Goiás/Goiânia Fotos históricas - acervo Maria Dulce Loyola Teixeira

CIDADE DE GOIÁS - NOS GOVERNOS DE PEDRO LUDOVICO – dados coletados em publicações sobre Joaquim Taveira, Secretario de Governo da Interventoria

Um dos maiores líderes do Brasil da revolução de 1930, o mineiro Dr. Carlos Pinheiro Chagas, foi recebido pelo povo de Goiás com euforia, com ele estavam Joaquim Câmara Filho, Ciro Reverbel de Araújo, Armando Storne e Quintino Vargas, dentre outros. E ao se encontrar com alguns políticos e autoridades goianas, por determinação do comando revolucionário, nomeou uma junta governativa composta pelo Desembargador Emílio Póvoa, pelo Juiz de Direito da Capital Mário de Alencastro Caiado e pelo médico Pedro Ludovico. Ao discursar para a multidão que o aclamava ele disse, para desagrado do povo vilaboense, que a cidade de Goiás não deveria continuar como Capital.
Portanto, em outubro de 1930, junto com a nomeação de Pedro Ludovico Teixeira para o cargo de Interventor, deu-se o início ao planejamento para a mudança da Capital, seguindo toda a tramitação legal com a aprovação na Assembleia Legislativa, do Projeto de Lei de autoria de Guilherme Xavier de Almeida, Deputado Estadual, filho do ex governador José Xavier de Almeida, deposto em 1904, de forma inconstitucional por seus oposicionistas, desencadeando a formação de um grupo forte que fez oposição ao autoritarismo e assumiu o poder ao lado de Pedro Ludovico Teixeira, levando o Estado a uma mudança positiva nunca vista antes.
Dr. Pedro governou o Estado de 1930 a 1947. Depois, eleito governador, no período de 1952 a 1954, quando saiu para se candidatar a Senador. Nesse tempo ele voltou os olhos para a sua cidade de Goiás, como filho da terra que ele tanto admirava.
A mudança da Capital foi realizada lentamente devido a difícil situação financeira do Estado, por isso a sede administrativa do governo estadual continuou na cidade de Goiás, sendo levada, oficialmente, para Goiânia em 1937, quando os prédios públicos e a casa que moraria o governador f**aram prontos e mobiliados com móveis no estilo Art Deco, uma característica moderna da nova capital. Portanto, como atestam as pesquisas atuais realizadas sobre o estilo dos móveis usados na nova Capital, todo o patrimônio tombado existente, é totalmente diferente do estilo vilaboense, não comprovando a lenda de que “todos os móveis foram retirados da cidade de Goiás e trazidos para Goiânia”, até porque os móveis do Palácio Conde dos Arcos não serviriam ao Palácio das Esmeraldas e f**a comprovado que não saíram de Goiás pois, quando Mauro Borges estabeleceu a volta da capital para a cidade de Goiás, em 1961, ele ainda encontrou nas dependências do Palácio Conde dos Arcos as mesmas estantes que f**avam no gabinete do governador Pedro Ludovico em 1930. As peças de mobílias que faltavam, não foram trazidas para Goiânia, algumas foram transferidas para a sede da nova prefeitura, porque o Palácio Conde dos Arcos foi usado, após a transferência da Capital, como sede da Prefeitura Municipal.
E a tão falada frase: “fecharam o Liceu” não tem fundamento, ali continuaram as aulas normalmente, formando turmas como a de meu sogro Mauro Borges em 1936, de meu pai, Clenon de Barros Loyola em 1937, de minha mãe, Suely Taveira, em 1946, o Liceu continuava sendo a escola referência da cidade de Goiás. Na nova Capital foi criada uma unidade chamada Liceu de Goiânia, cujo mobiliário foi adquirido diretamente das fábricas, especif**amente para essa unidade,
A vida da cidade de Goiás não se estagnou durante os anos da mudança ou dos governos de Pedro Ludovico Teixeira, o meu tio Joaquim Taveira, Secretário de Governo, sempre conseguiu auxílios para o município de Goiás, embora alguns ressentidos teimassem em continuar sendo do contra.
“A capital mudada para outro local provocou forte reação dos vilaboenses que posteriormente receberam a devida assistência por parte dos mudancistas. Extremaram-se as correntes e muita coisa desagradável se fez, porém as opiniões adversas foram se abrandando pouco a pouco, estamos agora em plena harmonia e cerrando fileiras em torno do governo Estadual. Para isso vem concorrendo a boa vontade do interventor Pedro Ludovico, que em todas as ocasiões dá a esse município e a sua sede desvelada assistência. Ao lado de atos que se repelem constantemente, muito contribuiu o fator moral e as relações que se apertam a todo instante”, fala de Joaquim Taveira durante uma visita de Pedro Ludovico a Goiás em 1944.
Também, é de Joaquim Taveira essa manifestação de repúdio à ingratidão manifestada por alguns antimudancistas, em 1945: “a ingratidão, com sua irmã gêmea a traição, é um estigma que serve apenas para assinalar na humanidade, a falta de reconhecimento. Constantemente, fatos ainda de nossos dias são deturpados com intuitos em nada louváveis e até mesmo repugnantes à consciência dos homens bem avisados, que pensam pela sua própria cabeça e não reproduzindo, quais servis autômatos, conceitos alheios, opiniões estravagantes, informações suspeitas, erros grosseiros, nem, com ares doutorais, pretendem doutrinar rancorosos tabus. Felizmente, o totemismo social, proliferante nas camadas incultas, tem vida efêmera e se desfaz, com muito maior rapidez do que as miragens desérticas.”
Essa intolerância dos antimudancistas a princípio dificultaram a chegada das benfeitorias ao município, eram campanhas diárias contra tudo que pudesse valorizar os atos do interventor, assim, os prefeitos eram hostilizados e se revezavam. Eles temendo pela própria vida, renunciavam. Foi necessária, nos primeiros anos da mudança, a interferência enérgica de Pedro Ludovico Teixeira para que o município não fosse rebaixado a distrito de outro município vizinho. Dr. Pedro ao nomear o novo prefeito cedeu a ele profissionais experientes no setor administrativo para trabalhar nas reformas legislativas, adequando o sistema de tributação e outros fatores econômicos para aumentar a renda do novo município que antes era a Capital.
Nesse meio hostil um prefeito se sobressaiu: Divino de Oliveira, em sua gestão, de 1943 a 1947, trabalhou junto com o governo estadual de Pedro Ludovico Teixeira, assim ele pode e fez o que os seus antecessores não puderam fazer, por sua coragem e determinação em trabalhar ele foi considerado um excelente administrador do novo município, a cidade de Goiás, tudo porque aceitou aceitar e ser parceiro do governo do estado, governo de Pedro Ludovico Teixeira.. Seria difícil enumerar a todas, mas consultando jornais da época destaquei algumas, mais relevantes:
1 - Foi criada a Cooperativa Rural de Goiás, em 11 de julho de 1943;
2 – foi criado o Aéreo Clube Anhanguera, em junho de 1943, cujo presidente era meu avô Ignácio Bento de Loyola;
4 – Pelo decreto estadual número 7784 foi autorizada a construção do Balneário do Rio Vermelho, inaugurado em 20 de agosto de 1943, E com o decreto n. 134 da Prefeitura Municipal, em 10 de julho de 1944, estabeleceu-se o regimento de funcionamento e passando a chamar Balneário Pedro Ludovico Teixeira. Mais tarde, na anos de 1950 foi destruído, uma história sem nexo é contada para justif**ar tamanha ignorância.
5 – Foi criada em 1943 a Colônia Agrícola de Itapirapuã, um assentamento de colonos.
6 – Em 6 de agosto de 1944 foi nomeada uma comissão para analisar a formação geológica, a fauna e a flora da Serra Dourada, visando a criação do Parque Estadual Serra Dourada, em 27 de agosto de 1944, para cuidar da preservação e exploração turística, realizando excursões para visitações.
7 – Em 1943 foi levada a telefonia para a cidade - posto telefônico – e em 1946 o Rotary prometeu colocar telefones nas casas, foi blefe, eles não foram instalados.
8 – Foi criada a Associação denominada Embaixada da Amizade para estabelecer mais agilidade nas reivindicações do povo vilaboense ao governo do Estado, calcadas nas boas relações de amizade e parentesco entre os goianos da nova Capital e da cidade de Goiás
9 – Foi aberta na cidade de Goiás uma agência do Banco Comercial de Goiás S/A, em 22 de outubro de 1944.
10 – Foi realizada a primeira distribuição de terras para lavradores, em 1944.
11 – Foi criado o Município de Xixá, 1944
12 – novas rodovias foram abertas e outras melhoradas no município, ligando a cidade de Goiás a outros municípios.
13 – em1944, pelo decreto 19924 de 1931, foi instituída uma comissão para identif**ar e apreciar a formação de pessoas que desejassem se tornar apto a se tornar um pequeno proprietário para adquirir terras devolutas.
14 – Em 30 de julho de 1944 foi doado o Relógio para ser instalado na torre da Igreja do Rosário, agradecendo o Frei Miguel Lanzani disse: “o relógio foi doado pelo maior benfeitor da cidade de Goiás, Dr. Pedro Ludovico”.
15 – foi criada a Amplif**adora Goiana em julho de 1944.
16 – O governo Estadual regularizou a situação financeira do Hospital de Caridade Dom Pedro de Alcantara assim como a do Asilo São Vicente de Paula – 1944
17 – Em 1944 o Aéreo Clube ganhou um pequeno avião para treinamento
18 – Em 29 de julho de 1945 foi instalado o Rotary Clube na cidade de Goiás.
19 – Em 1945 foi criada a Sociedade Goiana de Agricultura e colonização na cidade de Goiás.
20 – Foi criado uma agência do Banco Agro Pecuário do estado de Goiás, em 12 de março de 1946
21 – Foi instalada a Associação de Proteção à Maternidade, Adolescência e Infância, a ela foi dado o nome do Dr. José Neto de Campos Carneiro, em 6 de julho de 1944.
22 – Em 1938, por ação da Primeira Dama do Estado, D. Gercina Borges Teixeira foi doada uma chácara para ser uma extensão do Orfanato São José, na época recebeu o nome de Gercina Borges Teixeira, depois mudaram o nome e nenhum agradecimento tem a ela hoje e sim a uma família paulista, que nunca veio a Goiás.
21 – Após a transferência do governo, em 1937, foi realizada durante o período de férias escolares, uma grande reforma nas dependências do prédio do Liceu de Goiás, para que em março, fosse iniciada as aulas sem prejuízo aos alunos. A novidade foi a instalação de um moderno bebedouro de água.
22 – Realizada uma reforma nas dependências da escola de Mestre Nhola, a primeira escola que frequentou Pedro Ludovico.
23 – Foram realizadas melhorias no prédio da Escola Normal
24 – Foram realizadas melhorias na sede da estância de Águas de São João
25 – Foram instituídas, por decreto, bolsas culturais para publicação de livros e para custear estudos de música de jovens goianos em centros mais avançados, premiando Belkiss Spenziere e Santinha Marques, dentre outros.
26 – pelo dec 824, Pedro Ludovico destinou verbas do estado para construção do prédio do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás, na cidade de Goiás, em 20 de julho de 1938.
27 – Foram realizadas reformas em todos os prédios públicos, aqueles que abrigavam repartições municipais, estaduais e federais.
28 – foram criadas coletorias públicas nos distritos de Xixá, Córrego do Ouro;
29 – eram mantidos às custas do Estado um jardim da infância e um Ginásio Oficial,
30 – era mantido às custas do estado um Posto de Saúde com distribuição gratuita de medicamentos à população doente e sem recursos.
31 – foram criadas escolas públicas nos distritos de Aruanã, Iporá, Xixá, Carmo do Rio Verde, Córrego do Ouro e um grupo escolar em Mossâmedes;
32 – para essas escolas públicas eram fornecidos materiais didáticos, inclusive para a escola mantida pelas freiras do Asilo São Vicente de Paula.
33 – Foram reconstruídas pontes e pontilhões nas estradas do município
34 – Foi construído o aeroporto de Aruanã e reconstruiu a estrada de Goiás a Aruanã
35 – Foi instalado um posto telefônico em Águas de São João
36 – Foi auxiliado com verbas do Estado a construção do Colégio Santana
37 – Assim como auxiliada foi a obra da Igreja do Rosário
38 – Foi aumentado o valor das subvenções dada ao Colégio Santana, Asilo São Vicente de Paula, ao Hospital de Caridade, ao Orfanato São José, ao Gabinete Literário Goiano.
Dentre outras coisas realizadas, as acima citadas corroboram a tese de que a cidade não foi abandonada, foi sim, muito bem assistida durante os governos de Pedro Ludovico, o que não aconteceu em outros governos. Goiás teve um defensor incansável que se destacou mais, apesar de toda simpatia dos prósperos filhos de Goiás, apoiadores da mudança, com a cidade, eles continuavam se preocupando com a querida cidade de Goiás, mas um se destacoumais que os outros: Joaquim Taveira, por ser muito próximo ao interventor ele foi um defensor intransigente da cidade, onde sempre manteve moradia, ele foi o melhor “prefeito” – não eleito – do município. Ele trabalhou e optou por ser um defensor de Goiás, não aceitava e criticava a mania que alguns daqueles que eram contra a mudança tinham de jogar a culpa das dificuldades da cidade em ações externas, mas estudos demonstram que as ações que dificultaram o progresso eram de atores internos do município, o que mais tarde foi somando às ações da Igreja Católica, do IPHAN, das más gestões e da falta de apoio dos governos estaduais. Quando da mudança da Capital já havia grande perda de população e casas fechadas – mas o município se reergueu com as boas administrações por um período até 1994, o censo mostrava um crescimento populacional, contudo, a partir de 1994 se iniciou uma constante queda, uma evasão dos moradores da cidade para cidades vizinhas.
Os governos estaduais que antecederam Pedro Ludovico não tinham planos modernos para governar o Estado, assim a população se acostumou à modorra, ou seja, acostumou a não receber atenção dos governantes, mesmo sendo a sede na antiga Capital não se realiza obras essenciais, parece fatídico que continue assim, pois ainda carece de saneamento básico.
Comparando antes e durante a mudança, parece que os governos antes de 1930 tinha um carro cujo motorista andava a 10 km por hora, foi substituído por um governo que passou a andar a 80 km por hora, contudo nem todos governadores acompanharam esse ritmo novo, poucos voltaram os olhos para o município de Goiás, as exceções foram Pedro Ludovico Teixeira, Mauro Borges e Marconi Perillo.