Capitalismo e produção de subjetividade

Capitalismo e produção de subjetividade

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Projeto de extensão universitária do curso de psicologia da UFR, que visa publicar informações e discutir concepções filosóficas do capitalismo e a produção de subjetividade.

06/06/2021

Convidamos o Professor Eduardo e o psicólogo Lucas para debatermos como funciona a subjetivação do capitalismo e o biopoder.

31/05/2021

Houve um jornal do Paraná que noticiou como manchete "De como o capitalismo produziu uma vacina contra a covid em tempo Record". Através disso, o jornal mostra os grandes avanços da iniciativa privada e do capitalismo. Porém não foi dito que a covid foi constituída no próprio capitalismo! Explicando em termos simples. Nossas cidades e, em específico, a cidade chinesa, são organizadas segundo a lógica do capitalismo, que por ser muitas vezes extrativista, favorece uma interação inadequada da polis com a natureza. Favorecendo o lucro ao invés do homem, a saúde preventiva f**a em segundo plano, mesmo porque, no surgimento de uma nova doença o capital enxergue uma chance de acumular-se, através não apenas da venda de medicamentos e vacinas, mas principalmente no mercado de ações, com a especulação gerada em relação ao conhecimento imaterial da produção das vacinas e das patentes atreladas a ela.

Chamamos isso de Biocapitalismo.

Dessa forma, mesmo os médicos, não conhecendo os conceitos de biopoder e biopolítica, conseguiram construir o conceito de sindemia¹. A Covid é um problema urbano produzido e agravado em função de variáveis sanitárias, geográf**as e financeiras da vida social e política da população. A Covid é muito complexa e não pode ser reduzida meramente a questões médicas e clínicas. Tratar ela de forma natural, como uma uma fatalidade do destino, só nos traria desorientação social, e outras "covids".

Toda essa questão do capitalismo gerando a doença, na qual podemos chamar de biocapitalismo, não se resume a essa identif**ação. A sindemia é um elemento para que possamos entender como se dá o capitalismo atual. O biocapitalismo extrai mais valia da vida.

A partir dessa narrativa, podemos entender a sindemia sob a ótica do biocapitalismo, dizendo como tudo que aconteceu no ano de 2020 foi ótimo para a acumulação de capital.

¹O termo sindemia (um neologismo que combina sinergia e pandemia) não tão novo assim.

Foi cunhado pelo antropólogo médico americano Merrill Singer na década de 1990 para explicar uma situação em que “duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma dessas duas doenças”. Em termos práticos, seria como dizer que a soma de 1+1 é maior do que 2.

“O impacto dessa interação também é facilitado pelas condições sociais e ambientais que, de alguma forma, aproximam essas duas doenças ou tornam a população mais vulnerável ao seu impacto”, explica Singer em entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).

A interação com o aspecto social é o que faz com que não seja apenas uma comorbidade.

A covid-19, "vemos como ela interage com uma variedade de condições pré-existentes (diabetes, câncer, problemas cardíacos e muitos outros fatores) e vemos uma taxa desproporcional de resultados adversos em comunidades desfavorecidas, de baixa renda e de minorias étnicas", explica Singer.

Sendo assim, o enfrentamento da Covid-19 se daria muito melhor se dada como sindemia ao invés de pandemia.

30/05/2021

Hoje falaremos a respeito do capitalismo cognitivo e sobre a subjetividade engendrada nele. Para isso separamos alguns trechos do texto do professor Paulo Ghiraldelli e do filósofo Gilles Deleuze. Disponibilizaremos os textos na íntegra, nos comentários.

‘’Os teóricos que avaliam que hoje vivemos sob um novo capitalismo, o chamado capitalismo cognitivo ou capitalismo biocognitivo, tomam todo esse movimento de preponderância das finanças como um fenômeno interior de uma mudança mais profunda. Eles entendem que o mundo em que estamos é fruto de alterações na forma de trabalho, na produção de serviços, na ampliação do trabalho imaterial, tudo o que foi gestado no próprio capitalismo industrial fordista.
Voltemos então à sociedade industrial. Foi nela que que o capitalismo do século XX jogou a humanidade para um patamar diferente daquele do tempo de Marx. Mas foi Marx, justamente, que com incrível capacidade de visão de futuro, preconizou os melhores conceitos para entendermos esse tempo de transição do industrialismo fordista para nossa era. O conceito chave aí está nos Grundrisse, a borrador que ele escreveu para dali tirar o livro O capital. Trata-se do General Intelect ou saber difuso na sociedade em determinada época. Essa inteligência difusa tornou-se durante o século XX mais homogênea, ampliada e de qualidade incrivelmente superior ao que se tinha no início do capitalismo. Como isso se fez?
A universalização da escola pública em associação à diminuição da jornada de trabalho, bem como o cuidado da higiene das mães e crianças na maior parte dos países industrializados, certamente teve um papel central na formação do General Intelect.
O trabalho do regime fordista era, de fato, o trabalho alienado. Quanto menos se soubesse, melhor. Os operários queriam menos horas na jornada de trabalho, para escapar dele, ainda que tal trabalho pouco interessante fosse o sustento de todos. Os operários não precisaram pedir muito para se livrarem desse fardo. A indústria mesma se encarregou disso. Ela se maquinizou. Manteve a esteira, mas tirou Carlitos. Fez a máquina se acoplar à máquina. Depois, fez os computadores dirigirem cada máquina. Preparou o homem para, depois, fora da fábrica, se fundir com o computador. Nesse processo, houve a dispensa de milhares de trabalhadores. A indústria robotizou-se e deixou para a sociedade em geral todos os trabalhadores. Era o que tinha de fazer: passar da mais valia absoluta para a mais valia relativa e levar isso ao limite. A sociedade transformou-se autenticamente no local do trabalho. Criamos então a vida atual: a cidade ou a sociedade como fábrica social.
Essa fábrica é o mundo das empresas. Mas também o mundo do indivíduo-empresa. Com isso, em cada local os setores de serviços cresceram e o trabalho imaterial passou a predominar sobre o trabalho material. É na sociedade que há a acumulação do capital, segundo o mercado financeiro e segundo o mercado das empresas de serviços de todo tipo – ora mais ou menos intelectualizados. O invólucro das finanças dá o tom: no mercado vende-se dinheiro e não se entrega, só se entrega os juros. No mercado de serviços entrega-se só o uso dos softwares, o uso do produto de patentes, as plataformas virtuais. O mundo para os mortais comuns é o mundo do download, o mundo para os mortais que acham que são os produtores é o mundo do upload. Do entregador de pizza ao entregador de serviços médicos, vinga a uberizaçao.
O trabalho imaterial predominante, só possível por conta do General Intelect, é trabalho e consumo ao mesmo tempo, pois feito coletivamente em rede. Forma-se nesse caso uma espécie de subjetividade maquínica, disseram filósofos franceses. Trata-se do homem em fusão com o que é maquinal. É trabalho autenticamente social. Ninguém faz algo sem estar conectado com outros virtualmente e integrando no que está fazendo ideias alheias e dados alheios, e isso segundo graus de exigência de mais ou menos intelectualidade.
O filósofo Toni Negri (em associação com Michael Hardt), vê esse movimento segundo uma frase bastante signif**ativa: trata-se da união da automação da fábrica com a digitalização da sociedade.[6] Mas, tudo isso se fez porque a fábrica não era mais o lugar do lucro segundo a voracidade de crescimento do capital. Assim, “a fim de restabelecer margens de lucro que não podiam mais ser extraídas das fábricas, o capital teve de colocar o terreno social para trabalhar, e o modo de produção teve de ser ainda mais firmemente entrelaçado às formas de vida” – nesse caso, então, temos não só capitalismo cognitivo, mas capitalismo biocognitivo.
É subsumindo a própria vida que o capital, agora, cria processos de extração da mais valia. Trata-se de uma mais valia social, digamos assim. É uma mais valia gerada pelo trabalho contínuo que a própria vida social impõe, e gerada pela produção proposital de escassez que o capital insiste em querer fazer vigente: o dinheiro que não se empresta e o software ou a patente da vacina que não se cede de modo algum.
Os que fazem objeções a essa abordagem, por exemplo, dizendo que por mais que se produzam espetáculos, que são imateriais, dependemos de construir os palcos, que são materiais (e então todo o trabalho capitalista continua o mesmo), não entenderam que o problema não é a construção de coisas materiais. É claro que o mundo físico continua existindo! Ninguém perdeu seu corpo! Uma Olimpíada tem vários espetáculos, mas, também, é claro, construções imensas para tal. Todavia, o material vem da fábrica mecanizada, e os pedreiros, construtores e arquitetos, em que pese a grandeza do setor de construção urbana, não deixam de serem prestadores de serviços e não operários fabris. Mesmo o pedreiro atual deve seu emprego ao General Intelect. Ele não mexe mais a massa. Ele é quem coloca certas paredes no prumo. As variações de intelectualização do trabalho imaterial devem ser levadas em conta. Esse homem é tido como “capital humano”, em uma acepção tipicamente empresarial e vigente nas teorias neoliberais de administração. Na nossa terminologia, trata-se do homem do trabalho precarizado em termos de direitos, mais ainda extenuado pelo ritmo psicológico e pelo tempo de trabalho. O preço que se pagou para escapar do trabalho alienado foi o de entrar em um tipo superior de alienação, mesmo sendo agora portador de um saber que faz parte do saber difuso.
Mas o capital não visa apenas crescer. Ele visa, para crescer, jamais deixar o trabalho se autonomizar a ponto de vê-lo de todo emancipado. Desse modo, ele tenta de toda maneira deixar o trabalhador cativo. O processo de uberização, de precarização do trabalho, faz a autonomia do trabalho, enquanto trabalho imaterial, não voar muito.
Provocação de escassez dos bens imateriais criados pela sociedade como um todo, e privatização dos lugares e instituições que se incumbem da produção do homem pelo homem, são as duas grandes tarefas que o capital impõe a si mesmo nessa fase atual do capitalismo. (...)’’ (PAULO GHIRALDELLI, 14/01/2021, O Capitalismo).

Continuaremos no assunto utilizando trechos do texto do Deleuze a respeito das sociedades do controle, escrito em 1990 e mais pertinente hoje do que nunca:

‘’A fábrica era um corpo que levava suas forças internas a um ponto de equilíbrio, o mais alto possível para a produção, o mais baixo possível para os salários; mas numa sociedade de controle a empresa substituiu a fábrica, e a empresa é uma alma, um gás. Sem dúvida a fábrica já conhecia o sistema de prêmios, mas a empresa se esforça mais profundamente em impor uma modulação para cada salário, num estado de perpétua metaestabilidade, que passa por desafios, concursos e colóquios extremamente cômicos. (...) A fábrica constituía os indivíduos em um só corpo, para a dupla vantagem do patronato que vigiava cada elemento na massa, e dos sindicatos que mobilizavam uma massa de resistência; mas a empresa introduz o tempo todo uma rivalidade inexpiável como sã emulação, excelente motivação que contrapõe os indivíduos entre si e atravessa cada um, dividindo-o em si mesmo. O princípio modulador do "salário por mérito" tenta a própria Educação nacional: com efeito, assim como a empresa substitui a fábrica, a formação permanente tende a substituir a escola, e o controle contínuo substitui o exame. Este é o meio mais garantido de entregar a escola à empresa.
Nas sociedades de disciplina não se parava de recomeçar (da escola à caserna, da caserna à fábrica), enquanto nas sociedades de controle nunca se termina nada, a empresa, a formação, o serviço sendo os estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação, como que de um deformador universal.
Não é uma evolução tecnológica sem ser, mais profundamente, uma mutação do capitalismo. É uma mutação já bem conhecida que pode ser resumida assim: o capitalismo do século XIX é de concentração, para a produção, e de propriedade.
Quanto ao mercado, é conquistado ora por especialização, ora por colonização, ora por redução dos custos de produção. Mas atualmente o capitalismo não é mais dirigido para a produção, relegada com frequência à periferia do Terceiro Mundo, mesmo sob as formas complexas do têxtil, da metalurgia ou do petróleo. É um capitalismo de sobre-produção. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados, ou m***a peças destacadas. O que ele quer vender são serviços, e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. Por isso ele é essencialmente dispersivo, e a fábrica cedeu lugar à empresa. A família, a escola, o exército, a fábrica não são mais espaços analógicos distintos que convergem para um proprietário, Estado ou potência privada, mas são agora figuras cifradas, deformáveis e transformáveis, de uma mesma empresa que só tem gerentes. Até a arte abandonou os espaços fechados para entrar nos circuitos abertos do banco. As conquistas de mercado se fazem por tomada de controle e não mais por formação de disciplina, por fixação de cotações mais do que por redução de custos, por transformação do produto mais do que por especialização da produção. (...)
O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalismo manteve como constante a extrema miséria de três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamento: o controle não só terá que enfrentar a dissipação das fronteiras, mas também a explosão dos guetos e favelas. (...)’’ (Deleuze, 1992, p. 219-226.)

17/05/2021

Desde a revolução francesa, estamos inseridos/as em um sistema de produção cujo símbolo de poder passa a ser o acúmulo de capital. Em função disso, o processo de subjetivação da sociedade é atravessado por essa nova ordem econômica.
Marx (1867), observa que o principal objetivo do capital não é tornar ninguém rico nem promover desenvolvimento, mas sim acumular a si mesmo, ou seja, o capital só é capitalismo à medida em que promove seu crescimento e está em constante movimento.

Em consequência desse objetivo, o sistema de produção capitalista acaba por produzir subjetividades coadunáveis ao regime. Subjetividades essas que irão variar de acordo com a fase em que o capitalismo se encontra. Os principais teóricos a estudarem tal subjetivação são Michel Foucault e Gilles Deleuze.

Foucault faz uma análise dos modos de subjetivação desde a antiguidade grega, e as práticas do ‘’cuidado de si’’, até as sociedades disciplinares do século XX, atentando-se para a emergência histórica do Estado, com a entrada no capitalismo, e suas intervenções biopolíticas sobre o corpo da população.

Nosso foco aqui será na mudança das sociedades disciplinares, para as sociedades de controle. Muito antes da quebra do lastro ouro-dólar, já se notava o declínio que a autoridade das disciplinas estava entrando. Estudantes, operários, movimentos feministas, movimentos negros, grupos de libertação de todo tipo se uniram em um movimento de protesto mundial, culminando em ‘’Maio de 68’’. Adorno falava a respeito da pseudoformação e Hannah Arendt da crise na educação. O modelo disciplinar e seus símbolos, foram sendo mais facilmente questionados a medida em que a linha de produção se tornava menos rígida, e a indústria se modernizava. A moral restrita, o modelo nuclear e ‘’tradicional’’ de família, com marido operário e esposa subordinada em casa, tornou-se menos predominante.
Segundo Deleuze:

‘’Mas o que Foucault também sabia era da brevidade deste modelo: ele sucedia às sociedades de soberania cujo objetivo e funções eram completamente diferentes (açambarcar, mais do que organizar a produção, decidir sobre a morte mais do que gerir a vida); a transição foi feita progressivamente (...). Mas as disciplinas, por sua vez, também conheceriam uma crise, em favor de novas forças que se instalavam lentamente e que se precipitariam depois da Segunda Guerra mundial: sociedades disciplinares é o que já não éramos mais, o que deixávamos de ser. Encontramo-nos numa crise generalizada de todos os meios de confinamento, prisão, hospital, fábrica, escola, família. A família é um "interior", em crise como qualquer outro interior, escolar, profissional, etc. Os ministros competentes não param de anunciar reformas supostamente necessárias. Reformar a escola, reformar a indústria, o hospital, o exército, a prisão; mas todos sabem que essas instituições estão condenadas, num prazo mais ou menos longo. Trata-se apenas de gerir sua agonia e ocupar as pessoas, até a instalação das novas forças que se anunciam (Deleuze, 1992, p. 219-226.).’’

Deixaremos nos comentários um texto do Deleuze a respeito da sociedade disciplinar do Foucault e da sociedade do controle, do qual tiramos o trecho acima.

16/05/2021

Falaremos agora, a respeito do capitalismo pós-fordista, ou capitalismo cognitivo, como utilizam alguns autores. Hoje, é no âmbito da financeirização que a acumulação do capital se realiza de modo mais acentuado. O “ismo” é exatamente isto: o regime no qual o que importa é o capital, o seu crescimento, seu processo de acumulação cuja pretensão é seguir ao infinito.
O capitalismo sempre implicou no regime de créditos. Trata-se da financeirização. Todavia, só a partir da quebra do lastro ouro-dólar, passou realmente a ser hegemônico mundialmente, com a ampliação de um número enorme de novos negócios, em especial os chamados derivativos. O que são os derivativos? Segundo o professor Paulo Ghiraldelli:
‘’Em contabilidade, grosseiramente falando, um ativo é um bem ou um valor que pode ser negociado. Uma safra de milho é um ativo. Um derivativo é um contrato que se origina do negócio com um ativo. Suponha que você é um produtor de milho e quer vender para os argentinos o seu produto. Você vende agora a sua produção que, enfim, ainda não está na sua mão. Você vai ter o milho para entregar daqui a seis meses. O problema todo é que daqui a seis meses nem você nem os argentinos sabem como estará a relação entre o real e o peso. Os argentinos podem, então, criar um contrato a respeito disso: um derivativo. Elaboram uma tratativa de fixar agora uma taxa de câmbio, de modo a se protegerem de um eventual aumento do real em relação ao peso, o que faria o milho f**ar mais caro. Esses derivativos são feitos com outras empresas que não estão no negócio principal, e que especulam sobre o que vai acontecer sobre a safra e valor do real frente ao peso, e nisso arriscam ganhar ou perder.’’
Ou seja, o mercado de ações deu origem a um processo endógeno de venda de papéis capazes de gerar lucro descolados do setor produtivo. Os ricos deixaram suas empresas nas mãos de executivos e passaram a ser acionistas delas mesmas e de outras. Em consequência disso, deixaram de correr riscos, uma vez que, na época do capitalismo produtivo o dono da empresa ainda tinha ligação com a estrutura produtiva dela e, portanto, sentia as consequências de uma possível falência.
Com o câmbio flutuante o capital financeiro torna-se virtual e se propaga na rede, as medidas de desregramento da vida econômica se expandem pelo globo terrestre e as leis antigas que investigam a sonegação de imposto e a fuga de capital tornam-se antiquadas, não conseguindo mais rastrear o fluxo econômico dos grandes acionistas. As massas de dinheiro foram procurando os lugares mais capazes de proporcionar o acúmulo do capital. Com o surgimento dos computadores em associação com a Internet, todos os negócios, uma vez sem barreiras nacionais, foram se fazendo em tempo real. O volume de dinheiro nas telas adquiriu aspectos astronômicos, jamais pensados quando as aplicações ainda se faziam segundo a relação ouro-dólar e com restrições de mercados setorizados. Hoje em dia os mercados funcionam 24 horas por dia no mundo todo.
A ideia básica do capitalismo sob o regime hegemônico do campo financeiro é que o crédito, inerente ao mundo produtivo, se desloca deste e passa a girar em roda própria com a única finalidade da acumulação do capital.

10/05/2021

Para compreendermos de que maneira o capitalismo adequa, conforma e produz subjetividades precisamos primeiro contextualizar suas fases historicamente, uma vez que suas variadas fases geraram diferentes tipos de subjetividades.
Quando falamos do nosso tempo, ou seja, os últimos cinquenta anos, estamos nos referindo ao ‘’capitalismo pós industrial’’ ou ‘’capitalismo pós-fordista’’. Capitalismo pós-industrial não signif**a um capitalismo sem indústria, mas sim um capitalismo onde a indústria perde hegemonia diante das empresas e outras formas de produção social. O fordismo, representa o capitalismo do século XX, quando a linha de produção era hegemônica.
O capitalismo fordista, tem os símbolos que nos remetem ao capitalismo como um todo, quando pensamos sobre o assunto. Patrão e empregado, sindicalismo, linha de produção, disciplina, operários, greves e etc. O que melhor representa essa época é o filme Tempos Modernos do Chaplin, que muitos já assistimos na escola. Mas a verdade é que esse modelo é ultrapassado se utilizado para compreender o atual momento do capital.
Inúmeros eventos contribuíram na mudança de um capitalismo para o outro, mas dois foram cruciais do ponto de vista econômico. O primeiro foi a quebra do lastro ouro-dólar, até os anos 70 o dinheiro era uma representação do ouro, em outras palavras, para cada dólar imprimido, haveria ouro em equivalência para cobri-lo caso necessário. Em um ato unilateral, o presidente americano Richard Nixon quebrou esse lastro tornando a moeda fiduciária, ou seja, baseada na confiança e tendo como lastro a riqueza do país. A taxa de câmbio era fixa, e tornou-se flutuante. O segundo evento foi o desenvolvimento da tecnologia, que terminou de substituir completamente o trabalhador na fábrica, deixando os operários dispersos na sociedade.
Para a melhor compreensão deste que não é um assunto fácil, aconselhamos que leiam o texto do professor Paulo Ghiraldelli a respeito ou assistam seu vídeo, que são de fácil compreensão e grande profundidade teórica. Deixaremos ambos nos comentários.

06/04/2021

Qual capitalismo nós estamos vivendo?

O Capitalismo (draf) 06/04/2021

Inicialmente disponibilizaremos o texto e o vídeo do professor Paulo Ghiraldelli, contextualizando e discutindo historicamente as fases do capitalismo.

O Capitalismo (draf) 1. Capitalismo! Durante alguns anos evitei o uso dessa palavra. A filosofia social me levou a outras paragens. Passei a ver o termo “capitalismo” como algo marcado excessivamente pelo discurso soci…

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Convidamos o Professor Eduardo e o psicólogo Lucas para debatermos como funciona a subjetivação do capitalismo e o biopo...

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