Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP

Sou Psicólogo Clínico formado pela USP-RP. Trabalho com Psicanálise e Orientação Profissional.

Desenhos animados e Psicanálise: One Piece 27/09/2023

Desenhos animados são ótimas ferramentas pra tratar temas difíceis. Nesse texto falo um pouco do potencial ético-reflexivo de One Piece e como isso pode ter a ver com psicanálise.

Desenhos animados e Psicanálise: One Piece O maior desafio que vejo em escrever sobre psicanálise em relação a histórias é manter o tom de sinopse, sem entregar grandes spoilers. Falar de One Piece é particularmente desafiador nesse sentido, já que é uma obra que tem 26 anos e ainda não terminou. Sou fã de tal forma que entendo que...

A Implicação e alguns problemas da (in)dependência 24/07/2023

Estava refletindo sobre como a palavra dependência nos acompanha em situações críticas.

Fiz algumas observações sobre dilemas que envolvem esse assunto

A Implicação e alguns problemas da (in)dependência Tenho refletido sobre como questões sobre dependência aparecem de diferentes formas: dependência emocional, dependência financeira, vícios comportamentais e químicos são exemplos dos que mais escuto. Apesar de bem diferentes, e específ**as na história de cada um, as formas de dependência e...

08/08/2022

Reparei na minha análise que, embora esteja diferente dependendo do dia, tenho falado mais e me escutado mais ao longo do tempo.

Quanto mais falo, mais percebo minhas resistências e hesitações, as vezes procuro justif**ativa pra não falar:

"O que ele pensaria se falasse isso?",
"Não vou falar isso, é muito absurdo",
"Vai parecer loucura se eu falar isso",
"Que pensamento aleatório esse, se eu falar disso agora vai parecer que to mudando de assunto".
"Não preciso falar isso, é óbvio",
"Não tem porquê falar isso, isso eu já sei"...

Enganos e suposições que vão se revelando conforme coloco em palavras a alguém que escuta.

Só pensar é diferente de falar e se escutar.

O pensamento é um labirinto sem fim, cheio de equívocos ocultos e protegidos por paredes altas. A fala faz cair paredes do labirinto, permite expor pensamento com toda sua fratura e incompletude. Isso pode ser bem desconcertante e as vezes até engraçado. "Que Deus te elimine... ops, ilumine"

É preciso que haja falha para que haja análise, e a fala aponta a falha. O que tá dito, tá dito. As vezes a troca do 'i' pelo 'e', traz a tona algo oculto no labirinto. Não necessariamente porque quem disse deseja a eliminação do outro, mas porque a palavra elimine pode lembrar do momento que fulano foi eliminado do BBB e foi marcante por n motivos. Só é possível investigar isso depois que foi dito.

Ainda não inventaram uma forma de escutar pensamentos, mas inventaram maneiras de escutar a fala, e que bom. Quanta coisa f**a escondida nos nossos labirintos por anos, e como alguns labirintos são sofridos.

Tirar as falhas do labirinto e nos ver como seres que falham dá a chance de nos reposicionarmos com relação a essas falhas. Talvez parar de correr no labirinto, encontrar outros labirintos, derrubar algumas paredes do labirinto ou quem sabe descobrir labirintos de estimação...

A análise nos convida a outro tipo de relação com a fal(h)a que possa ser mais interessante.

12/07/2022

Dos momentos marcantes da análise, esse é um dos meus favoritos, um dos momentos que marcam a abertura para novos horizontes.

As vezes a gente chega meio cheio de saber sobre algumas situações que seguimos girando em círculos, sem sair do lugar. Erguemos uma fortaleza de certezas cercando nosso castelinho do eu e tampamos todos os portões, toda fresta. Dentro dessa fortaleza a grama seca porque nem a luz entra.

Parece que nada vai rachar esses muros até que num momento alguém lança uma palavra que atravessa um pedaço desse muro e... "Não tinha percebido isso antes". Entra uma luz por uma fresta. Quem sabe vira até uma janela, um portão ou uma ponte. O ar pode circular e a luz entrar novamente, a grama cresce e a vida que estava paralisada ali volta a ter movimento.

Continuo me impressionando com a forma que a palavra pode criar aberturas, frestas, e movimentar fortalezas.

Na análise a gente se dá conta como são porosos esses tijolos de certezas e como essa porosidade é o que dá movimento, cor e vida para as coisas; que os mesmos tijolos que usamos pra erguer muros podem ser usados pra construir janelas, portões e pontes. Recolocando certezas, abrindo espaços vazios que permitem olhar o outro lado do muro.

Bem nesse lugar onde somos pegos de surpresa, onde reconhecemos verdade naquilo que nos causa estranhamento; que está fora do que estamos acostumados mas ainda assim parece tão familiar; que encontramos uma possibilidade de mudança.

13/06/2022

Seguindo com reflexões sobre o poema Ta*****ia

Esse trecho me traz a memória todas as vezes que fui à São Paulo e andei pelas grandes avenidas... Se Álvaro de Campos falava sobre a sensação de anonimato da janela do quarto, agora fala de algo similar nas ruas. Apesar de ser cruzada constantemente por gente, é inacessível a todos os pensamentos, não parece totalmente real nem certa.

Logo depois de lançar esse olhar curioso e inquieto sobre o mistério disso, coloca o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres ao lado da morte e do destino que rumam ao nada. Quase como se apontasse para o mistério das coisas que vão permanecer como mistério com a passagem do tempo. Ao mesmo tempo que o mistério instiga, algo nele é inatingível.

Esse balanço entre a curiosidade e a melancolia é uma das coisas mais bonitas desse poema pra mim.

Me faz pensar nas possíveis relações com o saber. Saber sobre o mistério das coisas... até que ponto a gente, autenticamente, quer saber? Sempre vai sobrar algum mistério por baixo das pedras e dos seres, não importa a quantidade de cabelos brancos... Haja desejo de saber pra sustentar o olhar pro mistério das coisas.

Desejo de saber é tão recompensador quanto cruel, pode trazer surpresas que aliviam ou surpresas que angustiam. Da mesma forma que faz a gente se mover, cansa. Depois do descanso continuamos o movimento para alguma direção.

O movimento na direção do saber tem a ver com os mistérios que nos inquietam e nos intrigam, seja numa rua cruzada constantemente por gente, nas coisas por baixo das pedras e dos seres, na nossa história ou no nosso desejo...

02/06/2022

Estudar a linguagem é um caminho que oferece vários momentos interessantes. Um dos momentos que mais me intriga é quando a palavra escapa.

Comecei a reparar mais nisso durante a análise, mas acontece também em outros momentos que falo ou escrevo.

É um momento específico que não é nem o "deu branco", nem o "esqueci", é a ponta da língua.

Sem encontrar a palavra só resta o que eu quero dela, é isso que segura ela na ponta da língua. Eu preciso dessa palavra pra alguma coisa e é só o que sei quando ela escapa.

Nessa hora qualquer palavra parece distante. A linguagem mostra sua incompletude, mas mesmo assim fico procurando a palavra que nem sei mais se eu sabia qual era.

As vezes desisto, as vezes insisto, as vezes aceito a que vier. São movimentos na análise que não tem a ver só com o uso das palavras, mas que esse uso consegue revelar.

Aquilo que a gente quer, que insiste, que desiste, que aceita e que não aceita...

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 24/05/2022

Conforme Byung-Chul Hang avança no desenvolvimento de suas ideias f**a mais evidente como ele fala a partir de um recorte de mundo específico, o europeu metropolitano.

Quando observamos a sociedade brasileira, encontramos aspectos tanto da sociedade disciplinar quanto da sociedade do desempenho. Isso f**a mais nítido quando consideramos a violência ambígua que acompanha a desigualdade social. Grupos mais vulneráveis f**am sujeitos tanto à violência disciplinar quanto à violência do desempenho.

Nesse capítulo o autor desenvolve a ideia de liberdade paradoxal que viria do sentimento de liberdade experimentado a partir da auto-exploração, a ponto de dificultar a distinção entre o explorador e o explorado.

A mudança da disciplina para o desempenho viria da percepção de que a positividade do poder é mais eficiente que a negatividade do dever para elevar a produtividade. Se você pode, você deve. O conflito de interesses, como algo que reduz o desempenho, desaparece. Você se explora porque "quer" e não pelas condições colocadas a partir de interesses de outros sobre sua produtividade.

O autor relaciona os adoecimentos psíquicos da sociedade do desempenho como derivações dessa liberdade paradoxal. Os indivíduos se veriam obrigados
a obedecer a si mesmos, ao mesmo tempo orientados por ideais de iniciativa, proatividade e aumento ilimitado de desempenho que vem das expectativas sociais (do Outro, talvez?).

A síndrome de seria um adoecimento relacionado a esses fenômenos e foi incluído como doença ocupacional pela OMS em 01/01/2022.

O sujeito seria aquele exausto de ter que ser ele mesmo e de estar em constante luta consigo mesmo para aumentar seu desempenho.

Esse capítulo nos convida a refletir em que medida esses ideais de ter um bom e uma excessivamente dedicada ao são, de fato, nossos. Os mesmos grupos que se beneficiam do aumento ilimitado da produtividade continuam se beneficiando, só que agora a cai sobre os indivíduos com a aparência de e ...

18/05/2022

Alguns versos desse poema são suficientes pra me deixar pensando um tempo.

Esse trecho nos convida a refletir sobre a sensação de anonimato que a modernidade anunciava há décadas atrás. Ser alguém entre milhões...

O mais intrigante é a provocação "E se soubessem quem é, o que saberiam?"

Quando digo que sei quem é alguém, o que sei dessa pessoa? Pra dizer quem alguém é sempre recorremos a saberes incompletos.

Conhecer uma única pessoa, em uma única janela já tem seus desafios, imagine quando consideramos uma modernidade líquida onde o ideal é olhar para mais janelas do que sustentar a atenção olhando uma... É como se a curiosidade de saber fosse substituída pela pressa em classif**ar ou julgar.

Podemos pensar nas telas como lugares através dos quais julgamos e somos julgados pelas nossas janelas. Quando dizemos que sabemos quem é alguém olhando pela tela do celular, o que sabemos? 🤔

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 09/05/2022

A imagem inicial desse post não fala de um real, mas poderia ser.

É instigante a forma como se debruça sobre os esquecimentos de seus pacientes, colegas e seus próprios. Mesmo aquela pequena confusão, boba e sem sentido, vai se mostrando signif**ativa através da associação livre e chega a questões mais delicadas.

O livro Sobre a Psicopatologia da vida cotidiana oferece centenas de exemplos de atos falhos. Trocas de palavras, esquecimentos, gestos e ações que podem parecer sem grandes signif**ados mas se conectam com uma linha histórica importante, um signif**ado particular e oculto nas entrelinhas. É impressionante quantos detalhes Freud percebeu e descreveu nas ações das pessoas, quanta suspeita sustentou pra se abrir ao desconhecido.

O contato com esse livro, num primeiro momento, me deixou alerta com qualquer lapso ou esquecimento que eu tivesse. Me peguei diversas vezes querendo justif**ar meus atos falhos, o que deixava eles ainda mais evidentes. Essa tentativa frustrada de controle foi aos poucos substituída pela sensação de ter sido vencido pelo inconsciente.

"Não tenho controle do que lembro ou esqueço. Não tenho controle nem dos motivos pelos quais esqueci"

Mais aí que tá o ponto, mesmo sem saber quais são meus motivos inconscientes, sei que eles existem.

A análise me deixa conformado que sou um ser que comete lapsos, tropeços e equívocos, ao mesmo tempo curioso sobre meus motivos para cada um deles. Faço análise porque é o lugar que acolhe e incentiva minhas inquietações com meus motivos inconscientes até trazê-los a tona.

Não ter controle é diferente de não saber. Faz alguma diferença estar advertido dos motivos que não conhecemos mas guiam nossas ações.

03/05/2022

Primeiro a citação é verdadeira. Há diversas falsas citações de circulando por aí. Essa é parte do livro Paixão segundo G.H. de 1964. Cheguei nessa leitura depois de ouvir o último episódio do podcast Meu inconsciente Coletivo.

O que mais gosto na escrita da Clarice é o espaço que ela sustenta entre ler e entender. Quando diz que compreende, entende, sabe algo, logo em seguida já critica as noções de compreensão, entendimento e saber. Parece que ela consegue falar sobre aquilo que não pode ser dito. E sem firula. Cada frase é um apontamento direto pro viver que escapa à linguagem. Paradoxalmente tudo que ela tem pra apontar pra esse viver é a linguagem.

"Não quero que me seja explicado o que de novo precisaria da validação humana para ser interpretado".
"Como eu poderia dizer sem que a palavra mentisse por mim?"

Poderia f**ar colocando frases e frases... Mas acho que o legal desse livro é a experiência bela que proporciona na medida em que não pode ser descrita. Falar dele é aumentar a fronteira do que não é possível falar. Talvez só por isso já vale a pena...

No primeiro livro dos Seminários Lacan alerta sobre os perigos de compreender rápido demais. Uma certa recusa à essa compreensão inicial abre espaço para escutar o que há além. Talvez exista uma similaridade entre esse além do discurso na análise e o além da compreensão que Clarice menciona... 🤔

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 25/04/2022

Recordar, repetir, repetir, repetir, repetir..., repetir e elaborar.

Quem se interessa pelo estudo da se interessa também pelo do . lembrava nitidamente de uma cena na infância em que teve seu sequestro evitado por sua babá quando tinha 2 anos de idade, sendo sua memória mais antiga. Anos mais tarde a babá confessou que inventou essa história, era uma memória falsa.

fala sobre lembranças encobridoras em Psicopatologia da Vida cotidiana que seriam memórias nítidas sem muito signif**ado que teriam a função de esconder memórias com signif**ado importante, normalmente de natureza traumática. Acessar essas memórias é um movimento que acontece numa análise.

Mesmo quando uma lembrança signif**ativa escapa da consciência, ela deixa resíduos inconscientes que se repetem. Talvez daí que venha dois estereótipos de fazer : o de que você vai ter que f**ar lembrando da infância; e de que vai levar bastante tempo. A recordação tem mais a ver com aquilo que se repete no presente e o tempo é necessário para ver o que se repete, o que insiste para ser recordado. Tudo isso aparece na fala.

A elaboração me lembra ruminação, a forma com que animais bovinos digerem o alimento. Eles mastigam, engolem, devolvem a boca, mastigam, engolem, devolvem a boca, mastigam e engolem até chegar um ponto que o alimento está bem processado e pronto pra ser digerido. O alimento seria análogo às memórias signif**ativas ocultas, o mastigar seria falar e ser escutado. A elaboração teria mais a ver com reviver que entender, mais entrar em contato com a carga afetiva da lembrança do que apenas sua descrição. Seguindo nessa metáfora, o analista seria alguém que, atento ao que está oculto, convida a desengolir e mastigar certos conteúdos que não foram bem digeridos, que causam indigestão.

Hoje não veio uma metáfora menos nojenta mas foi o que associação livre permitiu 🤷‍♂️

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 18/04/2022

Conversando com uma amiga sobre falta de limites, ouvi frase "Ode aos limites".

De fato, como são importantes... O limite se relaciona com , o contorno, a forma.

Limite confere . Há certo valor na juventude pelo fato dela acabar. Uma também tem certo valor quando sabemos que é por tempo limitado. Tudo que tem fim, recebe um valor pelo seu limite. Quando sabemos que algo vai acabar, que não é ilimitado, nos relacionamos com esse algo a partir da perspectiva do fim, da perda.

Limite permite o . Transforma uma repetição em outra coisa. O limite de uma , permite o começo de outra. Colocar limite e perder, simultaneamente, produz abertura e espaço para o novo. O limite de uma experiência ou uma história é o que permite novas experiências e novas histórias, não só o fim dA experiência e o fim dA história.

Limite é o que diferencia a dose letal do remédio. É justamente a fronteira que marca o máximo de alguma coisa antes que ela se transforme em outra, as vezes com efeitos contrários. Para colocar limite é preciso ter uma posição com relação a essa coisa que se transforma.

A alegria é limitada, mas a dor também. Somos limitados na nossa atenção, nossos sentimentos, nosso saber e que bom!

Se não houvesse limite a vida seria sempre a mesma coisa, mas mesmo a vida tem seu limite. Se é vivo, é limitado. Se a atenção fosse ilimitada, não prestaríamos atenção em nada. A própria atenção pede um limite pra existir, ela exige um contorno para nossos sentidos.

O mundo nos apresenta seus limites, mas também podemos apresentar nossos limites ao mundo. Há limites que cabem a nós colocar. As vezes isso pode ser simplesmente dizer "não" ao outro, ou a nós mesmos. As vezes isso signif**a a quebra de um ideal do outro ou de nós mesmos.

Da mesma forma que colocar limites é um movimento de valorização de alguma coisa, é também desvalorização das outras. Da mesma forma que permite algo novo, implica no fim do que era anteriormente. A fronteira do limite coloca uma divisão necessária a qualquer transformação, e a partir disso podemos atravessar as experiências de perda e satisfação que envolvem nossas mudanças.

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 11/04/2022

No primeiro capítulo da , Byung-Chul Hang fala que cada época tem suas enfermidades fundamentais. Uma época foi bacteriológica até os antibióticos. Depois viral até a técnica imunológica. Hoje o século XXI seria classif**ado por doenças neuronais.

Essa técnica imunológica nos ajudaria a negar algo imunologicamente diverso, e afastar isso. Ele explora diversas metáforas sobre essa imunologia, como algo que depende de uma negatividade, de uma postura em que dizemos não pra certas coisas, como um critério de separação entre o que precisa ser repelido e o que não precisa ser repelido (uma defesa imunológica). Aplica esse conceito à tudo que causa estranhamento.

A passagem de uma sociedade imunológica para uma sociedade neuronal teria a ver com a distância entre a e . A alteridade foi esvaziada de estranhamento, então nosso olhar para a diferença não provoca fortes reações imunológicas. Sem oferecer resistência a diferença, não entramos em contato com aquilo que nos é estranho, não hesitamos. Isso traria a redução da pausa, do recuo, da . Essa seria a marca de nossas enfermidades neuronais: excesso de .

Essa carência de negatividades nos torna vulneráveis ao exagero de positividade mesmo quando a positividade exerce . Ao invés de olhar para o excesso de positividade e hesitar (processo necessário para pensar, e tomar qualquer decisão mais consciente), optamos automaticamente por nos adaptar melhor para suportar mais positividade.

Nisso teríamos nos tornado uma sociedade do doping. Tomamos um café pra dar conta do trabalho de manhã, outro pra dar conta a tarde, bebemos ali pra dar conta do estresse, tomamos um energético pra dar conta de virar a noite, e quando precisamos dormir, tomamos um sonífero ou calmante pra dar conta de relaxar.

O imperativo "dar conta" não encontra resistência, não nos causa estranheza. E sem o estranhamento somos carregados pelo piloto automático. Recebemos um excesso violento de estimulação e nos adaptamos até a negatividade ser inevitável pelos nossos limites neuronais ( , e transtornos dissociativos...)

07/04/2022

Uma escrita poética pode suportar contradições e ambiguidades da linguagem e da experiência humana. Combina e de maneiras criativas e nos atinge com profundidade.

A arte tem o potencial de criar aberturas signif**ativas em nossa perspectiva sobre a realidade e sobre nós mesmos, atravessa nossas barreiras com muita elegância.

Aquela música marcante, aquela dança marcante, aquele filme marcante, aquele design, aquela pintura, aquele jogo... A maneira como somos marcados diz algo sobre nós.

A é uma arte com palavras e seus sons. Como a poesia me faz pensar na poética clínica...

Quanta poesia não existe nas sessões de análise? Quantas fraturas belíssimas a fala produz...

Conforme aprecio as coisas que dizemos sem perceber, faz sentido compartilhar um poema que consegue dizer tanta coisa de tantas formas diferentes há quase 1 século e ainda tem uma ressonância tão presente.

*****ia é um de Alvaro de Campos, um dos heterônimos de e é um dos meus textos favoritos.

Vou trazer alguns trechos aqui, começando pela abertura

Dilemas profissionais e os múltiplos signif**ados do trabalho 07/04/2022

Esse é o primeiro texto sobre orientação profissional que escrevo. Nele pontuo algumas coisas importantes que levo em consideração enquanto orientador profissional

Dilemas profissionais e os múltiplos signif**ados do trabalho "A pessoa não é senão o que procura ser" (Rodolfo Bohoslavksy) Me dei conta que ainda não tinha escrito texto algum sobre Orientação Profissional. É um tema extenso que gosto muito. Vou introduzir algumas questões com esse texto a fim de ilustrar alguns aspectos de dilemas profissionais que ...

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 01/04/2022

Difícil falar de sem correr risco de

Não tem como fazer luz sem fazer sombra, não tem como apontar o dedo para alguma coisa sem que essa coisa aponte pra você.

Mas queremos só luz sem sombra, queremos só um lado das coisas, e quando a realidade mostra sua outra face, não .

"As pessoas são complexas"

Já ouvi tanto isso como se colocasse ponto ou conclusão em alguma coisa, mas é só a primeira vírgula. As pessoas são complexas para quem pretende entendê-las e nem tudo é uma questão de entendimento... Por que não dizer que as pessoas são ou ?

Existe uma por que diminui o da contradição e consequentemente o espaço da .

A do ilustra bem isso. Uma ação cristaliza a de uma pessoa e a aprisiona nessa imagem. É tanta regra pra manter uma imagem que parece proibido qualquer mínimo sinal de mudança que a ponha em risco. Faz tempo que não escuto alguém dizer um simples "mudei de ideia", "errei", "me enganei". Quando diz, causa uma certa suspeita...

A imagem e a coerência tem seu lugar e importância. Precisamos de uma dose de imagem e coerência pra conviver. Mas vivendo num momento em que há uma supervalorização da imagem, o apelo por coerência espalha como um vírus e as vezes entra nos lugares mais profundos e ocultos da nossa vida privada. A imagem esmaga aquilo que temos de mais singular, espontâneo, autêntico, contraditório... Aí entramos em posições intolerantes com nós mesmos.

No Seminário 2 fala sobre tratamentos que fortalecem a imagem do eu: "Graças a Deus, os tratamentos falham, e é por isso que o sujeito se salva"... "Não existe nunca sujeito sem um eu, sujeito plenamente realizado, porém é justamente o que sempre se deve visar a obter do sujeito em ."

Atrás de toda contradição vejo uma silenciosa guerra de gigantes onde todos tem razão.

Quando escuto "quero mas não quero", faço com profundo respeito de quem escuta qualquer contradição, como algo essencialmente humano, comum a todos nós, mas ao mesmo tempo singular na história de cada um.

29/03/2022

Certa vez disse que a pessoa saudável mentalmente é capaz de e .

De todas questões possíveis a essa colocação, hoje questiono esse tal amar

Quando começa sua crítica ao , diz que o amor é maior do que o que podemos dizer sobre ele. Então qualquer tentativa de falar sobre o amor seria ingênua. Concordo em considerar o indizível do amor ao falar sobre ele, escrevo com esse cuidado mas tenho ressalvas com a exaltação do amor romântico

disse que "Amar é dar o que não se tem a quem não o quer". Uma ideia interessante por vários motivos, como usar verbos ao falar de amor e considerar sua incompletude. Dar o que não se tem, o que falta, a quem não quer essa falta ou essa incompletude. Mas que pode oferecer também sua incompletude. O amor então está ali onde não quero, e onde não tem? Tão bonito quanto confuso

Amar não é apenas sentir mas agir. Como a ação de barrar o . Na o ódio vem antes do amor, o amor é uma derivação de seu oposto: o ódio. Amar seria se colocar limites, então? Ou o amor é aquilo que, mesmo quando odiamos impede ações movidas a ódio?

no poema Sobre Amor diz lindamente que da mesma forma que o amor coroa, ele crucif**a. E que não se entregar ao amor seria rir sem todo seu riso e chorar sem todas suas lágrimas. Aqui o amor é como uma entidade divina que ao mesmo tempo que retribui sua entrega te cobra na mesma proporção. Amor então tem a ver com o quanto entregamos por ele e esperamos receber dele?

Cada uma dessas descrições tem um fragmento de verdade mas vários buracos. Tal como o , o amor dificilmente se satisfaz com alguma definição.

O mais interessante do amor não é justamente sua incompletude? Sua imprevisibilidade e estranheza... O excesso e falta de sentido no mesmo ponto... A alternância entre momentos que é mais ou menos suportável...?

Freud também disse que se não amamos, adoecemos.

Não sei se existe alguém que em algum momento vai parar de ter questões sobre amar... Uma das partes mais bonitas da condição humana.

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 23/03/2022

Alguns detalhes dizem muito.

Um detalhe que chama bastante atenção são as que usamos.

Se é uma coisa OU outra, a conjunção adversativa "ou" marca a relação de oposição e contraste entre essas coisas.
Se é uma coisa E outra, a conjunção aditiva "e" marca a relação de adição entre essas coisas.

Uma ambiguidade nos convoca a um "ou" ou um "e". O "ou" quer a resolução da ambiguidade, o "e" suporta ela.

A forma que respondemos a essa convocação diz sobre nós. Onde vejo oposição e onde vejo adição. O que precisa f**ar separado e o que precisa f**ar junto. O que preciso escolher e o que não preciso escolher. Onde a coexistência de duas (ou mais) coisas é insuportável?

Respondemos às ambiguidades da vida... as vezes sem nos darmos conta. Elas se escondem atrás do manto de proteção do .

"É óbvio que não dá pra ser essas x coisas ao mesmo tempo"
"É óbvio que tem que ser essas x coisas ao mesmo tempo"

O óbvio precisa ser .

Só assim pode ser e . O problema do óbvio é quando f**a oculto a ponto de ser esquecido... Sustenta até aquilo que não consegue.

Só atravessando o óbvio que colocamos cada 'ou' e cada 'e' no seu lugar.

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 18/03/2022

A aceleração do tempo sutilmente aparece a cada pequena e do cotidiano.

Sem perceber, coletivamente nos inclinamos para o caminho mais rápido a ponto de nos deitarmos nele. Agora parece óbvio que economizar tempo é o melhor caminho.

Será?

O tempo cronológico não diz muito sobre nossa experiência temporal, basta comparar 10 minutos assistindo um vídeo engraçado com 10 minutos numa fila, ou 10 minutos correndo pra não perder o ônibus com 10 minutos sentado dentro desse ônibus.

A do tempo também sofre da e do . Vivemos num mundo acelerado e caótico, que incentiva a produção e o descarte. A medida que tentamos acompanhar esse mundo, atropelamos experiências temporais diferentes dessa.

Essa lógica se repete no , no , nos ... otimizar o tempo pra ter resultados rápidos, não está satisfeito? , troque por um "novo". Até onde isso é meu, até onde é do mundo?

Ao menor sinal de insatisfação, interrompemos a experiência e substituímos por uma nova. Afinal estamos diante de um cardápio quase infinito de experiências possíveis na palma da mão, por que vou "perder tempo" nessa que não está me satisfazendo?

Demorar-se no sabor de uma comida, na escuta de uma música ou na contemplação de uma imagem f**a menos desejável. Ou fazemos cada uma dessas coisas apressadamente ou as 3 ao mesmo tempo.

Aos poucos encurtamos a experiência pra caber no tempo otimizado. A memória f**a curta, o pensamento f**a curto, a percepção f**a curta... E as experiências que cabem nessa vida acelerada são experiências curtas.

Tolerar a demora é como cuidar de uma planta sabendo que ela vai crescer no tempo dela. Atropelar esse tempo e acelerar seu crescimento é correr o risco de matá-la.

O quanto atropelamos o tempo do nosso , nosso , nossos e nossas na tentativa de acompanhar o tempo dos outros?

Há urgências legítimas, mas escapar do do mundo envolve questionar as pressas que .

Tolerar a é um caminho para suportar a falta e suportar a é fundamental pra sustentar o .

Photos from Psicólogo Gabriel Fernandes Oliveira / Ribeirão Preto - SP's post 14/03/2022

O muda o todo. Para quem se a mirar nele, é um alvo em .

As vezes o futuro se confunde com o , . Você perde no momento que encontra.

Futuro é essa eterna e vazia... Não é destino. O desconsidera o que você quer dele. O futuro considera se você quer ser um artista, um astronauta, professor ou um ninja...

Em algum momento eu quis cursar psicologia. Me imaginei psicólogo no futuro. Só a partir disso que pude fazer escolhas, decisões e experimentar perdas que miravam nesse futuro. Fiz minhas apostas, e cheguei. Não era exatamente como eu imaginava, algumas coisas são melhores e outras piores. Mas agora já quero outras coisas do futuro...

A gente não depende do futuro pra estar em movimento, mas ele , mesmo sendo meio de lidar as vezes.

Quem eu quero ser é uma questão que cabe em qualquer . A resposta dessa pergunta ganha signif**ado a medida em que orienta escolhas e decisões que mirem nela, mesmo não sabendo exatamente onde você vai acertar.

A se ocupa especif**amente com seu futuro no mundo do trabalho. É diferente de uma análise, mas também tem sua ...

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Reparei na minha análise que, embora esteja diferente dependendo do dia, tenho falado mais e me escutado mais ao longo d...
Dos momentos marcantes da análise, esse é um dos meus favoritos, um dos momentos que marcam a abertura para novos horizo...
Seguindo com reflexões sobre o poema TabacariaEsse trecho me traz a memória todas as vezes que fui à São Paulo e andei p...
Alguns versos desse poema são suficientes pra me deixar pensando um tempo. Esse trecho nos convida a refletir sobre a se...
Primeiro a citação é verdadeira. Há diversas falsas citações de #Clarice circulando por aí. Essa é parte do livro Paixão...
Uma escrita poética pode suportar contradições e ambiguidades da linguagem e da experiência humana. Combina #arte e #fil...
Certa vez #Freud disse que a pessoa saudável mentalmente é capaz de #amar e #trabalhar.De todas questões possíveis a ess...
"... A atividade profissional traz particular satisfação quando é escolhida livremente, isto é, quando permite tornar út...
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"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."

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