OFS Fraternidade de S Francisco à Luz Lisboa

Um dia especial
Aquele que viria a ser o “santo” do amor e da fraternidade, estava ainda no início da sua caminhada. Porém, o Senhor já lhe tinha mostrado o que esperava dele.
Francisco, com toda a sua simplicidade, aceitara o convite de Jesus e, sem questionar, iniciou o seu percurso de conversão, com alegria e confiança.
Deixara tudo o que o mundo lhe oferecia. A vida próspera que seus pais lhe proporcionavam, os folguedos com os amigos, enfim, a sua juventude despreocupada.
Mas a sua decisão foi questionada em Assis. Ninguém compreendia como é que Francisco se tinha transformado num pobre, vivendo como um servo, quando tinha tudo para ser um senhor.
Mas também este novo Francisco, chamou a atenção de outros jovens. Eles foram chegando. Francisco, embora admirado, a todos acolhia com cortesia. Rezavam para que o Senhor se manifestasse e lhes mostrasse o caminho a seguir. Queriam viver segundo o Evangelho.
Assim, quando já eram doze, Francisco escreveu uma Regra, que não era mais do que uns apontamentos do Santo Evangelho, e foi com os seus companheiros a Roma. O Papa de então era Inocêncio III. Primeiro não os recebeu muito bem, mas acabou por aprovar, verbalmente, a Regra que Francisco lhe apresentou. Era o dia 16 de abril do ano 1209 (a aprovação por escrito, só foi concedida pelo Papa Honório III a 29 de novembro de 1223).
Francisco, sempre obediente à Santa Igreja, partiu com os seus, cheios de alegria, prontos a espalhar a Paz e o Bem, já com autorização do Sumo Pontífice.
Hoje celebramos, portanto, a fundação da Ordem Franciscana.
É com emoção que se lembra esta data. Como tudo começou… e nós, no coração de Deus, já estávamos incluídos. Francisco foi a luz que se acendeu, que ainda hoje nos ilumina e nos mostra como é agradável ao Senhor pertencermos à Ordem Franciscana. É mesmo um dia especial…
Ordem Franciscana: Frades Menores, Irmãs Clarissas e Franciscanos Seculares.
Lembremos o dia da nossa Profissão solene. Quanta alegria, quanta paz, inundavam os nossos corações… Nunca deixemos que esse modo de sentir enfraqueça. Não deixemos que o desânimo ou a indiferença nos dominem. Que todos os dias possamos repetir o SIM que, nesse dia, pronunciámos.
Ser franciscano não é sinónimo de santidade. É, sim, um caminho para lá chegarmos.
Não isoladamente, mas vivendo em amor fraterno, sem críticas ou comparações, mas vendo em cada Irmão um presente que o Pai S. Francisco nos deu.
Sejamos também nós, Franciscanos Seculares, luz nas nossas famílias, na Fraternidade e na Santa Igreja.
Obrigada, querido S. Francisco, tudo começou contigo.
Aniversário da ORDEM FRANCISCANA
Demos graças ao Senhor e cantemos com alegria:
Glória ao Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor.

Maria Clara Rodrigues, ofs
16abril2023

Ser franciscano leigo
A Exortação Apostólica Christifideles Laici, do Papa S. João Paulo II (1988) trata da vocação e missão dos leigos na igreja e no mundo, recorrendo à imagem dos trabalhadores da vinha, de que fala o Evangelho de Mateus: O Reino dos Céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo, a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a vinha [Mt 20, 1-2].
Ao sair pelas nove horas da manhã, viu outros, que estavam ociosos, e disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha [Mt 20, 3-4].
Não há lugar para o ócio, uma vez que é muito o trabalho que a todos espera na vinha do Senhor e tendo presente que o modo de viver para Francisco de Assis tinha como modelo Jesus Cristo, deverá estar presente, na base de qualquer preocupação acerca do papel reservado aos elementos da Família Franciscana, a afirmação de Cristo: [Mc 10] …o Filho do Homem não veio para ser servido, Ele veio para servir…
Jesus viveu uma vida de serviço, de doação, de partilha e de integração daqueles a quem não era dado lugar na sociedade e viviam na margem. A Sua preocupação não eram os primeiros lugares, mas estar com os últimos, os que mais necessitavam de serem integrados.
Seguir Jesus é integrar-se na lógica do Reino de Deus, é percorrer o mesmo caminho, viver na doação de si próprio em gratuidade. Seguir Jesus é aprender com Ele a viver no Amor. E a grande novidade de S. Francisco está no facto de não ter ficado à espera de que viessem solicitar-lhe ajuda, mas de a levar onde fosse necessária.
O Reino de Deus constituiu o tema mais frequente da pregação de Jesus, o tema do Evangelho que Jesus pregou, e grande parte das parábolas que apresentou foram introduzidos com o objetivo de revelar algum aspeto do Reino de Deus (E o Reino de Deus é como […]). À pergunta concreta de quando chegará o Reino de Deus, Ele responde: O Reino de Deus está entre vós [Lc 17, 21]. Quando prega sobre o Reino de Deus, Jesus coloca, como referência central, o amor do Pai, amor abrangente, incondicional que busca quem se perde, como na parábola da ovelha desgarrada. Jesus sublinha que a lei fundamental do Reino de Deus é o amor, a Deus e ao próximo. Assim, seguir a Jesus significa cumprir o modelo do amor, até para com os inimigos.
Tendo como Regra o Evangelho, cabe aos Franciscanos anunciar e, no que respeita aos Franciscanos Seculares, essencialmente pela sua atuação no mundo, esta presença, que é uma presença transformadora: quem acorrer a Jesus e se abrir a Ele, sai transformado. Os Franciscanos Seculares estão no mundo, contactando com os desafios da modernidade, vivenciando a sua vocação de leigos no mundo, do que fazem mesmo promessa-compromisso.
Assim, quando se pensa, e acontece com alguma frequência, na necessidade de renovar as Fraternidades da OFS não deverá entender- se isto como apenas aumentar o número dos irmãos e irmãs, mas antes de tudo de revigorar os que estão não descurando a formação permanente, nas suas vertentes de teoria e prática. Ser franciscano é uma vocação entendida, portanto, como um dom de Deus, não uma recompensa recebida em consequência de méritos próprios.
Como vocação, acolhendo a metáfora lucana do caminho, no episódio dos discípulos de Emaús, será a disposição para trocar caminhos de fuga por caminhadas de esperança em direção à Jerusalém celeste. Caminhadas de esperança na iluminação do Senhor para o serviço ao Irmão, com o despojamento que o Senhor mostrou lava-pés. Amando Jesus com a disponibilidade total de Francisco, traduzida na pergunta/grito de alma: Senhor que queres que eu faça?, cuja resposta podemos encontrar, por exemplo, no nº 35 da Constituição Lumen Gentium.
Em termos de síntese, poderá apontar-se, portanto, relativamente à vivência da vocação na OFS o seguinte:

I - Missão (cerne da razão de ser da Ordem, como seu propósito e como direcionamento para quem nela se integra):
- Promover o espírito e a realidade da comunhão entre os Irmãos,
- Promover a personalidade e a capacidade de cada Irmão, com respeito pela variedade de manifestações do ideal franciscano e de variedade cultural,
- Promover a convicção da validade da vida evangélica franciscana, a atenção, larga e generosa, à vida da Igreja e da sociedade, num espírito de abertura ao diálogo e disponibilidade para dar e a receber ajuda e colaboração.

II - Visão (perspetiva de futuro, orientando para os objetivos a alcançar, considerada a Missão que se aceita cumprir):
- Praticar, numa forma evangélica, o compromisso temporal no mundo,
- Desenvolver e aperfeiçoar a vocação recebida do Senhor,
- Desenvolver a vida de Fraternidade e de prática das atividades apostólicas, à luz das opções fundamentais franciscanas.
III - Valores (princípios orientadores da conduta para que se alcance a conceção de futuro proposta na Missão, ditando os comportamentos e atitudes no relacionamento com os Irmãos, com as Primeira e Segunda Ordens e, em geral, com a sociedade):
- Comunhão com a Igreja
- Fidelidade ao carisma franciscano,
- União de pertença à Família Franciscana

Pedro Silva, OFS

Respeitar a Criação

Os céus declaram a glória de Deus , o firmamento anuncia a obra das Suas mãos e Jesus será o modelo de quem buscar viver em verdade a relação de comunhão com o Pai, como sucedeu com Francisco de Assis, cujo caminho Deus iluminou pelo Evangelho, manifestando-lhe o Seu projeto de amor.
Como filhos espirituais de S. Francisco, tomemos como modelo a santa pobreza e humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe e o santo Evangelho, sendo nesta disposição de viver que abrimos hoje um novo canal de comunicação na nossa Fraternidade e com o mundo, pedindo a nosso Pai Seráfico que o saibamos tornar uma via de amor fraterno entre os Irmãos e com toda a Criação: Senhor! Fazei de nós um instrumento da vossa paz!