Josebel Rubin

Josebel Rubin

-Espaço dedicado aos textos de autoria de Josebel Rubin, frequentemente contos curtos e poesias
_Espaço alternativo, sob administração, para comentários

15/11/2023

Eu alcancei a marca de 200 seguidores! Quero agradecer o apoio contínuo. Nunca teria conseguido isso sem cada um de vocês. 🙏🤗🎉

Doris Monteiro (1934 - 2023) - Morre Doris Monteiro, cantora que antecipou a bossa nova, aos 88 anos 24/07/2023

Doris Monteiro, 88

Doris Monteiro (1934 - 2023) - Morre Doris Monteiro, cantora que antecipou a bossa nova, aos 88 anos Artista que estreou ainda na década de 1940 ficou conhecida pela 'voz pequena' e gravou mais de 60 álbuns

13/07/2023

BRINQUEDO DE PAPEL

Em 2011, ao abrir uma gaveta de um antigo móvel deixado pela minha mãe, que se foi em 2003, descobri, emocionado, que um dos mais preciosos brinquedos da minha infância tinha sido preservado e estava intacto, arrumadinho e embalado, em um canto solitário da gaveta...............

Presente do meu avô, um simples quebra-cabeça de papelão, povoou o imaginário da minha infância.

Meus olhos choveram sobre a imensa floresta verde e sobre o vilarejo,

Revivi a figura do meu avô paterno, seus inesquecíveis gestos de bravura, misturados com suas orações, sua alegria; uma corda da harpa vibrou, levemente tocada pela lembrança dos nossos divertidos passeios de bonde, das histórias de suas aventuras, que marcaram os dias da minha infância.
Molhavam cada uma das coisas ali embaixo, as enormes árvores que, sob o impacto da água, flutuavam nos estonteantes tons verdes, os animais impassíveis que nunca ousaram abandonar aqueles limites selvagens plásticos, as borboletas que irradiavam um movimento de cores deslumbrantes. Principalmente umedeciam a terra, aquela base que sempre postou tão sólida e inabalável e que agora ameaçava amolecer, papelão molhado.
Assim, estavam as duas alegorias a viver seu primeiro temporal, que eram um mesmo e sólito temporal: o da mente, mexida pelo drama da vida e por aqueles vívidas lembranças , e o do brinquedo precioso, que sobreviveu ao tempo, um quebra cabeças de papelão, montagem que entrelaçava cem peças e se transformava na imagem de uma mata, uma pequena vila, destacando quase ao centro , a casa de D’us, como ele escrevia ´
.............

ACHADO PRECIOSO
Em 2011, ao abrir uma gaveta de um antigo móvel deixado pela minha mãe, que se foi em 2003, descobri, muito emocionado, que um dos mais preciosos brinquedos da minha infância tinha sido preservado e estava intacto, arrumadinho e embalado, em um canto solitário da gaveta...............

Presente do meu avô, um simples quebra-cabeça de papelão, povoou o imaginário da minha infância
Eu passava horas montando a cena, criando histórias para as imagens que, pouco a pouco, ganhavam vida e encantavam os meus olhos. Refiz esse exercício, ao abrir a gaveta, e comecei a chorar.................

Sim, meus olhos choviam sobre um quebra cabeças de papelão, montagem que entrelaçava cem peças e se transformava na imagem de uma mata, uma pequena vila, destacando quase ao centro, a casa de D’us, como ele escrevia..................
Autor: Josebel Rubin

Escrito e publicado pela primeira vez, publicação eletrônica- em Rubin Editores, página do Face, em 09 de outubro de 2015.

Texto atual, escrito e publicado em 25 de agosto de 2019

15/06/2023

Hoje, 15 de junho

Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa.

Data instituída pela ONU em 2011, com o propósito de denunciar as violações dos direitos dos idosos.

Timeline photos 12/06/2023

[email protected]

A Ala Vermelha da família

Santos é uma cidade fortemente marcada pelas violência e pelas ações repressivas do golpe militar e da Ditadura militar, desde os primeiros dias desse triste período. É famosa a história do Navio Raul Soares que foi transformado em prisão e inspirou o livro “Raul Soares, um navio tatuado em nós” justamente escrito pela jornalista
Lídia Maria de Melo, filha de um dos presos políticos encarcerados no Navio.
..............

Mais de trinta anos depois e já em pleno período de domínio tucano, com FHC na presidência, naquele intervalo de anos onde o Pentium começava a ser substituído por sua versão MMX e esta pelo Celeron, o email era ainda o grande instrumento de comunicação eletrônica (95 / 98 ?)
Pois foi nesse intervalo que recebi ( e muitos outros também) uma mensagem com título interessante e que usava esse endereço eletrônico: [email protected]

Quem assinava era o Alípio Freire (*) que muitos por aqui até conhecem pessoalmente, uma das principais lideranças da Ala Vermelha do PC do B, organização que viveu e atuou na clandestinidade, durante a Ditadura Militar.
Lembro que uma das mensagens foi especif**amente dirigida ao que se pretendia que fosse a esquerda judaica- o que certamente não foi a expressão utilizada, e que abordava a ocupação da palestina.

Novo e curto intervalo de anos e minhas filhas começaram a fuçar a história da minha prisão política, a tentar imaginar o que tinha sido isso e como essa história do pai se associava com o que elas sabiam do golpe militar, da Ditadura, da resistência e da resistência armada.
ACHADOS
Nessa busca, encontraram um trabalho desenvolvido por um então estudante de História, da USP, Tadeu Antonio da Silva(**) que mencionava meu nome algumas vezes e que, na verdade, tratava de estudar a organização “Ala vermelha” ou “Ala”, como ela se formou, em que partes do país atuou, quem foram seus organizadores e seus militantes, como foi a perseguição e, em quase todos os casos, como foram as prisões, as torturas, o exílio
A partir dai o email passou a chamar mais a atenção delas e deixou de ser uma coisa quase curiosa e intrigante para ser uma espécie de pequeno jornal que se espera com interesse. “ Pai, chegou algum email do alípio? O [email protected]? “

Um tempo depois, meu processo foi programado para ser lido e avaliado na Comissão de Anistia e a sessão seria realizada em Santos. Demorei muitos anos para escrever minha história para a Comissão.
Elas acompanharam todos os passos e se emocionaram. Debora estava lá, do meu lado. Clara que não pode estar presente, acompanhou com as imagens que a comunicação eletrônica agora permitia. Muitos pessoas tiveram seus processos julgados no mesmo dia. Na verdade, além desses julgamentos, estavam previstos debates e exposições com uma programação de quatro dias, eu acho, período em que muito cresceu meu fascínio por Santos e por sua história política

Como disse lá no inicio do texto, uma cidade fortemente marcada pela violência do golpe militar, desde seus primeiros dias, e pelas ações repressivas da Ditadura e que foi declarada Área de segurança nacional, como todas as capitais, cidades portuárias, e outras. Os cidadãos de Santos não puderam mais eleger seu prefeito, que passou a ser nomeado.

PRÊMIO VLADIMIR HERZOG

Lídia Maria de Melo justamente usou para seu trabalho de graduação na Faculdade de jornalismo de Santos, a história do navio e as violências que cercaram a cidade , nos primeiros dias do golpe militar. E esse texto, algum tempo depois, foi editado como um livro. Por esse trabalho, ela foi premiada / homenageada pelo Instituto Vladimir Herzog.
Pois nesse evento da Comissão de Anistia, lá estava, a autora! Ela falou para os anistiados e suas famílias e contou um pouco dessa história e nos comoveu.
Tudo nesse episódio foi comovente para as minhas filhas, muito ligadas às falas, depoimentos, histórias de resistência, perseguições, prisões...
O ESTADO PEDE PERDÃO
Entretanto o que mais mexeu com elas (e comigo) foi uma pequena solenidade, realizada para cada um dos anistiados. A gente se postava de pé e recebia o pedido formal de perdão do Estado Brasileiro.
E quando chegou minha vez, elas filmaram cada detalhe, com uma delicadeza especial, cada membro da mesa, depois minhas expressões e por fim , o público presente, que agora tinha também um grande número de estudantes de Jornalismo.
Tudo isso está registrado em filme, cada detalhe, devidamente arquivado pelo Ministério da Justiça. (para sempre, assim seja, uma memória que não pode ser perdida)

E nós também filmamos muito, tudo ou quase tudo.
Para criar um espaço no WhatsApp que permitisse nossa comunicação, a Débora criou um grupo denominado Ala Vermelha da Família.
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSSO EM RETRATO
Na foto ai embaixo, faz só dois anos, Clara e Débora , duas das minhas filhas, devidamente paramentadas, declarando que constituem a parte importante da Ala vermelha, a da família, com os simbolismos e atualizações que a história exige mas com o compromisso do olhar de ser esquerda e de pensar uma sociedade brasileira justa, assentada na garantia dos elementos básicos à vida digna para todos, especialmente moradia, saúde e educação, nos princípios plenos das igualdades de direitos, de oportunidade e de tratamento, na absoluta garantia das liberdades de expressão e de manifestação, no amplo e absoluto respeito às opções minoritárias ou não, todas, religiosas, de gênero e às minorias étnicas e raciais
Bom , você que está lendo pode trabalhar este texto, especialmente o último parágrafo, de modo que possamos ter uma melhor definição do que se pretende que seja uma sociedade verdadeiramente justa, democrática e, sobre muitos modos, igualitária.

Josebel Rubin

Publicado pela primeira vez em 4 de dezembro de 2017, na pagina JUPROG, Judeus Progressistas.

Publicado dia 11 de junho de 2023, na página Artistxs Brasileirxs

de Esquerda

COMPLEMENTOS

*
Alípio Freire
Jornalista, Escritor e Artista Plástico, foi militante da Ala Vermelha e combateu a ditadura militar.
Preso aos 23 anos, pela Operação Bandeirantes foi submetido a três meses de torturas e interrogatórios. Transferido para o Presidio Tiradentes, onde ficou entre 1969 e 1974.
Anistiado pelo Ministério da Justiça, desde 2005, lançou vários livros, com destaque para estação Paraiso e Estação Liberdade.
Em 2013 lançou seu documentário - 1964, um golpe contra o Brasil.
Faleceu em 22 de abril de 2022, vitima da Covid, aos 75 anos.

**
Tadeu Antonio da Silva
Autor
Ala Vermelha: Revolução, Autocrítica e Repressão Judicial no Estado de São Paulo (1967 - 1974)
Tese para o Doutoramento no Departamento de História da USP

[email protected]

A Ala Vermelha da família

Santos é uma cidade fortemente marcada pelas violência e pelas ações repressivas do golpe militar e da Ditadura militar, desde os primeiros dias desse triste período. É famosa a história do Navio Raul Soares que foi transformado em prisão e inspirou o livro “Raul Soares, um navio tatuado em nós” justamente escrito pela jornalista Lidia Maria de Melo, filha de um dos presos políticos encarcerados no Navio.
*****
Mais de trinta anos depois e já em pleno período de domínio tucano, com FHC na presidência, naquele intervalo de anos onde o Pentium começava a ser substituído por sua versão MMX e esta pelo Celeron, o email era ainda o grande instrumento de comunicação eletrônica (95 / 98 ?)
Pois foi nesse intervalo que recebi ( e muitos outros também) uma mensagem com título interessante e que usava esse endereço eletrônico: [email protected]
Quem assinava era o Alípio Freire que muitos por aqui até conhecem pessoalmente, uma das principais lideranças da Ala Vermelha do PC do B, organização que viveu e atuou na clandestinidade, durante a Ditadura Militar.
Lembro que uma das mensagens foi especif**amente dirigida ao que se pretendia que fosse a esquerda judaica- o que certamente não foi a expressão utilizada, e que abordava a ocupação da palestina.
Novo e curto intervalo de anos e minhas filhas começaram a fuçar a história da minha prisão política, a tentar imaginar o que tinha sido isso e como essa história do pai se associava com o que elas sabiam do golpe militar, da Ditadura, da resistência e da resistência armada.

ACHADOS
Nessa busca, acharam um trabalho desenvolvido por um então estudante de Ciências Sociais da USP que mencionava meu nome algumas vezes e que, na verdade, tratava de estudar a organização “Ala vermelha” ou “Ala”, como ela se formou, em que partes do país atuou, quem foram seus organizadores e seus militantes, como foi a perseguição e, em quase todos os casos, como foram as prisões, as torturas, o exílio
A partir dai o email passou a chamar mais a atenção delas e deixou de ser uma coisa quase curiosa e intrigante para ser uma espécie de pequeno jornal que se espera com interesse. “ Pai, chegou algum email do alílpio? O [email protected]? “
Um tempo depois, meu processo foi programado para ser lido e avaliado na Comissão de Anistia e a sessão seria realizada em Santos.
Elas acompanharam todos os passos e se emocionaram. Debora estava lá, do meu lado. Clara que não pode estar presente, acompanhou com as imagens que a comunicação eletrônica agora permitia. Muitos pessoas tiveram seus processos julgados no mesmo dia. Na verdade, além desses julgamentos, estavam previstos debates e exposições com uma programação de quatro dias, eu acho, período em que muito cresceu meu fascínio por Santos e por sua história política
Como disse lá no inicio do texto, uma cidade fortemente marcada pela violência do golpe militar, desde seus primeiros dias, e pelas ações repressivas da Ditadura e que foi declarada “Area de segurança nacional”, como todas as capitais, cidades portuárias, e outras. Os cidadãos de Santos não puderam mais eleger seu prefeito, que passou a ser nomeado..

PRÊMIO VLADIMIR HERZOG
Lidia Maria de Melo justamente usou para seu trabalho de graduação na Faculdade de jornalismo de Santos, a história do navio e as violências que cercaram a cidade , nos primeiros dias do golpe militar. E esse texto, algum tempo depois, foi editado como um livro. Por esse trabalho, ela foi premiada / homenageada pelo Instituto Vladimir Herzog.
Pois nesse evento da Comissão de Anistia, lá estava, a autora! Ela falou para os anistiados e suas famílias e contou um pouco dessa história e nos comoveu.
Tudo nesse episódio foi comovente para as minhas filhas, muito ligadas às falas, depoimentos, histórias de resistência, perseguições, prisões...

O ESTADO PEDE PERDÃO
Entretanto o que mais mexeu com elas (e comigo) foi uma pequena solenidade, realizada para cada um dos anistiados. A gente se postava de pé e recebia o pedido formal de perdão do Estado Brasileiro.
E quando chegou minha vez, elas filmaram cada detalhe, com uma delicadeza especial, cada membro da mesa, depois minhas expressões e por fim , o público presente, que agora tinha também um grande número de estudantes de Jornalismo.
Tudo isso está registrado em filme, cada detalhe, devidamente arquivado pelo Ministério da Justiça. (para sempre, assim seja, uma memória que não pode ser perdida)
E nós também filmamos muito, tudo ou quase tudo!
Para criar um espaço no What’App que permitisse nossa comunicação, a Débora criou um grupo denominado ALA VERMELHA DA FAMÍLIA
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSSO EM RETRATO
Na foto ai embaixo, faz só dois anos, Clara e Débora , duas das minhas filhas, devidamente paramentadas, declarando que constituem a parte importante da Ala vermelha, a da família, com os simbolismos e atualizações que a história exige mas com o compromisso do olhar de ser esquerda e de pensar uma sociedade brasileira justa, assentada na garantia dos elementos básicos à vida digna para todos, especialmente moradia, saúde e educação, nos princípios plenos das igualdades de direitos, de oportunidade e de tratamento, na absoluta garantia das liberdades de expressão e de manifestação, no amplo e absoluto respeito às opções minoritárias ou não, todas, religiosas, de gênero e às minorias étnicas e raciais
Bom , você que está lendo pode trabalhar este texto, especialmente o último parágrafo, de modo que possamos ter uma melhor definição do que se pretende que seja uma sociedade verdadeiramente justa, democrática e, sobre muitos modos, igualitária.

Josebel Rubin

07/06/2023

CONFISSÃO ( meu verdadeiro amor, finalmente confesso!)

Declaro aqui, desarmado,
confissão e que há muito
se espera Ajeite e bem
seu caderno,
a boa pena , por certo, os
afiados ouvidos, coração
sempre terno,
seu olhar vivo e aguçado
E nesta hora eu te peço
esteja é bem preparado
Meu único e verdadeiro
amor, fiel, forte, eterno,
feito da melhor matéria
prima,
verso, palavra, tudo em
rima,
É sim uma única mulher!
Mas não se chama vera,
Maria,
Clara,Sara, Lígia, Raquel
ou Lia
SEU NOME? coisa singela
enfeixa as muitas palavras,
sempre uma terna e outra
dura,
Cálida ou a forte borrasca
Imoral ,escandalosa, nua ou
pura
Fervente ou muito fria, doce
ou da muito amarga, sem
cura.
Pelas palavras e versos, o
meu guia,
Eis meu verdadeiro amor:
sincero, e definitivo e em
cada espasmo , e em todo
bom dia,
estrofes, cantos e versos
meu grande amor é, uma
mulher, tarde, noite, sol,
luz e e o dia e seu nome
É POESIA!!

22/05/2023

MEU BARCO EM UM RIO DE AGUAS SERENAS

SINOPSE
O despertar do amor em uma sala de aula, a esperança de dias melhores e o sonho de encontros futuros.......................
"Confio que vamos nos ver" e que, felizmente (!) não vamos nos resistir, um ao apelo imantado do olhar do outro".
*********

MEU BARCO EM UM RIO DE ÁGUAS SERENAS
Josebel Rubin

Abri os olhos, lentamente, como sempre, e pensei na aula da noite. Percebi então, que era sexta . Tudo bem, segunda recomeçamos, pensei, ainda sonolento. Acordando melhor, lembrei que o curso já tinha terminado! Fiquei revirando na cama, por um bom tempo, dando conta de que essa maratona de quase três semanas deixou lembranças interessantes.

Pensei nas boas coisas que aconteceram nessas dez noites e duas tardes de atividades, o clima legal que havia na sala, e que também aconteceu nas empresas visitadas, as aulas bem dadas, as muitas pessoas simpáticas que apareceram por lá, enfim, uma experiência agradável e a certeza de que tudo isto vai contribuir para melhorar o ambiente de trabalho e pode até representar uma verdadeira “virada de mesa”, uma revolução, nesse esforço para eliminar ou para reduzir muito, os graves acidentes de trabalho e a incidência de doenças ocupacionais, especialmente nas indústria galvânicas. Vamos lutar por isso!

Você notou que algumas palavras chaves foram muito repetidas nesse tempo de curso. Uma delas é PERFIL! Perfil de projeto, perfil de avaliação, perfil de desenvolvimento....
Eu fiquei o tempo inteiro, todas as noites(e as duas tardes) tentando concentrar toda a minha atenção no foco da aula. Fui derrotado, o tempo inteiro, justamente por um perfil!
Bastava guinar a cabeça um pouco para a direita, e lá estava o perfil poderoso, uma espécie de força eletrolítica, que me desconcentrava da aula.

Assim, f**am muitas coisas boas para serem lembradas (e vividas), e sobram alguns poucos tropeços, uns engraçados outros estranhos, como a história, que você me contou, ainda um pouco assustada da entrada daquele cidadão um tanto estranho, no banheiro das mulheres, que certamente foi acidental(ou não?). Você ficou nervosa, eu sei.

Espero poder continuar esta amizade, quem sabe ainda possamos trabalhar juntos, de alguma forma, nesses trabalhos da Comissão por exemplo, ou em outros.

Enfim, você tem trinta minutos depois de abrir esta mensagem, no máximo(!), para enviar seu E-mail resposta! Não enviando sua resposta nesse prazo, eu não vou esperar mais do que 720 horas!

Em qualquer caso, espero ver você, frente a frente, nos próximos muitos dias das nossas vidas profissionais e pessoais.
Alimentar esperanças / lembranças / abrir os olhos / mensagem / histórias / noites / dias / Sol / .. alguém disse, naquelas aulas, que a galvanoplastia é uma forma de arte... muitas expressões desse texto podem sempre sugerir poesia, em muitas formas de arte

Mas há um lado escabroso que vai persistir enquanto trabalhadores simples e sem preparo para enfrentar esses riscos, continuarem morrendo por essas doenças ocupacionais, que não deveriam mais ocorrer!

Fecho os olhos, penso em você! E recobro as alegrias e as esperanças.
Confio que vamos nos ver e que, felizmente (!) não vamos nos resistir, um ao apelo imantado do olhar do outro.

BEIJO / ABRAÇOS J

*******

Baseado em uma historia real e inesquecível, ocorrida em 2006. Escrito em uma data e imprecisa, acho que os primeiros rascunhos foram rabiscados, no final de 2007, quando todas as esperanças de um grande desfecho foram desmanchadas.

O texto ganhou essa forma atual em 2015

Josebel Rubin

20/05/2023

A construção do futuro

Em 3 de dezembro de 2012, nas primeiras horas desse dia, tive um sonho que, ao acordar, passei para o papel.

A imagem de uma mulher que eu só fui conhecer quase três anos depois - na verdade, em julho de 2015.

E que só estive com ela, nós dois sozinhos, como na linda e tentadora imagem do sonho, em julho de 2017.

Uma pequena parte das imagens foi dissipada pelo vento da manhã.

O resto, o que ficou, eu conto depois.

Josebel Rubin
Versão atual escrita em
Primeira versão escrita em

20/05/2023

Cárcere
Fui preso em um sábado de outubro, era tarde, quase noite.

Os primeiros cinco dias, fui mantido em uma solitária, cela sem janelas, não se via nada. Mesmo agarrado aos tubulões da grade, uma porta, o mundo lá fora era escuro.

O espaço era espremido, havia um colchão, solitário, no canto direito.

Cheiro de rato. Mantive minhas mãos sobre as grades, grudadas. Dormi um tanto, eu acho, em pé, com fome e cansado.

Ouvi gritos, fortes. Tortura! um preso, talvez em cela próxima. Vou ser o próximo

Tortura, tortura e morte! Durante todos os dias da minha prisão, fui tomado por essa ideia, de ser torturado até a morte. Seria torturado, fortemente torturado e depois, morto. Ou morreria nas sessões de tortura.

Havia poucos exemplos assim, dos relatos das prisões da ditadura. Todos, no dia da prisão, quase todos, eram bastante torturados, apenas o começo da história.

Ouvi passos, entre quase saudar a volta á vida e alimentar o medo.

Pouco antes, imerso no longo tempo da noite, longa noite, fechei os olhos e tentei recompor as horas da manhã do sábado, acho que ainda era a mesma jornada.

Eu estava no Centro Técnico da Aeronáutica, Vale do Paraíba. Lembro da aula de computação, ás nove, a de sempre, umas duas ou três horas depois de um café.

Imaginei o mundo mais longe, minha mãe, sempre tão terna, falava baixo. Desejei que ela não soubesse.

Rodando o filme, tela da memória; as três irmãs, cada uma na sua foto, bonitas, alinhadas, como a mãe dizia. Vi a namorada, linda, carinhosa. Saudade e tristeza. Depois, parentes e amigos, o povo dos meus caminhos.

Tanta gente, nesse mundo. Nunca mais vou ver ninguém

Lembrei da Celinha que sempre me dizia, o tom da advertência: cuidado, não se deixe ser preso. Se te pegarem, vão esmagar teus bagos, com alicate.

A porta se abriu, lenta. Dois homens se postavam na soleira. De repente, estava caminhando no meio deles.

Longos corredores escuros, que levam à tortura e depois à morte. Por fim, a luz, um pouco de claridade.
Consegui entender o signif**ado da dupla.

O que ia atrás, estava fardado, soldado da aeronáutica, segurava uma arma, parecia pronto para atirar e era o mandado. O outro, o da frente, ao contrário da ordem convencional, era o que mandava, até ali. Descobri, muito tempo depois que era sargento, sargento Martins.

Final de todos os corredores. Uma porta, aqui chego ao fim do meu destino, minha passagem.

Sargento bateu, pediu licença e entrou.

Sentado em uma cadeira, quase poltrona e com mesa de escritório, imaginei meu algoz, um Major. Deste, nunca soube o nome.

Disse que eu eu sentasse. Sobre a mesa um sanduiche, meio desembrulhado, ainda com os aromas de coisa nova.

Eu estava com muita fome. Fome, cansaço e medo.

Ele me ofereceu. Fome? Pode pegar;

Respondi que não, segurando a angustia.

Obrigado, eu estou sem fome.

Foi meu primeiro ato de resistência, em tantos que precisei ter nos muitos dias da prisão e depois, na minha vida lá fora.

Josebel Rubin.
Relato da minha prisão, os primeiros cinco dias, quando fazia meu primeiro ano de engenharia.
Acontecida nos anos duros da ditadura.

20/05/2023

MÂNIA E A BOLA DE FOGO
(no Shabat, entre o amor e as lembranças amargas)

Autor: Josebel Rubin

A cadeira de balanço pendulava em sintonia com o belíssimo relógio de parede que ela trouxe da Alemanha quando seus pais, encantados pelo shadchan yossef, o bem falante e mais bem sucedido casamenteiro pelas vilas e arredores, concordaram com o arranjo.
***
Em seus 17 anos, Mânia espiava a conversa, entre medo e encantamento por aquela figura alta e um tanto desengonçada, um pouco estranha para o seu olhar de quase menina.
A Alemanha vivia o ano de 1930, quando os nazistas começavam a aumentar seus assustadores ruídos.
*****
Agora, passados 12 anos, na cadeira de balanço que ela sempre postava defronte a janela da casa, avistava o pequeno mundo daquela pequena cidade inglesa, a pouco mais de 100 km de Londres, e seus pensamentos pendulavam entre a alegria de pensar no marido um quase aventureiro a quem ela aprendeu a amar, e a amargura de rever as imagens de sua mãe e de sua irmã ,em um campo de concentração. Seu casamento a livrou da Alemanha nazista, mas deixou o tributo das lembranças.
Corriam as horas que antecediam mais um shabat daquele 1942. Mania viu, trêmula, a aproximação de uma bola de fogo que veio vagarosamente em direção ao seu rosto e depois se afastou, brusca, meteórica. Ela soube então que a mãe e a irmã tinham partido deste mundo.
*****
A bola de fogo se espatifou em milhões de fatias e muitas delas vieram para o Brasil, para onde ela acabou mudando e vivendo o resto dos seus dias.
*****
Na sala, sempre manteve uma cadeira de balanço, um permanente olhar sobre as ruas turbulentas de São Paulo e sempre um pêndulo, a balançar os pensamentos no turbilhão das dolorosas imagens.
*****
Mânia faleceu por aqui, três dias depois do Shabat em que completou cem anos de existência.
*****
Josebel Rubin
Esse conto, inspirado em fato real, foi escrito na mensagem de Shabat, o primeiro de 5774 e com a certeza do nunca mais!

20/05/2023

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15/05/2023

METÁFORA

Meu Pai gostava de juntar as palavras e de brincar com elas, nessa arte de rabiscar papel
Deixou um rico legado de textos, onde despejava suas emoções, alegrias e tristezas, e suas experiências de vida, nada fáceis, é bom dizer.

Homenagem que presto ao meu pai, que desafiou a própria imagem, riu dela e pagou o preço
Meu Pai gostava de juntar as palavras e de brincar com elas, nessa arte de rabiscar papel
(Nota 1: na época não havia computador, nem internet e nem facebook e aparatentados)
Deixou um rico legado de textos, onde despejava suas emoções, alegrias e tristezas, e suas experiências de vida, nada fáceis, é bom dizer.
É a minha principal herança, da qual não abro mão, não vendo, não levo a leilão.
São ricos esses seus experimentos de escrever – SEUS,
no caso, signif**am DELE, na terceiríssima pessoa do singular, dessa intrincada língua latina.
Ah, os pronomes possessivos que os franceses prezam tanto (Mon Pére / Ta Mére / Sa Fille / Son grand-père / Votre famille)
*****
Pois vou premiar vocês com essa quase brincadeira, um dos textos mais instigantes que MEU PAI escreveu.
Verão que era um homem moderno para o seu tempo, que pensava moderno e escrevia moderno e, quem sabe, tenha pago um preço muito alto por esse posto avançado que estabeleceu para refletir a vida
As notas de esclarecimento e os textos puxados pelos asteriscos, são da minha autoria, postos para que você possa entender melhor o tempo e as condições em que ele viveu e escreveu
Eis aí, enfim, o tal texto do MEU Pai!
MINHA IMAGEM, QUE FLUTUA PELA CASA
“ Logo cedo, depois das primeiras obrigações de ofício, me vi diante do espelho e, como sempre, levei um susto com a pessoa do outro lado.
Rápido, a imagem se recompôs e foi se tornando familiar! Familiar e atrevida, passou a fazer caretas, mostrar a língua, rir de mim!
Eu dei o troco e debochei dela, minha própria imagem.
Estranhei minha tranquilidade em brincar com o espelho e não estar preocupado com o juízo do mundo sobre minhas loucuras. Sempre fui afinal, muito certinho, comportado, sempre cheirando os padrões da normalidade
De repente me dei conta de que era velho! um homem velho(*1), que ninguém mais levava a sério...
Já atingimos esse patamar lembrava o Jorge ( amigo ligeiramente mais velho), já ganhamos esses direitos, podemos falar besteiras sem preocupar amigos e muito menos parentes, podemos fazer caretas, rir das rugas e da calvície(*2), conversar sozinho(s) (*3) e tudo mais (*4)! Liberdaaade, tá tá tá, e não é que eu consegui!

Lembrei que morava só! Sólito. Sozinho! salvo pela presença ocasional de um vira lata, até que bonito e que eu dividia com um dos meus filhos.
Condição perigosa, para velhinhos, essa de morar só, sonhos de aventuras, aventuras! (ainda bem que ninguém me levava a serio)
Topei com o Jornal do dia, que trazia uma foto de uma festa e os rostos me pareceram conhecidos!! (Nota 2: Facebook, já se disse, também não havia, e se lia jornal)
Epa! Era a festa de aniversário do filho mais velho e lá estavam todos os filhos e todas as filhas e seus esposos e esposas e as famílias das esposas / esposos e amigos de todos os lados! Não fui convidado para essa festa.
Tinha mandado um telegrama muito amoroso, mas nada de convite, nem sabia que ia ter festa! Amuo, tristeza, Olhar caído, dor!

Um co***lo importante: minhas mãe não estava lá (e nem poderia ): ela sempre estava do meu lado, sempre me defendia. E aí bateu um sentimento muito forte, de saudade e de arrependimento. Eu bem que poderia ter sido um filho melhor, mais presente, mais amoroso. Nessa vida eu esgotei a chance , que ela já passou para o outro lado.
Abatido e triste, voltei para o espelho, buscando uma conversa que me animasse. A imagem, entretanto, foi mais fraca. Ameaçou chover, usando a minha face, com seus olhos amargurados. Senti, na imagem, uma gota se formar e logo depois o olho brilhou e o rosto estava molhado; um pequeno córrego de água salgada, seguiu pelos sulcos que encontrou no caminho
E assim como veio, rápida, passou, sim, se foi.

Voltei a procurar o que fazer, quem sabe um livro ou senão rabiscar algum papel, (*5) esboçar algumas trovas
Salvo pelo gongo, melhor, pelo Ring! O telefone vibrou forte e acendeu a imaginação! Finalmente, vou poder conversar com o mundão lá fora!
Atendo afoito!
É voz de mulher e fala baixo, quase sussurra. Não consigo identif**ar: Mariana? AH, MARIANA!! Uma linda mulher, pele rosada e olhos azuis, as coxas mais generosas que todos os meus tatos já registraram( até hoje) bela e capaz de ser forte, polêmica, arguta, até politizada ela é! Mas, Ah, MA RI ANA / MAR E ANA / AN MARIE /ANA , MARIA, sempre preferiram o papel (*6) de frágeis e desprotegidas!
Atiro rápido, antes que ela se derrame em lamurias: Vem pra cá, tenho aqui une boteille du vIn, sim, umas bela garrafa de vinho, é tinto seco, como você gosta. E também tenho uns beliscos bem próprios, que a ocasião faz uma boa mesa
Não se fez de rogada: Vou! Tô chegando !
E a minha MARIANA, carne e osso (tentação, fachos acesos, basta a faísca que vem o fogo ! inteligente, rápida, tão frágil, dócil, pede amor, nunca tinha visto nada assim, eu que nem sou exatamente um velho)
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Je voudrais un verre du vin et une belle femme!
LE vin et LA femme! (*7)
Cuidei de preparar a mesa, todas elas!
Tudo no capricho, como convêm a uma belezice (*8) dessas!
Ah, como são bons esses dias que começam cômicos, ameaçam compor a cena da tragédia, mas somente permitem cerrar as cortinas quando o amor , em todas as faces desponta e f**a e volta e f**a, tudo isso, regado ao melhor vinho e tudo mais, que esse maravilhoso filme eu, de felizardo, já conheço!
Me esquece, amigo, que a campainha tocou, Mariana chegou!
Enfim,aí está ela: bonita, gostosa, multi talentosa e, importante(!), me leva a sério!!
Além de bonita, gostosa, inteligente e super talentosa, ela me segue na loucura!
E depois do melhor tudo tudo, olhamos para o espelho , sim, rostos colados, juntos, ah, sim, e depois de consumidas duas garrafas do melhor vinho, gostosamente, fazemos careta para a magia do espelho e mostramos a língua para o mundo.
FIM / THE END
(aqui, uma brechinha para essa tal de english language, um idioma meio incivilizado para a minha língua / tongue)
Notas de esclarecimento escritas pelo filho (no caso,eu)
(*1) VELHO: Quando meu pai escreveu isso, tinha 39 anos! Não era um velho! Deve ser o símbolo de alguma coisa, um outro tipo de envelhecimento que ele quis referir ! Revirei o texto, escarafunchei e não descobri o sentido dessa “velhice” !. Quando descobrir, prometo, te aviso, até publico!
(*2) Calvície: Meu pai não era calvo e eu não sou calvo! Acho que ele estava explorando essa imagem / estereótipo (hein?) de que velho precisa ser calvo. Mas, como disse, ele não era velho e nem calvo
(*3) Sozinho(S): É isso mesmo! SIM, está certo! OUI ! YES ! Que eu sempre fui bem nessas coisas de concordância da língua ( língua , idioma). Com as outras concordâncias da vida, nem sempre (hé, hé)
(*4)Tudo mais é simplesmente tudo mais e pronto ! e não SE fala mais nisso! auto explicativo, cê entendeu??
(*5) Só poderia ser no papel! Afinal, como já expliquei, reiteradas vezes, e até já falei antes, na época do meu pai não existia Computer
(* do *5) (acho que se lê COMPIUUTER !) que essa língua, english language(! ) não está de bem com a minha (minha língua, claro! Que aqui, agora, eu falo da minha tongue, a língua mesmo)
(*6) papel?? / papeis??
Um amigo meu consultou as escritas do Pascoale di Cíprio e disse que as duas formas estão corretas, dependendo do que você está pensando (ah! Vale isso em regras de linguagem?) Bom, mas ele deu os exemplos, cê preste atenção:.. PAPEL de (mulheres) frágeis e desprotegidas..PAPEIS de frágeis e (DE) desprotegidas
Entendeu?
(*7) Eu quero uma taça de vinho e uma bela mulher!
O vinho e A mulher
(*8) Belezice: neologismo! Meu pai era adepto, que ele era um homem avançado nas escritas! Um dia ele foi até o Rio de Janeiro( acontecimento, para a época!) para participar do lançamento de um livro do Graciliano Ramos ( do interiorzão paulista, com seus erres arrastados para a belezura e formoziçe da cidade maravilhosa; e eu também pratico neologismos, igual meu pai, um homem avançado ! eita!)
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Josebel Rubin
Publicado aqui pela terceira vez, com as correções exigidas, em 14 de agosto de 2017
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Felipe, bisneto do meu pai, exatamente meu neto , nos primeiros dias de vida, no Hospital Albert Einstein, São Paulo; depois, com o sorriso de um ano.
Marina, pela mesma lógica, neta e bisneta. Aqui quando tinha cinco anos, eu acho.

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