CADERNOS ARTESANAIS Meu nome é Cecília Kleine. Já são quatro anos produzindo cadernos artesanais e muita gente me pergunta “por que Ombrelo?”.
Poi bem, sempre gostei de escrever e desenhar. Sou arquiteta, cantora e sempre fiz trabalhos manuais. Quando morei com amigos de faculdade que haviam feito curso de encadernação e estavam produzindo peças muito bacanas, pensei: “se eu aprender esse tipo de técnica, posso publicar as coisas que escrevo e distribuir por aí”. No fim, das contas, em vez de querer passar adiante ideias e poemas que ain
da não estavam maduros (e talvez nunca estejam, pois sou extremamente perfeccionista), descobri no trabalho de construir cadernos, um sentido bonito e que tinha tudo a ver com a pesquisa que eu realizara na faculdade de arquitetura: o espaço construído como “meio” e não como finalidade. Um pouco estranho esse papo, né? Mas, era isso mesmo que eu sonhava (e continuo sonhando): que os construtores do mundo agissem como facilitadores e não idealizadores. Que os espaços fossem sim, construídos com infra-estruturas necessárias para determinadas atividades, mas que estes pudessem ser ocupados de muitas formas diferentes, acompanhando o dinamismo da vida e estimulando a criatividade de quem os ocupa. Descobri que não me contentaria em oferecer às pessoas um monte de páginas preenchidas. Que fornecer “meios” para que cada um pudesse construir sua rede de enunciados, seria mais interessante. Comecei a vender as primeiras peças para os amigos, depois em feiras. Hoje, faço parceria com diversas lojas de artesanato e papelarias. E assim tenho feito por vários anos, entre um projeto de arquitetura e outro, entre os ensaios dos grupos de música dos quais faço parte, as comidinhas malucas que adoro inventar, as pesquisas em iluminação cênica e outros interesses que me acompanham. Ombrelo, significa guarda-chuva, em Esperanto. Quando criei a marca, não queria que ela remetesse especificamente a nenhuma cultura. Não sou adepta à criação de uma “língua mundial”, mas na época, eu gostava muito da imagem de “capa”, de algo que envolve um conteúdo, criando uma membrana entre o que está dentro e o que está fora e um “guarda-chuva comum à humanidade”, pareceu-me interessante. Como um Parangolé, do Helio Oiticica, só que para levar na bolsa e para fazer “ideias dançarem”. O primeiro slogan da Ombrelo era uma pessoa pendurada de cabeça pra baixo num guarda-chuva. Era meio esquisito e dava muito trabalho para explicar pras pessoas. Foi então, com a ajuda dos meus queridos amigos do Nimbu (grupo supercompetente do qual com muito alegria fiz parte) que bolei essa logo mais bonitinha, em 2010. Enfim, esses cadernos são feitos com vários de tipos de materiais e técnicas. Boa parte deles é reaproveitada de outros tipos de produção. Reutilizo retalhos apanhados em casas de estofaria, capas duras de cadernos industriais usados e até tecidos doados por amigos (a sua calça jeans velha pode virar cadernos superbacanas!). Mas também, compro muito material novo, como tecidos bonitinhos, elásticos, botões, pois não resisto ao ver um monte de estampas fofas por aí. Que os ombrelinhos te tragam inspiração e que possamos viver num mundo mais justo, com menos exploração humana e destruição de recursos!