Nutricionista Cezar Vicente Jr - Nutrição Diferente e Humanizada
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Nutricionista que acredita que é possível ter uma relação saudável com a comida e o seu corpo. Adora ajudar as pessoas nessa jornada.
Muitas vezes estamos cansados, sem tempo, enjoados da própria comida ou desejando comer algo diferente.
Vamos focar no tópico - velocidade, falta de tempo. Porque preciso sair rápido, porque não me programei direito, porque já está muito tarde.
Essas coisas acontecem o tempo todo. E, mesmo sem querer, mais cedo ou mais tarde, ainda vou ter que comer.
“Vou pedir um iFood porque vai ser mais rápido”. Será?
Considere o tempo que você levou em um pedido recente e compare com o tempo para fazer, por exemplo, um macarrão com carne moída e molho de tomate. Talvez faça sentido olhar para o relógio mesmo. Quanto tempo eu levo para fazer esse macarrão? Quanto tempo demora para o pedido do iFood chegar em casa?
Esforce-se para não se prender aos outros elementos: praticidade, louça suja, conciliação de tarefas, etc. Por agora, apenas olhe para o tempo.
Talvez você perceba que nem sempre o app é tão rápido assim.
Meu ponto não é “nunca mais pedir comida por app”, mas sim olharmos para dados um pouco mais reais.
Afinal, uma coisa é eu estar com vontade de macarrão, não saber fazer, não querer fazer ou gostar muito de um restaurante específico; outra coisa é pedi-lo apenas porque “é mais rápido”.
Em resumo, conectar nossos desejos alimentares com o que realmente queremos e não com o que estamos apenas sendo influenciados a fazer.
Lúcia sempre foi uma pessoa gorda. Na escola, sofria muito bullying, e em casa, seus pais controlavam sua alimentação para que ela se sentisse menos mal com seu corpo e as provocações diminuíssem.
Com tudo isso, Lúcia aprendeu a se odiar, a ter raiva do corpo que não a deixava ser feliz. “Tudo vai melhorar quando eu emagrecer.” Mesmo adulta, as sensações eram as mesmas.
Ela tentou diversas dietas, tentando emagrecer para talvez sentir menos ódio do corpo.
Essas dietas funcionavam por um tempo – fazia dieta e emagrecia – mas depois paravam de funcionar – não conseguia seguir a dieta nem por mais uma semana.
Lúcia tinha uma foto de uma modelo magra, confiante e feliz, colada na porta da geladeira, para fazê-la pensar duas vezes antes de comer.
No espelho do quarto, havia palavras escritas com batom: “feia”, “horrível”, “ridícula”, para incentivá-la a emagrecer.
Ela não comprava roupas novas, pois precisava caber nas antigas, e estar desconfortável a ajudaria a “tomar vergonha na cara” e seguir a dieta.
O ponto chave na alimentação era que, quanto mais ódio sentia do próprio corpo, menos conseguia seguir a dieta e nem comer de maneira decente.
Mais do que isso: quanto mais ódio sentia, mais comia, sem parar, a ponto de, algumas vezes, se sentir como um animal, passar mal e continuar comendo.
E assim a vida seguiu. Lúcia reforçava o ódio por si mesma e, paradoxalmente, não conseguia engajar em uma alimentação que a deixasse satisfeita. Muito pelo contrário, sentia que piorava na medida em que o ódio aumentava.
--- Esse texto é um compilado de inúmeras histórias que já ouvi como nutricionista.
O incentivo à aceitação é porque parece ser o principal elo para mudanças na alimentação.
Não é porque somos “bonzinhos”, mas porque o ódio não motiva (pelo menos não de maneira consistente para muitas pessoas).
Aceitação conecta com cuidado. Cuidado conecta com mudança.
Ao que parece, essa notícia que se espalhou há uma semana é um grande fake news.
Mas meu ponto de reflexão é: por que todo mundo acreditou?
Tenho uma confabulação sobre isso. O que as pessoas podem fazer para emagrecer é tão absurdo, mas tão absurdo, que a gente não duvida mais de nada.
Quem lembra da técnica em que se costurava uma espécie de tecido na língua para reduzir o gosto da comida? Ou da dieta da noiva ou da dieta da sonda? E do aparelho semelhante à gastrostomia, que era instalado para eliminar a comida do estômago?
(Lembra de mais algum? Me ajude nos comentários!)
Não quero fazer uma ode ao “cada dia mais difícil ser nutricionista”, mas colocar luz no ponto que me parece realmente importante nessa história: por que as pessoas vão a esse limite?
Ora, se para o senso comum engordar ou ser uma pessoa gorda é a pior coisa que pode acontecer, nada é bizarro o suficiente para evitar essa “tragédia”.
Note que dessa perspectiva, em nome de não engordar ou deixar de ser uma pessoa gorda, vale a pena, correr o risco de inclusive m0rrer. Como se nada fosse mais fatal que engordar/ser uma pessoa gorda, nem mesmo a m0rte.
Tenho certeza absoluta que muitas pessoas, ao lerem a matéria da Taenia, pensaram secretamente: “Mas será que é tão ruim assim? Quanto será que emagrece?”. Pessoas com transtornos alimentares, muito provavelmente, mas também duvido que seja exclusividade delas.
Se você pensou isso, este post não é para ridicularizar você, mas para chamar atenção ao que está vivendo neste momento. Provavelmente, sua experiência com seu corpo e sua alimentação estão no limite há muito tempo, a ponto de relativizar alguns métodos que podem colocar sua existência em risco.
“Tá, mas eu não fiz nada”. Ufa. Só lembre que o pensamento é o ensaio da ação, como diria o tio Freud. Então, o fato de isso estar aí talvez denuncie que pode ser uma boa tratar esse aspecto — corpo e comida — com o cuidado que talvez estejam solicitando.
Pense nisso e se julgar necessário, procure ajuda.
Eu nunca quis ser nutricionista. Na época do vestibular sabia que queria algo na área da saúde e via a nutrição como um “médico dos alimentos”, no auge da minha inocência da adolescência.
Uma boa parte da minha adolescência fiquei tive assumir algumas responsabilidades de cozinhar na minha família.
Na época da faculdade ironicamente foi a época que me alimentei pior, por questões financeiras. Eu sou da primeira turma do ProUni e cursei uma faculdade particular.
Eu ficava particularmente entediado com o assunto peso na faculdade. Não tinha nenhuma conexão pessoal com esse tema, afinal o que me interessava era o alimento que curava x ou y doença. Logo entendi que não era bem assim que as coisas funcionavam, mas mesmo assim meu maior interesse era nutrição hospitalar.
No estágio em hospital me decepcionei um bocado, pois estava muito longe do que eu idealizava. E o mais próximo disso era a clínica ambulatorial, que era bastante ocupada por demandas de peso.
Foi então que fiz um estágio em que precisei olhar para essa questão do peso. Com isso eu comecei a ficar muito intrigado com o tamanho do sofrimento das pessoas dentro desse tema.
No meio dessa inquietação fui achando todo o tratamento que envolvia peso estranho: as pessoas estavam sempre infelizes, o peso estava sempre fazendo um grande io-io, e era geral isso mesmo com as outras nutricionistas que trabalhavam comigo.
Então fui fazer curso que parecia promissor para minhas questões. Esse curso foi no AMBULIM, o qual hoje também dou aula, inclusive. O curso foi tão bom que eu queria saber mais sobre aquele universo. Foi daí que tropecei na área de transtornos alimentares, pois percebi que esses dois temas eram mais próximos que eu pensava.
Eu fiquei tão encantado e pessoalmente desafiado com esse tema que achei que as pessoas fora dali também poderiam se beneficiar disso.
Eu li tantos livros, eu li tantos artigos, eu ficava encomendando livros de outros países, assistindo cursos e aulas de outros países, fóruns de discussões. E olha que meu inglês nem era tão bom assim (e continua não sendo lá essas coisas).
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Muitos anos atrás, eu estava em um date com uma pessoa. E, em algum momento, completamente sem contexto, ela me diz: “…Porque eu perdi 20kg”.
Eu, já trabalhando com o que trabalho hoje e não estando numa consulta, fiquei desconcertado e respondi algo como: “E você está bem com isso?”, “Sim…” - respondeu nitidamente desapontada, “Então, isso que importa” - eu, tentando dar um fim menos constrangedor para aquele tema.
Em outro encontro com a mesma pessoa, ela conta em tom de confissão: “Sabe… Aquele dia, eu cheguei em casa e chorei muito”. Quando tento me lembrar sobre o que estava falando - “O dia em que te falei sobre meu emagrecimento… Estava esperando um parabéns e você não me deu”.
Essa situação é uma grande ilustração de relatos similares que aparecem nas consultas: emagrecer e não ser parabenizada por isso.
Vamos pensar pela perspectiva da pessoa que emagreceu. Caso ela fosse uma pessoa lida como gorda socialmente, provavelmente sofreu muitas situações estigmatizantes em relação ao seu corpo, muitas vezes sendo pressionada para emagrecer (como se isso fosse simples para boa parte das pessoas).
Então, é quase uma espécie de justiça que as pessoas a parabenizem. Afinal, o mundo estava infernizando essa pessoa para emagrecer, e ela emagreceu, então esse é o mínimo - sob a perspectiva da pessoa.
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O processo de descobrir que se tem um transtorno alimentar (TA) geralmente é bastante sofrido. Ele pode vir carregado de culpa, vergonha, raiva, negação e um misto de outras emoções.
Em 2024, raramente alguém precisa de um “chá revelação” de transtorno alimentar. Na maioria das vezes, a pessoa já sabe ou, no mínimo, suspeita.
Beleza, e aí, o que fazer?
Procurar ajuda especializada. As recomendações mais atuais falam de uma equipe mínima: nutricionista, psicólogo e psiquiatra, todos especializados em TA.
Uma verdade dura: um profissional focado em comportamento alimentar/nutrição comportamental não é necessariamente alguém especializado em TA.
Todo nutricionista especializado no tratamento de pessoas com TA é letrado em comportamento alimentar. Mas nem todo nutricionista focado em comportamento alimentar terá expertise em TA.
(Expertise não tem a ver com experiência pessoal com a doença, ok?)
Quem procurar primeiro? O mais importante é tentar engajar o mais rápido possível com a equipe mínima.
Falando de nutrição: essa é geralmente a parte mais evitada, afinal, é onde o sintoma reside atualmente. Parece doloroso mexer nisso. E não só parece, como é.
Mas, paradoxalmente, à medida que mexemos nesse tópico, ele vai deixando de ser doloroso aos poucos, abrindo espaço para sonhos, desejos e novas relações.
Minha dica principal: procure profissionais com quem você se sinta minimamente confortável para falar sobre suas angústias.
Para encerrar, lembro de uma paciente que atendi muitos anos atrás. Ela já tinha mais de 65 anos, com anorexia nervosa, e disse: “Esperei demais para começar a me tratar. Sinto como se minha vida tivesse passado e eu fiquei trancada no quarto, jogando comida fora, fingindo que estava comendo e pensando em comida… Me sinto muito triste, pois não tem mais volta”.
Ainda hoje, eu, Cezar, fico triste em lembrar, mas respondi: “Não tem volta, mas ainda tem vida”.
Sou contra ou a favor? Bora lá.
A maior parte das pessoas que atendo tem transtornos alimentares ou problemas alimentares graves. Boa parte desse público deseja fervorosamente não precisar se relacionar com a comida, afinal, decidir o que vai comer, negociar suas vontades, se organizar na vida para comer é mais sofrido e trabalhoso do que para a maior parte das pessoas.
Eis que essas medicações fornecem para essas pessoas exatamente o que elas queriam por meio dos efeitos colaterais: conseguir evitar a comida ao máximo.
Essa evitação da comida começa a se transformar em um “estou enjoada agora, melhor eu não almoçar”. Corta a cena para mais tarde, surgindo uma microfome, ou vontade, ou oportunidade de comer e comendo um pouco. Multiplique essa cena.
E aí vão beliscadinhas de coisas que a pessoa realmente gosta – afinal de contas, agora que eu não estou comendo nada o dia todo (leia-se, as refeições formais e principais) e estou com esse enjoo terrível, acho que mereço esse chocolatinho.
Se tem uma coisa que aprendi com os muitos pacientes pós-bariátricos que já atendi é que de picadinho em picadinho cabe um montão. Muitas vezes, sem a pessoa perceber.
Com isso, muitos pacientes sentem que o remédio “não funciona”, porque ou não conseguem perder peso, ou porque ganham peso, ou porque perdem e em algum momento começam a ganhar. Mas note que o problema não é a substância química em si, mas sim os desfechos que essa química produz no comportamento alimentar e que, se não forem direcionados, realmente podem não ajudar nesses casos.
Resumo: não sou contra a substância em si, o problema, além do uso indiscriminado, é a falta de acompanhamento nutricional – para direcionar os enjoos, as vontades de agora só comer doces, o planejamento das suas refeições principais, etc.
Eu adoraria que existisse um jeito seguro de evitar essa ação permanentemente que faz vocês sofrerem tanto (comer), mas infelizmente não há. Com remédio ou sem remédio, ainda vai ser necessário olhar para sua relação com a comida.
“Você pode comer de tudo, mas calma lá… está sendo muito permissiva!”
Permissividade, aqui, para além das definições, pode ser entendida quando uma pessoa está “se permitindo demais”, “além da conta”, “passando do limite”.
Esse termo é muito usado atualmente nas questões alimentares, bem como na educação infantil. Vou me ater apenas a refletir sobre os aspectos alimentares.
Para mim, a permissividade tem uma relação muito importante com limites.
Vamos partir do pressuposto de que limites existem, gostando ou não, eles existem (nosso corpo pode ser lido como um limite, por exemplo). Mas quem define esse limite? Você? Eu? A pessoa? As grandes instituições de saúde?
Aqui temos um impasse, pois nós, profissionais de saúde, somos agentes dessa grande instituição, os guardiões da saúde dos outros. Em outras palavras, essa instituição, através de nós, define qual é o limite aceitável e qual não é. Ora mais flexível, ora mais rígido.
Obviamente, cada agente vai fazendo sua microinterpretação dos limites e, portanto, atuando de maneira ligeiramente diferente, mas, ainda assim, a regra é a mesma.
Ajudar cada pessoa a descobrir seus próprios limites e conversar com os outros limites existentes no mundo é uma tarefa que tomo muito para mim, uma tarefa que eu realmente acredito, enquanto nutricionista (obviamente dentro do que se relaciona com comida e corpo).
Logo, eu, Cezar, não gosto muito desse termo para me referir a pessoas que, por exemplo, estão “comendo demais”, “comendo mais do que precisam”; acho que ele flerta com ideias filosóficas que não se alinham com minha forma de trabalhar. Ele me soa ligeiramente moralista.
Porém, entretanto, todavia, essa não é a verdade absoluta do mundo, é apenas a minha verdade no momento. Profundamente sartreana? Talvez, mas é isso aí.
Para quem é das consultas online já deve ter visto essas figurinhas.
Os únicos seres escutando as consultas são esses dois nenês.
O siamês é o Benedito (Ben) e o frajola é o Gregório (Greg).
O Ben sempre está deitado na mesa ao lado com computador e o Greg só vem pra me pedir colo e me lamber quando ele se interessa pela voz da pessoa hehe
As vezes eles aparecem em momentos tensos da consulta para dar espaço pra um sorriso no meio das lágrimas.
Diz que todo pai / mãe de pet adora mostrar seus filhos. E eu não fujo a regra. Vim só esbanjar a beleza dos meus lindinhos. 💚
Estava querendo tanto comer esse chocolate. Quando comi, ele não me parecia tão gostoso assim.
A expectativa x a realidade de algo que já comemos outrora e voltamos a comer agora é muito desafiadora mesmo… Afinal, se decepcionar com a comida não é algo simples.
E não é simples porque, às vezes, o fardo que ela carrega é muito grande. De que um chocolate vai salvar o seu dia, por exemplo.
Falando em voz alta, parece bobo, eu sei, mas, se você consultar aí dentro, tenho certeza de que vai encontrar momentos em que alguma comida foi a responsável por tornar seu dia colorido.
E, geralmente, não é por acaso que se escolhe uma comida ou outra, mas, muitas vezes, por uma memória com ela, uma memória de prazer.
Veja, por memória de prazer, não estou apenas me referindo a uma comida saborosa, mas por que não a uma situação saborosa?
O chocolate escondido que a avó dava em cumplicidade. O sorvete que você tomava voltando do cursinho num dia de calor e a vida era mais simples. O bolo favorito da sua mãe, já falecida. O biscoito deixado na mochila para comer na hora do recreio.
Corta para hoje: comendo o chocolate, o sorvete, o bolo ou biscoito e achando que eles não têm o mesmo gosto de antigamente, ou simplesmente não são mais tão gostosos. Uma decepção. Mais uma entre tantas da vida. Por isso, talvez, menos suportável. Era a última esperança de trazer alegria para um dia desgraçado.
O que fazer quando essa comida não está suficientemente boa para mim agora?
Algumas reflexões:
O quanto dessa comida é necessário para testar se ela ainda é boa o suficiente para você?
Caso ela não seja, o que aconteceria se você parasse de comer essa comida agora?
Sim, muitos desafios estão aqui, e sei que parece simplista, mas, ainda assim, gostaria de provocar esse ponto.
Guarde essas respostas aí no coração e todos os sentimentos que vieram junto com elas, e traga para a consulta, para continuarmos esse tema.
A facilidade dos deliveries contribui para você não cozinhar.
O excesso de trabalho e o cansaço dificultam o planejamento da sua alimentação.
Você ter sido submetida a tantas dietas desde cedo contribuiu para que seu transtorno alimentar ainda esteja presente.
Ter ouvido em tantos filmes, séries e de pessoas aleatórias que deveria “fechar a boca” contribuiu para que hoje você não confie nos sinais do seu corpo.
Ver tantas propagandas de chocolate e a disponibilidade constante dele dão um empurrãozinho para que você coma em excesso.
Ser exposto a bebidas prontas extremamente doces eleva o seu limiar de doçura, fazendo com que você sinta que tudo precise ser muito doce.
Sim, existem muitos problemas na alimentação que são gerados ou agravados pelo meio em que vivemos.
A culpa é de várias instituições maiores do que nós mesmos. Afinal, estou exausto do trabalho, vou pedir um delivery em um app com pouca variedade e, além disso, não consigo controlar a quantidade de temperos nem saber o tamanho da porção que será servida.
No atendimento nutricional clínico, tentamos, muitas vezes, pensar em como lidar com esses problemas no âmbito individual e, se possível, no familiar também.
Conseguem entender uma das camadas do porquê é tão difícil mudar?
Isso não significa que não conseguimos decidir nada em nossas vidas, e, portanto, estamos à mercê da sensação de incapacidade. Mas reconhecer que existem forças maiores atuando sobre nós ajuda a ser um pouco mais compassivo consigo mesmo durante o processo de mudança.
De qualquer forma, sempre me sinto na obrigação de me desculpar por fazer com que as pessoas que atendo precisem “dar conta” de um problema cujas raízes são muito mais antigas que a existência delas.
A parte boa é que você não está sozinha. Cada pessoa que transgride esse conjunto de regras (mesmo que parcialmente) está contribuindo para que a forma como as coisas acontecem socialmente possa ser diferente.
Pelo menos, é nisso que eu acredito ao me sentar na frente de cada um de vocês.
Gosto muito dessa frase de Lacan. Não apenas pela ambivalência e sagacidade que ela carrega, mas também por como pode ser aplicada ao contexto da supervisão.
Com muita frequência, na supervisão, as pessoas verbalizam que gostariam de conduzir um caso como eu faço, e pedem que eu as instrua sobre como fazer isso. Eu, sinceramente, acho essa a pior coisa que pode acontecer. Não porque eu me considere um desastre (embora às vezes eu ache), mas porque, ao procurar você, o cliente deseja ser atendido por você, e não por mim.
Há um ponto ainda mais crucial, que é a pluralidade. Existem pessoas que não se sentirão confortáveis com a minha forma de escutar, sugerir, refletir, com a minha velocidade em conduzir as coisas, meu tom de voz, etc. Por isso, é essencial que existam profissionais com diferentes características, para que as pessoas possam encontrar quem melhor se conecte com elas.
Na supervisão, no geral, vamos pensar em como você pode conduzir o processo dentro do seu próprio estilo, do seu contexto regional, do que te faz sentir confortável, entre outras coisas. Claro, também discutimos ajustes técnicos, pontos de atenção e limites éticos.
Uma nutricionista muito querida, que faz supervisão comigo há algum tempo, recentemente disse em um encontro: ‘Você não teve vontade de me chacoalhar na primeira vez que vim aqui e me dizer que estava tudo errado?’. O meu maior esforço sempre é tentar compreender a perspectiva da pessoa e pensar em como posso ajudá-la a dar o próximo passo no caminho que **ela** deseja seguir (e não no meu).
Aliás, seria muita pretensão minha querer que a pessoa siga o meu caminho. Afinal, acredito que existam outros caminhos melhores, menos dolorosos e mais tranquilos.
Por fim, só tenho a agradecer a todos que confiaram em mim ao longo desses anos de supervisão. Obrigado por compartilharem seus medos, dúvidas, animações, lágrimas e um pouquinho de suas vidas pessoais nesse espaço que me é tão querido.
Tive um desentendimento no trabalho, e imediatamente vem à cabeça: *Preciso* de um doce.
Parece uma necessidade urgente. Não dá para esperar, precisa ser agora.
Mas não tem nada doce em casa… Humm… vou inventar. Um pouco de leite em pó com açúcar, e um pouquinho de achocolatado com água, bato até virar uma papinha.
Como! Mas não era isso… Deixa eu ver mais o que tem aqui… Não tem nada, então vou pedir pelo aplicativo. Vou pedir um brigadeiro, um copo da felicidade, um sorvetinho e pronto. Eita, tem um pedido mínimo, vou precisar colocar mais algumas coisas no carrinho. Esse chocolate aqui está com uma cara boa, essa trufa também.
Vai demorar para chegar… Preciso de algo até ele chegar… Ah, achei perdido aqui no freezer um açaí da semana passada. Não está tão bom, mas preciso de um doce.
Os doces chegaram. Que vergonha do entregador. Será que ele sabe o quanto eu pedi? Ah, não importa, eu preciso de um doce.
Como tudo até cansar — Meu Deus, como eu pude comer tanto? E o pior: se tivesse mais, eu comeria mais. Onde vou parar desse jeito?
Essa é a cena mental de muitas pessoas com problemas de relacionamento com a comida mais graves.
A comida é literalmente um botão de emergência quando as coisas estão emocionalmente difíceis de lidar.
Muitas vezes, ela age como um distrator do foco no problema inicial, pois parece ser um problema mais administrável do que o original.
Esse não é o único gatilho muitas vezes, nem o principal, mas está entre os fatores que mobilizam esse tipo de problema.
E como faz?
O caminho é entender os outros gatilhos em volta dessa situação para desarticulá-los e, paralelamente, ir criando outros botões de emergência. Afinal, mesmo que a comida continue sendo um dos botões de emergência, ela não precisa ser o único. Estatisticamente, isso já nos dá uma chance de diminuir a probabilidade desse comportamento.
Não é possível viver sem um corpo. Não possível trocar o nosso corpo por um outro - que achamos mais adequado.
Para levantar e escovar os dentes, preciso entrar em contato com esse corpo. Para ir ao trabalho preciso ir com esse corpo. Para abraçar alguém que amo, preciso abraçar com esse corpo. Para ler esse texto, estou segurando o celular e olhando com meus olhos, portanto preciso do meu corpo.
E quando é dolorido demais viver nesse corpo? E quando me acho uma pessoa feia, asquerosa, nojenta, ridícula, horrível? Como faz pra viver?
Aqui estamos no impasse em que muitas pessoas se encontram.
A única possibilidade que aparece e modificar esse corpo pra sobreviver. Mas como? Com dietas, exercícios, procedimentos, medicamentos, etc. Mas e se eu não consigo nenhuma dessas coisas?
Eis a escala maior do impasse. Impasse este que muitas pessoas com transtornos alimentares e problemas importantes de relacionamento com a comida se vêem.
E óbvio que você pode trabalhar para mudar o seu corpo, mas alguns adendos são necessários: 1) isso não é garantia que você se sinta bem com seu corpo a longo prazo; 2) você pode não conseguir fazer as coisas citadas acima; 3) você pode estar cansada de tentar e não querer mais.
Então, o que fazer caso esses cenários estejam aí?
Gosto muito de pensar em como podemos viver *apesar* desse corpo.
Não é uma tarefa simples, não é uma tarefa rápida, não é uma tarefa óbvia. Em última instância nem uma tarefa em. Mas é um caminho.
Um caminho em que se procura desenvolver novas formas de cuidar do próprio corpo, da saúde, de você, de maneiras que façam sentido para quem você é hoje.
Não é, absolutamente, um caminho de abandono, mas um de reconstrução e que, sim, no meio, ele pode envolver desejos de mudança, mas é muito provável que isso esteja em outro lugar na sua cabeça e, por que não, no seu coração.
"Que bom! Você sempre será bem-vinda aqui, mas me conte o que trouxe de volta!".
A vida é muito maluca: uma hora você bate o carro, outra hora o filho está com algum problema de saúde, outra hora é demitida da empresa, se desorganiza financeiramente...
Muita coisa acontece que faz a gente interromper processos de cuidado, inclusive não dar conta do processo de cuidado.
Cuidar de si e uma tarefa essencial, mas nem por isso simples, sobretudo quando você não aprendeu a cuidar de alguns aspectos da sua vida, apenas controla-los.
Começar a olhar pra si pode ser muito desafiador pra alguns, afinal nem todo cuidado é controlado, e nem todo controle é cuidado.
Então é justíssimo que ele possa ser interrompido caso você sinta que não dê conta.
Além disso também é importante contar que você pode retornar. Retorno não deveria ser motivo de vergonha. Afinal as águas numa praia, vem e vão, sem precisar se desculpar ou como se fosse algo errado. Foi apenas o que dava pra ser naquele momento.
Desejo que todos possam ser bem vindos em seus processos de recomeço, e que se sintam acolhidos para continuar uma jornada que na verdade nunca terminou.
Com muita frequência os trabalhos relacionados a comportamento alimentar e tratamento de transtornos alimentares envolvem o preenchimento de um diário alimentar.
Há muita dificuldade no preenchimento desse instrumento na prática e por isso gostaria de trazer alguns pontos de reflexão.
“Não preencho o diário porque eu esqueço”: será que você esquece 100% das vezes ou está tentando fazer um diário perfeito esteticamente?
“Eu deixo pra preenche tudo no fim do dia mas estou muito cansada”: lembrar do que comeu ao longo de um dia é muito difícil, imagine então lembrar de fome, situação, saciedade, o que estava pensando… vira uma tarefa insustentável.
“Eu só quero preencher quando eu como tudo certinho”: qual o sentido de escolhermos nos debruçar sobre um diário que não há problemas? Do que ou de quem eu estou com medo?
“Faz 2 dias que não anoto, amanhã vou sentar e anotar tudo de uma vez”: o pensando de fazer tudo ou nada na alimentação, muitas vezes também se espelha no diário. O que aconteceria se fizéssemos o possível ao invés do ideal?
“Tenho medo de ser julgada”: esse é um tópico especialmente importante. Existem sinais que apontam que posso ser julgada no espaço de atendimento? Se sim, qual o sentido há em fazer um acompanhamento onde eu acredito que não vou me sentir acolhida nas dificuldades? Se não, será que não estou com medo de ser julgada por mim mesma ao ler o que eu escrevi?
“Preencho apenas o que e quanto comi”: sem dúvidas essas são informações muito importantes, o ponto é que talvez focar a atenção apenas nesses pontos faça o uso dessa ferramenta ser pobre.
“Eu me sinto muito culpada quando escrevo o que eu como”: eu sinto muito mesmo por isso, e acontece com algumas pessoas. A boa notícia é que isso tende a desaparecer com o tempo. Ao escrever e compartilhar seus pensamentos sobre aquela comida o nutricionista pode te emprestar um outro olhar sobre, e aos poucos ir dissolvendo essa culpa. Não anotar traz uma sensação superficial de não culpa, mas se você olhar bem aí dentro vai ver que ela está por aí.
Tem muito mais a refletir sobre, mas essas são só algumas pitadas que podem ajudar a dar um empurrãozinho.
“Mas que s**o, eu quero me livrar de pensar em comida e não pensar nunca mais”.
Eu sinto muito, pensar no cuidado com a sua alimentação é como pensar no cuidado com os seus dentes, ele não termina.
É completamente natural quando se tem uma história muito obsessiva com a comida e corpo desejar não pensar nisso nunca mais, afinal a única maneira de conectar com esse tema é de um jeito sofrido.
Algumas pessoas vão optar por não olhar para isso, como solução. Mas minha experiência conta que, em algum momento essa demanda vai bater na porta. Talvez chegar com a voadora.
Comer é uma das primeiras coisas que fazemos quando chegamos nesse mundo e vamos fazê-la até os últimos dias de nossas vidas. Tornar esse processo algo cuidadoso e leve é essencial para ser algo não sofrido.
Em processos de recuperação de transtornos alimentares e comer transtornado, quando a pessoa recebe alta é importante que tenha consciência que o processo não acaba ali, mas que ele continua, sem um guia constante, mas ele continua.
A relação que nosso corpo estabelece com a comida (o quanto eu sinto de fome, que comidas eu gosto mais, que hábitos ajudam meu intestino a funcionar melhor, etc) vai mudando ao longo do tempo. Bem, nós estamos mudando o tempo todo, então é esperado que as relações também mudem, não é mesmo?
Estar atento a isso pode ajudar a nos conectar com nosso corpo, nossos desejos, nossos limites, e pq não, com nós mesmos?
Se alguém com compulsão alimentar já fez tratamento adequado para o seu transtorno alimentar, conhece bem essa sensação.
Um olhar de fora pode ler isso é pensar “uhuuuu, que delícia, finalmente a pessoa está se livrando disso”, mas na prática não é bem assim.
Ao mesmo tempo que os episódios de compulsão alimentar causam muito sofrimento eles também podem trazer uma sensação de conforto, de calma, de anestesia.
Conforme o tratamento vai andando essa compulsão deixa de cumprir esses papéis. Daí o que muitas pessoas sentem é que comem mas que o efeito que ela trazia não aparece, logo a compulsão “não funciona”.
Isso, sozinho, não é garantia para que a compulsão não aconteça mais, pois muitas vezes a pessoa vai tentar mais - mais vezes, um maior volume, combinações diferentes - buscando o mesmo efeito que se tinha antes.
Este “deixar de funcionar” é um passo esperado e até desejável do tratamento de pessoas com esse sintoma.
Para que esse enigma se resolva é essencial o cuidado nutricional - para ajudar a dissolver esse sintoma - e também o psicoterapêutico - para ajudar a ressignificar esse buraco deixado pela compulsão alimentar.
Neste buraco, geralmente, cabe muito mais que alívio, daí a importância de cuidar dele do ponto de vista afetivo e também alimentar.
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