Duas Filósofas

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Em março, (de 09/03/22 a 30/03/22) em pareceria com o , acontecerá o curso "Filósofas Contemporâneas".

Serão quatro aulas, as quarta-feiras, das 19h às 21h, com carga horária total de 8h. As aulas acontecerão ao vivo através da plataforma Zoom, mas o conteúdo será gravado e poderá ser enviado posteriormente para quem perder algum encontro.

Esse curso é uma introdução ao pensamento contemporâneo por meio da apresentação de quatro filósofas. Em cada uma das aulas examinaremos a trajetória, alguns conceitos e obras que são fundamentais para cada pensadora. O intuito é aproximar o público da produção filosófica contemporânea, e sobretudo, dar visibilidade a produção contemporânea das mulheres na Filosofia.

Aula 1. Martha Nussbaum e a literatura como filosofia moral
Aula 2. Donna Haraway e a relações entre diferentes espécies
Aula 3. Yuriko Saito e a estética do cotidiano
Aula 4. Karen Warren e a filosofia ecofeminista
Vamos juntas estudar filósofas? Se inscreva e nos ajudem a divulgar o curso. Será uma alegria contar com vocês nessa jornada.

Link clicável para mais informações na bio.

A última aula de nosso curso vai ser dedicada as filósofas do pragmatismo clássico. O pragmatismo foi um método filosófico que é considerado a primeira grande contribuição da filosofia norte-americana para a filosofia mundial. Os filósofos mais famosos dessa corrente são os chamados 3 pais: Charles S. Peirce, William James e John Dewey.
Dificilmente se pode dar uma definição única de pragmatismo, e há tantos pragmatismos quanto pragmatistas. Porém, de modo geral, aponta-se para uma tendência dos pragmatistas a valorizar as consequências práticas da teoria. Isto é, uma teoria deve ser testada e levada à ação. De modo que a filosofia é também prática e sempre visa à ação.
Pois bem, esse movimento desde seus primórdios, e sobretudo na chamada era dourada contou com a participação de uma série de mulheres filósofas e educadoras que compartilhavam dos mesmos conceitos, a saber, uma ênfase no pluralismo, na experiência adquirida por meio das vivências, o reconhecimento da importância de uma filosofia pública e uma preocupação notável com a mudança social.
Muitas das pragmatistas mulheres do período clássico foram alunas ou amigas dos grandes pais do pragmatismo, e não é incomum que em seu época tenham desfrutado de certo reconhecimento, apesar dos problemas, e que tenham caído após suas mortes em uma espécie de esquecimento. Quando muito são lembradas como ativistas sociais ou escritoras. Mas, elas foram também filósofas.
A mais famosa delas, possivelmente, foi Jane Addams (1860-1935) que aqui ilustra nossa postagem. Addams foi uma figura importante por seu ativismo, por sua influência para o desenvolvimento de uma preocupação social por parte de John Dewey e também por sua filosofia política e ética. Para muitos, é Addams e não Dewey que leva de fato o pragmatismo a suas últimas consequências. Da teoria direto para a prática.
E ela não estava sozinha, também são figuras importantes do pragmatismo as filósofas Mary Parker Follet (1868-1933), Charlotte Perkins Gilman (1860-1935), Ella Lyman Cabot (1866-1934), Alice Chipman Dewey (1858-1927), Mary Whiton Calkins (1863-1930) e Ella Flag Young (1845-1918), para citar apenas os nomes mais famosos.
Essas mulheres levaram o pragmatismo à prática, e suas filosofias são plurais. Em geral há o predomínio de uma preocupação social, muitas delas foram ativistas, uma preocupação com o direito das mulheres, ou com problemas políticos e democráticos, como a questão do pacifismo no começo do século antes da primeira guerra. Muito lentamente, a memória dessas mulheres vai sendo recuperada, especialmente em seu caráter de filósofas pragmatistas.

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Assim como na antiguidade, o período que vai da época feudal até a contra-reforma teve um número considerável de mulheres filósofas. Aqui encontramos muitas mulheres que estavam envolvidas nas questões filosóficas e também - principalmente - teológicas de sua época.
Novamente, temos uma série de problemas para abordar essas mulheres do ponto de vista histórico. Seja pelos preconceitos da época, seja pelo viés ainda hoje turvo com que olhamos para as autoras. Muitas delas foram consideradas intelectuais até mesmo em sua época, mas raramente são consideradas pensadoras. Por que isso acontece?
Do período medieval e renascentista saltam aos olhos os escritos de Hildegarda de Bingen (1098-1179), Heloísa de Paráclito (ca. 1090 - 1164), Herrad de Landsberg (1130-1195), Beatriz de Nazaré (1200-1268), Cristina de Pisano (1364 - ca.1430), Catarina de Siena (1347-1380), Oliva Sabuco (1562-1622), Margaret Roper (1505-1544), e Marie de Gournay (1565-1645) para citar apenas as mais conhecidas.
Boa parte destas pensadoras foram, muitas vezes, em sua época reconhecidas como escritoras ou figuras literárias importantes tendo certo destaque em alguns meios, como no caso das abadessas.
Aqui, ilustramos nossa postagem com a Cristina de Pisano, já que em diálogo com sua época, ela defendeu filosoficamente o papel das mulheres da sociedade. Nos pareceu uma boa companheira para nossa jornada.

Quando pensamos na filosofia antiga, raramente pensamos nas mulheres que também fizeram parte dela. Ou, pior, como escreveu Wider (1986) pensamos logo na mulher de Sócrates, Xantipa, que era excluída dos diálogos, vista apenas como uma esposa irritante que distraia seu marido.
Porém, é um fato que as mulheres participaram da atividade filosófica desde seus primórdios, ainda que tal afirmação possa causar surpresas.
Em um estudo feito por Gilles Ménage (1613 - 1692) no século XVIII, foram encontradas pelo menos 65 mulheres filósofas, a maioria delas na era helenística.
Aliás, como mostraram estudos mais recentes, pelo menos desde a escola pitagórica podemos contar a presença de mulheres na história da filosofia.
Infelizmente, contar a história dessas mulheres não é nada fácil por uma série de razões: às vezes, escreveram sobre elas apenas séculos depois; e pior, quase nada restou além de meros fragmentos ou somente lista de títulos preservadas por terceiros. Também, o que nem sempre se lembra é que o termo "filosofia" tinha um sentido muito mais amplo do que possui agora. E, as escolas da antiguidade muitas vezes tinham forte conotação religiosa, o que nem sempre favorece o argumento da presença das mulheres.
Por último, infelizmente, as informações sobre as filósofas são ainda mais incompletas do que àquelas que temos sobre os homens, e muitas vezes o que nos chegou dá mais importância a seu status biológico que suas contribuições intelectuais.
Além disso, seria difícil desvincular a posição das filósofas, do lugar ocupado pelas mulheres na sociedade grega, posição essa que foi diferente entre a socidade pré-clássica e a clássica.
Apesar dessas e outras dificuldades vemos, cada vez mais, um trabalho de resgate histórico dessas mulheres. Quem eram? Quais suas contribuições à filosofia? Quais ideias elas defendiam? Contar suas histórias é urgente.
A obra desse post é o quadro intitulado "O debate de Sócrates e Aspasia", feito pelo pintor Nicolas-André Monsiau (1754-1837) por volta de 1800. Nele vemos a filósofa e retórica Aspasia ensinando a seus ouvintes atentos, ninguém menos que Sócrates entre eles.
Parece uma boa imagem para ilustrar nossa jornada.

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✨ Inscrições abertas para o curso online Conceitos estéticos: uma introdução ao gosto, ao feio e ao sublime, ministrado por Laura Elizia Haubert
Ao longo da história da arte, a crítica foi criando forma e ganhando espaço em paralelo a desenvoltura dos conceitos estéticos. Neste curso, serão contemplados justamente eles: o gosto, o feio e o sublime, brados importantes para o entendimento da filosofia estética. A ideia é apresentar, durante as 3 aulas, o que os pensadores registraram sobre isso, como David Hume, Kant, Francis Huctheson, Edmund Burke, entre outros.
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