Tabatah Flores - Psicanalista

E seguir arrastando fantasmas e correntes por aí… 😮👻

A cultura da virilidade é a cultura da competição de quem é o mais forte, o mais másculo, o mais virtuoso. Não há intenção alguma cooperação — seja na esfera política, seja em outra profissão ou na família —, o propósito é sentir-se poderoso e expor esse poder. O gozo está no reconhecimento desse poder.

A cultura da lacração é uma continuidade, uma consequência de uma sociedade capturada por esses valores patriarcais, no sentido de que também é sobre competir, ridicularizar alguém para se sentir melhor, se expor, ofender, tentar chocar o mundo — porém, não para gerar uma reflexão, uma ampliação de ideias —, mas tão somente com o intuito de ter seguidores, admiradores, fãs… A qualquer custo.

De um lado da briga, o Datena, cujo nome já quase é, por si só, um adjetivo, por ser um homem que sempre espetacularizou a violência, fazendo sensacionalismo e propagando valores patriarcais com o intuito, além de lucrar, é claro, de se colocar acima dos reles mortais que ele exibia em seu programa televisivo, que quem tem algum respeito pelo jornalismo jamais chamará de jornal.

Do outro lado, um coach, que enriqueceu com seus vídeos vendendo mentiras mas que, assim como o seu colega, tinha objetivos para além do dinheiro: ser endeusado. Não é preciso ser psicanalista para perceber o prazer que Marçal tem ao ouvir a própria voz, pouco importando o conteúdo, muito menos os danos que ele venha causar, seja aos outros, seja a si mesmo.

E entre eles: uma cadeira.

É, chega a ser caricato esse encontro — atravessado por uma cadeirada — do perfeito exemplar do antigo patriarca com a versão atualizada 2024… Nos remete a uma briga de pai e filho, daquelas que quem está de fora percebe que eles não se dão conta de quão parecidos são. Para azar de ambos.

Compartilhando a carta aberta do ‘Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas’, do qual a SPID faz parte.

Sábado agora, dia 07/09, eu e retornaremos com o nosso Grupo de Estudos Escuta Marginal na .

Seguiremos nos debruçando sobre temas e indagações que possibilitem uma ampliação da nossa escuta ao receber na clínica sofrimentos oriundos de opressões sociais.

Ainda dá tempo de se inscrever!
Email: [email protected]
WhatsApp:55 21 99520-2176

No sábado passado, tive a alegria de apresentar o meu trabalho Clínica, Raça e Classe na mesa Clínica das Ações Afirmativas da Jornada:
O Tempo Não Passa, promovida pela

Foi uma delícia de estreia, que ainda me deu o presente do emocionante reencontro com o querido amigo, o cacique Uruatau, da Aldeia Maracanã -

Só tenho a agradecer a todos responsáveis pela construção desse evento e também a quem participou, presencial ou virtualmente.

Espero que também tenham curtido e que haja TEMPO para uma próxima!

🤎💙

“No caminho é que se vê a praia melhor para ficar”, disse Chico Science.

Qual praia é a melhor? Se é a vazia ou a que virou point, se é a com altas ondas ou a de mar calmo, se é a mais deserta ou a com mais comércio… Isso depende do estilo e das aspirações de cada um. Não há uma definição da praia certa. Afinal, uns querem descansar, outros querem surfar, por exemplo.

Talvez indo na contramão do famoso dito popular que indica que o caminho é melhor que o destino, é bom advertir que alguns caminhos podem ser difíceis, dolorosos. De fato, os caminhos são sempre interessantes, porque é a vida acontecendo e há descobertas nesse processo. Entretanto, é evidente que a praia é tão ou mais gostosa que o caminho até ela.

Não há destino certo. Afinal, como já dito, é no caminho que descobrimos qual é o melhor destino. Ou seja, é vivendo, com tentativas, erros e acertos, que vamos percebendo aquilo que faz sentido manter, que descobrimos qual a forma de viver que facilita a existência de mais momentos alegres e traz mais satisfação.

Qual a melhor praia para ficar vai depender do estilo e das preferências de cada um. E é no caminho que se vê, porque é preciso investigar a si mesmo por um tempo para enfim descobrir o que se quer.

Tá bem, o amor romântico realmente precisa sair de cena. Mas o amor liberal não precisa ser a dinâmica relacional a ocupar esse lugar, se é que podemos chamar de amor essas relações superficiais, de mero consumo e descarte. Então, precisamos reinventar o amor. Descobrir uma nova forma de praticá-lo, que não aprisione nem apenas utilize.

Algumas pessoas estão perguntando sobre a continuidade do grupo no semestre que vem, então resolvi fazer esse post para responder. 😉

Primeiramente, sim, o grupo vai continuar. 🥳
Em breve, trarei mais informações sobre esse grupo aqui. Estamos com ideias bem interessantes.

Maaaas, além disso, quem quiser, sobretudo quem já é membro da (porque aí já está incluso na mensalidade) pode entrar ainda nesse semestre no grupo.

Afinal, a cada encontro, abordamos um tema diferente (que foi escolhido no encontro anterior). Sendo desse jeito, não há problema algum entrar no meio do andamento do grupo. 😉

Nós já abordamos o significante “Marginal”, neoliberalismo e racismo. No próximo encontro, que ocorrerá no dia 01/06, nós falaremos sobre misoginia.

Quer falar sobre misoginia em uma perspectiva psicanalítica e política? Então, chega mais! 💪🏽

Mais informações pelo WhatsApp:
(21) 97931-4218

Deparar-se com algumas notícias sobre si mesmo, ou sobre o que lhe cerca, pode ser muito doloroso e, por isso, evita-se saber…

O descontentamento resultante de uma ação ou comentário alheio não necessariamente valida sua posição. Na realidade, a sensação de desconforto, muitas vezes, indica uma dificuldade emocional em lidar com a situação em questão. Embora a conduta possa ser percebida como desrespeitosa, é crucial considerar se esse sentimento de desagrado é consequência direta de uma falta de respeito ou se é influenciado por questões pessoais mais profundas, como experiências passadas ou vulnerabilidades emocionais latentes.

Uma análise introspectiva permite uma perspectiva mais abrangente da situação, possibilitando a compreensão das razões subjacentes ao desconforto. Ao invés de atribuir imediatamente a culpa ao outro, é prudente investigar profundamente as causas do incômodo e refletir sobre sua própria percepção da situação. Esse processo de autoquestionamento não apenas promove uma compreensão mais profunda de si mesmo, mas também contribui para um diálogo mais construtivo e uma resolução mais eficaz de conflitos interpessoais.

Além disso, considerar a perspectiva do outro e manter uma comunicação aberta e respeitosa são fundamentais para promover um ambiente de entendimento mútuo e colaboração. Ao buscar entender as motivações por trás das ações ou palavras do outro, é possível encontrar pontos de convergência e criar espaço para um diálogo produtivo.

Em última análise, ao invés de reagir impulsivamente ao desconforto, é valioso cultivar a habilidade de se observar com compaixão e compreensão, reconhecendo que nossas reações são influenciadas por uma miríade de fatores internos e externos. Ao adotar uma abordagem reflexiva e empática, podemos transformar conflitos em oportunidades de crescimento pessoal e interpessoal.

Em complemento ao post anterior, um trecho da psicanalista Radmila Zygouris.

🪡É tecer, é bordar, é dançar, é desmontar e montar outra coisa com peças antigas e novas. Análise é passado, presente e futuro juntos, mas não misturados.

🪡É tecer, é bordar, é dançar, é desmontar e montar outra coisa. Análise é passado, presente e futuro juntos, mas não misturados…

Há escuta do inconsciente que vive às margens? É possível uma escuta marginal? A que nos referimos ao evocar esse significante?

Acreditamos que a psicanálise deve exercitar pensar os processos de subjetivação de sujeitos que são atravessados por traumas, fantasias e fantasmas causados pelas opressões estruturais decorrentes de múltiplos pertencimentos interseccionais como os de classe, raça, gênero, geração e sexualidade.

Pretendemos mobilizar pautas para investigação e melhor entendimento das questões subjetivas que atravessam sujeitos que estão à margem, em consonância com a cultura e com as questões sociais mais amplas, como o racismo e o machismo estrutural, a lgbtfobia, o capacitismo e o sofrimento no neoliberalismo atual, a fim de ampliarmos nossa escuta e nossa atuação prática nesse sentido para receber em análise não somente dores e traumas inerentes de um percurso individual dos analisantes, como também dores e traumas que têm como origem as opressões sociais produtoras de sofrimento psíquico.

O alarme já está tocando? Parece que acabei de fechar os olhos…
Vamos, filha, acorda para não chegar atrasada na escola
Pão, fruta, suco, água, repelente
Filha, já se vestiu?
Preciso explicar à diretora que só vou conseguir comprar o livro na segunda-feira
Filha, já terminou de comer? Escove os dentes
Hoje é 8 de março, quero escrever um texto sobre ser mulher
Vamos à escola, filha, já está em cima da hora
Vou de pijama mesmo, paciência…
Por que será que às sextas eu estou sempre mais cansada?
Beijo, filha, divirta-se!
Preciso de um café
Acabou o pão e a manteiga, vou passar no mercado
Hoje é 8 de março, quero escrever um texto sobre ser mulher
Caramba, já são 08:30, será dá tempo de tomar o café antes de trabalhar?
Deu tempo, ufa!
Trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha
Hoje é 8 de março, queria tanto escrever um texto sobre ser mulher
Trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha
Já está na hora de buscar a criança na escola
Como foi seu dia, meu amor?
É isso mesmo, filha, hoje é o dia internacional da mulher
Arroz, feijão, carne moída, tem pouca cenoura, vou deixar mais pra ela, brócolis é todo dela
Ajude a mamãe a tirar a mesa
Sim, filha, pode ir ver T.V.
Hoje é 8 de março, queria conseguir escrever alguma coisa
Trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha
Claro, ajudo você com o dever
Um texto sobre os direitos da criança, que bacana, filha!
Será que estou garantido à minha filha todos os direitos dela?
Culpa, culpa, culpa, culpa, culpa, culpa, culpa, culpa, culpa
Hora do lanche: tapioca, fruta, suco. Escove os dentes.
Já escovou os dentes? Sim, precisa ser agora.
Hoje é dia da mulher, seria bom poder escrever alguma coisa hoje
(Continua nos comentários)

AMANHÃ, sábado, às 10:00, será o 1o encontro do GRUPO DE ESTUDOS ESCUTA MARGINAL.

É com muita animação e orgulho que eu, ao lado do e coordeno esse grupo de estudos ofertado pela

O tripé analítico no qual se sustenta uma prática psicanalítica ética não é mera burocracia ou formalidade. É preciso muita análise pessoal, para atravessar questões pessoais, mas também é fundamental o estudo teórico e o estudo clínico, que é composto pela supervisão individual e trocas entre pares (por meio de grupos de estudos ou seminários) sobre os casos clínicos.

Por essa razão, esse nosso grupo de estudos presente somar tanto no estudo teórico — alargando a bibliografia para além das tradicionais e incluindo teorias afins importantes para a compreensão da conjuntura na qual cada analisando se encontra —, como no estudo clínico, possibilitando a troca de experiências de casos, o que é fundamental para o aprimoramento e a atualização da escuta.

Afinal… Há escuta do inconsciente que vive às margens? É possível uma escuta marginal? A que nos referimos ao evocar esse significante? Acreditamos que a psicanálise deve exercitar pensar os processos de subjetivação de sujeitos que são atravessados por traumas, fantasias e fantasmas causados pelas opressões estruturais decorrentes de múltiplos pertencimentos interseccionais como os de classe, raça, gênero, geração e sexualidade, a fim de ampliarmos nossa escuta e nossa atuação prática para receber em análise também as dores e os traumas que têm como origem as opressões sociais produtoras de sofrimento psíquico.

SÁBADO, dia 24/02, depois de amanhã, às 10h, será o 1o encontro do grupo de estudos Escuta Marginal, coordenado por mim, e

>>>>> É possível uma escuta marginal?

Pretendemos mobilizar pautas, ampliar a nossa escuta e pensar os processos de subjetivação dos sujeitos que estão à margem e são atravessados pelas opressões sociais estruturais, como o sexismo, o racismo, o classismo, a lgbtfobia, e o capacistismo na sociedade neoliberal atual.

Nesse semestre, nosso grupo será realizado pela plataforma Zoom.

Inscrições: [email protected]

Fala-se muito sobre sustentar o desejo quando o assunto é Psicanálise. Entretanto, é importante sublinhar que não precisamos querer tudo o que desejamos.

Assim como não precisamos nos submeter a normas sociais com as quais não concordamos, também podemos ser livres para não sucumbir a um desejo que vai contra o que queremos ou gostaríamos de querer para nossa vida.

Na psicanálise, a diferença entre “querer” e “desejar” é sutil, mas tem implicações distintas. “Querer” está associado ao conscientes, a objetivos mais imediatos, ligados ao Eu/Ego. Por sua vez, “desejar” vai além do consciente e envolve aspectos mais profundos do inconsciente, relacionados a pulsões e fantasias inconscientes.

Ou seja, enquanto o “querer” é direcionado por necessidades conscientes e sociais, o “desejar” reflete anseios mais profundos, moldados por experiências passadas e dinâmicas inconscientes.

Nesse sentido, na perspectiva psicanalítica, desistir de um desejo pode ser difícil devido à dinâmica do inconsciente. Apesar do supereu/superego — componente da psiquê que internaliza normas sociais e morais — criar conflitos quando há um desejo em oposição a essas normas, há também os mecanismos de defesa, como a negação ou a racionalização, que podem ser acionados para proteger o desejo, tornando a desistência desafiadora.

Pois é, então haja análise e esforço para desistir de um desejo incompatível com o que se quer da vida.

Você escuta para compreender ou para julgar?

Compreender o posto de vista alheio é intrinsecamente desafiador, dada a nossa imersão nas próprias perspetivas.

Nessas perspectivas, nossas visões acerca do mundo, são também resultado daquilo que vivemos, das experiências que tivemos e em que posições ocupamos nessas situações.

A barreira da linguagem, portanto, não apenas se manifesta na escolha inadequada de palavras, mas também na própria natureza limitada da linuagem em expressar a totalidade da experiência humana.

Além disso, há uma desconexão entre a expressão verbal e a riqueza de experiência interna. Essa alienação linguística coloca ainda mais a tentativa de compreender plenamente o ponto de vista do outro, pois as palavras nem sempre refletem fielmente a subjetividade única de casa pessoa.

Essa consciência enriquece a reflexão sobre a interação humana, sublinhando a importância de uma abordagem sensível e empática na tentativa de compreender as perspectivas dos outros.

Dica de livro de férias: Fetichismo: Colonizar o Outro, do

O título já é a sinopse. Além de analisar o conceito freudiano, o professor Safatle traz acréscimos interessantíssimos sobre o que abrange o tema. Livro curtinho, de leitura gostosa e fácil que, apesar de abordar conceitos técnicos, é de simples compreensão também pra quem não é da área. Recomendo.

A contagem regressiva para o ano novo pode ser interpretada como um ritual coletivo de transição. A expectativa crescente durante a contagem reflete a ansiedade e a esperança diante do desconhecido futuro. O simbolismo do “ano novo” pode representar uma oportunidade de renovação psíquica, onde as pessoas projetam aspirações e desejos para um recomeço. No entanto, a pressão social para celebrar a virada do ano também pode desencadear reflexões sobre realizações passadas e frustrações. A contagem regressiva torna-se um momento simbólico em que o sujeito confronta sua própria narrativa e busca significado em meio à transição temporal.

E, assim, a solidão cheia de likes vira destino certeiro…

Foto 2 - arte do