Militia DEI

página de Defesa da Tradição Cristã, da moral e da fé Católica. contra todas ideologias Anticatólicas

10/02/2024

Cardeal Müller: um “veneno mortal” paralisa a Igreja

“Não podemos escapar do veneno mortal da serpente se nos tornarmos amigos dela; apenas se nos mantivermos prudentemente distantes e estivermos com o antídoto ao alcance da mão. O veneno que paralisa a Igreja é a opinião segundo a qual devemos nos adaptar ao Zeitgeist, o espírito da época, para relativizar os mandamentos de Deus e reinterpretar a doutrina da fé. O antídoto contra a secularização da Igreja é a verdade do Evangelho e viver a fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim”.

"Jesus não pode ser superado pela mudança de épocas, porque a eternidade de Deus abrange todas as eras da história e a biografia de toda pessoa humana”.

Vende-se também a ideia de que “a Igreja Católica ficou 200 anos atrasada em relação ao mundo de hoje”, quando, na verdade, “a crise na Igreja foi provocada pelo homem e surgiu porque nos adaptamos confortavelmente ao espírito da vida sem Deus”.

“Quem acredita não precisa de ideologia. Quem espera não procura dr**as. Quem ama não vai atrás da luxúria do mundo, que passa, junto com ele. Quem ama a Deus e ao próximo encontra a felicidade na entrega de si mesmo”.

TikTok · wanderapologista 22/01/2024

OS PRIMÓRDIOS DA IGREJA NA CHINA E EXTREMO ORIENTE

parte 1

TikTok · wanderapologista Assista ao vídeo de wanderapologista.

A HOMOSSEXUALIDADE DO REI E A CASTIDADE DOS MÁRTIRES UGANDÊSES. mártires vítimas do ódio homossexual 08/01/2024

A HOMOSSEXUALIDADE DO REI E A CASTIDADE DOS MÁRTIRES UGANDÊSES.
Os 22 mártires de Uganda, no século 19, foram vítimas do ódio homossexual.

A HOMOSSEXUALIDADE DO REI E A CASTIDADE DOS MÁRTIRES UGANDÊSES. mártires vítimas do ódio homossexual

31/08/2023

DA CIDADE CATÓLICA À CIDADE COMUNISTA

A história cobra sentido à luz dessa grande luta milenar que os espíritos travam. O ponto culminante da luta se realiza quando Cristo aparece e com sua paixão e morte ele trava a batalha decisiva e alcança a vitória completa.

A conquista do homem, tanto por Cristo e como pelo diabo quer ser total. Um e outro querem que o homem lhe pertença totalmente. Ambos exigem adoração completa e rendida, mas de maneiras diferentes. Deus, que tem acesso à parte mais in- terna do coração do homem, quer primeiro e diretamente a alma do homem com seu ser mais íntimo. É por isso que Deus formativa da Igreja mesma sobre a vida dos povos, sobre sua vida temporal. Uma impregnação tal dessa vida temporal, que ela se desenvolva dentro das normas públicas cristãs a serviço de Cristo. Uma vida de família, do trabalho, da cultura, da política a serviço de Cristo. Leão XIII, em sua Inmortale Dei, atesta que a Cidade Católica foi uma realidade no mundo. “Houve um tempo – ele escreve – em que a filosofia do evangelho governava os Estados. Naquela época, a eficácia própria da sabedoria cristã e sua virtude divina haviam penetrado nas leis, nas instituições e na moral dos povos, infiltrando-se em todas as classes e relações da sociedade. A religião fundada por Jesus Cristo se via firmemente colocada no grau de honra que lhe corresponde, e florescia em toda parte graças à adesão benevolente dos governantes e à tutela legítima dos magistrados. O sacerdócio e o Império viviam unidos em mútua concórdia e amigável consórcio de vontades”.

Aquela realidade histórica que era a Cidade Católica se fragmentou e, desde então, vem sofrendo um processo destrutivo que, como dissemos, culmina no comunismo. O comunismo tem, por isso, uma raiz cristã. Não é um movimento puramente pagão. É uma heresia do cristianismo realizada na prática. O comunismo deve ser colocado em um contexto cristão. É por isso que deve-se considerar muito importante opor à utopia do comunismo a verdade da Cidade Católica, ou seja, a à verdade total do cristianismo, o cristianismo plenamente realizado na Cidade Católica.
Ao comunismo – que pretende realizar “o homem total” – só se lhe opõe verdadeiramente a Cidade Católica resposta verdadeiramente completa e acabada.

22/05/2023

APOCALIPSE E OS MIL ANOS DE FELICIDADE

RUMO AO DECRETO DE GELÁSIO

A tradição milenarista manifesta-se ainda no século IV, e de maneira quase pedagógica, nas Instituições divinas do apologista Lactâncio (c 260 a c. 325), mestre de retórica pagão convertido ao cristianismo e preceptor do filho de Constantino. Suas Instituições divinas são a primeira tentativa de exposição em latim do conjunto da religião cristã, e utilizamos oráculos sibilinos para validar perspectivus milenaristas. Lactâncio julga que o grande “dia de Deus” está próximo e que o término dos 6 mil anos não está distante. Como todos os seus antecessores, ele se refere ao salmo 90: “Diante de teus olhos, Senhor, mil anos são como um dia, e prossegue:

Assim como Deus trabalhou durante seis dias em tão grandes obras, assim também é necessário que ao fim do sexto milênio toda maldade desapareça da terra, que a justiça reine por mil anos e que haja tranquilidade e repouso dos trabalhos que o mundo já suporta há muito tempo.”

Todavia, anos terríveis precederão o reinado terrestre de Cristo, conforme as predições do Apocalipse: as colheitas não amadurecerão mais, os animais perecerão, as estrelas cairão do céu.” A seguir, Jesus virá julgar o Anticristo e os justos ressuscitarão. Será o retorno aos Saturnia regna [Reino de Saturno], a idade de ouro dos antigos. Então “tudo será calmo e pacifico”. A sibila Eritréia posta em cena por Lactâncio pode anunciar, retomando os termos de Isaías: “Deus fez a cidade que ele desejou mais reluzente que os astros [...]. Os lobos e os cordeiros comerão juntos nas montanhas, os leopardos pastarão com as cabras [...]. os dragões repousarão com as crianças pequenas”. Lactâncio define ainda:

Após a ressurreição, o Filho de Deus reinará mil anos entre os homens e os governará por um governo muito justo. Os que então viverem não morrerão, mas durante mil anos engendrarão uma multidão incalculável; quanto aos ressuscitados, eles presidirão aos vivos como juízes. Então o sol se tornará sete vezes mais quente do que agora. A terra manifestará sua fecundidade e produzirá espontaneamente colheitas abundantes. O mel manará das montanhas. O vinho correrá nos regatos. O mundo viverá enfim na alegria, livre do império do mal. Os animais não se alimentarão mais de sangue.”



Eis-nos aqui “em pleno messianismo temporal no interior do cristianismo”. E Lactâncio insiste:

Deus dará então aos homens uma grande alegria, pois a terra, as árvores e os imensos rebanhos de ovelhas darão aos homens o verdadeiro fruto, o vinho, o mel mais doce, o leite mais branco e o melhor trigo que os mortais podem ter. A terra dos justos será santa, produzirá todas as coisas em abundância, bebidas suaves manarão das rochas, e um leite divino delas escorrerá para todos os justos.”

Essa terra abençoada e sem mal será assim uma terra de delícias. Em seu tempo, harmonizava-se ainda Lactâncio, quanto aos temas milenaristas, com a teologia oficial da Igreja? No século III, Orígenes já havia condenado o quiliasmo em termos severos, atacando a inépcia e as concepções quiméricas de espíritos simples que recusavam o trabalho intelectual e preferiam sonhar ao interpretar as Escrituras. A tomada de posição de Orígenes suscitou um debate em Alexandria entre seu discípulo Dionísio e o chefe local dos milenaristas. Corakion. Este, após uma discussão de três dias, admitiu sua derrota: “Em presença de todos os padres que escutavam, ele prometeu e nos certificou que dali por diante não mais abraçaria essa opinião, que não mais a discutiria. [...] que havia sido convencido.” Dionísio completou seu triunfo redigindo uma refutação em regra do milenarismo, o De repromissionibus [Das promessas], onde não hesitava em declarar apócrifo o Apocalipse de são João. Na verdade, o “livro das Revelações” foi mantido no cânone, mas não sem dificuldades e depois de rejeitadas todas as leituras demasiadamente literais. O milenarismo estava em via de marginalização. No fim do século me início do IV. Vitorino de Pettau, morto como mártir sob Diocleciano (em 303 ou 304), havia ainda manifestado tendências quiliastas, mas são Jerónimo remanejou suas conclusões num sentido oposto.”

Santo Agostinho (354-430), por sua vez, tomou posição contra o milenarismo. Num primeiro momento, porém, inclinara-se em favor do apocalíptico tradicional. Ele confessa, no fim da vida, em A Cidade de Deus: “Nós também partilhamos outrora essa opinião”.” De fato, no sermão 259 ele parecera esperar um milênio sabático.” Dizia:

O sétimo dia significa o repouso futuro dos santos na terra. Pois o Senhor reinará na terra com seus santos, como dizem as Escrituras, e nela terá sua Igreja, na qual nenhum mal penetrará, afastada e pura de toda mancha do mal. A Igreja se revelará então com grande clareza, dignidade e justiça. Então, não haverá prazer em enganar, em mentir, em ocultar o lobo sob a pele da ovelha. [...] Estamos [agora] no sexto dia. [...] Mas quando o sexto dia tiver passado, depois que tiver soprado o vento que separa, o repouso virá; e os santos e os justos de Deus terão seu sabá [...] [e] quando estiverem terminadas e consumadas as sete idades do mundo que passa. Voltaremos aquela imortalidade e àquela beatitude que o homem perdeu.

Essas afirmações remetem claramente a esquema milenarista clássico que seis días de duro “labor” serão seguidos do “repouso do sétimo dia em que Deus reinará na terra “com seus santos”. Depois virá o oitavo dia que não mais tera fim. Os eleitos serão então encaminhados para aquele além, do qual é dito que nenhum olho o viu e nenhum ouvido o ouviu posteriormente. Agostinho abandona essa prospectiva e junta-se às posições de um outro africano, Ticônio († 390), que interpreta o Apocalipse como significando a vitória de Cristo desde a encarnação. O milênio torna-se então reinado da Igreja cristã. Ticônio escreve: “Os santos] reinarão mil anos, isto e no século presente [...]a Igreja está destinada a reinar mil anos neste século até o fim do mundo” Uma das razões que afastam Agostinho do milenarismo é o frequente desvio deste para a exaltação dos prazeres terrestres uma tentação que sublinhamos em outras ocasiões precedentes. Em A Cidade de Deus, o bispo de Hipona é muito claro a esse respeito:

Essa opinião dos quiliastas] poderia de alguma maneira ser tolerada se admitisse que os santos obtém nesse sabá, pela presença do Senhor, algumas delicias espirituais. Pois nós também partilhamos outrora essa opinião. Mas, quando se ouve dizer que os que forem então ressuscitados se entregarão aos festins carnais mais desmedidos, nos quais haverá tanta comida e bebida que, longe de guardar uma moderação, irão mesmo além do que se poderia imaginar, então seguramente só pode haver homens carnais para acreditar em semelhantes coisas.”

Recusando-se a afiançar tais perspectivas de futuro, Agostinho adota num segundo momento uma posição próxima da de Ticônio. A encarnação do Salvador, pensa, marcou o começo dos mil anos de seu reinado terrestre (mil, aliás, podendo significar um número perfeito). Esse reinado será seguido do juízo final e do advento da cidade celeste que não terá fim. Hoje, os que seguem a lei de Cristo já ressuscitaram com ele. Eles buscam e desfrutam desde agora as coisas do alto. Todavia, esse reino do milênio está ainda “em estado de guerra” e nele se está “às voltas com o inimigo”; e será assim “até chegar-se àquele reino “e de toda paz onde reinar-se-á sem inimigo”.” Não obstante, “desde agora a Igreja é o reino de Cristo”. Agostinho portanto recusa doravante entender os mil anos mencionados pelo Apocalipse “num sentido carnal”. Observando que João, “à maneira dos profetas”, misturou sentido próprio e expressões figuradas, ele assegura que “um espírito atento e tranquilo” deve poder “chegar ao sentido espiritual por úteis e salutares esforços”. O sentido literal só pode ser o quinhão da “preguiça carnal” e de “inteligências incultas e não exercitadas” “

A posição final de santo Agostinho e sua rejeição do milenarismo durante os primeiros séculos da Igreja só se compreendem no interior de um debate mais vasto entre inspiração e instituição. Os que colocavam a primeira antes da segunda privilegiavam a profecia, a espera próxima do fim e o desprezo da existência presente. Eles se preparavam para o martírio, que em breve seria seguido pelo reinado dos santos numa terra regenerada. Os segundos, ao contrário e sobretudo a partir da “paz da Igreja” de 313 que marcou o fim das perseguições, viam a instituição eclesiástica instalar-se no tempo e consolidar suas estruturas para adaptar-se à nova situação. A hierarquia, agora escorada pelo poder imperial, passou a suspeitar dos anúncios escatológicos dificilmente controláveis que só podiam desestabilizar os fiéis e debilitar a autoridade do magistério. Em 1874, Frédéric de Rougemont, um teólogo suíço resolutamente milenarista, escreverá em Les deux cités [As duas cidades]:

Ao repudiar sua fé primeira no reinado de mil anos. [Agostinho) causou à Igreja um mal incalculável. Ele sancionou com a imensa autoridade de seu nome um erro que a privava de seu ideal terrestre e que acabou por mergulhar as nações cristãs num desespero ao qual o socialismo quer arrancá-las à sua maneira.”

Deixemos a seu autor a responsabilidade dessa visão histórica. Mas é verdade que a partir de Agostinho o milenarismo é marginalizado na Igreja. No concílio de Éfeso, em 431, fala-se das “divagações e dogmas fabulosos do infeliz Apolinário”, um quiliasta da época. Essa marginalização crescente não impede ao asceta Comodiano, originário de Gaza e instalado nas margens do Ródano por volta de 450, predizer que os godos vão destruir Roma e exterminar todos os ímpios para dar lugar a Cristo e às dez tribos dispersas de Israel. Estas vivem agora escondidas num lugar secreto, mas reaparecerão para libertar a terra.
Então, retornada a paz e suprimidos os males, o rei justo e vitorioso submeterá os vivos e os mortos a um julgamento terrível e colocará todos os povos pagãos sob o jugo dos sobreviventes; aos justos falecidos ele concederá a paz eterna, reinará com eles nesta terra e fundará a cidade santa. E esse reinado dos justos durará mil anos. As estrelas brilharão com mais intensidade e a lua não conhecerá declínio. Então a chuva descerá sobre a terra dia e noite como uma bênção, e a terra produzirá todos os seus frutos sem labor humano,”

Opondo-se a essa literatura profética, no final do século v, o célebre decreto de Gelásio, que distingue os escritos canônicos e os apócrifos, mantém o Apocalipse entre os primeiros mas lança a suspeita sobre os escritos milenaristas de Tertuliano, Lactâncio, Comodiano de Gaza e Vitorino de Pettau, que haviam interpretado de forma literal o “livro das Revelações”. A recusa pelas autoridades da Igreja de uma leitura literal do capítulo 20 do Apocalipse talvez explique por que a iconografia consagrada ao curso do tempo no “livro das Revelações” omitiu na maioria das vezes a evocação dos mil anos do reinado terrestre de Cristo. Essa ausência é muito significativa. A Igreja oficial apagou o anúncio desse reinado.

26/01/2023

SEPARAÇÃO DA IGREJA E ESTADO, UMA CIVILIZAÇÃO EM DECADÊNCIA

Para entender melhor o desenvolvimento da questão da laicidade, deve-se observar o desenvolvimento do protestantismo. É na “doutrina dos dois reinos” que Lutero expõe sua visão sobre o Estado. Nela, Deus teria estabelecido dois tipos de governo entre os homens: o espiritual (representando a mão direita de Deus), que usa a Palavra para que os homens se tornem bons, e o secular (a mão esquerda), que faz uso da espada com esse mesmo objetivo.

Dessa forma, o Estado tinha, na visão de Lutero, origem divina, e teria sido instituído para preservar a ordem e a paz no mundo, reprimindo os que prejudicam a sua conquista. Fischer afirma que, para Lutero, à autoridade secular, representada pela espada, cabe o poder político com o objetivo de garantir o convívio pacífico das pessoas na sociedade e o bem estar terreno, entendendo-se que “onde tal poder está sendo exercido, há Estado” (1996, p.118).

Essa caracterização do Estado como uma instituição divina não o tornava dependente do poder da Igreja; entre Igreja e Estado haveria uma linha de continuidade, não na sua origem, mas na sua finalidade (Cesca, 1998, p.66). Contudo, é importante ressaltar que, apesar de Lutero sugerir competências distintas para Igreja e Estado, ele não os teria separado como instâncias autônomas. O Estado limitava e regulamentava a Igreja enquanto instituição social e esta proclamava a vontade de Deus àquele. O Estado, portanto, era cristão e Lutero não pensava em uma secularização do âmbito político. Mas essa ideia cresceu, recebeu influência dos humanistas e poder dos príncipes, pode-se perceber que esse momento de rompimento na cristandade favoreceu ao surgimento do Estado laico como conhecemos.

Para Lutero o reino da mão esquerda não devia intrometer-se nos negócios da igreja. Sua função específica era fornecer justiça, ordem e tranquilidade à sociedade. [...] Não devemos confundir a distinção de Lutero entre os dois reinos com a separação moderna entre igreja e Estado. Para Lutero, os dois reinos pressupunham e reforçavam um ao outro [...]. (GEORGE, 1993, P.100)
Agora vamos entender como a maçonaria desenvolveu essa trama de forma ardilosa.
A Constituição de Anderson foi publicada pela primeira vez no ano de 1723 em Londres. Ela determina que o Maçom não deva aceitar de maneira imposta a religião do País, qualquer que seja, devendo guardar a sua opinião para si mesmo. De maneira tímida, convenhamos, está o germe de uma grande ideia sonhada e conquistada pelos Maçons: a criação de um Estado laico. A Constituição de Anderson é o que regula os Francos-Maçons desde 1723 – este é o principal documento e a base legal da Maçonaria Especulativa e que aos poucos foi substituindo os preceitos tradicionais que até então regulavam as atividades da Maçonaria Operativa.
O momento histórico de criação da Maçonaria moderna coincide com o que Hobsbawn chamou de período rico em “invenção de tradições”. Se foi intenção do autor dizer que essas tradições tenham sido artificialmente inventadas, sim! Ele acertou. Vejamos o autor:
Provavelmente não há lugar nem tempo investigados pelos historiadores onde não haja ocorrido a ‘invenção’ de tradições nesse sentido. Contudo, espera-se que ocorra com mais freqüência: quando uma transformação rápida da sociedade debilita ou destrói os padrões sociais para os quais as ‘velhas’ tradições foram feitas, produzindo novos padrões com os quais essas tradições, juntamente com seus promotores e divulgadores institucionais, dão mostras de haver perdido grande parte da capacidade de adaptação e da flexibilidade; ou quando são eliminadas de outras formas. Em suma, inventam-se novas tradições quando ocorrem transformações suficientemente amplas e rápidas tanto do lado da demanda quanto da oferta. (HOBSBAWN E RANGER, 1984:12).

A laicidade é uma dessas invenções da maçonaria. Em nome da laicidade do Estado são propostas as leis mais absurdas e contrárias à moral católica, como o chamado “casamento” homossexual, o ab**to, a eutanásia. Em consequência, a sociedade entrega-se de modo crescente à dissolução dos costumes, aos vícios, à corrupção e ao crime, na amoralidade mais vergonhosa.

Por que a separação Estado/Igreja tem consequências ruins? Porque na realidade, por trás da escolha entre união ou separação, encontram-se duas concepções de vida. Daí a utilidade de examinarmos a questão sob o ponto de vista da doutrina católica, sobretudo depois de um século em que tanta coisa mudou fora e mesmo dentro da Igreja.

O regime de união entre Igreja e Estado foi muito mais comum do que se imagina. A bem dizer, foi a regra geral na Cristandade. Em nossos dias, de tal modo generalizou-se a separação, que até muitos católicos a consideram normal.

Entretanto, o regime de separação habitua os homens a um estilo de vida que, a prazo menor ou maior, produz um dano gravíssimo, como bem alertaram os bispos italianos em pastoral coletiva às vésperas do Concílio Vaticano II. Esse dano leva o Estado laico a nos colocar “frente a uma concepção puramente naturalista da vida, na qual os valores religiosos ou são explicitamente recusados ou são relegados ao recinto fechado das consciências e à mística penumbra dos templos, sem nenhum direito a penetrar e a influenciar a vida pública do homem”.(1)

Ora, como bem adverte Pio XI com base em Santo Agostinho, os homens não estão menos submetidos à autoridade de Cristo em sua vida coletiva do que em sua vida privada, pois a sociedade não é senão um conjunto de indivíduos.(2)

Tal concepção produz consequências terríveis. Já em 1956, Mons. Angelo Dell’Acqua, substituto da Secretaria de Estado (cargo equivalente ao atual Secretário de Estado), considerava “amortecido ou quase perdido na sociedade moderna o sentir da Igreja, [...] em consequência do agnosticismo religioso dos Estados”.(3)

Note-se que perder o sentir da Igreja não é muito diferente de perder a fé. Pode então o católico tolerar o triunfo do laicismo agnóstico na vida pública?

Não parece ser este o pensamento do Papa atual, pois ainda recentemente Bento XVI deixou claro que “a tolerância — que, por assim dizer, admite Deus como uma opinião privada, mas Lhe recusa o domínio público, a realidade do mundo e nossa vida — não é tolerância, mas hipocrisia”.(4)

Para entender o tão aclamado Estado laico, devemos primeiro entender que, para uma medida tão grave era bom lograr a opinião pública e fazê-la acreditar que os erros estavam do lado do adversário. Neste caso o lado errado deveria ser à Igreja e o correto a república.
Pois, iremos conhecer os odiosos meios que foram adotados. Um historiador, que de modo nenhum está disposto a ver a intervenção divina nos acontecimentos humanos, caracterizou assim a missão da França no mundo “Com a conversão de Clóvis a nação dos francos e da Gália tornou-se o centro de catolicismo, e, por isso, da civilização. Como isto se passou? O Papa Estêvão o disse pelo papel que a aceitou desde suas origens, de ser a defensora da Santa Sé Numa carta escrita a Pepino, ele assim faz falar o apóstolo São Pedro: “Segundo a promessa recebida de Nosso Senhor e Redentor, distingo o povo dos francos dentre todas as nações. Emprestai aos romanos (aos Papas) o apoio de vossas forças, a fim de que eu, Pedro, vos cubra com minha proteção neste e no outro mundo”.

A França era ainda fiel a essa missão no século XIX; ela restabeleceu Pio IX no trono e montava guarda junto dele. A seita anticristã dos maçons sofria isso com tremor. Ela exigiu de Napoleão que retirasse de Roma a bandeira francesa, a fim de que o Piemonte pudesse entrar. A Europa não consentiu completamente com esse crime, mantendo seus embaixadores junto ao Papa e conservando assim sua posição entre os soberanos. De sua parte, os Papas Pio IX, Leão XIII e Pio X não cessaram de protestar, e, com isso, de impedir que a prescrição pudesse acontecer. Os Papas mantiveram assim o direito por inteiro.

Os chefes de Estado católicos tornaram lei para eles não visitar, em Roma, o rei da Itália, a fim de não parecerem, aos olhos dos povos, reconhecer a soberania que os príncipes de Savoia se atribuíram ilegitimamente. Os soberanos da Áustria, Espanha, Portugal, Saxe, Baviera, Bélgica, com esse objetivo, proibiram-se mesmo as visitas de família a Roma sem caráter político, a fim de não se colocarem na obrigação moral de saudar o usurpador. Os imperadores e os reis das nações cismáticas, quando iam a Roma, manifestavam a mesma vontade de salvaguardar, eles também, os direitos da Santa Sé. Devendo ser admitidos a apresentar suas homenagens ao Papa, eles recorreram a esta combinação: fixavam domicílio nas embaixadas deles, que faziam parte do território de suas nações, e, daí, iam ao Vaticano, frequentemente em conduções que tinham feito vir diretamente de seus países, fazendo assim ao Papa-Rei uma visita na qual professavam ignorar a presença do usurpador em Roma.

A seita Maçônica suportava isso impacientemente. Ela resolveu por um fim a isso, e para tanto se servir do Presidente da República francesa. Encontrou nisso Três vantagens: fazer: com que a França acabasse por repudiar seu papel providencial: que o Papado perdesse o último vestígio de sua soberania, e que a República tivesse um pretexto para sua lei de separação. Porque ela pensava com razão que o Papa não deixaria passar uma tal injuria sem protesto, e ela se armaria com esse protesto para motivar uma estrepitosa separação. O cenário foi armado ponto por ponto até chegarmos no cenário atual.
Notas:

1. Episcopado Italiano, Il Laicismo – Pastoral coletiva dirigida ao Clero da Itália em 25 de março de 1960; Catolicismo nº 116, agosto de 1960, reproduz os principais tópicos desse documento.

2. Cf. Encíclica Quas Primas, de 11-12-1925, nº 13.

3. Mons. Angelo Dell’Aqua, citado por Plinio Corrêa de Oliveira, in Revolução e Contra-Revolução, Catolicismo nº 100, abril de 1959, Introdução.

4. Homilia feita na Basílica de São Pedro, em 2-10-2005, por ocasião da abertura da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

HOBSBAWN. Eric e RANGER, Terence. (Orgs.) A Invenção das Tradições. Tradução de Celina Cardim Cavalcante. São Paulo: Paz e Terra, 1984.

21/01/2023

UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA CONFISSÃO

SOIS “ATRITO” OU “CONTRITO”?

Todas as cronologias destinadas aos alunos dos ensinos religiosos e até mesmo de outras áreas como história, sociologia e psicologia, essas deveriam dar um forte destaque à decisão do concilio de Latrão IV (1215) que tornou a confissão anual obrigatória.

A generalização dessa que vou nomear de coação para uma análise puramente histórica, já estava em vigor antes em várias dioceses, modificou a vida religiosa e psicológica dos homens e das mulheres do Ocidente, e pesou enormemente sobre as mentalidades até a Reforma nos países protestantes e até o século XX naqueles que permaneceram católicos. A deserção atual dos confessionários no interior do espaço católico ajuda, por subtração, a avaliar o lugar ocupado outrora na vida cotidiana pelo "sacramento de penitência". Mais uma vez verifica-se a exatidão da fórmula célebre de Lucien Febvre: "A história é filha de seu tempo". O recuo da confissão deixa doravante a descoberto uma vasta praia que os historiadores de hoje, muito logicamente, põem-se a prospectar para o maior proveito de nosso conhecimento do passado.

Os ásperos e longos debates, que nos parecem antiquados, sobre a atrição e a contrição, a avaliação dos pecados, o adiamento de absolvição, a moral dos casuístas (atacada sem nuance por Arnauld e Pascal), as opiniões “prováveis” ou “mais prováveis”, deveram sua extraordinária importância – uma importância que é um fato de história às incidências – que tinham concretamente sobre a vida religiosa de cada um. Não era indiferente para o católico de outrora ter diante de si, no claro-escuro do confessionário, um padre rigorista ou indulgente. Seu conforto psíquico, sua vida de relações, seus comportamentos cotidianos podiam ser modificados pelas maiores ou menores exigências daquele que a Igreja lhe designava ao mesmo tempo como “pai”, como “médico” e como “juiz”.

O gigantesco corpus documentário de que dispomos sobre a confissão, pelo menos antes do século XIX, comporta no entanto uma grande fraqueza. Provém de mãos clericals. Ele exprimia uma vontade normativa. Durante muito tempo, em contrapartida, os fiéis pouco chegaram a exprimir o que sentiam realmente ao se confessar, com exceção do momento da revolta protestante, quando os reformadores tornaram pública uma contestação até então oculta na maioria das vezes. Compete-nos portanto tentar uma leitura em segundo grau dessa literatura eclesiástica, ou seja, adivinhar através dela as atitudes dos confessores e dos penitentes. Em se tratando destes últimos, é revelador que Carlos Borromeu tenha escrito em suas Instruções aos confessores: "Na maioria das vezes se é muito negligente em fazer as confissões como se deve [...], de sorte que se confessa antes por um certo costume do que por um conhecimento que se tenha de seus pecados, e por um desejo de emendar-se" ( Carlos Borromeu, Instructions aux confesseurs de sa ville et de son diocè se, Paris, 1665. Aqui, p. 31). Cabe-nos assim restituir uma prática a partir de um discurso que se queria teórico. Veremos no costume que um tal empreendimento é possível e mesmo rico de ensinamentos. Foi a reticência tenaz do público à confissão detalhada que levou à elaboração de uma pastoral da confissão em que a ameaça era constantemente contrabalançada pelo encorajamento; a severidade, pela ternura; a punição, pelo perdão. Uma precisão impõe-se desde o início, que nem sempre é fornecida pelas obras especializadas. Os textos do concílio de Trento são, em certa medida, contraditórios sobre a obrigação da confissão anual. Latrão IV (constituição 21) havia estatuído que "todos os fiéis, de ambos os sexos, chegados à idade de discernimento" deviam confessar "todos os seus pecados [...] ao menos uma vez por ano". No documento "doutrinal" sobre a confissão, os padres de Trento foram menos categóricos. Só tornaram obrigatória a confissão (ao padre) de "todos os pecados mortais".

Quanto aos pecados veniais que não excluem a graça de Deus e nos quais caímos com frequência (ainda que sua confissão seja útil), eles podem ser omitidos sem falta e expiados por muitos outros remédios [...]. Nada mais na Igreja pode ser exigido do penitente [...], senão que confesse os pecados pelos quais se lembre de ter ofendido mortalmente seu Deus e Senhor (seção xvi, cap. v).
Em troca, o cânone 8 declara:

Se alguém afirma que a confissão de todos os pecados, tal como a Igreja o observa, é impossível [...], ou que os fiéis de ambos os sexos, todos e cada um, não são a ela obrigados uma vez por ano, segundo a prescrição do grande concilio de Latrão [...]. que ele seja excomungado. (A. Duval, “Le concile de Trente et la confession”, em Maison-Dieu, n: 118, 1974, pp. 131-80).

Os casuístas dos séculos XVII-XIX ficaram embaraçados com a defasagem entre o enunciado dogmático retomado pelo Catecismo romano de 15664 (“Pode-se sem pecado não confessar pecados veniais”) e o decreto de aplicação. Na verdade, a prática foi a da confissão obrigatória dos pecados, mesmo veniais. A exegese corrente que concilia os dois textos tridentinos pode ser assim resumida:
“O preceito da confissão anual só vale, em sentido estrito, para os pecados mortais, mas de todo modo é preferível apresentar-se ao padre, ao menos uma vez por ano, por temor de causar escândalo e a fim de declarar que não nos sentimos culpados de algum pecado mortal”.¹

A confissão foi uma coação sob múltiplos aspectos, a princípio pesada para os próprios confessores. “A ação que fazeis é penosa [admite são João Eudes, em 1644] mas deveis vos lembrar que muito custou a vosso Redentor resgatar as almas.”²

Referência bibliográfica

DELEMEAU. Jean, A Confissão e o perdão.

1- Cr. Th. Gousset, Théologie morale à l'usage des curés et confesseurs, 11,Paris, 1844, p. 254.

2- Jean Eudes, Le bon confesseur ou avertissement aux confesseurs contenans les qualitez que doivent avoir tous les confesseurs specialement les missionnairer, 1 ed., 1644. Ed. consultada: Lyon, 1669, p. 16.

Continua

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Uma igreja vivendo pelo propósito do Reino!

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Somos uma igreja que tem o anseio de viver nos moldes da igreja primitiva. Pregando Jesus Cristo crucificado e ressurreto e a sã doutrina dos apóstolos. A igreja Atos Hoje deseja ...

Ile Asé Thaueji Omi Ile Asé Thaueji Omi
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Centro Religioso dirigido por Emmanuel Gomes

Metodista Bonsucesso RJ Metodista Bonsucesso RJ
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Terça 9h Reunião para oração 9h40 Discipulado. Quinta 19h30 Escola de Líderes Domingo 8h30 Consagração 9h Culto de Adoração 10h45 Escola Dominical 18h Culto da Família Somos uma...

Assembleia de Deus no Jacaré - Ministério de Madureira Assembleia de Deus no Jacaré - Ministério de Madureira
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Coniel-RJ Convenção Nacional das Igrejas E Líderes Coniel-RJ Convenção Nacional das Igrejas E Líderes
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Projeto da IEQ RIO destinado a levantar e equipar jovens para responderem ao chamado ministerial, continuando a história de avivamento neste lugar.

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