Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá - Cultura Religiosa

O SILENCIOSO CONTAR DAS FOLHAS.

Dias há em que as folhas cantam. Noutros, contam histórias em silêncio.
Ele chegou com o silêncio de seu Pai. Sem alarde, somente o leve soar dos guizos anunciando sua presença. Também, com o silêncio que o àfòmó abraça as árvores, instalou-se em nossos corações e passou a integrar nossas vidas.
Como no mito, chegou com feridas, dolorido, alquebrado na fé. Yemọja o acolheu e dele cuidou. Renovou-o. E ele a todos nós.
O amargor das decepções passadas transformou-se em entrega plena, em generosidade e grandeza, como o milho se transforma em gbúgbúrú através do calor. Ọmọlu foi refeito, Ọmọlu o refez. Desta vez, trouxe-lhe o orúkọ de Iji Olóore, o Benfeitor. Também em silêncio, Ọmọlu curou-nos, ensinando que as adversidades da vida se curam com o tempo, fé e devoção. Atótóo!
Recebeu o posto de Bàbálòsanyìn do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá. Zeloso e ciumentíssimo - não negava e, mesmo, afirmava isso - não permitia que nenhuma folha fosse tocada, quanto menos retirada, sem sua presença, sem passar por suas mãos. Agrônomo de formação, irritava-se bastante comigo quando eu queimava o mato seco: "pai-de-santo adora uma fogueira, que ódio que me dá"! Ameaçava dar queixa de mim, sabe-se lá a que santo...
Marcelo Lindenmeyer era meu amigo desde os áureos tempos do Orkut, há 20 anos. Por metade desse tempo, Ọmọlu o colocou sob meus cuidados de sacerdote. Afirmava sempre que Ọmọlu não o deixaria sofrer, quando chegasse a hora de partir. O Pai ouviu seu pedido. Passou para levá-lo no dia 04 deste mês. Abraçou seu filho antes da parada cardíaca, literalmente, não permitindo sequer que ele tivesse dor. Estivemos com ele minutos antes, eu e um dos filhos de quem era Ojúgbọ̀nà. Restou um corpo inerte que, nos 3 dias que se seguiram, foi mantido reanimado por procedimentos médicos e pela esperança de todos. Todos incrédulos.
Ontem, 7/7, a terra acolheu e cobriu-lhe o corpo, após cumpridos os indispensáveis rituais, seguidos dos cânticos que nos relembram a fragilidade da vida, que começa e termina com um sopro.
Morte não é oposto de vida, mas de nascimento! Vida é tudo aquilo entre esses dois momentos. Existência é tudo isso e mais além. Mais o além! Os iniciados no mistério não morrem com o corpo físico, não desaparecem. Renascem e perduram existindo no além.
As folhas não cantam nos próximos dias. Silenciaram em respeito. Mais adiante voltarão a sussurar, aos poucos, contando histórias. Nossa história!

"Nós não somos.
Nós estamos sendo.
Pare de querer ser rocha.
Aceite ser rio."
(Alejandro Jodorowsky)

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia.
E, se não ousarmos fazê-la, teremos f**ado para sempre à margem de nós mesmos."
(Fernando Teixeira de Andrade)

Vivenciamos uma época de transformações jamais imaginadas, trazidas pelo avanço exponencial da tecnologia. Assim como o presente não é uma mera imitação do passado, o futuro também não deve se tornar a simples repetição do presente, no Candomblé. Especialmente, deste presente que aí está, de exposição desnecessária sem qualquer conteúdo da essência da prática religiosa, de visibilidade desmedida e competitiva em busca de seguidores virtuais e clientela afoita de informações inócuas, pseudo verdades e saberes momentâneas.
Carecemos, urgentemente, de continuidade, não apenas de continuação. De reprodução, em vez de imitação. De legado ancestral idôneo transmitido por sucessores, ao contrário de um amontoado de sandices reinventadas, vendidas ao bel prazer do oportunismo.

"O que aí está a apodrecer a Vida, quando muito é estrume para o Futuro!
O que aí está não pode durar, porque não é nada!"
(Álvaro de Campos - Ultimatum)

O ẹgbẹ́ do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá, por intermédio do bàbálórìṣà Geraldo de Yemọja, convida para a cerimônia pública dedicada a Ọ̀ṣàlá e a Òṣàgiyán, pelo encerramento do ciclo das Águas de Ọ̀ṣàlá - Àwọn Omi Ọ̀ṣàlá - a ser realizada em 30 de março de 2024, a partir de as 18h.
É indispensável o uso de trajes brancos.

Àgbà mi, ẹ́gbọn mi, "filhos da mesma mãe" - como ela mesmo diz, embora eu a considere como a mais própria e viva representação de Yemọja!
Que possamos nos abraçar ainda por muitos anos, com saúde e lucidez! Que Yemọja a conseve de pé, viva e presente a todos os filhos Dela e seus, enquanto o emi sagrado habitar seu corpo.
Só para dizer que a amo. E a tenho em carinho imenso!
Obrigado por sempre acolher a mim e aos meus.
Mo tẹrí ba fún wíwà tí ó wà! Eu me curvo a sua existência.

O ẹgbẹ́ do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá, por intermédio do bàbálórìṣà Geraldo de Yemọja, informa o calendário do Ciclo Religioso das festividades públicas do primeiro semestre de 2024, convidando irmãos, amigos e simpatizantes.

Os de visão estreita se dedicarão a buscar as diferenças e a ressaltá-las, buscando deslegitimar o culto ao orixá que aqui se pratica nas casas tradicionais, para angariar clientela àquilo que mercantilizam como "verdade única".

Os de pensamento amplo, notarão as semelhanças e, emocionados, louvarão seus ancestrais que, com tamanhas sabedoria e resiliência, mantiveram o culto e deixaram um legado de conhecimento e de fé.

O ẹgbẹ́ do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá deseja aos nossos amigos seguidores que as festividades de fim de ano sejam de harmonia, alegrias e comunhão. E que 2024 possa trazer novas e boas oportunidades de prosperidade e de realizações.
Nosso carinho a todos.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Matheus Leite , de Oxaguian, ìyàwó da Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 09/11.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Stella de Oxumarê, ìyàwó da Casa de Yemọja pela passagem do seu primeiro odun, hoje, 17/07.
Que os orixás a abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Luis Claudio de Oxóssi, ogã na Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 17/07.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Fabio de Ogun, ìyàwó da Casa de Yemọja pela passagem do seu primeiro odun, hoje, 15/07.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Milclei de Oxalá, ìyàwó da Casa de Yemọja pela passagem do seu primeiro odun, hoje, 15/07.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Rubens de Oxalá, ogã na Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 14/07.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita sua filha, nossa querida Melissa de Yemọja, ìyàwó da Casa de Yemọja, pela passagem do seu odun dia 13/07. Sua dedicação aos orixás é inspiradora. Que nossos deuses conservem sua fé e sua alegria, preenchendo o terreiro e nossas vidas. E que seu orí lhe dê bons caminhos e direcione a boas decisões.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Francisco de Aganju, ogã da Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 12/07.
Que os orixás o abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Marcia de Yemọja, ajoie e Ìyá Toju Iji da Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 12/07.
Que os orixás a abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Jussara de Oxossi, nossa querida tia Jussara, Egbon e agbá na Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 16/06.
São 42 anos de dedicação e amor aos orixás.
Nossa casa deseja que os orixás a abençoem e sua caminhada continue feliz e próspera.

No Ilé Àṣẹ Òpó Àfọ̀njá - RJ, , em 08/6/2023, com filhos, junto às duas grandes queridas, Ìyá Regina e Ìyá Rose Mary, celebrando não só Oxossi, mas a alegria do reencontro, a fraternidade e o respeito a todos os que nos antecederam. O abraço é a oportunidade de unir corações, fazendo com que batam juntos!

Casa em que foi iniciado meu avô, Reinaldo Carvalho, Aira Dewe, pelas mãos de Ìyá Agripina, Obá Deyi, onde também veio a tirar sua primeira iaô, Ilka de Oyá, Oyá Omilare, em 1962, no mesmo barco em que Ìyá Agripina iniciou tio Joaquim de Omolu e tia Dinorá de Oxossi, orixá que muito me emociona e a quem, ontem, pude abraçar, ofertar flores e apresentar meu primeiro filho de Oxossi.

Ilka de Oyá era filha carnal de tia Dulce de Oxum, Oxum Obatode, irmã de santo de meu avô, cujo igbá ficou por muito tempo em casa de minha Ìyá Palmira, que presenteou a Casa de Yemoja, o Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá, com objetos pertencentes àquela Oxum.

No candomblé nada se esvai, porque o axé se perpetua de geração a geração, desde sempre para o sempre!

"Os gênios nacionais não são de geração espontânea. Eles nascem porque um amontoado de sacrifício humanos anteriores lhes preparou a altitude necessária de onde podem descortinar e revelar uma nação." (Carta de Mário de Andrade para Carlos Drummond)

Babalorixá Geraldo de Yemọja

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Adriana de Yemọja, Mayè da Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 27/05.
Que os orixás a abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

Hoje é dia de festa em nossa casa

É com satisfação e muita alegria que celebramos hoje, 30/04, os 30 anos de iniciação de nosso sacerdote e amigo, Geraldo de Yemoja.
São 30 anos de amor, fé e dedicação ao orixá.

Nós, seus filhos, desejamos que os orixás lhe abençoem com vida longa, saúde, prosperidade e elevação.

Que seu Ori continue lhe dando lucidez, sabedoria, discernimento e boas escolhas.
Que Yemoja e Aira lhe protejam.

Todos os orixás estão dançando em sua homenagem no dia de hoje.
A sua benção.
Por hoje e todos os dias.

Seus filhos do Ile Ìyá Ògùn Opo Aira.

O egbé do Ilé Ìyá Ògùn Òpó Airá felicita Máuria de Yemọja, Iyakekere da Casa de Yemọja pela passagem do seu odun, hoje, 15/04.
Que os orixás a abençoem e sua caminhada seja feliz e próspera.

DIVULGAÇÃO:
Curso Mitologias Africanas, com Hippolyte Brice Sogbossi.

Atividade On-line realizada através da plataforma Microsoft Teams

A atividade será ministrada por ​Hippolyte Brice Sogbossi, brasileiro naturalizado, beninense de nascença, professor Titular de Antropologia na Universidade Federal de Sergipe, com graduação em Letras e doutorado em Ciências Filológicas pela Universidade de Havana e mestrado e doutorado em Antropologia pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.​

O curso divide-se em dois blocos.
Módulo 1: Mitologia Adja-fon, que tratará de tudo aquilo relacionado com a chamada mitologia Jeje do candomblé brasileiro, considerando aspectos históricos, geográficos e linguísticos da religião em ambos os lados do Atlântico, com ênfase no vodum beninense.
Módulo 2: Mitologia Nagô-Yoruba, que a partir da mitologia dos yoruba-falantes do Golfo do Benim busca entender as suas ressonâncias deste lado do Atlântico.

Programação | CAIXA Cultural