Lonely Place

Edgar Allan Poe — Só

Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encarar-me, o meu mistério.

— Edgar Allan Poe, In Poemas e Ensaios

"My eyes are blind but I can see
The snowflakes glisten on the tree
The sun no longer sets me free
I feel there's no place freezing me"

System Of A Down - Snowblind System covered this song (honestly i like it better) but they took it frum black sabbath

Mad Season (I Don't Know Anything)

Por que a gente tem que viver com tanto ódio todo dia?

🎉🍰

Passou mais um ano...
Um ano, um pouco mais duro e complicado que os anteriores...

Temos sempre tendência para dramatizar e fazer o pior cenário. Talvez seja isso que nos ensinam desde criança, ou se calhar é dura mesmo. Se calhar faz parte. Mas também serve como aprendizagem a valorizar outras coisas.
A vida é dura, a vida prega partidas, a vida não é fácil, a vida é o que fazemos dela.
De facto, temos vontade de dramas e mais dramas e raramente estamos bem.

Falta de dinheiro, ou falta de trabalho, ou falta de saúde, são todos eles argumentos de peso e mais que justos para nos podermos queixar.
Falta de uma roupa nova, ou um carro novo. De facto poderia estar na Hawaii... não fosse a pandemia, não fosse a falta de dinheiro... não fosse qualquer coisa que agora não me lembro, mas que serve para me queixar.

Desde que entrei nos 40 e em plena pandemia, talvez tenha sentido pela primeira vez alguma paz na minha vida. Talvez tenha servido para me ajustar ao que realmente sou e não ao que me fui moldando, habituando e movendo de acordo com os tempos e sociedade.

Passei a quarentena a trabalhar, provavelmente no pior trabalho que alguma vez tive. Lidei provavelmente com as piores pessoas que de certa forma entraram pela minha casa a dentro todos os dias através de um ecrã.

Foi desta forma que cresci e renasci desde os 40.
Aprendi o significado físico de ansiedade e como seria fácil sair derrotado. Mas não... Serviu para perceber que se algo está na minha vida e que em vez de acrescentar algo de bom, me retira a paz, então não me serve mais.

A pandemia ofereceu me tempo que habitualmente não tinha. Tempo só meu.
Fechei me no meu lugar solitário, e no meio de tanta desgraça, dor, sofrimento, solidão, fui aprendendo a viver com o que tinha deixado para trás, e parei de me queixar...

Aprendi a filtrar de forma natural quem está na minha vida e acrescenta alguma coisa boa, quem não estava a fazer absolutamente nada, e quem nunca deveria ter sequer entrado.

Aprendi como a palavra "amar" pode ser muito contraditória e pode ter um significado muito amargo e que o amor é cada vez mais descartável.
(Love = read between the lines)
Não estou chateado nem magoado com ninguém, muito menos sou de guardar qualquer tipo de rancor. Tal como o amor é descartável, também a importância o é, e de facto, tudo tem a importância que lhe queremos dar ou emprestar. A escolha é nossa, não dos outros. As vezes só estamos um pouco distraídos e fascinados com o que nos querem mostrar e não propriamente com o que são na realidade.

A vida é mesmo assim e não há nada mais importante para mim, do que a minha própria vida e nela so está quem eu quero, merece ou empresto.

Desde que a pandemia começou, que curiosamente conheci muitas pessoas novas. Umas ao acaso, outras nem tanto, mas entraram na minha vida de alguma forma.
Desta forma, as que valiam a pena, ficaram e juntaram se à minha tão amada família de amigos que guardo no meu coração. Aqueles que desde que entraram na minha vida, só me ofereceram sorrisos à descrição. Sorrisis esses, que irei fazer questão de devolver cada um deles com um sorriso ainda maior.

Hoje, cheguei aos 41, muito mais rico e rodeado das melhores pessoas que existem neste mundo e disso, não tenho qualquer dúvida.

Estou mais ponderado, justo e requintado (se é que poderei encaixar esta palavra aqui).

Finalizo com um enorme obrigado a todos os que me deram o prazer de me deixarem fazer parte das suas vidas, como eu tenho o prazer de vos ter na minha. Aos meus velhos amigos, aos novos, família e família ashesiana, um grande abraço e só um até já e que seja para muito breve (vocês sabem quem são).

Aos restantes que de alguma forma entraram e sairam da minha vida por alguma razão ou não, saibam que não estou triste ou chateado com ninguém. Se sairam, foi porque tinha de ser assim. A vida é tão fantastica que acaba por colocar todos no lugar certo. Desejo as maiores felicidades da forma que mais desejarem.

A todos os que me rodeiam, repito: ATÉ JÁ!
Estejam onde estiverem, perto ou longe de mim, vão viver para sempre dentro do meu coração.
Lamechas, mas verdadeiro!

_Eduardo Serraventoso

Começou hoje o Outono...
Quando as primeiras folhas começam a cair cansadas pelo tempo...
Quando as cores se gastam de sepia...
Um dia chamaram-te rouxinol...
Hoje anuncias o dia com silêncio...
Hoje preenches me o coração de vazio...
Aprisionas me o peito de dor...
Lavas me as lágrimas de memórias...
Hoje anuncias o Outono de tristeza e vazio...
Deixas me só, o que quiseres deixar ficar de ti,
A tua voz, as tuas histórias, as tuas palavras, o teu abraço, o teu amor...
Deixas me só...
cheio de memórias de ti,
de lágrimas feitas do teu sorriso...
Do teu abraço feito de saudade...
Deixas me só,,o que quiseres deixar ficar...
Deixas me só, cheio do que me ofereceste de ti...
Deixas-me só mais uma vez, para sempre perto de ti...
Hoje começou o Outono...
Um Outono feito de ti...
Hoje deixas me só contigo...

4 anos

Quando o poeta deixa de ter palavras,
a sua alma morre...
Quando a alma morre,
só a dor tem uma palavra a dizer...

Feliz Dia Mundial da Poesia

_Eduardo Serraventoso

ENQUANTO ESPERO POR TI

Estava mais uma vez aqui.. Por alguma razão que desconheço, vim parar aqui mais una vez...
No mesmo lugar, onde fui deixado da última vez.
Talvez te tenhas lembrado de te esqueceres de mim...
Ou talvez Me Tenha esquecido de me lembrar da última vez que fui deixado aqui...
Onde me fui deixando ficar à tua espera, só...
mais uma vez...
Estava mais uma vez à tua espera...
Talvez me tenha esquecido de te avisar que continuo aqui...
Talvez te lembres um dia, onde me deixaste à tua espera rodeado de silêncio, que me vai apagando de ti....
Vou pensando em ti, como te vais esquecendo de mim...
Vou escrevendo na minha mente, frases que te poderia ter dito.
Vou desenhando palavras no ar, pintadas de pequenos gestos que poderiam te ter roubado tantos sorrisos feitos de mim...

Poderia te ter dito tantas vezes a palavra "amo-te", como todas as ondas que consigo contar...

Mas...
Continuava à tua espera...
Mais uma vez...
Como poderias saber isso?
Como poderia eu saber que esperava por ti, distraído pelo teu vazio...
Pelo teu desprezo...
Essa tua indiferença que me torna quase especial...
Essa indiferença que marca a diferença entre mim e ti...
Fiquei tanto tempo deixado aqui à tua espera, que já não me lembro de uma razão para esperar por ti...
Não sabias, por alguma outra razão, que continuo aqui...
Não sabia...o sabor amargo da solidão que é esperar por ti...
Só...
mais uma vez...
Enquanto espero por ti...

_Eduardo Serraventoso

https://youtu.be/iB2q0KdLFK4

"FALHEI EM TUDO" | Fernando Pessoa "CRER EM MIM? NÃO, NEM EM NADA!"Uma angústia voltada para o tudo e para o nada. Oscilando entre interioridade e cosmos e repleto de paradoxos e exageros. TAB...

Cântico Negro de José Régio (interpretado por João Villaret) Vídeo usado no blog Torpedo @ London (http://engenheirotorpedo.blogspot.com/)

"Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Pensar em te esquecer
Pois quando penso em você
É quando não me sinto só"

Pensando em você - Paulinho Moska Paulinho Moska na MPB FM

A PRETO E BRANCO

Acordei de um pesadelo para o tornar realidade....
Começo aos poucos a perceber, como é mais doloroso viver na realidade a preto e branco, do que infiltrado em sonhos a cores...
Começo aos poucos a filtrar o que realmente importa...
O que faz de nós, seres frágeis e de fácil queda....
Não consigo apagar da mente a frase: "Venerei tanto a escuridão, que a escuridão se apoderou de mim..."
Dei importância a tanta coisa desnecessária, que acabei por me esquecer do que era realmente importante...
Volto ao ponto onde nasci, talvez a uma época onde nunca pertenci. Ao que pensava fazer parte de um passado dos meus antepassados...
Como se tivesse viajado no tempo. Recuando para memórias de vidas que me foram contadas...
Como se de alguma forma as vivesse hoje...
Será sempre romântico, jantar à luz das velas...
Será sempre uma memória, ir buscar água à fonte...
Será sempre cinematográfico, lavar a roupa num rio que não é nosso...
Será sempre a preto e branco, quem nos fez nascer e não cuida de nós...

_Eduardo Serraventoso

Venerei tanto a escuridão, que a escuridão apoderou-se de mim....

_Eduardo Serraventoso

"INCESSANTE

Reconheço-me em constante mudança.

O caminho contra a autosabotagem tem sido contínuo e duro.

Vejo-me, há uns tempos, a desistir com medo de fracassar. Hoje luto com força para acreditar em mim, manter-me focada e tentar mesmo que erre.

É difícil quando o cérebro te coloca à prova, oferecendo-te um conjunto de cenários hipotéticos para que a mente não descanse e o corpo fique à beira de um colapso.

Confesso que, às vezes, não sei onde arranjo a coragem para passar por cima disso e continuar, com as pernas a tremer e o peito prestes a explodir.

A verdade é que ainda estou de pé e me sinto capaz, por mais que a dúvida me inquiete e apavore. "

_Rafaela Matos, 2021

"We left... we came home
Found nothing at the wizardry show
Fake magic calls for shutting doors
And throwing up those curtains

You got a different view
I don't see the same
I'm not trying to complain
Perception is the rhythm of our world

Days gone by, black curtains
Hide the sunshine from my eyes
Take this time, paint a picture
With my bleeding colors
Days gone by, black curtains
Hang them when it gets too bright
Take this time, take the picture
For your bleeding memories

So long, tomorrow's gone now
Throw it up now bring me your head now
You might be afraid of what you see
Cause you might just find ineffability

You got a different view
And I don't see the same
I'm not trying to complain
Perception is the rhythm of our world

Days gone by, black curtains
Hide the sunshine from my eyes
Take this time, paint a picture
With my bleeding colors
Days gone by, black curtains
Hang them when it gets too bright
Take this time, take the picture now
Now show us your bleeding memories... yay ow

Yeah, well if you're coming let me know ahead of time
I will accommodate you well
Furnish you with your own colors
In your own way... yeah

You got a different view
And I don't see the same
I'm not trying to complain
Perception is the rhythm of our...

Days gone by, black curtains
Hide the sunshine from my eyes
Take this time, paint a picture
With my bleeding colors
Days gone by, black curtains
Hang them when it gets too bright
Take this time, take the picture now
Now show us your bleeding memories... yay ow
Show us your bleeding memories
Perception is the rhythm of our world"

https://www.youtube.com/watch?v=fucyIW_NZq4&ab_channel=vukekv

Travis Meeks (Days Of The New) - Black Curtains Studio version of this unreleased track

A verdade dói...

As pessoas têm tendência em fazer barulho excessivo, quando se sentem desesperadas ou rejeitadas. Perdidas num mundo feito de egos, feito de poderes.
Há muitas formas de fazer barulho, numa última tentativa de chamar à atenção.
Será como uma luta desesperada para se conseguir sair daqui vivo.
De um lado, o desespero e solidão de alguém, do outro o ego e falso poder que damos aos outros.
Não é com o barulho excessivo e desesperado que nos temos de preocupar, mas sim com o silêncio que vem depois.
Quando reparamos, que todo esse barulho nunca foi para chamar a atenção de alguém, mas sim para abafar a dor em que nos habituámos a viver.
Quando chegamos a esta inevitável conclusão, percebemos que as palavras são demasiado valiosas, para as oferecer a quem não as quer ouvir.

"Not all toxic people are cruel and uncaring. Some of them love us dearly. Many of them have good intentions. Most are toxic to our being simply because their needs and way of existing in the world force us to compromise ourselves and our happiness. They aren’t inherently bad people, but they aren’t the right people for us. And as hard as it is, we have to let them go. Life is hard enough without being around people who bring you down, and as much as you care, you can’t destroy yourself for the sake of someone else. You have to make your wellbeing a priority. Whether that means breaking up with someone you care about, loving a family member from a distance, letting go of a friend, or removing yourself from a situation that feels painful — you have every right to leave and create a safer space for yourself." -Daniell Koepke

© Artwork by by bubug

"O que há em mim é sobretudo cansaço —

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto em alguém,

Essas coisas todas —

Essas e o que falta nelas eternamente —;

Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada —

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...

E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço,

Íssimo, íssimo, íssimo,

Cansaço...

9-10-1934
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 64."

O Outo Lado do Espelho - Programa 17 - O Desespero by RLX - Rádio Lisboa • A podcast on Anchor Neste programa a escritora Célia Teles Ferreira falou-nos no "Sentido da Vida" e claro... de poesia.

“Encomenda do Silêncio” de Alberto Pimenta:

Já reparaste que tens o mundo inteiro
dentro da tua cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da tua cabeça
é o teu mundo
e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro
dentro da minha cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da minha cabeça
é o meu mundo
o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos
mas através dos nomes
(…)
e é assim que vamos construindo a nós mesmos pela segunda vez
tu a ti e eu a mim...
(...)
tu comigo e eu contigo
cada um
tentando dizer ao outro
como é o mundo inteiro que tem dentro da cabeça
(...)
tu o teu mundo que tens dentro da tua cabeça
eu o meu mundo que tenho dentro da minha cabeça
(…)

"Almost blue
Almost doing things we used to do
There's a girl here and she's almost you
Almost
All the things that you promised with your eyes
I see in hers too
Now your eyes are red from crying"

https://youtu.be/z4PKzz81m5c

Chet Baker - Almost blue Amazing Jazz song Almost Blue by Chet Baker / Composed by CostelloLyrics : Almost blueAlmost doing things we used to doThere's a girl here and she's almost y...