Dr. Neif Musse

Cuidado com o Salieri

O jovem na porta da UTI

Sobre a tentativa de suicídio

Demore-se no abraço.

“Resolva os seus problemas”

Não se pode repetir o passado.

Hospitais (e UTIs) - Um perigo para os idosos

Sabedoria.

A pressão e o crescimento pessoal.

Levei ci****os ao paciente internado.

Fico muito feliz com os comentários dos meus alunos e alunas.

Há 40 anos ensino ECG para os estudantes de medicina, médicos e médicas.

Tenho o compromisso com a qualidade da medicina no Brasil!

Dia especial: casamento do meu filho do meio, Dr. Ricardo Neif, com a Julinha (Dra. Júlia Mônaco).
Será emocionante e maravilhoso, estou certo disso; fui professor de ambos, o que enche de alegria e de orgulho o meu coração e a minha alma.
Desejo, Julinha e Ricardo, que a trajetória de vocês seja luminosa e bela, sendo muito provável que o meu DNA seja transmitido e que virão netos e netas lindas dessa tão signif**ativa união.
Avante, Julinha e Ricardo! Sucesso, amor, alegria e cumplicidade para a nova família vitoriosa que se forma.

Aparição

O Médico e a Sociedade

A palavra.

Nesse fim de semana teremos Plantão com a Família Neif em São Paulo.

Polifarmácia

Vamos ouvir?

A Cama de Procusto

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O jovem na porta da UTI.

A namorada

Essa é a Dra. Ana Musse. Conhecia-a na universidade. Ela era estudante de odontologia e eu de medicina. Não foi difícil começar o namoro. É ou não é? E estamos juntos até hoje, comemorando o dia dos namorados. Ela era e é linda!

Pai é mãe também

O pai é mãe também: as mães têm a companhia que sempre desejaram (não foi assim no passado). Ele f**a acordado, de plantão com o bebê que chora com medo do escuro; troca fraldas com delicadeza, higienizando com carinho e fazendo a criança dormir outra vez; vai ao pediatra (e informa quase nada, implorando à esposa, com o olhar suplicante, que ela diga quando a febre começou, quantos graus, se a criança está se alimentado bem…), leva ao ballet, no futebol…
No futuro, que sempre virá, os filhos estarão crescidos, divorciando-se dos pais (a vida como ela é) e as homenagens irão para a mãe verdadeira, aquela com estrógenos poderosos e mamas generosas, pois eles, pais, são o que são e fazem quase tudo, só não conseguem ser mães genuínas.
Mães queridas e abençoadas, recebam o meu carinho, o meu afeto e o meu abraço apertado nessa tão magníf**a quanto signif**ativa data para todos nós.

As pessoas negativas

Quando cheguei ao velório ele estava lá, junto da mãe. Conhecia-o e estava certo de como se comportaria. Era uma pessoa negativa. Desde sempre. E é muito difícil gente assim mudar de comportamento.
A mãe disse-me, feliz, que o filho mais novo havia emigrado, indo construir a vida em outro país. Felicitei-a, crendo no sucesso do garoto e dirigi-lhe votos de sucesso, mesmo com a distância e a saudade; disse-lha que teria boas oportunidades para visitar o filho distante.
Foi então que o irmão mais velho - o negativo -, quieto até então, entrou em cena: afirmou que o irmão sofreria xenofobia, dificuldade para galgar postos elevados, não jogaria futebol (sempre foi bom jogador), afinal, o esporte no tal país é o rugby…E destilou outros momentos ruins que, estava certo, o irmão passaria...
Aproveitei para sair do “uruca” - já o conhecia - e fui despedir-me da Dona Vera, que morrera naquele dia. Mesmo sendo um velório, dei abraços de conforto nos filhos, fiz elogios às boas coisas que a amiga fez em vida, relatei com carinho no livro de despedidas e, porque não, muitos sorrisos para os amigos, pois, mesmo em momentos de escuridão, todos podemos acender uma luz…
Se você tem amigos negativos, cuidado: a maior parte não atingirá os objetivos, preferindo remoer pequenos problemas e vivenciar somente a parte ruim da vida (que sempre existirá). Pior: insatisfeitos, acabarão por arrastá-lo para as derrotas inevitáveis que as esperam.
Cultivar ideias negativas faz mal tanto para a pessoa quanto para os poucos amigos que ainda se aventuram a f**ar perto dela.
Reconheça as pessoas negativas; afaste-se; desculpe-se; mude de calçada ao vê-las. Não te farão falta: ao contrário, f**ará leve ao não conviver com elas.

O relógio de parede

O Sr. Carlos Francisco morreu às 5 horas da tarde de uma quarta-feira, a dois meses de completar cem anos de idade. Era baixinho, falante e agradável.
Conheci-o mais jovem, aos oitenta, quando chegou ao hospital com um ferimento na cabeça: tinha caído de uma cadeira quando dava corda em um antigo relógio de parede. O relógio fora do seu pai - que morreu em Portugal -, e veio com ele para o Brasil, ainda criança, após a primeira guerra e a pandemia da gripe espanhola. Era uma joia da família…
- Dr. Neif - disse-me a esposa, alarmada -, o Carlos não pode mais dar corda nesse relógio. O senhor precisa convencê-lo disso. Ele não me ouve!
- A minha mulher é muito apavorada, doutor - falou-me ele.
- Não sou não! - Retrucou a idosa - o Dr. Neif vai proibi-lo. É perigoso. Você quase teve uma hemorragia cerebral!
- Prefiro morrer! - Gritou o Sr. Carlos. - Esse relógio foi do meu abençoado pai e dou-lhe corda desde que era menino. Não vou parar agora!
- Primeiro vou dar os pontos e estancar essa hemorragia - disse-lhes, pensando em como resolver aquele problemão…
- Não pode mais! - Tornou a esposa -, estamos velhos e você não tem equilíbrio para subir em uma cadeira…
- Calma! Vou terminar a sutura e falaremos disso depois, assim que forem liberados. Ok?
Após o curativo e a vacina antitetânica, aguardavam do médico, cada um ao seu gosto, respostas diametralmente opostas…
- Sr. Carlos Francisco, tenho a solução: o senhor vai continuar dando corda no relógio! - Afirmei.
- Como assim, doutor? Não é possível! - Espantou-se a mulher.
- Sr. Carlos, peça que fixem um prego mais baixo na parede, na altura dos seus olhos, e, a partir de hoje, dê a corda no relógio, de pé, sem precisar subir na cadeira.
- Mas que beleza, doutor. Não tinha pensado dessa forma!
E foram embora, ela aliviada e ele feliz com a solução proposta.
O Sr. Carlos Francisco viveu mais vinte anos; fiz-lhe muitas visitas médicas em domicílio e, em todas as vezes, consentia que eu desse corda no seu precioso relógio.
Na semana seguinte à sua morte a viúva me pediu que fosse à sua casa: ele havia deixado o relógio de presente para mim...

10 regras de ouro
(Na sala de emergência e na UTI)

1. Nem todos os pacientes suportam o fentanil e o midazolan, devido à hipotensão que podem ocasionar;
2. Prefira o propofol, a não ser que haja instabilidade hemodinâmica (IC ou choque);
3. O etomidato é a melhor escolha nos pacientes instáveis hemodinamicamente (IC ou choque);
4. Prefira Midazolan nos casos de convulsões;
5. Não use a dose de ataque de dexmedetomidina (precedex) pois vai ter que lidar com a hipotensão e a bradicardia que esse bolus ocasiona;
6. Dentre os BNM a succinilcolina é sensacional! Não deve ser usada nas queimaduras extensas (levam a hiperpotassemia) e, é claro, nos casos de hiperpotassemia. Nessas situações use o rocurônio, que ainda tem a vantagem de ter o antagonista (Sugammadex);
7. Nos pacientes intubados e no ventilador mecânico use a estratégia multimodal de sedativos. Por exemplo, use midazolan, depois propofol e, a seguir, dexmedetomidina;
8. Ainda nos pacientes intubados e no ventilador mecânico evite usar o fentanil contínuo. Prefira o seu uso intermitente, nos momentos de stress (mudança de decúbito, banho, curativos, procedimentos invasivos). Outra opção é usar a metadona oral pela SNG.
9. Lembre-se que, ao preferir o trio fentanil/midazolan/rocurônio, se algo der errado, você terá os antagonistas (naloxona/flumazenil/sugammadex); porém, caso escolha uma das outras combinações, embora não tenham antagonistas, têm meia-vida muito curta e, caso não consiga a intubação, não se aflija: mantenha a ventilação com ambu/bolsa reservatória até que sejam metabolizados;
10. Cuidado com sua mão! Mãos pesadas costumam levar a problemas. Vá administrando a medicação e conversando com o paciente; quando perceber que já está sedado, mesmo que não tenha atingido a “dose que o guideline diz”, pare a injeção. Pode ser que aquele paciente precise de doses menores das medicações.

3.500 dias
Quando chegar perto dos magníficos 100 anos de idade, você terá vivido 35.000 dias. Alguns poucos dias mais; outros, alguns menos. Não importa. É o período da finitude humana…
Então, queridos leitores, colegas médicos, alunos e alunas, é bom refletir sobre o valor daqueles dias que vão passando sem que possamos curtir a felicidade contida em cada um deles (e passam como um raio, a galope, sem alarde): muitos tornam-se insípidos, vários amargos, parte deles infelizes. E por quê são assim? Porque os sentimos conforme o nosso interior, pois o mesmo dia no qual você se fez triste pode ser sentido com alegria por quem está ao seu lado…
Nesse sentido, curtir com ardor um dia de encontros, outro em uma festa, aquele junto aos amigos, esse em viagem, uma noite de lua cheia, o inesquecível dia com o mar à sua frente, os de mãos dadas com o seu amor, noutros em comunhão com a fé ou comemorando com a família, pode fazer a diferença para você, antes que se dê conta, ao olhar para trás, que perdeu bons momentos por mau gerência do seu íntimo…
A propósito, multiplique agora a sua idade por 365 e saiba quantos dias você já viveu…