Professor, alma incansável.
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Página criada para compartilhar ideias, percepções e impressões vivenciadas em sala de aula, dedicada a todos aqueles cuja janela da alma sempre se encontra aberta para o novo.
Aulas remotas.
Oportunidade de desenvolver novas habilidades em ensino e aprendizagem.
Interação da tecnologia com a construção do conhecimento.
Agilidade na busca por dados para complementar os assuntos abordados.
A internet e os celulares, próximos aos jovens, garantem o interesse e participação nas aulas.
Os professores serão desafiados e encontrarão novas formas de desenvolver as habilidades previstas nos planos de curso presenciais em suas aulas online.
As famílias participarão mais ativamente desse processo e darão aos filhos um acompanhamento nunca antes visto.
Aulas remotas.
Distanciamento social mais abissal que nunca entre quem tem poder aquisitivo para dar as mínimas condições de que os seus filhos possam ter oportunidade de desenvolver novas habilidades em aprendizagem e cobrança além dos limites humanamente possíveis para que professores cumpram com seu papel de disseminar o ensino sem as condições de "excelência" exigidas nem os recursos "mínimos" necessários (que saem do nosso bolso).
Interação da tecnologia com a construção do conhecimento só se for em escolas modelo, de bairro nobres, particulares (desconheço uma escola pública nos moldes de perfeição para tal), com capacitações constantes dos professores e com investimento no capital humano de quem é responsável por cuidar para que o aluno aprenda. Por outro lado, o lado do aluno, como f**a a periferia? Como o garoto que não tem nem tratamento de esgoto no bairro em que vive pode saber o que é essa tecnologia se não sabe nem o que vai ou se vai comer ao fim do dia?
Agilidade na busca por dados para complementar os assuntos abordados só é possível para quem possui celulares, tablets e computadores interligados à rede de dados cabeada, WiFi ou de dados móveis com capacidade para rodar os programas e aplicativos educacionais, do contrário, nem mesmo as atividades entregues em mãos nas portas das casas dos alunos para "incluir a todos" no mapa do ensino adianta de nada sem uma explicação, sem uma visualização de como trabalhar aquelas contas, como determinar que tipo de oração coordenada é aquela, sem saber qual o cálculo de genética em biologia deve ser feito. Mais uma vez, e a periferia?
A internet e os celulares, próximos aos jovens, garantem o interesse e participação nas aulas. Não sei exatamente de onde essa afirmação surgiu, mas são poucos os que se concentram na aula pelo celular, afinal, as redes sociais conectadas e o acesso aos "dados inúteis" durante uma explicação fazem exatamente o contrário, tiram-lhes a atenção. Isso quando a condição do aluno lhe dá esse privilégio de se concentrar nas aulas em nenhuma outra variável que lhe chame a atenção ou lhe atrapalhe. Aliás, mesmo que esses aparelhos lhes seja familiar e colaborasse pelo interesse, como conciliar o uso do aparelho entre familiares em idade escolar ou como abster-se do barulho de carros ou motos transitando sem parar nas ruas e cujo barulho se faz presente bem no horário da aula? Como se concentrar no celular ou no computador com tarefas compartilhadas da casa por NECESSIDADE e não por omissão dos pais, que têm que se virar para colocar em casa o pão de cada dia?
Os professores serão desafiados e encontrarão novas formas de desenvolver as habilidades previstas nos planos de curso presenciais em suas aulas online. Sim disso não tenho dúvidas. Os professores serão desafiados como sempre são. Fazem o que lhes está além do alcance já em sala de aula. Imaginemos agora todo o trabalho de pesquisa e estudo, definição de metodologia e didática de ensino, preparação do material didático, elaboração da aula, produção dos exercícios ou textos de apoio... Bem, agora, imaginemos a vídeo aula, o esforço para falar para várias imagens de animes enquanto aluno algum participa para tirar dúvidas ou, nem mesmo, está presente se o professor o chama para participar (acontece mais do que gostaríamos). Imagina passar um exercício sobre o assunto e poucos responderem. Depois, o trabalho de elaborar e enviar recuperações que não serão efetuadas pela alegação de não entenderem o que o professor passou. Mas tem a gravação da aula, certo? Mas isso não garante nem que o aluno presente entendeu, uma vez que não participa, imagina quem vai assistir (se assistir) essa aula depois?
As famílias participarão mais ativamente desse processo e darão aos filhos um acompanhamento nunca antes visto. Sim, sem dúvidas. Aqueles que podem e prezam pela construção do conhecimento dos filhos o farão sem medir sacrifícios... Mas a questão é centrada exatamente nesses sacrifícios. Quantos, antes comprometidos com o acompanhamento dos filhos poderão continuar assim sem misturar as preocupações que o atual momento social, político e econômico trazem por essa crise sanitária? Quantos ainda têm os empregos ou a garantia que estarão empregados amanhã? Quantos já não têm que trabalhar em casa, em home office ou em trabalhos informais para garantir o mínimo de condições para que os filhos continuem se dedicando só aos estudos? Quantos podem realmente garantir que haja pão na mesa todo dia se os filhos não os ajudarem?
Talvez, no tabuleiro de quem pode mover as peças, a situação seja mais fácil, seja só a tratativa de números. Mas para quem está no tabuleiro, vendo e sendo influenciado pelos movimentos próprios e das outras peças, as coisas são muito diferentes.
Como sinto falta da sala de aula, de usar os laboratórios de informática e ensinar cálculos, tabelas, planilhas, textos e apresentações com recursos eletrônicos.
Como sinto falta da sala de aula, de perceber o brilho no olhar do aluno que se supera e resolve um exercício que antes parecia "coisa de outro mundo".
Como eu sinto falta da sala de aula, de ver os braços levantados pedindo ajuda no desenvolvimento do melhor raciocínio para a resolução de um problema.
Como eu sinto falta da sala de aula, de aprender mais sobre o que eu me proponho a ensinar por meio da interação e experiência prévia dos alunos que amplif**am os horizontes dos nossos conhecimentos.
Como eu sinto falta da sala de aula, de ouvir meus amigos professores nas salas ao lado ministrando suas aulas e abrindo novos caminhos para que nossos alunos os percorram por si mesmos.
Como eu sinto falta da sala de aula, ver em tempo real o resultado do trabalho que eu me propus a realizar e ter a certeza de que eu não poderia estar exercendo outra profissão que não fosse a docência.
Como eu sinto falta da sala de aula... mas ela estará lá, esperando por mim e meus alunos quando for seguro retornarmos para continuarmos trabalhando tanto quanto o fazemos em ambiente remoto, cada um em sua casa, com os recursos e meios que temos a nosso alcance, sem que tenhamos parado o processo de ensino-aprendizagem nem tenhamos diminuído o ritmo (que nos custa muito mais tempo entre planejamento, execução, correção e feedback - sem contar recuperações) do trabalho que escolhemos - ou para o qual fomos escolhidos.
Porém, mais que querer voltar à sala de aula e desenvolver meu trabalho em segurança, sem tanto gasto de recursos próprios (meus e de meus alunos), eu quero...
RESPEITO!
Até estarmos imunizados, a única arma que teremos pra diminuir a pandemia é esse conjunto: distanciamento, máscara, álcool gel, evitar aglomeração e se cuidar.
Aprendi nas aulas de história sobre como tentavam limitar os horizontes das mentes queimando livros. Hoje, presencio uma fogueira ainda mais inacreditável: a demissão em massa de professores da educação básica do município de Taubaté, conhecida como a capital nacional da literatura infantil, faltando poucas semanas para o término do ano letivo.
Eu fico imaginando onde iremos parar enquanto professores, o quanto ainda seremos tratados com descaso e indiferença, o quanto ainda hão de nos tirar a dignidade.
Pobre de mim, de você, de todos nós que conseguimos enxergar o mal que um "desmonte" nessas proporções pode acarretar ao município.
Ser professor em Taubaté é, literalmente, ser descartável.
"Respeito é algo que parece distante da nossa profissão. Somos subjugados por alguns setores da sociedade, mas pior, porém, é o desrespeito e descaso do poder público de Taubaté que, faltando 16 dias para o fechamento do ano letivo, demite em massa professores da educação básica, sem chance de finalizarmos nosso trabalho, de nos despedirmos dos nossos alunos, de sermos tratados com a mesma dignidade com a qual exercendo nossas atribuições fazendo o melhor que podemos com o pouco que temos. Na capital nacional da literatura infantil, ser professor é ser descartável. Aos meus alunos e aos seus familiares, meu sincero agradecimento.
Professora Ana Cristina".
Um aluno tem, em média, 15 atividades para realizar por semana. Um professor que dê aulas em 10 turmas de 40 alunos terá que planejar, estruturar, transmitir e explicar suas atividades e, caso todos os alunos efetuem esses exercícios, terá 400 atividades para correção em uma semana. Um coordenador que cuide de três turmas terá que ler, analisar, avaliar, recomendar correções, aprovar e acompanhar os planos de trabalho dos professores que trabalham em seu eixo tecnológico. A coordenação pedagógica terá que, junto à orientação ou apoio educacional, buscar novas metodologias, facilitar estratégias, buscar soluções para que professores e alunos de todas as turmas, de todos os períodos encontrem o meio termo que facilite o processo de ensino aprendizagem em ambiente remoto. A direção junto aos departamentos administrativos terá que cuidar para que todo esse emaranhado de ações seja possível de acontecer e ainda precisa atender aos interesses e dúvidas da comunidade escolar, preencher a documentação pedagógica, funcional, acadêmica, fiscal, financeira, predial, entre tantas outras e deve prestar contas à supervisão educacional. A supervisão educacional, por sua vez, tem que garantir que as escolas sob sua responsabilidade funcionem em conformidade com as diretrizes governamentais no âmbito educacional. Essa sequência não favorece ninguém, nenhum agente escolar nesse momento de pandemia estava preparado para essa adaptação - nem alunos sobrecarregados com atividades, nem professores que tiveram que se reinventar e são cobrados para serem excelentes em um ambiente que lhes era até então alheio, nem coordenadores que tiveram que atender a toda nova demanda extremamente mutável e tecnológica e burocratizada ao mesmo tempo, nem coordenadores pedagógicos ou apoios ou orientadores educacionais que se viram em meio ao desafio de buscar novas maneiras de fazer com que alunos e professores conseguissem se entender e entender as situações de cada um, nem gestores e corpo administrativo que, mesmo de casa, com os próprios recursos, com jornadas de trabalho muito além do normal, com mais e mais complexas atividades a serem desenvolvidas, nem supervisores educacionais com todo um direcionamento a ser realizado e sem possibilidade de se permitirem errar pela responsabilidade que carregam.
Não está fácil para ninguém. Que os nossos olhares, um para o outro, mude quando estivermos outra vez no nosso ambiente escolar. Ao menos isso.
Alguns livros têm impacto na minha forma de me relacionar com meu trabalho. Nietzsche e sua filosofia das forças ativas e reativas, complementada por uma frase do livro assim falava Zaratustra, então, nem se fala. "Recomenda-se mal a um mestre se permanecemos sempre discípulos" faz com que eu tome em minhas aulas a força ativa de impulsionar o conhecimento, de provocar a curiosidade, de instigar a busca pela resposta e, em contrapartida, infelizmente, por vezes, acabo encontrando a força reativa, que se opõe, que vê um esforço descabido em pensar, em desenvolver uma lógica, em imaginar soluções. Ora, como professor conheço as possíveis respostas no meu contexto, mas desconheço a percepção dos alunos e, pasmem, nem eles a querem conhecer. Com o devido perdão ao filósofo, mas desanima-se o mestre quando o discípulo não almeja outra condição.
Sim, sou e serei resistência.
Sou professor por opção, vocação, destino, ou o que quer que seja. Sou professor e tenho orgulho de sê-lo. Sou do tipo que prepara a aula quando os alunos estão dormindo, que corrige exercícios nos intervalos das aulas, que m***a e corrige avaliações nos finais de semana. Não gosto de desperdiçar o tempo de aula com o que a ela seja alheio. Busco tirar dos alunos informações para contextualizar e conduzir minhas aulas, pois nunca chego com um modelo pronto, um roteiro com início, meio e fim, mas com uma proposta que tomará o rumo que o conhecimento prévio dos meus alunos a levar. Não recebo da sociedade o devido valor, por mais que veja algumas boas iniciativas para valorizar a mim e meus colegas, pois, se paralisamos nossas atividades para lutarmos por melhores condições de ensino, somos taxados de vagabundos por parte dessa mesma sociedade por termos deixado os filhos aos cuidados dos pais – um absurdo de nossa parte. Interesso-me mais pelo aprendizado de alguns de meus alunos mais que eles próprios. Sou um dos únicos a acreditar que meus alunos são capazes de se desenvolver intelectualmente, socialmente, profissionalmente, moralmente. Tenho certeza de que meu trabalho vale a pena quando recebo notícias de meus ex-alunos, quando fico sabendo que o sucesso que tanto almejavam está lhes sendo alcançado. Exijo um nível de esforço, talvez, além do que a maioria dos alunos está acostumada a despender por acreditar que, ao instigá-lo a superar os próprios paradigmas acerca de sua capacidade, o faço superar os próprios limites que lhes foram sendo colocados por anos de um sistema de ensino que não se preocupa em medir a qualidade de seu aprendizado, mas quantificá-lo em função do quanto se cumpriu do programa anual das aulas. Sou, afinal, idealista como qualquer professor que não usa a sala de aula como um complemento para suas receitas, mas que a encara como o palco para transformar a visão de mundo e de si mesmo dos alunos. Se isso incomoda, se ensinar a pensar e romper barreiras sociais, mostrando que o esforço e o aprendizado transformado em conhecimento prático são pessoais, inalienáveis e transformadores, continuarei com meu trabalho como o faço e, se isso fizer com que o rótulo de professor subversivo de “merda” – como já ouvi num “diálogo” sobre meus posicionamentos sobre a docência – seja gritado por quem diferente a mim pensa, não hei de mudar, pois acredito de coração que a função do professor não é ensinar apenas a grade curricular, mas a romper os grilhões seculares de ignorância social, política e promover uma igualitária ascensão social por meio da escola livre e subserviente aos princípios norteadores de uma sociedade cada vez mais justa (e que não se confunda justiça com assistencialismo, com favorecimento em contrapartida a “favores”, com enriquecimento ilícito ou qualquer desvio de caráter pelo “meio”). Assim sendo, continuarei meu trabalho resistindo ao aluno desinteressado, ao governo e seus subterfúgios para deixar a educação em péssimas condições, aos pais super protetores que atribuem as falhas de seus filhos à escola quando desconhecem a criança ou adolescente que mora com eles, ao sistema educacional que forma um contingente de analfabetos funcionais por cada vez mais tirar de nós a chance de corrigir as falhas dos alunos, à parte da sociedade que não nos valoriza.
Há tempos não teço comentários por aqui. Um pouco pela correria da função que ocupo no momento, um pouco pelos poucos minutos que me sobram para as demais atividades como pai, marido, filho, irmão, tio... e por aí vai. Mas hoje saio da caverna do silêncio na qual me encontrava por um motivo mais que especial.
Na última sexta-feira, dia 26 de outubro de 2018, eu deveria estar numa plateia assistindo a apresentação de um trabalho de conclusão de curso de uma ex-aluna, de uma excelente ex-aluna, uma pessoa ímpar da qual tenho orgulho por suas realizações acadêmicas e, certamente, sentirei ainda mais orgulho de suas conquistas profissionais. Porém, meus afazeres exigiram minha presença na escola e não pude assistir à defesa de seu TCC.
Porém, soube por ela mesma que sua apresentação lhe rendeu a nota máxima. Isso só vem confirmar aquilo que sempre digo aos meus alunos: você é capaz de realizar qualquer objetivo em sua vida desde que acredite que é capaz. E ela é a prova disso. Já se apresentou em um congresso internacional em Portugal e agora finaliza com brilhantismo sua graduação.
Fico feliz pela consideração que nutre por mim do tempo em que lhe dei aulas sobre TCC no curso Técnico, que é um bom ensaio para voos maiores na faculdade, como os que você alçou em sua graduação. Fico feliz em saber que a chama do conhecimento e da descoberta não diminuíram em você, pelo contrário, buscam mais combustível para levá-la cada vez mais longe. Fico feliz em saber que você está feliz com seu resultado.
Que as portas se abram sempre que você se propuser a abri-las e que novos desafios venham para que você os supere, querida amiga Beatriz, pois você será sempre o reflexo das suas ações. E que a chama e o brilho em seu olhar sempre a conduzam rumo a esse estado de espírito chamado felicidade.
Parabéns, de coração.
Força, cuja definição, para a física, é “agente físico capaz de alterar o estado de repouso ou de movimento uniforme de um corpo material” ou, então, é um atributo, a “qualidade do que é forte; robustez, vigor físico”.
No caso específico, talvez a definição dada pela física seja mais apropriada, mas não para alterar o estado de repouso ou de movimento de um corpo material, mas para impulsionar a mente, para trazer a certeza de que somos maiores que nossas incertezas, que somos únicos e os únicos responsáveis por nossos passos, por nossos atos, por nosso destino.
E essa força nos força a quebrar os grilhões em nós colocados pelas nossas experiências não tão bem-sucedidas, aquelas que, quando estávamos formando nossa visão de mundo e de nós mesmos, nos marcaram negativamente. Tal força nos toma e nos faz quebrar as amarras que nossa condição social nos impõe e quer que acreditemos que assim nascemos e assim devemos morrer, sendo o viver um acúmulo de situações pré-determinadas e que devem ser aceitas com resignação. E é sempre bom ter alguém em quem nos inspirarmos para que essa tal força nos invada e nos permita questionar e agir para que o nosso caminho seja trilhado por meio das nossas escolhas, não por escolhas de terceiros ou por subserviência à “ordem vigente”.
Mas então chega um dia em que quem nos serviu de exemplo não está por perto para nos inspirar a seguir sendo forte o suficiente para tocarmos nosso mundo em frente. Nesse dia, assim espero, todos poderão perceber que um exemplo é apenas uma alegoria, um pretexto que despertou em cada um a fé em si mesmo. Nesse instante, com o mundo e todas as alternativas que ele nos coloca à frente, que tomamos consciência do poder da nossa própria força interna, intrínseca e intransferível, capaz de nos mover em busca do sonho de qualquer ser humano: a felicidade.
Que aqueles que já não enxergam o exemplo que lhes deu a fagulha de força para iniciar a própria jornada se tornem, agora, o exemplo para que outros também deixem os medos de lado e confiem que tudo é possível desde que se faça por merecer e não haja prejuízo alheio em detrimento de sua ascensão.
Dedicado à Mah Paula.
Sobre a indecisão, o medo, a incerteza.
Acabei de me formar no Ensino Médio. O que esperar do mundo a partir de agora se nem ao menos sei o que esperar de mim mesmo? Nem sequer sei o que fazer da minha vida nesse mês, o que dirá para o resto da vida?
Parece que de um segundo ao outro a responsabilidade de me auto afirmar e auto definir quem eu serei, o que farei, como farei, com quem farei, onde farei se tornam a ordem do dia. Nada mais tira o sono além da definição imediatista e presente do futuro, daquilo que não conheço, mas que tenho que abraçar e admitir em meu âmago que será o melhor para mim.
E se acaso não for? E se a escolha não for a mais acertada? E se eu me arrepender e quiser dar meia volta? E se tudo aquilo o que eu esperava que acontecesse não tivesse que acontecer para mim? Como saber se o que se apresenta, diferente do que eu imaginava, não é o que teria que ser?
Ouço as pessoas dizendo que sou capaz, que acreditam em na minha capacidade..., mas quanto a mim, acredito tanto quanto elas são capazes de dizer? É difícil enxergar com olhos alheios. É difícil tentar imaginar o que se passa na cabeça dos outros. Sei que, na minha, as certezas já não são tão sólidas, já não são tão convictas quanto àquele segundo atrás.
E aquela nota. Aquela bendita nota... um pouco mais e, talvez, meu destino fosse mais parecido com o que planejei. Eu não acredito que errei aquela questão que eu sabia resolver. Mas eu sei resolver, esse é o problema. Mas sou classif**ado por aquele fatídico erro. Talvez eu perceba agora que são esses erros que mais nos ensinam. Ensinam principalmente a ter força para recomeçar com a certeza de não cometer mais o mesmo equívoco.
E por fim parece que é isso sempre, um eterno recomeçar. Um eterno emaranhado de escolhas cujos resultados nem sempre estarão à mercê da minha vontade. E mais uma vez virão os “se” para tirar-me o sono, para fazer-me duvidar das minhas novas convicções, das minhas meias verdades.
A quem está nessa fase de duvidar de si, de duvidar do futuro, de se encontrar diante da primeira de muitas encruzilhadas, que vocês tenham o discernimento de compreender que nem tudo está ao nosso alcance se não for, principalmente, para nos fazer bem. Escolham, acertem ou errem enquanto a juventude lhes permite. Façam e refaçam seus caminhos quantas vezes forem necessárias. Mas lembrem-se, o que for de vocês chegará até vocês. Não importa quantos erros ou acertos tenhamos, que busquemos o nosso melhor sempre e o que for de melhor nos encontrará pelo caminho.
Não tenho visitado essa página tanto quanto gostaria, mas venho para fazer o fechamento do que foi 2016.
O ano começou em 2015, quando fiz o planejamento do que eu queria alcançar em 2016. Em janeiro fiz a elaboração das minhas aulas. Em fevereiro reencontrei vários queridos alunos e conheci muitos outros. Em sala de aula, nada muito diferente: trabalho sério e aquela exigência típica que eu sempre estabeleço como parâmetro, pois sempre acreditei que o aluno que está à frente do professor merece ser desafiado por passar por um processo de seleção para merecer ocupar aquele lugar. Em meio ao semestre, lancei minha candidatura à Direção da minha escola querida, na qual comecei como aluno, voltei como professor e me tornei coordenador. Tive a honra de ser eleito pela maioria dos três colegiados (alunos, funcionários e professores) e fui nomeado para a nova função a partir do segundo semestre desse ano.
Deixar a sala de aula foi um processo difícil, pois de um semestre para o outro aquilo não fazia mais parte da minha rotina. Para quem ama o que faz e se sente em casa quando ministra aulas, é traumático cortar o vínculo. Mesmo assim, o incentivo que recebi por parte dos alunos, professores e funcionários foi extremamente motivador, pois confiavam que eu poderia fazer um bom trabalho.
E assim iniciei o segundo semestre: à frente da escola responsável por quem sou hoje. A responsabilidade era extrema e o trabalho a fazer também não era pouco. Derrubei algumas barreiras, principalmente alguns rótulos a meu respeito e consegui demonstrar que uma escola se faz com todos, por todos e para todos. Consegui integrar setores, estabelecer diálogos e fazer ressurgir a vontade de elevar o nome da escola, das aulas, dos alunos, dos professores, funcionários e de todos que colaboram em fazer nossa escola funcionar. Acredito que não serei o responsável pelas mudanças para melhor que, tenho certeza, acontecerão nesses próximos anos, mas serei parte delas. A responsabilidade é de todos nós. Estarei na linha de frente, fazendo as coisas fluírem junto aos professores e alunos, com todo suporte administrativo necessário e de excelente qualidade. Nesses primeiros meses já se pode perceber as mudanças, principalmente pela retomada do orgulho em ser Machado de Assis. Que perdure e se intensifique essa vontade de ser melhor, de fazer melhor, de tornar a escola um lugar melhor.
A todos que confiaram, que confiam e que colaboram para que o projeto de uma escola melhor seja colocado em prática, minha sincera e gigantesca gratidão. Que possamos deixar nossa passagem por aqui registrada com marcas tão profundas para que os tempos vindouros contem nossa história. Conto sempre com todos vocês. Contem sempre comigo.
Atenciosamente,
Professor Davi Lima.
E essa inquietude que não me deixa dormir? E essa mente que gira e divaga por onde sequer me atrevo a imaginar? E essas perguntas que insistem em me manter alerta mesmo quando o corpo pede repouso? E essas dúvidas que não sossegam meu espírito? Companheiras de todas as noites, com maior ou menor intensidade, já não me deixam sozinho e me acompanham por onde eu estiver. E quando as respostas surgem, apenas abrem campo pra novas questões...
"Prestem bem atenção nesse exercício: é provável que tenha um desses na prova. Eu tenho quase certeza que esse tipo de exercício também estará na prova".
Pois bem, a prova foi inteiramente fundamentada na resolução de exercícios da lousa. Nem mais, nem menos, porém, com outros enunciados. Alunos ávidos em resolvê-la, esquentando a cabeça, colocando os neurônios para funcionar.
Em meio às dúvidas, olhos atentos às calculadoras, amigas tão necessárias quanto úteis em uma avaliação de cálculos.
O sorriso incontido a cada conferência com o gabarito e o desespero ao terem que voltar para corrigir algo (sim, dou chance para que corrijam os erros antes de entregarem em definitivo), pois há sempre o medo do tempo acabar.
Acertos, erros, não importa. O que importa é não se entregarem e se concentrarem nos dados, nos enunciados e descobrir as entrelinhas que definirão as respostas certas das equivocadas.
A felicidade dos que tiram as notas máximas também me contagia. Sim, me felicito pela alegria dos meus alunos. Sua tristeza ao errarem não tira minha felicidade, não por sadismo, mas por saber que erraram tentando e que haverá chance de recuperarem o mau desempenho pontual de hoje.
Porém, o que realmente desanima é o descaso, a entrega, a desistência. Entregar a avaliação apenas com o nome escrito na folha e com aquela feição de desdenho que quer jogar para o professor a culpa pelo resultado negativo.
Não sou o melhor professor do componente curricular, mas me esforço para que todos aprendam. E mesmo quem não consegue aprender por dificuldade em exatas, tem seu esforço recompensado, inclusive, pela minha presença constante, ajudando a enxergar o que os olhos atentos não perceberam.
Portanto, aos que obtiveram êxito, parabéns. Aos que não foram tão bem, levantem a cabeça que é apenas uma prova, cujo resultado é temporário e certamente mudará para melhor. A quem desistiu, apenas lamento, nada mais.
Afinal, tento ser justo, pois se me procuram, independente do momento (durante intervalos, aulas, provas, trabalhos), sempre ajudo. Quem não procura ou não se interessa, colhe o que planta. Mas quem sou eu para fazer alguém perceber que está perdendo tempo. Não sou ninguém, não sou nada. A vida sim, essa não vê rosto, mas cobra o tempo que se perdeu quando ele ainda era uma variável controlável.
Certo dia, tive que f**ar estacionado por vários minutos em frente a uma escola pelo período da manhã e ouvi uma conversa entre alguns adultos, responsáveis por crianças matriculadas naquela instituição de ensino. A princípio, uma das pessoas esbravejava, vociferava contra a professora de seu filho, que ainda não consegue ler nem escrever direito e, segundo ela, todos os primos na mesma idade já o fazem. Disse que a professora quis jogar a conversa de que o menino tem dificuldades e que seria necessário um acompanhamento dos pais em casa na realização das tarefinhas, pois vinham com muitos erros ou incompletas. Daí o primeiro comentário absurdo: "Até parece que eu vou me prestar a fazer o trabalho dessa professora na minha casa. Ela ganha muito bem (sic) para isso. Meu filho tem que sair da escola sabendo e 'repetir' em casa o que fez na escola". A segunda pessoa completou: "Nossa, desse jeito não dá. Se for preciso contratar um professor particular para ensinar minhas crianças o que elas deveriam aprender aqui, eu 'tiro elas' dessa escola e coloco em outra em que meu dinheiro não seja desperdiçado, afinal, gasto o que for preciso com meus filhos. Educação para mim é primordial". Para não f**ar para trás, a terceira pessoa, num tom de puro deboche, argumenta seu ponto de vista sobre a professora: "Sabe o que eu acho, essa professora deve ser daquelas que se vitimiza que tem que dar aula em um monte de escola. Se fosse menos gananciosa, faria o trabalho dela direito e não tentaria inverter a incompetência dela para cima dos pais, que dão duro para pagar por essa escola". Mais comentários de outras pessoas se juntaram a conversa, mas sempre com conteúdo parecido. Então vamos à análise do que ouvi: 1) crianças, mesmo que tenham a mesma idade, têm ritmos diferentes e interesses diferentes pela aprendizagem, portanto, não devemos comparar o que uma sabe a mais sobre a outra, mas tentar ajudá-las a caminhar até chegar ao mesmo grau de conhecimento de quem está mais adiantado; 2) é, sim, responsabilidade dos pais auxiliar os filhos nas tarefas para casa, pois, além de ajudá-los com os conteúdos vistos na escola e torná-los mais sociáveis, encurta ainda mais os laços afetivos entre adultos e crianças; 3) ajudar as crianças lhes passa a sensação de carinho e companheirismo e elogiá-las lhes transmite segurança para se tornarem autônomas - esperar que sejam autônomas apenas por intermédio do professor na escola é utópico, ainda mais com toda ausência dos responsáveis nos dias de hoje; 4) professores não ganham tão bem quanto imaginam, nem mesmo em escolas particulares (a estrutura, biblioteca, quadra, sala de informática e tudo mais pode ser de última geração, mas sei que muitos professores dessas escolas estão com defasagem salarial); 5) crianças não têm que repetir o que aprendem, têm que aplicar, contextualizar, afinal, existe uma diferença enorme entre teoria e prática; 6) não será contratando mais professores que as crianças aprenderão - crianças têm que ser crianças acima de tudo e brincar, comer, estudar na hora certa e com a presença dos responsáveis (não adianta transferir responsabilidades ao professor particular, já que não assumem a própria responsabilidade pela educação dos filhos); 7) gastar o que for preciso nunca será suficiente perto do carinho, da atenção e do interesse que seu filho percebe em você por ele - dinheiro não compra amor; 8) se educação fosse mesmo primordial, f**ar uma parte do dia com os filhos conferindo seu aprendizado seria o mínimo a fazer e não criticar a escola em que as crianças estudam; 9) o professor não se vitimiza, faz seu trabalho com amor independente do salário e nunca fala para um responsável que o filho dele têm dificuldades porque o professor precisa ir de uma escola para outra - isso é hipocrisia, no mínimo, querer atribuir ao professor papel de culpado por trabalhar em várias escolas; 10) se os pais dão duro para pagar a escola, imagina o professor para ensinar de 25 a 40 crianças com diferentes estágios de aprendizagem ao mesmo tempo em sala de aula; 11) todo professor faz o melhor que pode, independente dos anseios pessoais e, dizer que trabalham mal por serem gananciosos é, no mínimo, ser alienado; 12) os pais não são incompetentes em educar seus filhos, nisso concordo, mas muitos, infelizmente, se ausentam dessa responsabilidade. No mais, tem tanta colocação que eu ainda gostaria de fazer, mas o texto já está longo demais. Às vezes tenho medo, realmente, dos meus futuros alunos. Não por eles em si, mas pelo o que se tornarão em detrimento dessa terceirização da paternidade à escola, que não tem dever, poder, nem interesse em agregar as responsabilidades da família. O reflexo já é visto no crescente número de adolescentes com casos agudos de depressão, síndrome de pânico e outras enfermidades dessa natureza. Aos futuros professores, que tenham fé e perseverança, pois o caminho, apesar de árduo em alguns momentos, é o mais belo a trilhar, sempre.