Mirian Goldenberg
Escolas/colégios nas proximidades
21.220-390
Página da antropóloga Mirian Goldenberg, com textos e discussões sobre gênero, corpo, envelhecimento, casamento, família, sexualidade e infidelidade.
SOBRE TAPAS, LOUCURAS E SACRIFÍCIOS QUE FAZEMOS EM NOME DO AMOR
VOCÊ JÁ FOI INFELIZ E NÃO CONSEGUIU SE SEPARAR DE UM GRANDE AMOR?
Há alguns anos, estava querendo me divorciar do meu ex-marido, mas sem coragem pois não encontrava um motivo concreto para a separação. Eu me sentia infeliz, apesar do meu ex ser um companheiro apaixonado, fiel, inteligente, sério e sincero. Fui ao meu analista com uma folha onde escrevi um balanço do meu casamento. De um lado, as coisas boas: amor, companheirismo, fidelidade, confiança, amizade, admiração e respeito. De outro, coisas ruins: brigas, implicâncias, chatices, irritações, discussões por bobagens, falta de escuta, de diálogo, de compreensão e de intimidade.
Antes de eu ler a minha listinha, o psicanalista pegou a folha de papel da minha mão, rasgou em pedacinhos e disse simplesmente: “Acabou!”.
“Será que acabou mesmo?”, tentei dizer apontando as coisas boas. Ele me interrompeu: “Acabou!”.
Conto esse caso para refletir sobre as razões de casamentos que pareciam perfeitos terem terminado na pandemia. Quando escuto casais reclamando de relações doentias, tóxicas e abusivas, de traições, mentiras, deslealdades, violências físicas, psicológicas e verbais, percebo que tive muita sorte por ter tido maridos e namorados que me ensinaram a amar e ser amada. Mas, em função das nossas incompatibilidades e brigas constantes, meu ex não fazia bem para mim e eu também não fazia bem a ele, apesar de ele nunca ter admitido isso.
Hoje meu ex está muito mais feliz com uma mulher que combina com ele e que deve gostar do seu jeito falante e sociável. Eu estou mais feliz com um amor que sabe respeitar o meu jeitinho “bicho do mato” e minha necessidade de silêncio, quietude e solidão.
Só agora, na maturidade, descobri um amor tranquilo e gostoso, que sabe me fazer rir e adora rir das minhas palhaçadas, que me ama exatamente do jeito que eu sou e que não tenta me mudar. Confesso que ele também reclama que trabalho demais e que sou “pouco sociável”, mas, pelo menos até hoje, isso não tem sido um obstáculo para a nossa felicidade. Aprendi a cantar, como Tom Jobim e Vinicius de Moraes, “bom é mesmo amar em paz. Brigas nunca mais”.
Opinião - Mirian Goldenberg: Incompatibilidade de gênios é motivo para o divórcio? O que fazer quando existe amor e os dois estão frustrados e insatisfeitos?
VOCÊ TAMBÉM SE SENTE INVISÍVEL, ESQUECIDA, APAGADA E SEM RECONHECIMENTO?
Sempre fico indignada com o fato de que muitas pessoas se referirem à Berta G. Ribeiro como “a mulher de Darcy Ribeiro”. Já ouvi inúmeras vezes que era Berta quem fazia as pesquisas para Darcy Ribeiro, realizando o “trabalho duro” de coletar os dados, organizar, classif**ar e até mesmo de escrever muitas das suas ideias brilhantes.
Berta nunca foi uma mera assessora, auxiliar, secretária ou datilógrafa de Darcy, como muitos acreditavam. Berta foi uma antropóloga dedicadíssima e uma militante apaixonada da causa indígena. Sua obra é uma referência para pesquisadores e estudiosos das áreas de museologia e antropologia em todo o mundo, sendo considerada uma das maiores autoridades em cultura material dos povos indígenas do Brasil.
Nos anos 1980 e 1990, estive muitas vezes com Berta e tive o privilégio de apreciar o seu rico acervo de peças indígenas cuidadosamente armazenadas em seu apartamento em Copacabana. Também acompanhei de perto a sua militância incansável pelos povos indígenas.
Foi Berta quem escreveu a carta de recomendação quando participei da seleção para o doutorado no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1987.
O que será que Berta escreveu? Nunca foi saber, pois a carta deve ter sido queimada no trágico incêndio do Museu Nacional em 2018.
Lembro que estive com Berta, duas ou três vezes, na casa de Darcy Ribeiro. Eles me pareciam ser o oposto um do outro: Darcy falando rapidamente e ininterruptamente, inquieto, ansioso, exuberante, brilhante, vibrante. Berta sempre tranquila, serena, quieta, discreta, observando e escutando muito mais do que falando, quase invisível. Esta é a imagem que ficou gravada na minha memória: Darcy, um antropólogo para fora; Berta, uma antropóloga para dentro.
Berta fez da sua militância apaixonada pelos índios a razão da sua vida, como ela mesma dizia: “Não tenho família, nem marido, nem filhos. Sou sozinha. Só tenho mesmo meu trabalho com os índios. Devo a eles o que sou.”
Para mim, Berta nunca foi “a mulher de Darcy Ribeiro”. Afinal, ela já era Berta G. Ribeiro quando a conheci, uma importante antropóloga e grande referência na militância indigenista. Ou melhor, ela era simplesmente Berta.
Opinião - Mirian Goldenberg: Berta G. Ribeiro: muito mais do que a mulher de Darcy Ribeiro A antropóloga era dedicadíssima e uma militante apaixonada da causa indígena
VOCÊ JÁ APRENDEU A ARTE ESCUTAR BONITO?
Desde que a pandemia começou, tive (e continuo tendo) várias fases de depressão, pânico, ansiedade, desespero, tristeza e desesperança. Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.
Viktor Frankl me desafiou a construir uma vida com signif**ado. Apesar das circunstâncias dramáticas, ninguém pode destruir a liberdade que temos de escolher a melhor atitude para enfrentar o sofrimento inevitável. Epicteto me mostrou que a nossa felicidade e liberdade começam com a compreensão de um princípio básico: algumas coisas estão sob nosso controle e outras não. Devemos sempre fazer o máximo e o melhor que estiver ao nosso alcance. Cada obstáculo pode ser encarado como uma oportunidade para descobrirmos a nossa coragem desconhecida e para encontrarmos o nosso potencial escondido. As provações que suportamos podem revelar quais são as nossas forças e fraquezas.
Clarice Lispector me mostrou que os nossos piores defeitos podem estar sustentando o edifício inteiro. Ao aceitar as nossas limitações, em vez de lutar contra elas, nos tornamos livres.
Rubem Alves me revelou que ostras felizes não fazem pérolas: é a ostra triste que, para se proteger do grão de areia que machuca, produz as mais belas pérolas. Ele também me ensinou “a arte de escutar bonito”, uma arte que só valorizamos em meio ao sofrimento, dor e angústia existencial. Caio Fernando Abreu me presenteou com o meu mantra pandêmico: “Um amigo me chamou para cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso, e fui”. Descobri que cuidar dos meus amigos é o que mais alimenta a minha alma e o meu coração de amor, aprendizado e alegria.
Meu melhor amigo Guedes, de 98 anos, me ensinou: “Tem que ter coragem, Mirian, coragem”. Ele nunca me deixa desistir quando me sinto impotente, apavorada e sem força para continuar. Sem ele, eu não teria conseguido enfrentar a depressão, o desespero e o pânico que senti em vários momentos.
São essas pequenas epifanias que me socorrem nos momentos em que, como escreveu Clarice, eu acho que tudo o que eu faço com tanta paixão “é pouco, é muito pouco”.
Opinião - Mirian Goldenberg: A arte de escutar bonito Pequenas epifanias dos amigos e livros que salvaram a minha vida
As próprias mulheres patrulham as escolhas, comportamentos e desejos femininos, disse uma psicóloga, de 65 anos.
“Quando eu era jovem, a patrulha era: ´Não transe, seja difícil, se tr***ar não vai casar nunca, vai perder o namorado’. Paradoxalmente, fui xingada de neurótica porque casei virgem aos 25 anos. Até hoje é assim. Minha neta quer tr***ar só quando estiver apaixonada e sofre a maior patrulha das amigas. Por outro lado, ela xinga de piranha uma amiga que já transou com três garotos. Neuróticas ou piranhas? Santas ou p**as? Só existem duas opções para as mulheres?
Tenho uma cunhada metida à sexóloga. Ela quer me vender vi****ores de mais de mil reais, pode? Parece que quer impor uma ditadura do orgasmo, vive cagando regra sobre o que é certo ou errado: ‘Você tem que tr***ar. S**o é saúde. S**o é vida’. Como assim? Sem s**o estou morta? ‘Se não tr***ar vai perder o marido, ele vai procurar outra mulher que goste de tr***ar’. Ela defende tr***ar fora do casamento, fazer suingue, poliamor. Não aceita um relacionamento monogâmico, diz que fidelidade é machismo, patriarcalismo, sexismo. Repete clichês como um papagaio: tudo é culpa do machismo.
Ela me xinga de neurótica, doente e velha porque tenho mais tesão em uma boa noite de sono do que em tr***ar com o George Clooney. E xinga minha filha de piranha, p**a e ninfomaníaca, só porque ela tem 43 anos, casou e separou três vezes, e agora está namorando um rapaz de 25. É contraditório pregar a liberdade feminina e usar o imperativo ‘tem que’ tr***ar, ‘tem que’ satisfazer seu homem, ‘tem que’ ter tesão. Como algo tão individual, tão subjetivo, tão dependente do momento de vida que estamos atravessando, pode ser patrulhado por uma tirania de ‘tem que’?”.
Para a psicóloga, a cunhada também é machista, já que é autoritária, intolerante e preconceituosa com as escolhas da grande maioria das mulheres que são vítimas do machismo.
“Não é sobre s**o: é sobre liberdade. É inacreditável como muitas mulheres, apesar do discurso de liberdade, também podem ser machistas, não é mesmo?”.
Opinião - Mirian Goldenberg: O s**o das mulheres machistas Mulheres também patrulham as escolhas, comportamentos e desejos femininos
Por que Clarice agora?
“Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”, ela diria.
Talvez porque ela nasceu na Ucrânia, minha mãe na Polônia e meu pai na Romênia: no meu sangue, alma e coração corre o mesmo desespero, trauma e pânico dos judeus que vieram para o Brasil fugindo dos nazistas e fascistas.
Imersa em Clarice, encontrei uma pequena epifania:
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta o nosso edifício inteiro”.
Será que são os meus defeitos que estão sustentando o edifício inteiro?
Como Clarice, tenho “medos bobos e coragens absurdas”. Como Clarice, “tenho sido a maior dificuldade no meu caminho”, mas estou descobrindo que foi o “apesar de” que me provocou “uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida”.
Em pânico com essa guerra insana, sinto a mesma angústia de Clarice: “Eu escrevo para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida”.
Escrevo obsessivamente na busca de superar os meus próprios obstáculos e defeitos, na tentativa de corrigir os erros que eu cometi na minha ânsia de acertar sempre e, principalmente, na procura de encontrar algum sentido para a minha vida. Posso f**ar sem dormir ou comer, mas, desde os meus 16 anos, não vivi um só dia sem escrever. Escrever não é apenas o que eu faço: é o que eu sou.
Mas o que escrever quando tudo já foi dito ou é indizível? Como disse Clarice, é pouco, é muito pouco.
“O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha?... Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima. É pouco, é muito pouco”.
Procuro respostas nas perguntas de Clarice: “Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?”.
Será que os brasileiros que apoiam, defendem e se identif**am com psicopatas genocidas já se perguntaram: “Sou um monstro?”. Será que conseguem perceber que dizer que são monstros é pouco, é muito pouco?
Opinião - Mirian Goldenberg: O poder dos monstros Será que os brasileiros que apoiam e se identif**am com psicopatas genocidas já se perguntaram se são um monstro?
O número de divórcios explodiu na pandemia. Muitos casais que estou pesquisando se separaram por “incompatibilidade política e ideológica”, brigas, conflitos, traições.
Mas também encontrei casais que se sentem felizes e apaixonados. Casais que construíram uma relação com mais generosidade, reciprocidade e reconhecimento. Que não repetem aquelas frases típicas nos relacionamentos insatisfatórios: “Você não faz mais do que a sua obrigação. Você dá muito trabalho e é exigente demais. Só sabe criticar, cobrar e reclamar. Eu invisto muito mais do que você no nosso casamento. Além de não me ajudar, você ainda me atrapalha muito”. Casais que sabem “escutar bonito” e que não se cansam de dizer: “Não consigo imaginar como seria a minha vida sem você. Eu te amo, você é o amor da minha vida”.
Para uma psicóloga, de 65 anos, o mais importante no casamento são quatro Cs: confiança, carinho, cuidado e compreensão, somados a quatro Rs: respeito, reconhecimento, reciprocidade e risadas.
“Meu marido adora assistir Big Brother, Largados e Pelados, Round 6, programas que eu detesto. Mas não fico enchendo o s**o dele: fico lendo meus livros e escutando música. Mas adoramos assistir “The Voice+”. A Fafá disse que os participantes estão cheios de tesão, que eles dão uma aula de coragem e provam que estão vivos, belos e plenos em uma sociedade violenta, injusta e preconceituosa que acha que os mais velhos são invisíveis, inúteis e descartáveis”.
O marido, um músico de 61 anos, acha que o segredo do casamento é dar muitas risadas.
“Valorizo ainda mais a minha companheira quando vejo casais brigando por bobagens no meio de uma guerra trágica. Não tivemos uma só briga séria durante todo esse tempo. Ela nunca f**a reclamando, criticando nem cobrando nada. Dividimos as tarefas domésticas e respeitamos o tempo um do outro. Em vez de DR ser discutir a relação, alimentamos outro tipo de DR: dar risadas. Dar risadas é mais prazeroso que o s**o. Somos casados há vinte anos e continuamos dois namorados cheios de tesão. Estou cada vez mais apaixonado pelo amor da minha vida. Sou ou não sou um homem de muita sorte?”
Opinião - Mirian Goldenberg: 'Cheios de tesão' Qual é o segredo dos casais mais satisfeitos, felizes e apaixonados?
Aprendi com Epicteto a ignorar e rir dos fofoqueiros de plantão. Quando uma amiga me contou uma fofoca sobre mim, respondi: “Ele desconhece meus outros defeitos, ou não mencionaria somente esse”.
Uma colega me ligou para me convidar para uma live. Apesar de eu ter respondido que não poderia participar da live, ela me pediu outro “favorzinho”: divulgar a live já que “tenho milhões de fãs”.
Como sempre, ela falou sem parar:
"Você é muito ousada, você se expõe muito, escreve coisas que ninguém tem coragem de dizer no mundo acadêmico. Ontem mesmo um colega disse que você é muito simplesinha, fala de um jeito muito acessível e popular. Eu sinto inveja do seu sucesso porque você é famosa e está sempre na mídia. Você fez algum curso de querida? Você é tão boazinha e meiguinha, todo mundo gosta de você. Como você consegue nunca brigar com ninguém?”
Sinceramente, não entendo quando alguém diz que sente inveja de mim: não durmo, sofro de ansiedade excessiva e, por mais que eu trabalhe sem parar, me sinto impotente e angustiada por não fazer muito mais do que eu faço. Eu invejo quem consegue dormir quatro ou cinco horas sem precisar tomar um ansiolítico.
Infelizmente, nenhum ambiente de trabalho (e até mesmo familiar) está livre da competição, inveja e fofoca.
Talvez por ser tão insegura, tímida, introvertida, "boazinha e simplesinha", nunca consegui gritar, brigar, xingar e me exibir como alguns colegas fazem tão descaradamente.
Amo escrever, amo estudar, amo pesquisar, amo dar aulas e amo ser lida e compreendida por quem gosta do que eu gosto de escrever. Nada do que eu produzo teria qualquer signif**ado se eu não tivesse meus leitores e leitoras.
Depois de tantas décadas me sentindo um “peixe fora d’água” em um tanque repleto de tubarões vorazes e predadores, estou descobrindo que o oceano é muito mais profundo e que tenho a sorte de ter muitos “peixinhos simplesinhos e bonzinhos” nadando ao meu lado.
Como fiz um “curso de querida”, preferi ser “meiguinha” e encerrar a verborragia maledicente com a frase genial da Tati Bernardi: "Se for falar mal de mim, me chame. Sei coisas terríveis a meu respeito".
A minha coluna completa está no site da Folha de S. Paulo.
Opinião - Mirian Goldenberg: Você já sofreu com as maldades e mentiras dos fofoqueiros de plantão? Como diz Tati Bernardi: "Se for falar mal de mim, me chame. Sei coisas terríveis a meu respeito"
Sempre me perguntam: “Será que a vida amorosa e sexual irá voltar ao normal?” Não sei como responder já que não creio que exista “vida normal”. Até escrevi um livro intitulado De perto, ninguém é normal.
Realizei uma enquete no LinkedIn que foi respondida por 279 pessoas de 10 a 24 de janeiro: “Durante a pandemia, sua vida amorosa e sexual: melhorou, piorou, ficou igual ou não tenho?”
Para 34% a vida amorosa e sexual piorou; para 28% ficou igual; para 25% melhorou; e para 13% a vida amorosa e sexual não existe.
Os 28% que responderam que ficou igual mostram que a pandemia não afetou suas vidas. Como uma tragédia tão cruel pode não ter impactado o tesão?
Os 13% que não têm vida amorosa e sexual não explicaram as causas, mas obviamente a pandemia dificultou novos encontros, o s**o casual, as aventuras extraconjugais. Não deve ter sido fácil arranjar uma desculpa para se encontrar com a (ou o) amante na pandemia, não é mesmo?
25% afirmaram que melhorou porque têm mais momentos de namoro, intimidade e romance.
Uma jornalista de 45 anos contou que a vida amorosa melhorou, apesar de a vida sexual estar “devagar quase parando”.
“No primeiro mês da pandemia foi uma verdadeira lua de mel, transamos todos os dias. Meu marido até me deu de presente um vi****or. Mas fui f**ando deprimida e perdendo completamente o tesão. Cuido dos meus pais, dos filhos, marido, amigas e não tenho tempo para cuidar de mim. Com tanta exaustão, como vou ter tesão? Nem com o George Clooney e com o vi****or mais caro do mundo. Não é à toa que o número de divórcios cresceu muito na pandemia”.
O marido é otimista:
“Ele leu estudos que mostram que cresceu o número dos adeptos de s**o virtual e de sites pornográficos e que aumentou a compra de vi****ores. Leu que depois das epidemias e guerras acontecem verdadeiras explosões de s**o. Acredita que, quando essa tragédia acabar, vamos ter uma overdose de s**o para compensar a miséria sexual dos últimos dois anos. Mas quando será que esse pesadelo vai ter um fim?”.
Opinião - Mirian Goldenberg: Será que teremos uma explosão sexual pós pandemia? Quando a nossa vida amorosa e sexual voltará ao normal?
OS HOMENS SÃO “POLIGÂMICOS POR NATUREZA”?
Como mostrei no livro Por que homens e mulheres traem?, apesar de muitos comportamentos amorosos e se***is não estarem distantes (60% dos homens e 47% das mulheres já foram infiéis), os discursos são bastante diferentes.
As justif**ativas femininas para a traição são: insatisfação com o parceiro, falta de reconhecimento e reciprocidade, vingança, além de muitas que traíram por não serem valorizadas e desejadas pelos maridos. Nenhuma apontou a “natureza feminina” como causa da traição. Para elas, os defeitos, traições, faltas, egoísmos masculinos são os verdadeiros culpados por suas relações extraconjugais.
Já os homens dizem ter uma “natureza masculina” propensa à traição. Eles são infiéis por genética, DNA, instinto, desejo, aventura, novidade, atração física, vontade, tesão, oportunidade, galinhagem, hobby, testicocefalia, essência, sa*****em.
Um engenheiro, de 63 anos, prefere fazer “vista grossa”, já que precisa manter a crença na fidelidade feminina para se sentir seguro no casamento e fora dele:
“Podem dizer que sou machista, mas acredito que os homens são poligâmicos por natureza. A natureza feminina é diferente da masculina: as mulheres não conseguem amar e tr***ar com dois homens ao mesmo tempo. Tenho a certeza de que minha esposa e minha amante são fiéis, e que sou o único homem nas vidas delas. Elas me adoram e só sentem tesão por mim. Não quero saber se minha mulher ou minha amante já me traíram, não vou buscar a verdade pois sei que posso encontrar algo se procurar. Prefiro que não me contem, o mais importante é que eu confie 100% nelas”.
Chamei de “fidelidade paradoxal” ou “paradoxo da fidelidade” essa “cegueira voluntária”, consciente e deliberada. A necessidade de ser o “único” parece esconder o conflito entre o desejo de liberdade sexual e a importância da confiança nas relações amorosas.
Compreender as justif**ativas para a traição pode ajudar a entender nossas próprias contradições no amor e no s**o. Afinal, quem não quer o melhor dos dois mundos: liberdade e segurança ao mesmo tempo?
A coluna completa está no site da Folha de S. Paulo.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/01/quem-e-mais-infiel-o-homem-ou-a-mulher.shtml
Opinião - Mirian Goldenberg: Quem é mais infiel: o homem ou a mulher? A ilusão da fidelidade é mais importante do que a fidelidade verdadeira?
Estou fazendo uma faxina material e existencial e acabei encontrando um exemplar da Folha com uma chamada de capa e uma matéria de duas páginas sobre o meu livro A Outra, de 1990. Parece que foi ontem, mas já se passaram 32 anos...
Minha primeira pesquisa sobre amor, s**o e traição foi A Outra: um estudo antropológico sobre a identidade da amante de um homem casado. Desde então, entrevistei centenas de mulheres – “Outras” e esposas (traídas ou não). Elas afirmaram que, especialmente depois dos 40 anos, “é quase impossível encontrar um homem apaixonado e fiel. Falta homem no mercado".
Para elas, a pior situação não é a da amante nem a da mulher sozinha, mas a da esposa traída. Algumas apontaram o lado positivo da relação extraconjugal: conversas íntimas e divertidas, passeios, viagens, projetos profissionais. Para as esposas traídas, sobrariam as “migalhas”: mentiras, brigas, serviços domésticos, além do desgaste da rotina, do tédio e da “mesmice”.
Algumas “Outras” disseram que são as verdadeiras companheiras em todos os níveis - amorosos, se***is e intelectuais -, enquanto as esposas traídas seriam o vínculo obrigatório e tóxico do parceiro.
Apesar de que ter “o capital marital” é um desejo muito presente entre as mulheres que eu pesquisei, o marido perde completamente o valor quando é infiel. Tanto para as esposas quanto para as “Outras”, o “capital marital” só tem valor se ele for fiel e se elas tiverem a certeza de que são únicas e especiais para ele.
Em um mercado afetivo e sexual em que os homens são considerados raros, a maioria das mulheres que eu pesquisei prefere f**ar sozinha ou até mesmo ter um amante fiel do que ser a esposa traída.
Portanto, o amante também é visto como um capital, menos valorizado do que o marido fiel, mas ainda precioso porque elas acreditam que ele é 100% fiel.
Descobri, em mais de trinta anos de pesquisas, que as “Outras” e as esposas traídas querem a mesma coisa: um marido fiel que faça com que elas se sintam a “número um”. Não é um paradoxo curioso?
A minha coluna de hoje na íntegra está no site da Folha de S. Paulo.
Opinião - Mirian Goldenberg: Por que as mulheres querem um amante apaixonado e fiel? A fidelidade é um valor essencial nos relacionamentos extraconjugais
VOCÊ ACHA QUE UMA MULHER PODE CRITICAR E XINGAR OUTRA MULHER?
Inúmeras pesquisas mostram que xingar faz bem à saúde física e mental: aumenta a resistência à dor, melhora a força física, e ainda pode ser um sinal de inteligência e criatividade.
Uma das nossas válvulas de escape tem sido xingar os psicopatas, genocidas, fascistas, monstros, desumanos, bandidos, vagabundos, covardes e outros palavrões impublicáveis.
Mas quero compartilhar uma dúvida com vocês: em tempos de sororidade, uma mulher pode xingar outra mulher?
Sororidade é o comportamento de não julgar outras mulheres e ouvir com respeito as suas reivindicações. É ter empatia e se colocar no lugar das outras mulheres. É uma relação de afeto e amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela entre irmãs.
Eis o caso que gerou a dúvida. Fui convidada para um debate sobre a violência física e psicológica contra as mulheres. Uma das participantes foi muito agressiva e buscou desqualif**ar a pesquisa de uma professora. A professora agredida reagiu: “Não sou de brigar, nem de xingar ninguém. Mas hoje senti tanta raiva que tive vontade de gritar: ‘Você não tem o direito de ser tão arrogante e agressiva. Você é uma vaca nojenta’. Mas pensei: ‘Será que eu estaria ofendendo a vaca se xingasse uma mulher tão escrota de vaca nojenta? Será que preciso ter empatia com a verdadeira vaca que nunca foi escrota comigo? E a tal da vacaridade?’”
Convivemos com incontáveis mulheres corajosas, solidárias e generosas, mas, infelizmente, conhecemos algumas que são “vacas nojentas”: violentas, cruéis, oportunistas, competitivas, egoístas, invejosas, escrotas.
Todas as vezes que eu tenho vontade de xingar uma mulher é porque testemunhei o comportamento destrutivo, competitivo e agressivo dela com outras mulheres. E sinto uma raiva maior ainda por isso ter sido feito por uma mulher que defende a sororidade.
Paradoxalmente, são essas mulheres que me ensinaram o verdadeiro signif**ado da palavra sororidade. Elas me estimulam a ser cada vez mais parceira, companheira, amiga e “irmã” das mulheres.
A minha coluna de hoje na íntegra está no site da Folha de S. Paulo
Opinião - Mirian Goldenberg: Em tempos de sororidade, uma mulher pode xingar outra mulher? Por que algumas mulheres são tão destrutivas, invejosas e competitivas com as próprias mulheres?
Recentemente uma jornalista me perguntou sobre a vida sexual das mulheres maduras. Estranhei quando ela disse que eu tenho um “lugar de fala”, que sou uma “porta-voz, representante e símbolo das mulheres maduras”. A primeira imagem que me veio à mente foi a de uma fruta prestes a cair da árvore, que precisa ser comida logo, pois está na iminência de estragar, apodrecer, ser descartada e jogada no lixo.
Apesar de ser classif**ada como uma “mulher madura”, sou apenas uma mulher, independentemente da idade que eu tenho, que escreve sobre os caminhos de libertação de todas as mulheres. Mais importante ainda, as mulheres têm a sua própria voz e não precisam de “porta-voz” para expressar seus desejos, medos e insatisfações.
Existe uma enorme diversidade de desejos e comportamentos entre as mulheres. Após a revolução sexual do século XX, será que ainda é possível rotular e aprisionar as escolhas femininas?
Existem mulheres que sempre gostaram de s**o e procuram todos os recursos disponíveis no mercado para continuarem tendo prazer na cama. Algumas que já fizeram muito s**o no passado, mas que hoje não querem mais. Outras que usam a idade como desculpa, pois acham que já cumpriram com suas “obrigações conjugais e se***is”. Muitas que querem continuar tendo uma vida sexual prazerosa, mas não com o atual parceiro. Aquelas que têm uma vida sexual intensa fora do casamento. Inúmeras que gostam do s**o virtual, que se masturbam, que preferem o vi****or. Mulheres que tiveram muitos parceiros ou apenas um, as que são infiéis ou foram traídas, as que nunca tiveram um orgasmo ou aquelas que têm or****os múltiplos e tantas outras.
No Brasil existe uma verdadeira velhofobia: a violência verbal, psicológica e física, o estigma, a intolerância, a discriminação, a exclusão, os xingamentos, as “brincadeirinhas” e os preconceitos contra os mais velhos, especialmente contra as mulheres mais velhas. Deveríamos sentir vergonha, e até mesmo culpa, por estarmos envelhecendo, pois vivemos em uma sociedade velhofóbica que só valoriza a sensualidade, tesão e beleza da juventude. Não é à toa que as mulheres brasileiras têm pânico de envelhecer.
Feliz 2022, com muita saúde, amor, reciprocidade, generosidade e amizade entre as mulheres, de todas as idades. E fora velhofobia!
As mulheres com mais de 50 anos estão quebrando o tabu da idade no amor e no s**o Para a pesquisadora Mirian Goldenberg, o público feminino está usando a sua própria voz para expressar seus desejos, medos e insatisfações, especialmente no âmbito sexual
O Google me ajuda quando quero compreender o signif**ado de algumas palavras que passaram a fazer parte da minha vida no ano passado. Afinal, o que são haters?
“Haters signif**a ‘os que odeiam’ ou ‘odiadores’. O termo é utilizado para classif**ar pessoas que praticam ‘bullying virtual’. Basicamente, o hater é uma pessoa que não está feliz com o êxito, conquista e felicidade de outra pessoa. Assim, prefere atacar, criticar, desqualif**ar, desvalorizar as ações e vitórias do seu ‘alvo’”.
O Google ainda me mostrou que existe uma expressão popular na internet: “Haters gonna hate” que signif**a “odiadores sempre irão odiar”. E que a palavra haters também pode ser traduzida como “invejosos ou inimigos”. Ou seja: “os invejosos ou inimigos sempre irão odiar”.
No ano passado, em um momento em que eu me sentia sem força, energia e saúde, e muito mais vulnerável aos haters que hoje proliferam no mundo virtual e real (e que me fazem ter vontade de desistir de tudo), Guedes, de 98 anos, me deu uma bronca: “Tem que ter coragem, Mirian. Coragem!”.
Sempre penso: se o meu melhor amigo tem tanta coragem para sobreviver em um mundo infectado por “odiadores”, eu não tenho o direito de desistir só porque os “haters de plantão” sempre irão buscar algum pretexto para odiar, não é mesmo?
Em meio a tantas tragédias, perdas, sofrimentos, tristezas e medos que não me deixam dormir, uma dúvida cruel me angustia: Por que tantos brasileiros apoiam e se identif**am com “odiadores” que só sabem odiar?
Opinião - Mirian Goldenberg: Só vou gostar de quem gosta de mim É preciso ter coragem para sobreviver em tempos de tanto ódio, destruição e violência
Você é cagona ou fodona?
No meio de uma conversa, Irene me interrompeu quando eu estava desabafando sobre meus medos e angústias:
“Mirian, por que você se preocupa tanto com a opinião dos outros? Eles pagam suas contas? Fo***se o que esses vampiros dizem, você tem que c***r para gente preconceituosa, arrogante e invejosa. Nunca dependi da aprovação de ninguém. Sou uma mulher independente, pago minhas contas e ainda ajudo muita gente. Eu sou fodona!”
Concordei: “É verdade, Irene. Essa é a grande diferença entre nós: você é fodona, eu sou cagona!”
Irene é corajosa, segura, autoconfiante, extrovertida, divertida, brilhante, carismática e alegre. Ela é fodona!
Eu sou medrosa, insegura, tímida, envergonhada, introvertida, frágil, ansiosa, angustiada, introspectiva e triste. Eu sou cagona!
Desde os meus 17 anos, quando Irene me viu pela primeira vez na faculdade, ela resolveu me adotar como filha, apesar de ser só cinco anos mais velha.
“Eu queria te proteger. Você era a mais novinha da turma, a mais magrinha, a mais perdida, desamparada e carente. Ficava o dia inteiro no centro acadêmico lutando contra a ditadura militar. Eu tinha medo de que você fosse presa ou desaparecesse”.
Eu, que vivi até os 16 anos em uma família extremamente tóxica e violenta, encontrei na minha melhor amiga tudo o que eu mais precisava para sobreviver física e emocionalmente. Foi a combinação perfeita: ela gostando de cuidar de seres abandonados e maltratados; eu mendigando por uma migalha de amor, atenção e carinho. Ela sempre gostou de cuidar, eu precisava ser cuidada. Deu Match!
Meu mantra de 2021 foi: “Um amigo me chamou para cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui”. O meu propósito de vida é ter cada vez mais coragem, força e generosidade para “escutar bonito” meus amigos e amigas que precisam de compreensão, carinho e cuidado para sobreviver em tempos tão trágicos.
Desejo um 2022 com saúde, amor e reciprocidade para todos que estão cuidando da dor de quem mais precisa de cuidado.
A minha coluna de hoje na íntegra está no site da Folha de S. Paulo.
Opinião - Mirian Goldenberg: Eu sou cagona, minha melhor amiga é fodona. Deu Match! Uma amiga me chamou para cuidar da dor dela. Guardei a minha na bolsa. E fui...
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