Casa Amarela - Cineclube

Seis meses depois da abertura do Cineclube Casa Amarela, por onde passaram vários convidados, entre ciclos, colóquios e retrospetivas, retiramo-nos agora para férias. Voltaremos em Setembro com mais Ciclos Mensais, Colóquios e sessões da Desconstrução - Análise Cinematográfica.

Até já!

🎞 CAPITALISM: CHILD LABOR (2006), de Ken Jacobs

Em CAPITALISM: CHILD LABOR, Jacobs leva a cabo a animação digital de uma fotografia estereoscópica Vitoriana que retrata uma fábrica do século XIX repleta de máquinas e de crianças operárias. Jacobs isola os rostos dos indivíduos e os detalhes das imagens como se estivesse à procura do humano e do particular dentro deste campo mecanizado de produção em massa.

🎞 CAPITALISM: SLAVERY (2006), de Ken Jacobs

Um antigo estereograma de apanhadores de algodão, trabalhada
ao computador para ser apresentado com uma maior profundidade. Silencioso,
melancólico, breve.

🎞 PAYS BARBARE (2013), de Angela Ricci Lucchi e Yervant Gianikian

PAYS BARBARE o período mais sombrio da história moderna da Itália. Usando imagens de arquivo das décadas de 1920 e 1930, Angela Ricci Lucchi e Yervant Gianikian criam um relato fascinante da ascensão do fascismo e das guerras coloniais da Itália na África. Ao mesmo tempo belo e horripilante, este documentário extraordinário incita seus espectadores a lembrar o passado para que não se repita.

📍 15 Maio | 18H30 | Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

The Blue Angel

Marlene Dietrich is singing a lament
for mechanical love.
She leans against a mortarboard tree
on a plateau by the seashore.

She's a life-sized toy,
the doll of eternity;
her hair is shaped like an abstract hat
made out of white steel.

Her face is powdered, whitewashed and
immobile like a robot.
Jutting out of her temple, by an eye,
is a little white key.

She gazes through dull blue pupils
set in the whites of her eyes.
She closes them, and the key
turns by itself.

She opens her eyes, and they're blank
like a statue's in a museum.
Her machine begins to move, the key turns
again, her eyes change, she sings.

—you'd think I would have thought a plan
to end the inner grind,
but not till I have found a man
to occupy my mind.

Allen Ginsberg

🎥 BIOGRAFIA DO REALIZADOR

Rui Simões nasceu em 1944, estudou realização de cinema e televisão no Institut des Arts de Diffusionem Bruxelas, Bélgica. De volta a Portugal a seguir à revolução de 1974 viria a realizar os icónicos filmes do pós 25 de Abril, "Deus Pátria, Autoridade" e "Bom Povo Português". Em 1986 criou a Real Ficção, uma Produtora de Audiovisual a partir da qual desenvolveu o seu trabalho como documentarista focando-se profundamente em assuntos sociais e na arte, assim como no apoio a jovens realizadores.

🎞 DEUS PÁTRIA AUTORIDADE (1975), de Rui Simões

♦️ SESSÃO COM A PRESENÇA DO REALIZADOR

📍 24 ABRIL | 18H30 | Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

🎞 DEUS PÁTRIA AUTORIDADE (1975), de Rui Simões

A partir do célebre discurso de Salazar feito em 1936, o filme procura de forma didática mostrar os alicerces do regime fascista durante os 48 anos da sua existência até ao 25 de Abril de 1974.

SESSÃO COM A PRESENÇA DO REALIZADOR

📍 24 ABRIL | 18H30 | Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

Rain

I love all films that start with rain:
rain, braiding a windowpane
or darkening a hung-out dress
or streaming down her upturned face;

one big thundering downpour
right through the empty script and score
before the act, before the blame,
before the lens pulls through the frame

to where the woman sits alone
beside a silent telephone
or the dress lies ruined on the grass
or the girl walks off the overpass,

and all things flow out from that source
along their fatal watercourse.
However bad or overlong
such a film can do no wrong,

so when his native twang shows through
or when the boom dips into view
or when her speech starts to betray
its adaptation from a play,

I think to when we opened cold
on a starlit gutter, running gold
with the neon of a drugstore sign
and I’d read into its blazing line:

forget the ink, the milk, the blood –
all was washed clean with the flood
we rose up from the falling waters
the fallen rain’s own sons and daughters

and none of this, none of this matters.

Don Paterson, in "Rain".

Reflexos.

"Hugo" (2011), Martin Scorsese.

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

Hoje em forma de prosa (poética).

"Por isso lhe peço, doutor escritor. Me ajude numa mentira que me dê autoria da culpa. [...] E agora, por amor dessa mentirosa lembrança, o senhor me abra a porta do Cine Olympia. Isso, faça-me esse obséquio, lhe estou agradecendo. Para eu, finalmente, espreitar essa luz que vem de trás, da máquina de projectar, mas que surge sempre pela frente. E sente-se comigo, aqui ao meu lado, a assistirmos a esse filme que está correndo. Já vê, lá na tela, o meu homem [...]? Vê como ele, agora, no escurinho da sala está olhando para mim? Só para mim, só para mim, só."

Mia Couto, "O fio das missangas"

🎞 VIDEOGRAMAS DE UMA REVOLUÇÃO (1991), de Harun Farocki e Andrei Ujica

VIDEOGRAMAS DE UMA REVOLUÇÃO lança um olhar sobre a Revolução romena de 1989 a partir dos seus arquivos. Lançado em 1992, por Harun Farocki e Andrei Ujica, o filme constrói-se numa oposição: de um lado, as imagens do poder, oficiais e subjugadas à televisão estatal; de outro, dezenas de câmaras anónimas e amadoras espalhadas pelo país alinhadas com o movimento revolucionário.

📍 10 ABRIL | 18H30 | Fábrica Braço de Prata
📍Entrada Livre

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Paulo Leminski

🎥 CICLO DE CINEMA DE ABRIL E MAIO – ALÉM IMAGEM | CINEMA POLÍTICO DE ARQUIVO

🎥 PROGRAMA

🎞 VIDEOGRAMAS DE UMA REVOLUÇÃO (1991), de Harun Farocki e Andrei Ujica
📍 10 ABRIL | 18H30

🎞 DEUS, PÁTRIA, AUTORIDADE (1976), de Rui Simões
🗣 Com a presença do realizador
📍 24 ABRIL | 18H30

🎞 CAPITALISM: SLAVERY | CHILD LABOR (2006), de Ken Jacobs
🎞 PAYS BARBARE (2013), de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi
📍 08 MAIO | 18H30

📍 Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

Pier Paolo Pasolini by Jonas Mekas. Rome, 1967.

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

Picture-Show

And still they come and go: and this is all I know—
That from the gloom I watch an endless picture-show,
Where wild or listless faces flicker on their way,
With glad or grievous hearts I’ll never understand
Because Time spins so fast, and they’ve no time to stay
Beyond the moment’s gesture of a lifted hand.

And still, between the shadow and the blinding flame,
The brave despair of men flings onward, ever the same
As in those doom-lit years that wait them, and have been...
And life is just the picture dancing on a screen.

Siegfried Sassoon

🎞 FÁTIMA (2017) | JOÃO CANIJO | COM A PRESENÇA DO REALIZADOR

Nascido no Porto, em 1957, João Canijo começou a trabalhar em cinema na década de 1980, como assistente de realização de nomes como Manoel de Oliveira ou Wim Wenders. Além da longa carreira em cinema, trabalhou em teatro, enquanto encenador de várias peças.

Estreou a sua primeira longa-metragem, Três Menos Eu, em 1988. Entre os seus trabalhos, numa carreira com mais de três décadas, contam-se Sapatos Pretos (1998), Ganhar a Vida (2001), Noite Escura (2004), Sangue do Meu Sangue (2011) e É o Amor (2013), além de documentários como Fantasia Lusitana (2010) ou Trabalho de Actriz, Trabalho de Actor (2011). O seu mais recente projeto, Mal Viver, tem estreia prevista para 2022.

🗣 Conversa com João Canijo e Guilherme Gomes
📍 27 de Março | 17H00 | Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

Reflexos.

Shirin (Abbas Kiarostami, 2008).

🎞 FÁTIMA (2017) | João Canijo

No início de Maio de 2016, um grupo de 11 mulheres – composto pelas actrizes Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Teresa Madruga, Ana Bustorff, Teresa Tavares, Alexandra Rosa, Íris Macedo, Sara Norte e Márcia Breia – parte de Vinhais, em Trás-os-Montes, em peregrinação a Fátima.

Durante nove dias, e ao longo de quatrocentos quilómetros, fazem o seu caminho individual, superando as adversidades com estoicismo, coragem e fé.

🗣 Conversa com João Canijo e Guilherme Gomes
📍 27 de Março | 17H00 | Fábrica Braço de Prata
📍 Entrada Livre

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

Esplendor na Relva

Eu sei que Deanie Loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste

A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de Deanie quem desiste

na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquele que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais

lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em Deanie prossegue a primavera

e vejo que caminha entre as mais

Ruy Belo, in "Homem de Palavra(s)"

À Terça-feira, um poema sobre a sala escura.

Hoje, um espirro mudo, perpétuo, sem-significado; infinitamente disponível, sempre opaco, como o filme e o poema, naturezas mortas, quer dizer, exposições artificiais e impossíveis do que morreu e não pode(ria) estar, ou permanecer, junto. Divagações à parte, faz-se referência a este filme de Thomas Edison: https://www.youtube.com/watch?v=UGcelrhkCyQ

Still Life

It was believed
a sneeze set loose your soul
just as sure as a camera
could steal it.

Consider then that Tom Edison
made a movie of a man
sneezing.
We can watch him now.
The motion of that old picture
is still
the same, but strange
(as old pictures are)
over and over. He is only shades
of white or black, and to us
as to deaf Tom
years ago, the man is silent
sneeze
after sneeze after sneeze.

We watch him now
and repeatedly it is still
not clear to us
just what we’ve seen:
a man’s loss, a camera’s gain,
or in the end nothing at all

James Hazard

The first copyrighted movie The first sneeze - Edison Kinetoscopic Record of a Sneeze, Jan 7, 1894 Fred Ott's Sneeze (also known as Edison Kinetoscopic Record of a Sneeze) is 1894 short, black-and-white, silent film shot by William K.L. Dickson and featuri...

🎞 JOGO DE CENA (2007) | Eduardo Coutinho | Escolha de Guilherme Carravetta

Guilherme Carravetta é ator e realizador. Possui ampla vivência em produção audiovisual, onde atua há mais de dezesseis anos, exercendo ainda as funções de montador e produtor. Traz uma bagagem de formação artística em direção cinematográfica e interpretação para cinema e televisão na Itália, onde recentemente realizou um documentário com o célebre sociólogo Domenico De Masi sobre o conceito do Ócio Criativo e a sua prática na educação. Sua formação e seu trabalho como ator, conferem uma habilidade especial na direção de atores.

É professor de interpretação para cinema e televisão. Participa, constantemente, de festivais internacionais como ator e realizador, tendo sido agraciado com alguns prêmios.

Está em pesquisa e desenvolvimento da sua dissertação de mestrado com foco na direção de atores, baseado no Efeito Kuleshov e amparada pelos conceitos de Stanislavski, na Universidade Nova de Lisboa.

Recentemente, lançou o seu novo curta-metragem, “Maria” (2021), e está trabalhando nos curtas-metragens “Almost at the end of the beach”, “Apoio” e “Manhã”, todos com previsão de produção para 2022.

🗣Conversa com Guilherme Carravetta e Guilherme Gomes
📍20 de Março | 18H00 | Fábrica Braço de Prata
📍Entrada Livre

Um artista inconfundível, um cinéfilo exímio, figura paternal para muitos. Para sempre, querido Jorge! 🤍

🎞JOGO DE CENA (2007) | Eduardo Coutinho

Atendendo a um anúncio de jornal, oitenta e três mulheres contaram as suas histórias de vida num estúdio. Em Junho de 2006, vinte e três delas foram seleccionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em Setembro do mesmo ano, actrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas pelas personagens escolhidas.

As imagens cruzam-se: quem é a «personagem real»? quem é a «actriz»? O que é, afinal, a reprsentação? Até onde se extende o conceito de representar? Texto: Doclisboa

🗣 Conversa com Guilherme Carravetta e Guilherme Gomes
📍20 de Março | 18H00 | Fábrica Braço de Prata
📍Entrada Livre

🎞THE LONELINESS OF THE LONG DISTANCE RUNNER (1962) | Tony Richardson | Escolha de Rui Pina Coelho

Rui Pina Coelho é crítico de teatro, dramaturgista, autor e tradutor. É docente na Escola Superior de Teatro e Cinema e colabora, como investigador, com o Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa e com o CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação. É membro do Conselho Redatorial da revista Sinais de Cena e da Direção da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.

Publicou Casa da Comédia – Um palco para uma ideia de teatro (Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 2009).
É autor de Nina (Trimagisto/Palco Oriental, 2004), Júlia Borboleta e o Pau-brasil (SOIR, 2006), Às vezes quase me acontecem coisas boas quando me ponho a falar sozinho (Trimagisto, 2009-10), O velho sedentário e o jovem aventureiro (Teatro o Bando, 2010), Beggining (Teatro o bando/Emergency Exits Arts/Oulu City Theatre, 2011), Já passaram quantos anos, perguntou ele (TEP, 2011) e Um espectáculo para os meus compatriotas (Negócio ZDB, 2012).

🗣Conversa com Rui Pina Coelho e Guilherme Gomes
📍13 de Março | 18H00 | Fábrica Braço de Prata
📍Entrada Livre