Syntagma Idiomas

De tempos em tempos, me procura alguma pessoa desesperada por aulas particulares para 'melhorar a gramática'. Normalmente essa pessoa já usa o inglês no dia a dia para se comunicar no trabalho ou onde mora no exterior, mas sente que a sua gramática não é adequada e que isso é um impedimento para passar em processos seletivos ou expressar ideias mais complexas.

No Brasil, e talvez por conta da predominância de metodologias que focam em gramática e tradução, existe uma percepção de que o estudo de gramática deve ter precedência, e que ter 'boa gramática' garante sucesso na aprendizagem. Porém, a resposta não é tão simples: estudar gramática é muito importante, mas em muitos casos estudar vocabulário deve ter precedência.

Explico: a gramática é a 'cola' da língua. Usamos a gramática para normatizar o uso e garantir que as mensagens sejam enviadas e recebidas com maior precisão possível, sem ambiguidades ou omissões. Mas essa 'cola' não passa nenhuma mensagem sozinha: a mensagem precisa de conteúdo, que é passado a priori pelo vocabulário.

Num exemplo prático: ninguém vai deixar de te entender se você usar a preposição 'in' ao invés de 'at' para falar as horas na frase "A reunião começa às 15", mas se você não souber a palavra correta para 'reunião' ou o verbo 'começar', você pode no mínimo passar a mensagem errada ou não passar mensagem alguma.

Obviamente que aprender uma língua vai muito além disso:

● Você pode ter gramática perfeita e vocabulário sofisticado, mas se sua pronúncia for ininteligível você não vai se fazer entender e nem entender os outros.

● Não saber o que usar e em quais contextos faz você cometer gafes, por usar algo muito informal numa entrevista ou algo muito formal e antiquado numa roda de amigos, por exemplo.

● Sem a prática e o direcionamento corretos, você pode acabar copiando a estrutura da sua língua materna com a única diferença de estar usando palavras em inglês, mesmo achando que você fala ou escreve bem.

Em suma: cuidado com crenças e absolutos. Aprender uma língua é um processo complexo e longo, e fórmulas mágicas não existem.

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Então o que é melhor, aulas particulares (também conhecidas como aulas VIP ou one-to-one) ou aulas em grupo? A resposta não é tão simples e existem vantagens e desvantagens para cada uma delas.

Existe uma percepção de que aulas particulares são mais eficientes: é possível ditar um ritmo mais forte e 'dar um gás' na aprendizagem, com uma abordagem personalizada e atenção direcionada à necessidades específicas

Embora aulas particulares possam ser extremamente eficientes, é preciso ter cuidado. Não é incomum alunos entrarem numa zona de conforto, e começarem a perder aulas ou ditar um ritmo mais lento do que eles teriam num grupo. Sem disciplina para frequentar as aulas ou estudar o conteúdo de forma séria e sistemática (dentro e fora da sala de aula), a aula particular pode virar apenas um bate-papo entre professor e aluno, mesmo quando o professor tenta direcionar o foco para o conteúdo: erros e vícios de linguagem se perpetuam, o foco se perde e há muito pouco progresso.

A maioria das pessoas tem percepções negativas de aulas em grupo por alguma experiência anterior: salas com muitos alunos, ritmo lento e fraco, além de poucas oportunidades para se expressar. Porém, nas mãos de um professor competente e experiente, uma turma com muitos alunos pode ser mais produtiva do que uma aula particular na maioria dos casos, já que existem mais oportunidades de interação (ao invés de repetir uma atividade de pergunta e resposta uma vez com o seu professor, você pode ter que repeti-la várias vezes, com outros alunos, sob a supervisão do seu professor) e um sentimento maior de compromisso para frequentar as aulas. Além disso, outros alunos podem trazer dúvidas que jamais ocorreriam numa aula particular, o que enriquece o processo de forma consistente.

Sem falar que as aulas particulares têm um custo muito mais elevado.

Ou seja, tudo depende do seu perfil e do seu objetivo. As duas modalidades podem ser produtivas e eficientes, e tudo depende do seu compromisso e disciplina.

E aí, qual é o seu perfil? Deixa um comentário aqui embaixo e compartilhe esse post.

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