h, isso não chega para nada e estou a carregar permanentemente com essa velocidade da luz toda em cima de mim. É isso que me põe velha.
Nem dizendo o poema do poeta João de Deus, nos safamos:
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Parece que é um problema que todos temos, mas não queremos admitir.
E asi pasa los dias….

Antonieta Barata

05/08/2023

O Papa
Não sou muito de papas nem sequer das de comer. Quando era bebé a minha mãe via-se doida para me fazer comer as papas. Fossem elas do que fossem. Só se me comerem as papas na cabeça. Com isso fico completamente perdida.
A propósito deste Papa. Sempre achei que era um Papa simpático, que toda a gente gostava dele, porque levavam o tempo a citar frases ditas pelo Papa Francisco. Eu sei que ele era um bocado “práfrentex” e que queria revolucionar umas certas coisas, mas nunca me debrucei muito sobre o assunto.
Ontem casualmente deparei-me com um programa de televisão no RTP3, já noite entrada, e fiquei estupefacta. Era sobre o Papa, mas como fiquei tão estupefacta e vi só um bocadinho, hoje resolvi ver o programa todo.
Afinal o nosso Papa tem muitos inimigos e, ou meteu-se em política ou meteram-no. Já não falo só nos inimigos Trump e Bolsonaro. Há muitos. Os direitistas são todos, mas já nem pode contar muito com os esquerdistas, estes vão-se afastando porque o Papa não tem sabido resolver os problemas. E os problemas são pedofilia, contas malparadas, negócios obscuros, corrupção, etc.
Fala-se já em Cisma. Eu conheço essa palavra, mas isso assusta.
O Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa da Igreja Católica que se estendeu de 1378 a 1417.
Esta fui ver ao Google. Quer dizer que desde aquela data não tinha havido Cisma nenhum.
Também houve um sujeito que disse que o Bento XVI demitiu-se por causa disso tudo, não foi por razões de saúde. Não conseguiu segurar os dinheiros, (os desfalques foram por demais) nem a pedofilia e mais umas coisitas.
E este já vai pelo mesmo caminho, muito tímido nas suas decisões. Para além dos problemas que fizeram demitir o Bento XVI, não resolveu o problema dos padres casados, nem o problema das mulheres eclesiásticas, nem o ab**to, nem a eutanásia, nem … nada. Timidez dizem os esquerdistas, ousado de mais, herético, dizem os direitistas. E esta, heim!
Antonieta Barata

28/07/2023

A inveja encapotada e o dom do elogio
Mais ou menos, de uma maneira ou de outra, as pessoas têm inveja umas das outras. Por isto, por aquilo, mas têm. Não assumem, mas têm.
A inveja pode revelar-se de muitas maneiras. Dizendo mal daquilo que “alguém” faz, ou que não faz e devia fazer, e sobretudo tentando destruir e denegrir moralmente o “alguém” que se torna um inimigo a abater.
A inveja lá no íntimo não é mais de que um complexo de inferioridade. As razões são muitas. A pessoa em questão, inveja tudo: os mais ricos, os que viajam, os que supostamente são mais inteligentes, os que têm mais atividades lúdicas ou físicas os que dão cartas onde quer que estejam, os que têm carisma. Podíamos continuar: os que estão bem casados, os que têm lindos filhos e netos, os que têm uma saúde de ferro, etc., etc.
Sempre ouvi dizer: quem desdenha, quer comprar.
Não há ninguém que não tenha uma invejinha de estimação, nem que seja inveja do cão da vizinha. É uma doença que não se resolve com psicólogos nem com psiquiatras. Resolve-se com uma coisa muito simples: o elogio. Por vezes não são os amigos que nos oferecem os maiores elogios, porque esses também são invejosos.
E é tão fácil! Só não os damos mais vezes porque temos inveja.
Custa alguma coisa dizer que “alguém” faz umas telas maravilhosas, que se veste sempre com muito charme, que f**a embevecido quando o ouve cantar ou dizer poesia, que tem um cabelo sedoso, que cozinha divinalmente?
Não, não custa nada e até nem é mentira. O tal “alguém” vai f**ar agradecido por muito tempo como se tivesse comido um rebuçado. E a pessoa que temos dentro de nós também f**a agradecida com os elogios que eventualmente lhe quiserem dar. De preferência presencialmente, que elogios nas redes sociais não é bem a mesma coisa.
Antonieta Barata

Photos from Voz Activa's post 01/04/2023

A minha passagem pelo teatro
Capítulo 11
No ano letivo seguinte estreamos a peça “O condomínio S. Vento”.
Ainda com o mesmo encenador.
Era uma sátira às reuniões de condomínio, um pouco ao jeito das reuniões da Assembleia da R.
Aqui o encenador, para variar, e para copiar um pouco aquilo que tinha feito numa peça anterior no Teatro Intervalo, teve a ideia de começar a peça ainda no hall de entrada à chegada dos espetadores, isto no Eunice Minhoz. Não resultou muito bem pois as pessoas faziam barulho, não ouviam nada e ao sentarem-se continuaram a fazer barulho. De tal forma que o próprio encenador com o seu vozeirão teve de dar um berro. Calaram-se.
O grosso da peça era passada, não no palco, mas nas cadeiras do teatro. Era ali que falavam como se estivessem de facto numa reunião de condomínio. De vez em quando levantavam-se para dizer qualquer coisa mais importante e sentavam-se outra vez.
As únicas pessoas que estavam no palco era eu (a secretária) e a diretora geral da assembleia que provinha de uma dessas agências contratadas. Devo dizer que era uma muito má secretária. Tinha um computador á frente, enorme, mas não via um “boi” daquilo. Perguntava as coisas mais imbecis. Como morava lá também tinha os meus telhados de vidro.
Depois da estreia, e nas sessões seguintes já fizemos tudo dentro das salas. Não tinha dado resultado a ideia do encenador.
Havia episódios muito engraçados, como a do elevador, quem o tinha sujado, quem fazia barulho no prédio e as surpresas não paravam.
Como de costume representámos umas 6 vezes.

Photos from Voz Activa's post 15/03/2023

Capítulo 11
A peça do ano seguinte sempre com o mesmo encenador chamava-se “O reflexo da montra”.
Também era uma espécie de sketches, tal como tínhamos feito na 2ª peça.
Os sketches era independentes uns dos outros. Abordavam temas diferentes. Em cada um deles entravam 2 ou 3 pessoas, não mais. Deu muito jeito porque se houvesse uma baixa, esta era rapidamente substituída.
Havia de tudo um pouco e tudo girava à volta de uma paragem de autocarro. Perto dela havia uma loja com uma montra que estava a ser revista.
Havia de tudo um pouco: uma louca num metro que falava sozinha, uma assistente social, um poeta, 3 malucas pelo futebol, um estropiado de guerra, etc.
Eu e mais duas colegas fazíamos de fanáticas do futebol. Eu era portista e falava à moda do Porto. Era toda pelo “Pintinho”.
Gostei muito de treinar a fala do Porto, o que não me custou muito pois já lá tinha vivido alguns anos e da minha personagem. Havia a fanática do Benf**a a do Sporting. Acaba com um alentejano (o encenador) que agarra no símbolo da paragem do autocarro e vai-se embora.
Representámos também umas seis vezes em várias associações (teatros, auditórios, centros de dia, etc.)

Photos from Voz Activa's post 25/02/2023

A 3ª peça com o mesmo encenador chamava-se “O piquenique na Falésia”, uma adaptação da “Louca de Chaillot”. V Como já disse, entretanto tinha saído do CENCO.
Claro, que mais uma vez, o encenador, teve de inventar personagens que não existiam no livro original. Era quase uma fábula do género “os bons vencem os maus”.
Com essa peça estreámos a saga dos famosos cubos de esferovite que tinham uma função estética e faziam de bancos onde nos sentávamos quando era preciso. Se não estou em erro, os cubos foram obtidos através de uma colega entretanto falecida que se encarregou os arranjar. Nós só tivemos de lhe colar papeis de jornal de maneira a f**arem resistentes e coloridos.
Um dia fomos até a casa do encenador e ajudámos nessa tarefa. Os jornais eram dele.
Havia 3 loucas na história, bastante amigas, todas condessas (de Paço D’Arcos, de Caxias, de Oeiras). Como houvesse uns tubarões (entenda-se empresários) que queriam comprar uma falésia para construir empreendimentos turísticos, arranjaram um estratagema em que eles caíram todos que nem uns patinhos para uma viagem sem regresso.
O meu papel era de uma coscuvilheira, casamenteira, que se quer dar bem com Deus e com o Diabo. No fim revela-se uma mulher infeliz, mas a que foi dada um oportunidade de mudar o rumo da sua vida. Assim como todos também f**aram mais felizes após o derrube dos “tubarões.
Esta peça era um pouco mais trabalhosa de a meter em cena e no entanto fizemo-la no pior lugar possível e sem condições – o “liceu de Oeiras”. Havia uma certo luxo, roupas vistosas e até entrava uma bruxa que fazia umas mezinhas para desaparecer o feitiço.
E assim a representámos uma 5 ou 6 vezes como de costume.

22/02/2023

Capítulo 9
Após aquele grande sucesso, larguei o CENCO. Deixei uma carta para ser lida na Assembleia geral seguinte a explicar as minhas razões de saída sem apontar nomes. A carta só acabou por ser lida um ano depois, após umas desculpas esfarrapadas de que a carta se tinha perdido, etc.
Entretanto na USO, íamos para a 2ª peça com o mesmo encenador.
Chamava-se “cada família com seu fado”. A peça era feita por sketches para que se fosse necessário substituir alguém à última da hora, ser mais fácil.
Havia 3 famílias: uma pobre, uma remediada e outra rica. As cenas eram sempre passadas à hora de jantar tendo como fundo a mesa da refeição. Nos intervalos aparecia uma cobradora de impostos (leia-se corrupção). A família mais rica era a que pagava menos impostos.
Eu fazia de tia rica pertencente à família rica, é claro. Era uma autêntica “queque” da linha. Fazia botox, lipoaspiração, mas não tinha onde cair morta.
Foi a peça que representámos mais vezes.
Como já disse anteriormente o encenador deixava-nos escolher os nossos próprios diálogos que ele compunha no fim.
Logo no início tivemos uma baixa. Um dos atores incompatibilizou-se com o encenador porque ele tinha outra visão para os intervalos entre os sketches. Bateu com a porta na cara, mas não houve problema na continuidade da peça.

11/02/2023

Capítulo 8
Foi nesse ano de 2014 que finalmente larguei o CENCO. Tinham decidido que eu já não pertencia ao grupo de Teatro para além de também não pertencer a outras coisas. No entanto, nesse ano e nos seguintes entraram várias colegas para o teatro. Como o conseguiram? Não sei. Algumas ainda por lá se mantêm.
Ameacei que saía, não só por essa razão, mas por outras igualmente relevantes como por exemplo os sketches de que eu gostava tanto de fazer e que poucos impactos tinham.
Não sei se a ameaça surtiu algum efeito, mas a verdade é que me puseram numa peça secundária já a meio do ano letivo, onde faltavam personagens para 3 papeis pequenos. Como eram pequenos comprometi-me a fazer os 3.
Também tive direito a entrar numa sessão de poesia, onde dizia qualquer coisa do Cancioneiro. Não sou grande apreciadora de poesia, mas disse.
Foi o Canto do Cisne.
A peça referida era de um autor português a que o CENCO recorria muito e havia mesmo uma certa amizade entre esse escritor e o grupo do Cenco
Era uma peça “non sense”, a partir de um livro seu. Foi muito difícil, quanto a mim, pô-la em palco, mas saiu muito bem. Era completamente “non sense”.
Tratava-se de um comboio que tinha descarrilado, chamava-se a “A sensatez descarrilada”. Havia cenas estranhas como um maquinista que chegava mesmo antes de partir, dois sobreviventes cujos filhos tinham morrido no acidente, mas eles estavam todos contentes porque eram menos bocas a comer e menos barulho lá em casa, uma americana excêntrica que comprava tudo, descarrilamentos, or****os, etc. uma velha com um filho pequeno e gordo que ia para a praia com um baldinho na mão, um sobrevivente que levava no bolso um nariz de judeu, (eu) etc.
Foi mesmo de rir e chorar por mais.
O meu 1º papel também era muito estranho, vendia mortalhas, caixões, estava toda vestida de branco com um lençol por cima e tinha a cara também toda branca. Não foi nada fácil mudar de vestuário 3 vezes mesmo ali atrás do palco, na medida em que não há camarins nem vestiário e ainda por cima faltou a luz (curto-circuito).
Ficou-me uma fotografia que foi capa da revista mensal da Câmara de Oeiras.

09/02/2023

A minha passagem pelo teatro
Capítulo 7
Por razões que não interessam para o caso, o encenador da USO incompatibilizou-se com a presidente da mesma. E já bastante doente saiu. Mesmo doente, com um tumor cerebral, ele foi chamado para ser o encenador do CENCO com uma peça, que seria para nós (USO) se ele de lá não tivesse saído. Sendo eu ainda sócia do CENCO, pensei que ele me pusesse no elenco, mas não. Saí com uma mão à frente e outra atrás, um bocado humilhada (eu e outra colega).
Adiante. Ele só durou mais aquele ano.
Entretanto na USO foi preciso arranjar outro encenador.
Apareceu um sujeitinho gordo, que eu no início, já escaldada, não dava nada por ele. Inicialmente não tínhamos onde ensaiar (o CCD deixou de nos emprestar as suas instalações) , os 1ºs ensaios foram na própria sede.
Depois passaram para o Pólo, felizmente já o tínhamos.
A 1ª peça chamava-se “Cultura mais além”. Pela 1ª vez na vida adorei o que fiz. Explico porquê. A democracia chegava a um ponto que nós é que demos o nome à Peça. Os diálogos eram também (quase todos) feitos por nós, com muita pesquisa, é claro.
Tratava-se de figuras do teatro, da escrita, das artes, da tauromaquia, da poesia, etc. Eu escolhi a Sophia de Mello Breyner. Cada um tinha direito a fazer o seu discurso que era salpicado aqui e ali de pequenos apontamentos engraçados. Havia até 5 “atores” entrados nesse ano que há falta de papel, serviam as bebidas enquanto debitávamos os discursos.
Aí tínhamos papeis grandes que era preciso fixar. Mas foi muito bom.
Praticamente uma peça feita por nós (e pelo encenador). Havia quem dissesse que estava um pouco politizada, mas eu não achei.
Representámos 4 ou 5 vezes como de costume.

08/02/2023

A minha passagem pelo teatro
Capítulo 6
Entretanto no CENCO, após a queda da 1ª peça em que os dois artistas principais saíram, foi posta à pressa uma peça de outro encenador que a tinha acabado à pouco tempo. Tratava-se de uma peça com 3 rainhas de épocas diferentes e uma criada que tinha um papel enorme.
Como uma das atrizes da continuidade não podia (segundo ela) fazer nada, dado que ia tratar de um neto que estava para nascer, foi chamada uma outra (também do CENCO, mas que nunca tinha representado, pelo menos no meu tempo). Quando entrei para a escolha de papeis tive a agradável surpresa que não estava incluída no elenco. Havia também uns papeis de “grevistas” que entravam de vez em quando tipo jograis que ainda não estavam distribuídos. Qualquer um podia fazer esses papeis, até porque era tudo ao molhe.
Entretanto a tal colega que nunca tinha entrado, saiu de cena porque arranjou emprego. Ainda era relativamente nova. Faltava agora uma rainha.
Numa noite em que fomos ver uma opereta de que não me lembro o nome, aquela colega que não queria entrar porque estava na iminência de tratar do neto que ia nascer, foi coagida aceitar o papel de rainha, pois “não havia mais ninguém”.
Aceitou, claro. Mais tarde telefonaram-me para ver se queria fazer o papel de grevista. Entravam mais 2 senhoras (novas ali) e um homem, porque coitado, não havia mais papeis para homens. A muito custo aceitei. Engoli um sapo enorme. Já agora perguntei ao encenador porque é que eu não podia fazer de rainha D. Leonor já que ela a bem dizer não se mexia. Passou o tempo todo numa cadeira de rodas, fez o papel de morta. Como já referi, os encenadores achavam que eu não me mexia bem.
A resposta dele foi esta: aqui o encenador sou eu.
Entretanto, como não sabia com que linhas me cosia, marcámos (eu e meu marido), uma daquelas viagens que costumávamos fazer no Inverno, acho que para o Brasil. Fazendo as contas verifiquei que só chegava uns 15 dias antes da representação da peça. O encenador mais uma vez foi implacável: assim não dava. E não deu.
Entretanto na USO, não sei se naquele ano ou no seguinte fizemos com o mesmo encenador (esteve lá 3 anos) uma Peça chamada Patrie Mare. Era uma peça lúgubre sobre a faina do mar, os pescadores, as viúvas, etc. Deu-nos uma personagem para a caraterizar e estudar o submundo dessa personagem. Calhou-me (a mim e a mais 3) o papel de viúvas que andavam sempre com uma lanterna na mão, vestidas de preto e na mais das vezes viradas para a parede. O texto era mínimo. Os papeis principais eram o de uma “jovem” casadoira, o namorado e uma tia dela. Foi o papel mais deprimente que já tive.

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