Solo project - arte contemporânea
Contemporary Art
Maria Helena Vieira da Silva nasce em Lisboa, a 13 de Junho de 1908.
TESTAMENTO
Eu deixo aos meus amigos
Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento de duração.
Vieira da Silva (1908-1993)
(texto encontrado nos papéis de Maria Helena Vieira da Silva após a sua morte)
Vieira
Maria Helena Vieira da Silva
Les Corneilles, 1956
Oil on canvas, 150 x 50 cm
(Price under request)
Maria Helena Vieira da Silva
Les Corneilles, 1956
Oil on canvas, 150 x 50 cm
(Price under request)
Anything I can not transform into something marvellous, I let go. Reality doesn't impress me. I only believe in intoxication, in ecstasy, and when ordinary life shackles me, I escape, one way or another. No more walls.
Anais Nin
Maria Helena Vieira da Silva
Les Corneilles, 1956
Oil on canvas, 150 x 50 cm
Catalogue raisonné
Page 345
Antes de ser a mais famosa artista da sua geração, Helena é a menina de sentidos apurados que aos 5 anos “enche cadernos com desenhos” e aos 11 pinta a óleo. A família incentiva os dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura.
Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais… parte então para Paris, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham.
Tem aulas com professores ilustres, desenvolve amizade com artistas importantes, identifica-se com o abstracionismo, com o surrealismo e conhece o amor da sua vida, o pintor Arpad Szenes. Vivem uma cumplicidade total, trabalham juntos, muitas vezes expõem em conjunto. É também em Paris, em 1933, que faz a primeira exposição individual. Dos franceses recebe elogios, os portugueses ainda não a conhecem.
As relações com Portugal ficam mais dificeis depois do casamento. Para Salazar, Arpad Szenes é um inimigo do regime, um húngaro comunista.. a pintora perde encomendas, perde a paciência e deixa de ser cidadã do seu país.
O casal refugia-se no Brasil durante a segunda Grande Guerra para depois regressar a Paris onde é bem recebido. Mais tarde, Vieira da Silva aceita a nacionalidade francesa.
Por esta altura, o reconhecimento da sua obra é internacional. Vieira da Silva desenvolve composições abstratas inspiradas nas grandes cidades que redimensiona em traços suaves e poéticos. Trabalha ainda em ilustrações, decorações teatrais e dedica-se também à tapeçaria.
Maria Helena Vieira da Silva demora 20 anos a fazer as pazes com Portugal. Como tantos outros portugueses, a reconciliação só chega a 25 de abril de 74.
TESTAMENTO
Eu deixo aos meus amigos
Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento de duração.
Vieira da Silva (1908-1993)
(texto encontrado nos papéis de Maria Helena Vieira da Silva após a sua morte)
Maria Helena Vieira da Silva in her studio, rue de l'Abbé-Carton à Paris. (Galerie Jeanne Bucher Jaeger, Paris © Wölbing-Van Dyck, Bielefeld et Ida Kar)
Maria Helena Vieira da Silva
Les Corneilles, 1956
Oil on canvas, 150 x 50 cm
(Price under request)