Danny Rosa

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Os belos livros estão escritos numa espécie de língua estrangeira. - Proust, CONTRE SAINTE-BEUVE

Escrever é um caso de devir. Sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida. - Deleuze em Crítica e Clínica

"A função da literatura está ligada à complexidade de sua natureza, que explica inclusive o seu papel contraditório mas humanizador (talvez humanizador porque contraditório). Analisando-a, podemos distinguir pelo menos três faces: ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado; ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão de mundo dos indivíduos e dos grupos; ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e inconsciente. (...) Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável."

Antonio Candido, "O direito à literatura"

Iniciamos hoje nos stories uma série deliciosa no quintall falando sobre a solidão. O que deu abertura para pensar esse tema além da pandemia são os estudos que inicia a respeito da solidão na era medieval. Estamos começando por aqui a pensar esse e outros temas medievais ao longo dessa semana.
Durante essa semana pensaremos a questão das fundações monásticas do deserto-floresta, do isolamento e como compreender melhor o lugar da solidão e outros afetos na organização social medieval.
Nos stories indiquei um filme belíssimo de Kim Ki-duk.

Vão lá conferir o papo e fiquem por aqui para saber mais!
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A nossa é o e o seu?

Nem sempre é tão fácil assim entrar em contato pela primeira vez com a filosofia do Spinoza. Se você caiu de paraquedas por aqui e nos viu falando loucamente desse filosofo e não está entendendo nada, nós ajudamos, calma ai!
Eu tive contato pela primeira vez ao pensamento de Spinoza por meio do Deleuze. E foi a maior descoberta da minha vida! O pensamento desse holandês foi uma surpresa. Primeiro porque: filósofo holandês? Você conhece outro filosofo holandês? Bem, se não, agora conhece! Somos apresentados aos gregos, aos alemães, aos francesas, mas então uma grande alegria é conhecer esse cara. Segundo porque seu pensamento é apaixonante. Imaginar que somos partes finitas de deus, que Deus é natureza, romper com a tolice: imanência, bons encontros, afetos, potência...ah! Pensar com Spinoza é pensar a vida.
Você ai, já leu ou conhece o pensamento desse filósofo?
Se não, aí vai 3 dias de como começar!

Indico de cara o vídeo do maravilhoso Claudio Ulpiano! Foi através desse vídeo que compreendi muita coisa, sem contar que Ulpiano é um feiticeiro com as palavras e ele nos encanta do começo ao fim do vídeo! Vale muitíssimo a pena assistir! Você encontra no youtube como: Claudio Ulpiano - Pensamento e Liberdade em Spinoza (completo)

Indicamos também dois livros!
Um de Marilena Chauí: Espinoza: Um filosofia da liberdade - infelizmente você só vai achá-lo no Sebo.
Bem, a Chauí vocês conhecem? Ela é uma escritora e filósofa brasileira, especialista na obra de Baruch Espinoza e professora emérita de Filosofia Política e Estética da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo!

E por ultimo! O livro: Espinosa Filosofia Prática escrito por ninguém menos que Deleuze, nesse livro ele se pergunta "como explicar que uma vida frugal e sem haveres, consumida pela doença, um corpo delgado, frágil, rosto oval e moreno com olhos negros e brilhantes dêem a impressão de serem percorridos pela própria Vida, de ter um poder idêntico à Vida?"! É um excelente glossário para quem está se aproximando do pensamento espinosista!

É isso! Tem mais indicações? Deixe nos comentários! Soma com a gente!

Olá vizinhos!
Na segunda-feira passada fizemos um live para falar sobre os afetos em Spinoza e foi tão maravilhosa com a participação de muitas pessoas queridas, perguntando, se interessando, ensinando, dividindo e compondo conosco. Foi tão incrível que resolvemos abrir espaço para mais um encontro de trocas.

Iniciamos nossa segunda com o desejo de produzir bons encontros!
Estou passando então para lembrá-los que hoje tem Afetos em Spinoza parte II às 20:08 aqui no instagram do Quintall. Nessa live Thiago trará novos assuntos para discutir com o público e traçar novos caminhos pelos afetos. Na primeira live ele nos contou um pouco sobre o filósofo, falou sobre a dinâmica dos afetos como: afetos primários: alegria, tristeza e desejo e agora, nessa nova live ele nos presenteará com novos modos de pensar e fazer conhecimento.

Nessa live o Thiago baterá um papo conosco sobre os Afetos em Spinoza, objetivo da live é fazer uma reflexão construída coletivamente com os participantes, tendo como eixo principal o pensamento do filósofo holandês Benedictus Spinoza e sua teoria das dinâmicas dos afetos.
Para participar é só acessar a nossa live no instagram do .all
HOJE dia 31 de Maio às 20:08.
https://www.instagram.com/quint.all/

O Thiago Prada é doutorando em Ciências Sociais na PUC-SP e Bolsista CAPES, professor, Psicólogo e Escritor, pesquisador - colaborador do NEXIN (Núcleo de estudo psicossocial da dialética exclusão/inclusão) - PUCSP

Bjinho! Nos vemos lá!

Estamos com duas vagas de bolsa 100% para o curso Rede dos Afetos em Spinoza.
Se você deseja fazer o curso, não pode pagar, se identifica dentro do grupo minoritário e quer pleitear uma vaga é só entrar em contato conosco!

Divulgaremos o resultado de bolsa quinta-feira dia 03/05.
Se você quer participar do curso e ainda não se inscreveu corre que ainda tem vaga é só acessar o link na bio!

Quem é espinosista? Às vezes, certamente, aquele que trabalha 'sobre' Espinosa, sobre os conceitos de Espinosa, à condição de isso ser feito com bastante reconhecimento e admiração. Mas também aquele que, não-filósofo, recebe de Espinosa um afeto, um conjunto de afetos, uma determinação cinética, uma pulsão, e faz assim de Espinosa um encontro e um amor"

- Deleuze
Trecho do livro Quem é espinosista? Às vezes, certamente, aquele que trabalha 'sobre' Espinosa, sobre os conceitos de Espinosa, à condição de isso ser feito com bastante reconhecimento e admiração. Mas também aquele que, não-filósofo, recebe de Espinosa um afeto, um conjunto de afetos, uma determinação cinética, uma pulsão, e faz assim de Espinosa um encontro e um amor"

- Deleuze no livro: Espinosa, Filosofia Prática

A virtude com a qual o homem livre evita os perigos revela-se tão grande quanto a virtude com a qual ele os enfrenta. - Espinosa - Ética IV

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Algumas palavras sobre liberdade em Spinoza.

Espinosa parte de um conceito muito preciso, o de substância, isto é, de um ser que existe em si e por si mesmo, que pode ser concebido em si e por si mesmo e sem o qual nada existe nem pode ser concebido. Toda substância é substância por ser causa de si mesma (causa de sua essência, de sua existência e da inteligibilidade de ambas) e, ao causar-se a si mesma, causa a existência e a essência de todos os seres do universo. Causa de si, a substância existe e age por sua própria natureza e por isso mesmo é incondicionada. Ela é o absoluto.
(...) Há, portanto, uma única e mesma substância absolutamente infinita constituindo o universo inteiro, e essa substância é eterna porque nela ser e agir são uma só e mesma coisa. Essa substância é Deus.

Para saber mais leia: Espinosa: poder e liberdade escrito por Marilena Chauí disponível pela internet!

Chaui, Marilena. Espinosa: poder e liberdade. En publicacion: Filosofia política moderna. De Hobbes a
Marx Boron, Atilio A. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales; DCP-FFLCH, Departamento de Ciencias Politicas, Faculdade de Filosofia Letras e Ciencias Humanas, USP, Universidade de Sao Paulo. 2006.

Então a grande surpresa!!!
Abrimos inscrição para o curso Rede dos Afetos em Spinoza com o Thiago Prada !!!

Este curso pretende realizar uma reflexão construída coletivamente com os participantes, tendo como eixo principal o pensamento do filósofo holandês Benedictus Spinoza e sua teoria das dinâmicas dos afetos, para pensar os afetos que nos constituem e nos produzem atualmente, nas dimensões da ética, da política e do social.

A cada encontro os participantes se aprofundarão um pouco mais no pensamento espinosista, e, conjuntamente, serão também utilizados outros pensadores como Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, Antonio Negri, Byung-Chul Han e intelectuais nacionais, como Marilena Chauí e Maria Rita Kehl, articulando diversos conceitos e apontamentos críticos, a fim de refletir sobre as novas subjetividades contemporâneas produzidas nessa rede, e, ao final do curso, poder pensar criticamente sobre essa rede afetiva assim como pensar possíveis resistências.

Convidamos a todes a compor conosco nessa jornada aos afetos em Spinoza:

CURSO REDE DOS AFETOS EM SPINOZA

Início do curso: 05 de Junho à 03 de Julho (sábados)
5 encontros com duração de 3 horas
às 17h
Investimento: 2x R$100 ou R$ 188 via PIX
Vagas limitadas
Com certificado de participação
❗INSCRIÇÃO: LINK NA BIO

E o que tem hoje???

HOJE TE LIVE !!! Primeira live aqui no quintalzinho trazendo para falar sobre os Afetos em Spinoza!!!

Estamos super animados por aqui, principalmente porque tem surpresa no final da live 🤗

Quem vem???

Spinoza compreende alegria como o afeto que possibilita a passagem para uma perfeição maior, ou seja, quando encontramos um corpo que aumenta a nossa potência de agir, fortalecendo nosso conatus.

Explicando o conceito: conatus vem do latim que significa: esforço, impulso, inclinação. No sentido da frase de Spinosa fala do esforço da existência perseverar em si mesma:

Cada coisa, à medida que existe em si, esforça-se para perseverar em seu ser " (Ética, parte 3, prop. 6)

E até um mestre budista, Maida Schiuchi, também escreveu versos para você:

Goethe foi budista
Por quê?
Porque ele serviu
um Buda chamada Spinoza.
Quem não for capaz de ler A Ética
como um sutra do Grande Veículo,
ainda que se diga budista
não passa de uma toupeira.
Buda viveu há 2.500 anos.
E Spinoza, há 300.
Realmente a verdade é uma só!
É a universidade do Budismo.
Aquele homem
num cantinho de sua cidade
viveu como artesão polidor de lentes,
viveu autenticamente a Verdade!

Esse é outro trecho belíssimo de uma das cartas de Nise à Spinoza.
O que acharam?

Nise da Silveira, foi uma médica psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung, conhecida por humanizar o tratamento psiquiátrico no Brasil e ser contrária às formas agressivas de tratamento de sua época.
Escreve belíssimas cartas a Spinoza.

Segue trechinho de uma das cartas!

Meu caro Spinoza!
Você é mesmo singular. Através dos séculos continua despertando admirações fervorosas, não só no mundo dos filósofos mas, curiosamente, atraindo pensadores das mais diversas áreas do saber. Até despretensiosos leitores que insistem, embora sem formação filosófica (e este é o meu caso), em entrar no difícil e fascinante mundo da filosofia.

VIVA NISE DA SILVEIRA!
VIVA LUTA ANTIMANICOMIAL!

Caso tenham interesse nas cartas completas, só chamar via direct!

Espinosa. Eis o gênio, o verdadeiro gênio, Que teve o que faltou a Descartes, O arrojo e a falta de respeito pelo que está estabelecido. - Fernando Pessoa

MÊS DE LUTA ANTIMANICOMIAL

Emerge um sentimento de desgosto e de tédio
diante desse quadro inalterado, diante dessa
repetição da ideologia burguesa contra a
sabedoria revolucionária. E então, chame-a
doença ou subversão, apenas a loucura salva
o filósofo. Toda honra aos doidos! Se a
sabedoria é ainda possível, ela coloca-se do
lado dos loucos. Assim, os inimigos da
verdade definem a filosofia espinosana como
anomalia, os seus amigos e seus filhos
deverão, ao contrário, reconhecer nela um
caráter selvagem e irredutível. - Antonio Negri

Spinoza considera o amor uma alegria acompanhada da ideia de uma causa exterior. Por ser uma alegria favorece a elevação da nossa potência. Julgamos as coisas de acordo com a alegria ou tristeza que nos proporcionam, porque amamos ou odiamos segundo a forma como somos afetados por elas. Embora, na maioria das vezes, não saibamos explicar as coisas que nos afetam pelas suas verdadeiras causas, certamente fazemos inevitavelmente
uma associação entre os sentimentos de alegria e tristeza porque sentimos os efeitos de tudo que atua sobre nós e relacionamo-lo com o nosso estado de ânimo. O amor e ódio se apresentam de forma antagônica e polarizada, favorecendo ou diminuindo nosso conatus.

Pelo que foi dito, compreendemos claramente o que é o amor e o que é o ódio. O
amor nada mais é do que a alegria, acompanhada da ideia de uma causa exterior, e o
ódio nada mais é do que a tristeza, acompanhada da ideia de uma causa exterior.
Vemos, além disso, que aquele que ama esforça-se, necessariamente, por ter
presente e conservar a coisa que ama. E, contrariamente, aquele que odeia esforça-se
por afastar e destruir a coisa que odeia. [...] (SPINOZA, 2015, p. 13).

Trecho da tese de Érica Belém Lima: O AMOR COMO RESISTÊNCIA À SERVIDÃO EM BENEDICTUS DE SPINOZA

“Acredito no Deus de Espinosa, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens. Todos podem atingir a religião em um último grau, raramente acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não posso falar dela com facilidade já que se trata de uma noção muito nova, à qual não corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico”

– Albert Einstein

Nesta foto, Chiquinha Gonzaga se faz presente de maneira representativa, reforçando um dos pontos marcantes de sua história: a quebra de tabus. A maestrina foi uma mulher negra precursora, a primeira a fazer composições para música e teatro numa época em que esse espaço era majoritariamente masculino.

Chiquinha enfrentava diariamente os preconceitos de uma sociedade patriarcal, com o agravante de ser uma mulher divorciada, o que era considerado um escândalo.

"De fato, aquele que se libertou dos grilhões da inconsequência e estupidez do lugar-comum; aquele que pode ficar em pé sem muletas morais, sem a aprovação da opinião pública — a 'preguiça privada' como Friedrich Nietzsche a denominou — pode muito bem entoar uma alta e volumosa canção de independência e liberdade; ele ganhou o direito a isso por meio de batalhas ferozes e ardentes. Tais batalhas começam já na mais tenra idade."

(EMMA GOLDMAN - Texto: "A Criança & Seus Inimigos" - In: Revista Verve Nº 37, 2020, pp. 57-68

indicação do querido

RAMAI. Eu te amo como uma criança dirigindo um carro. — 1. ed. — Paraíba: Edição do autor, 2019.

Quem nunca...

Close-up" (1990)
Abbas Kiarostami.

Quer dizer, o que é uma mulher? Juro que não sei. E duvido que vocês saibam. Duvido que alguém possa dizer, enquanto ela não se expressar em todas as artes e profissões abertas às capacidades humanas."

Virginia Woolf, in: Profissões para mulheres. — Editora: LP&M, 2012, pág. 14

Aos 40 anos, Franz Kafka, que nunca se casou e não teve filhos, estava passeando pelo parque em Berlim quando conheceu uma menina que chorava porque havia perdido sua boneca favorita. A menina e Kafka procuraram a boneca sem sucesso. Kafka propôs que eles se encontrassem novamente no dia seguinte, para voltarem a procurá-la juntos.

No dia seguinte, ainda sem ter encontrado a boneca, Kafka entregou à menina uma carta "escrita" pela boneca que dizia: "Por favor, não chore. Fiz uma viagem para conhecer o mundo. Vou te escrever sobre minhas aventuras."

Assim começou uma história que continuou até o fim da vida de Kafka. Durante os encontros, Kafka lia as cartas cuidadosamente escritas da boneca com aventuras e conversas que a menina achava adoráveis.

Por fim, Kafka trouxe de volta a boneca (comprou uma) que havia retornado a Berlim.

"Não se parece nada com a minha boneca", disse a menina. Kafka então lhe entregou outra carta na qual a boneca escrevia: "minhas viagens me mudaram". A menina abraçou a nova boneca e a levou para casa feliz.

No ano seguinte, Kafka morreu.

Muitos anos depois, a criança, agora adulta, encontrou uma mensagem dentro da boneca. Na pequena carta assinada por Kafka estava escrito: "tudo o que você ama provavelmente se perderá, mas eventualmente o amor retornará de outra maneira."

Jordi Sierra I Fabra - "Kafka e a boneca viajante"

É uma belíssima história para esses tempos difíceis para sonhadores não é mesmo?

https://revistacult.uol.com.br/home/sobre-a-filosofia-paul-b-preciado/?fbclid=IwAR0ZcGBkgIKIfLR9R3HzAsfYcHabIH96o5m3EstoPGBz84B4U_6sIBMMdFI

Va**na pulsante e penetração intelectual: sobre a filosofia de Paul B. Preciado Parece haver algo de novo na escrita do filósofo Paul B. Preciado: a experiência de ler seus textos filosóficos excita. Suas palavras incendeiam o corpo