LP - Psicologia

⁣Há alguns meses atrás uma forte tempestade atingiu minha cidade, o que fez com que muitas árvores caíssem ou perdessem algumas de suas ricas características como folhas, flores, frutos e troncos. Uma dessas árvores estava localizada na esquina de minha casa. Lembro-me de ver um tronco partido ao meio ali durante dias. O que antes era uma árvore, agora havia se transformado em um toco entristecido e aparentemente sem vida. Ignorância a minha. Onde parece existir destruição há sempre a possibilidade de um crescimento.⁣⁣
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Hoje se inicia a primavera e nesta mesma semana notei que ali naquilo que julguei um toco sem vida crescia, na verdade, uma orquídea. Me dou conta, então, que meu vizinho pouco a pouco trabalhou nessa árvore por vários meses, observou seus aspectos supostamente empobrecidos e sem vida, ocupou-se deles, os cuidou e sem se preocupar se aquilo voltaria a ser a exata mesma árvore de antes, possibilitou seu florescimento. Hoje, parece-me que em pouco tempo uma bela orquídea florescerá ali.⁣⁣
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E não, essa não é uma discussão sobre jardinagem. A semeadura do cuidado com o paciente é essencial para o florescimento mental do sujeito em processo de cura e que esta nova estação seja bastante florida!⁣⁣ 🌹
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⁣Letícia Mori Pavani⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣
CRP-08/31511⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣
📲 (44) 99832-9835⁣⁣

Quantos significados cabem em uma palavra?⁣
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⁣Aqueles que pretendem iniciar um processo analítico se veem, muitas vezes, desajustados numa primeira entrevista clínica. Não sabem ao certo muito bem o que fazer ali e parecem ainda mais assustados diante do esclarecimento que se deve falar. Falar livremente, falar sobre tudo. Numa época extremamente mentalista, muito se estranha o material que se dedica a psicanálise. Faz sentido ainda hoje uma "cura pela palavra"? ⁣
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Bem, se há cem anos atrás a psicanálise fora recebida com horror, imagine agora. Sempre se pode pensar em um significado à uma palavra, o momento em que a ouve e como ela se escreve e se inscreve no psiquismo. Ainda que isso se dê de forma singular, o poder da palavra é universal, atinge a todos. ⁣
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Não pretendo atirar uma pedra no vespeiro de uma tal psicologia baseada em evidências mas, por exemplo, familiares escolhem o nome dos filhos a partir de um conjunto de significados: aquela que é a mais bela, aquele que é um grande guerreiro e, ainda, na mitologia cotidiana, aquele primo homônimo "bonzinho". A palavra própria carrega, portanto, um conjunto de significados que são transmitidos ao sujeito de forma quase que mística (ainda que não seja, mas isso é um outro assunto). E o que se faz desse nome ou, traduzindo, desse desejo transmitido através de gerações?⁣
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Se aceita o nome próprio de forma passiva, se apresentando por ele mas com inúmeras reclamações, justificando-o, dizendo que nada combina consigo? Ou, ainda, o entende enquanto um nome im-próprio e o recusa veementemente e trata de nomear a si mesmo. Ou, ainda, se busca negociar os desejos do outro com os seus e escolhe optar por um apelido formado por uma sílaba do nome-atributo atribuído? São essas as questões que se pode pensar a partir de uma simples palavra. Parece pouco? ⁣
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Carregamos palavras ao longo da existência e, ao mesmo tempo, somos igualmente carregados por elas.