Dra. Mariza Matheus

Setembro Amarelo: Uma Luz na Escuridão

Você sabia que o Setembro Amarelo, um mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e prevenção do suicídio, teve início no Brasil em 2015? 🧐

Essa iniciativa surgiu a partir da parceria entre o CVV (Centro de Valorização da Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). A escolha do mês de setembro se deu em homenagem ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, celebrado em 10 de setembro.

O amarelo foi escolhido como a cor-símbolo da campanha devido à sua associação com luz, calor e vida, representando a esperança e a valorização da vida.

Desde então, o Setembro Amarelo tem crescido e se espalhado pelo mundo, promovendo a conscientização, a compreensão e o diálogo sobre a saúde mental.

Neste mês e sempre, lembre-se de que você não está sozinho(a) em sua jornada de saúde mental. Vamos continuar espalhando luz e apoio mútuo.

Abraço a todos,
Mariza Matheus
Médica Psiquiatra

Gente, juro que ainda fico chocada como cada vez mais é frequente escutarmos histórias de pessoas dando golpes e, quando pegas, parecem indiferentes com a situação e/ou vítimas. Ah, aconteceu! Putz, fui pega... como criar engajamento disso? (sendo irônica agora nessas frases).

Hoje mesmo li uma reportagem de uma falsa médica que divulgava seu trabalho nas redes sociais e tinha milhares de seguidores. Dava o golpe na cara dura e, quando denunciada, fala que não via problema usar a identidade da outra pessoa, visto que está cursando medicina. Oi? Como assim não sabia que era errado?

Penso que há uma distorção de valores, onde aquele que tem mais seguidores pode fazer ou falar o que desejar e, mesmo assim, terá platéia aplaudindo.

Pessoal, entendam que "ser autoridade" é uma construção de uma carreira e não números de likes, comentários ou seguidores (isso tem gente que até compra!).

Medicina é coisa séria e não pode ser banalizada em postagens bonitas, com roupas caras ou em lugares fantásticos. Autoridade faz por merecer!

👉👉 Em um mundo onde o superficial é valorizado, o estético é enaltecido, estamos esquecendo do principal... da ética e respeito.

Excelente quarta a todos,
Mariza Matheus

Imagem: PublicDomainPictures.net

MÃES "INCOMPLETAS"
(quando uma mãe perde um filho)

Recentemente, na minha percepção de consultório e de relatos que leio e sei do dia a dia, venho escutando mais sobre a temática suic*dio, mais sobre jovens, que no auge de uma depressão, dependência de dr**as ou outros transtornos, cometem suic*d*o e a família nunca mais é a mesma.

Quando atendo uma mãe que perdeu seu filho(a) dessa forma, tão trágica, é como se ela passasse a ser uma pessoa incompleta. Sua parte, provavelmente a mais amada, se foi.

Mas e como podemos ajudar essas mães (e pais, avós, etc.) que perderam uma parte deles? Dando apoio, perguntando como podemos ajudá-los e deixando claro que estamos ali, sempre que precisarem.

Falar frases do tipo:
"Como você não viu que ele estava depressivo?"
"Porque você não o levou ao psiquiatra?"
"Será que foi seu divórcio?"
“Ele usava dr**as?”
"Sempre achei que tinha algo errado com ele..."

Enfim, FRASES COMO ESSAS só geram mais desconforto e se sua intenção realmente é ajudar, APENAS ESCUTE ESSA MÃE. Ofereça seus ombros de forma sincera. Não esteja ali apenas pela curiosidade. Não espalhe para as outras pessoas sobre o seu "achismo". Esteja ali, pois é uma pessoa que talvez nunca mais volte a se sentir inteira.

Outra observação é que os pais, inevitavelmente, passam a se culpar, como se pudessem voltar ao tempo e ter feito algo diferente. Posso falar como psiquiatra que os jovens tendem ser muito mais impulsivos e nem todos conseguem se abrir e pedir ajuda. E mesmo se seu filho(a) estivesse em tratamento, ainda sim permaneceria um risco. POR ISSO É FUNFAMENTAL o diálogo, a busca de um tratamento precoce e um olhar generoso, sem críticas ou falácias de que adolescente é assim mesmo, que são instáveis

À todas as mães (pais/avós/irmãos/primos) que enfrentaram essa situação, um abraço carinhoso e meus sentimentos.

Caso você, que perdeu um filho/parente, pelo suic*dio e perceber que não tem mais vontade de viver, busque um apoio profissional, seja psicológico ou psiquiátrico.

VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA(O)

Com carinho,
Mariza Matheus (médica psiquiatra geral e infantil).

TEM VEZES QUE PRECISAMOS PARAR E REFLETIR SE ESTAMOS CERTOS OU, DE CERTA FORMA, VENDO POR OUTRO ÂNGULO:

Sabe, eu tento sempre me analisar para ser justa, não sair interpretando errôneamente ninguém ou até ter a humildade de reconhecer que não sei tudo (que bom!). TODOS precisamos um do outro e, principalmente, podemos aprender com os outros.

A coisa que mais me deixa triste é quando sinto que eu tenha sido injusta de alguma forma com alguém ou gerado desconforto. Talvez uma fala que eu acredite ser apaziguadora possa ser estressante para a outra pessoa (não estou falando do trabalho, e sim de forma geral).

Talvez a gente não tem idéia do que o outro vem passando e só o vemos pelas nossas lentes. Ou não! (estou querendo refletir aqui com vcs, juntos).

Algumas vezes não teremos jeito, geramos desconfortos, pois precisamos alinhar sempre. Às vezes tem gente que age "errado" com a gente e precisamos dar a chance para essa pessoa também reconhecer e alinhar com a gente. Ou apenas devemos escutar, pois o outro pode nos orientar e não abrir uma batalha eterna.

O que percebo, cada vez mais, nos meus anos de experiência de vida, é que todos nós temos pontos de vista e, muitas vezes, podemos nos posicionar de uma forma que possa conflitar com o outro.

E tentar ver pelo prisma do outro ou até discordar é ruim? Não quando você se abre para ouvir realmente o outro. É comum nos colocarmos sempre na defensiva (ou por outro motivo), pois podemos nos sentir atacados ou mal interpretados, mas se olharmos o outro com carinho, talvez podemos seguir que outro caminho.

Entendem minha colocação ou fui muito filosóf**a hoje?🤓

A única certeza que tenho é que estou em um contínuo aprendicado e que posso sempre me tornar uma pessoa melhor (essa é minha intenção).

E você, o que pensa com essa reflexão?

Com carinho a todos os meus professores,
Mariza Matheus (psiquiatra e eterna aprendiz)
🙏

Fontes das postagens anteriores (onde falei sobre o Histórico da Cannabis Medicina). Foram 5 postagens onde escrevi em meu blog e agora estou publicando aqui para vocês.
Comentem e...
espero que tenham gostado :-)

BIBLIOGRAFIA:

Abrace Esperança. Museu Virtual. (site)

Ama+Me. Conheça a história da cannabis medicinal. (site)

Brasil Escola. Índia Antiga. Por Rainer Sousa (equipe Brasil Escola). (site).

Canabidiol. Um nutriente com potencial. Efrain Olszewer. Fapes Saúde. 2020. (livro).

I Ching - O Livro das Mutações. Fu Hsi - O imperador mítico da China. (site). 2011.

Ma*****na. Jornal 100% natural. Conheça a história de Seshat, deusa egípcia relacionada à maconha. (site). 2017.

Monumento Nacional Ruinas Engenhos São Jorge dos Erasmos. PRCEU USP. Datação por Carbono 14. (Site)

Neurociência em debate. SISTEMA ENDOCANABINÓIDE: CONCEITOS, HISTÓRIA E POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS, por Luis Henrique Almeida Castro. (2018).

Portal PedMed. Cannabis: he***na ou vilã? . 2019.

Safety and Eff**acy of Medical Cannabis in Elderly Patients: A Retrospective Review in a Neurological Outpatient Setting.(P4. 1-014)

Imagens: publicdomainpictures.net

Em 1988, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Sant Louis (Missouri - EUA), descobriram os receptores específicos responsáveis pela absorção do THC.

Em 1996, Califórnia se torna o primeiro Estados dos EUA a legalizar o uso medicinal da cannabis. A proposição 215 permite que pessoas possam cultivar a maconha para uso medicinal, porém somente com o pedido médico. Essa lei também cria mecanismos de proteção aos prescritores médicos.

Em 2001, Canadá se torna o primeiro país do grupop G-20 a legalizar o uso medicina da cannabis. Quatro anos depois, Espanha começa a realizar estudos em Catalunha, com diversos pesquisadores e 6 hospitais.

Em 2011, o Sativex, remédio produzido a partir do extrato de cannabis começa a ser produzido no Reino Unido e vendido em diversos países pelo mundo.

Apesar do estigma que ainda cai sobre esse tema, as pesquisas mostram que cada vez mais patologias podem se beneficiar com o tratamento com a cannabis medicinal. Os resultados são animadores e muitas mostram benefícios com o tratamento. É o que demonstra o Instituto Neurológico de Dent, com dados apresentados no evento anual da Academia Americana de Neurologia, onde ressaltaram a boa tolerabilidade da cannanis em pacientes idosos.

Acredito que ainda precisamos de muito mais pesquisas, mas é importante já debatermos sobre o tema e separarmos a "cannabis medicinal" da maconha recreativa. Há grandes diferenças entre as duas, apensar de pessoas leigas acreditarem que a medicinal pode atuar como uma droga alucinógena.

Na próxima vez, falarei mais sobre seu uso medicina e implicações na área da psiquiatria.

Espero que tenha gostado deste texto!

Deixe sua dúvida e comentários!

Abraço,

Mariza Matheus

Médica Psiquiatra

* Fonte e referências na próxima postagem (nào dá para colocar tudo numa postagem só).
*Imagens: PublicDomain Pictures

HISTÓRICO (parte IV)

Em 1783, no Brasil, inicia-se a primeira Real Feitoria do linho- cânhamo para utilização da fibra de cannabis na indústria têxtil. Em 1932, na era Vargas, a maconha de uso recreativo passou a ser ilegal no país. Somente em 2006, através da lei 11.343, afirma que o Estado pode autorizar o cultivo, uso medicinal e científico. Em 2009 a CONAD (Conselho Nacional de Política sobre dr**as) aprova em uma resolução reconhecendo as propriedades medicinais da cannabis. Em 2010 foi lançado o primeiro livro sobre a cannabis medicinal no Brasil. Neste mesmo ano, o documentário "Cortina de Fumaça" (por Rodrigo Mac Niven) é lançado em diversos festivais de cinema no mundo. Em 2014 temos a primeira autorização para que um paciente pudesse importar um medicamento do estrato de cannabis medicinal aqui no Brasil. Um marco que definitivamente abriu portas para e medicina brasileira. Dois anos depois, a primeira autorização para o cultivo para produção de cannabis medicinal artesanal em solo brasileiro. Em 2017, a ABRACE (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança) se torna a primeira instituição brasileira autorizada a cultivar, extrair e produzir medicamentos para seus associados. E no dia 03/12/19, a Anvisa aprova uma resolução que regulamenta a venda de produtos à base de cannabis em farmácias de não manipulação.

Em 1961, o Tratado Internacional sobre dr**as narcóticas, assinados por integrantes dos países da ONU, considera a maconha e seus derivados como perigosos e sem propriedades medicinais. Porém 3 anos depois, o pesquisador Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalem, divulga sua pesquisa onde isola o THC e descreve suas propriedades pela primeira vez. Uma década depois (1976), o juiz da corte federal dos EUA, decidiu que Robert Randall, paciente que sofria de glaucoma, não deveria ser considerado criminoso e concedeu acesso à maconha medicinal.

Em 1978, o Novo México é o primeiro estado a criar uma lei reconhecendo as propriedades medicinais da cannabis. Atualmente são mais de 40 leis reconhecendo o uso medical da cannabis.

Continua na próxima postagem (ver meu feed)...

Na Índia, chama de G***a, foi citada no texto sagrado Atharva Veda (***) como tratamento de diversas doenças, sendo também considerada uma divindade e utilizada em diferentes tradições espiritualistas até os dias atuais.

A cannabis também pode ser utilizadas de outras formas, como foi o caso da primeira impressão ocidental da bíblia sagrada em papel de cânhamo por Johannes Gutenberg (1396- 1468 dC).



Garcia de Orta (1501-1568 dC), médico judeu português, após anos estudando sobre o poder medicinal das plantas na Índia, publicou vários livros e artigos sobre o tema, incluindo descrições detalhadas sobre o uso e preparação à base de cannabis para fins terapêuticos.

Em 1600 dC, a cannabis é amplamente cultivada nos EUA, onde o governo encorajava os agricultores para extração de fibra e uso medicinal. Sendo que em 1854, foi liberado o seu uso medicinal em diversas farmácias do país. Porém em 1913, a cannabis foi proibida para cultivo pessoal no Estado da Califórnia. Em 1937, a maconha tornou-se ilegal em todo país, apesar de inúmeros protestos médicos e farmacêuticos.

Continua na próxima postagem (ver meu feed)...

HISTÓRICO (parte III)

Na Índia, chama de G***a, foi citada no texto sagrado Atharva Veda (***) como tratamento de diversas doenças, sendo também considerada uma divindade e utilizada em diferentes tradições espiritualistas até os dias atuais.

A cannabis também pode ser utilizadas de outras formas, como foi o caso da primeira impressão ocidental da bíblia sagrada em papel de cânhamo por Johannes Gutenberg (1396- 1468 dC).

Garcia de Orta (1501-1568 dC), médico judeu português, após anos estudando sobre o poder medicinal das plantas na Índia, publicou vários livros e artigos sobre o tema, incluindo descrições detalhadas sobre o uso e preparação à base de cannabis para fins terapêuticos.

Em 1600 dC, a cannabis é amplamente cultivada nos EUA, onde o governo encorajava os agricultores para extração de fibra e uso medicinal. Sendo que em 1854, foi liberado o seu uso medicinal em diversas farmácias do país. Porém em 1913, a cannabis foi proibida para cultivo pessoal no Estado da Califórnia. Em 1937, a maconha tornou-se ilegal em todo país, apesar de inúmeros protestos médicos e farmacêuticos.

Continua na próxima postagem (ver meu fedd aqui)...

HISTÓRICO (parte II)

O Imperado chinês, Fu Hsi (2.900 aC) afirmava que o melhor estado para tudo no universo é o estado de harmonia representado pelo equilíbrio ying e yang. Ele acreditava que a cannabis, na época chamada de "Ta Ma", era um bom remédio que trazia equilíbrio à essa energia.

Em 2.737 aC, referência sobre o chá de maconha como uso medicinal para diversas enfermidades foram descritas no manuscrito de Shen Neng, agricultor e pai da medicina chinesa. Sheng Neng listou mais de 100 enfermidades tratáveis pela cannabis, como epilapsia, reumatismo, constipação, gota, artropatias, malária, déficit de atenção, entre outras.

Hua T'o, 110 a 207 dC, médico e fundador da cirurgia chinesa, descreveu a cannabis como um analgésico e a utilizava com uma mistura de vinho para anestesiar seus pacientes antes da cirurgia.

Na Ásia, há registros do uso medicinal do haxixe, extrato bruto da cannabis, que passou a ser comum com a ajudar dos comerciantes de especiarias no ano 2 dC.

Fonte: site Ma*****na - site 100% natural. Fonte: site Ma*****na - site 100% natural.
No antigo Egito também encontramos relatos do cannabis medicinal. Há registros nos textos médicos no Papiro de Ramesseum III (1.700 aC), Papiro de Eber (1.600 aC) e Papiro de Chester Beatty VI (1.300 aC). Akhenaton, faraó da 18a dinastia do antigo Egito, propagava a crença de um deus único e teve sua tumba coberta com fibras de cânhamo (**), fato este que foi confirmado por duas análises científ**as distintas. Desenho encontrado sobre a deusa Seshat, traziam imagens de uma planta de 5, 7 e 9 pontas sobre sua cabeça. Folhas de cannabis possuem a mesma contagem de pontas, sempre em número ímpar.

Continua na próxima postagem (ver meu feed/perfil)...

Histórico (parte I)

Dentre as dr**as consideradas ilícitas no ocidente, a maconha (planta Cannabis sativa) é a mais consumida. Em torno de 4% da população adulta são usuários ou já experimentaram a droga, sendo que em torno de 10% destes usuários desenvolvem dependência. Ou seja, muitas pessoas se tornam dependente sim! Esse papo de que é "natural" não faz do uso recreativo algo inócuo para a saúde. Fumar maconha tem seus riscos, mas vale ressaltar que o uso da maconha recreativa não tem relação com o uso medicinal.

Irei postar uma série de textos sobre o tema. Vou tentar esclarecer todas as dúvidas enviadas a mim por pacientes e seguidores do canal. Abordarei o tema de forma didática sobre cannabis medicinal. Não estou aqui levantando bandeira ou sendo contra, pelo contrário, estou aqui como médica e também muito interessada sobre os benefícios medicinais da cannabis e como pode ser utilizada na minha área, psiquiatria.

Esse ainda é um tema muito polêmico aqui no Brasil. Há quem pense que o cannabis medicinal é igual a maconha recreativa ou que vai levar a dependência. Mas saiba que cada vez é mais comum o médico, seja psiquiatra ou de outra área, prescrever a cannabis medicinal para seus pacientes.

Eu não tive aula na faculdade sobre a cannabis e, naquela época, também pouco se falava sobre o assunto. Fui escutar e dar atenção ao tema pela primeira vez quando um conhecido meu fez uso da cannabis medicinal (ele morava nos EUA e tinha uma problema de saúde que gerava dores crônicas sem resposta clínica aos tratamentos convencionais). No primeiro momento, na minha ignorância, pensei que a maconha (que muitas pessoas utilizam de forma recreativa) tinha sido liberada nos EUA. Não, tratava-se do cannabis medicinal, utilizada para várias doenças e sintomas.

Há relatos do uso medicinal da cannabis de milênios antes de Criso (já li sobre 2000 aC e até 10000 aC). Registros relatam que a canabbis medicinal já vem sendo utilizada muito antes dos grandes marcos da história humana. As primeiras evidências foram descobertas na China por meio da técnica de datação por carbono 14(*).

Continua na próxima postagem...

Essa frase foi de uma paciente (adulta) que atendi recentemente (com a autorização dela para publicá-la aqui).

É muito comum eu atender pacientes que trazem marcas em sua vida adulta de acontecimentos recorrentes na infância, de adjetivos excessivos que abalam a autoestima da criança. Por isso, falo e repito: CUIDADO COM O QUE VOCÊS FALAM PARA SEUS FILHOS!

É comum pais projetarem suas frustrações nos filhos (não intencional, mas acontece com frequência). Seja pela intenção de proteger seu(s).

Ao "educar" seu filho se você o descreve com vários adjetivos negativos, só reforçará insegurança e raiva dentro da criança. Exemplo: "Se você não estudar, vai ser um fracassado no futuro"; "Você é burra?"; "Com essa roupa minhas amigas vão achar que eu não cuido de você!"; ^Você deveria ser mais como seu irmão!"; "Você é um irresponsável, só me traz problemas!"...

Talvez você tenha lido as frases acima e achado um absurdo, mas como é comum eu escutar isso de pacientes (adultos) que trazem essa mágoa de seus pais. Que acreditam serem inferiores aos outros. Carregam crenças negativas sobre si mesmos.

Mas aí você pode pensar que estamos numa geração mimimi e que o que escrevo aqui é "frescura". Ok, mas imagine você escutando isso diariamente de sua mãe? Essa minha paciente escutou (várias vezes!) e, em sua defesa psíquica, acabou transformado essa dor e força, tornando-se uma mulher admirável. Mas nem todo mundo consegue ir para esse caminho e acaba multiplicando essa dor e perpetuando comportamentos destrutivos nos futuros filhos ou cônjuge.

Busque ajuda, mas não deixe suas frustrações serem projetadas na criação de seus filhos. Preste atenção em sua fala. Não seja 8/80 (só críticas ou só elogios). A comunicação é uma ferramenta capaz de trazer segurança ou fragilidade no outro. Observe sua comunicação, principalmente com aqueles que dependem de você, que seguem seu exemplo.

Como médica psiquiatra, posso falar que não há remédio que apague a dor dos "adjetivos negativos" na infância. Nestes casos, oriento meus pacientes sempre buscarem um apoio terapêutico e analisarem se eles espelham determinados comportamentos dos pais.

Mariza Matheus

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Vídeo novo no canal!

Vídeo novo no canal! :-)

**SEJA UMA PESSOA CORRETA, HONESTA E GENEROSA**

É tão mais simples ser honeto(a) e fazer o certo. Não exige muitas estratégias, basta segui o coração pensando no outro. Infelizmente vivemos num mundo onde se preocupar com o próprio umbigo, imagem e bolso parece ser o "normal", mas não é (ainda bem!).

Pessoas ingratas, querendo pensar somente em si mesmas, acabam nos desanimando de acreditar que há muitas outras que tomam suas decisões pautadas na honestidade.

Eu confesso que ando achando o mundo muito egoísta e não é raro topar com pessoas que querem levar vantagens ou agir apenas pensando em si mesmas.

Sabe, tem vezes que ser correto implica fazer escolhas que nem sempre iremos evitar perdas. Faz parte. Viver e fazer escolhas envolvem riscos, mas quando pensamos no próximo, tomamos decisões pautadas em todos, com respeito e gratidão.

Desejo que esse novo ano possamos pensar mais no próximo e menos no próprio bolso, que possamos ser mais gratos e menos pessoas famintas por "likes".

Apesar de ter visto muita coisa que eu julguei ser errada, tb tive o privilégio de ver muitas pessoas generosas. Hoje, por exemplo, um conhecido meu mandou uma msg no whatsapp para agradecer a todos que torceram pela recuperação de sua neta. Achei um gesto cheio de amor. Que sua neta cresça cada vez mais forte e continue com esse sorriso lindo!

Com carinho,
Mariza Matheus (médica psiquiatra e esperançosa com um mudança positiva em nossa sociedade

SIGNIFICADO DOS OBJETOS, CORES OU SITUAÇÕES:

Talvez muitos aqui possam descordar de mim, mas o signif**ados das coisas, objetos ou cores somos NÓS que damos através de NOSSAS experiências de vida.

Escrevo isso, pois aparece aqui no meu feed (com frequência) postagens do tipo: clique numa cor, escolha uma árvore, escolha uma imagem, etc. Gente, nós que damos o signif**ado e não 5 alternativas feitas talvez por quem nem trabalha com pessoas.

Como assim o fato de eu escolher um tipo de árvore isso vai signif**ar que sou calma, tímida ou lider, que posso ser de um jeito ou de outro? Muitas dessas postagens são para atrair engajamento, mas infelizmente tenho pacientes que são influenciados por postagens assim.

Se precisar fazer ma avaliação do perfil de sua pesonalidade ou estado de humor, busque um profissional capacidade (ex: psicólogos com os te**es de personalidade ou inteligência; psiquiatra para avaliar se tem depressão ou outros transtorno psíquico).

Acho muito perigoso esse tipo de postagem, pois generaliza todas as pessoas em poucos grupos.

Nossa personalidade e o valor que damos aos objetos é muito pessoal, individual.

Ex: a cor laranja para mim, me "dá energia" e é minha cor favorita. Não dá para dizer que sou uma pessoa alegre ou líder. Entende?

O que vc acha destes "te**es" na internet, onde dependendo do objeto/cor que vc escolhe, diz sobre sua personalidade?

Imagem: PublicDomainPictures.net (Ian L)

POSITIVIDADE TÓXICA

Já ouvi falar nesse termo, positividade tóxica?

Bom, é quando há uma "pressão" (interna ou externa) de ver tudo pelo lado positivo. Não é como o termo Pollyana, do livro de Eleanor H. Porter (ver o lado bom de tudo). É mais forte, como se você não pudesse f**ar para baixo nem ser negativo.

Em tempos de redes sociais eu percebo esse movimento claramente e fico pensando como isso pode afetar nos pacientes depressivos; Nós oscilamos de humor e reagimos às situações. Não dá para negar nossos sentimentos, frustrações e fingir que é tudo lindo e, se eu não pensar no positivo, EU estou gerando infelicidade para mim mesma.

Sabe, vou falar como uma pessoa nornal (bom, eu acho que sou nrmal 🙃): tem dias que só tenho vontade de f**ar na minha. Tem dias que não tenho nenhuma vontade de rir e ser fofinha.

Passa a ser uma doença quando esses momentos negativos predominam na nossa vida, mas excesso de positividade pode ser uma fuga da própria realidade, da busca por soluções de conflitos ou problemas.

Eu acho chato me relacionar com pessoas extremamente positivas e exageradas, e você? Gosto de pessoas reais. 🤪

Lembre-se que ter momentos em que acordamos com pé esquerdo não signif**a que estamos autorizados a desrespeitar os outros, mas forçar o outro a ver tudo pelo lado positivo pode ser uma barreira para o mesmo pedir ajuda.

Eu, no meu caso, fico no meu canto, sumo um pouquinho das redes sociais, pois me conheço e sei que meu lado crítico f**a mais aflorado.

E você, como enxerga essa positividade tósxica. Consegue entender a diferença entre ser uma possoa otimista e extremamente positiva?

Minha orientação como psiquiatra: tudo bem se você não consegue ver o lado positivo de tudo. Se estiver muito difícil ser positivo e os pensamentos negativos predominarem no seu dia a dia, levando a atritos nas suas relações ou trabalho, busque ajuda. Não se compare com "personagens" da internet. Aqui na net parece que todo mundo dá conta de tudo mas, na vida real, somo seres que naturalmente temos altos e baixos.

Abraço a todos,
Mariza Matheus 🤓
(médica psiquiatra com momentos de mau humor)

Imagem: publicdomainpictures.net

Momento Netflix e Psiquiatria

Quem assistiu esse filme?
Vou dar minha opinião e lembrando que sou psiquiatra e não crítica de cinema (mas adoraria ser rsrsrs). .

Antes de mais nada a Sandra Bullock é fantástica. A gente esquece que é uma atriz atuando. Por isso dou nota 10 para ela!

Uma personagem forte e densa, que paga por um crise que, ao longo do filme, vamos entendendo seus "motivos e valores".

O que achei interessante é como nós, comunidade, julgamos os outros pela pontinha que enxergamos do iceberg. Mas, cabe pensarmos e ter o olhar empático no outro. Nem tudo parece o que é, fato.

Aqui as defesas psíquicas são claras e o instinto de sobrevivência o único caminho a seguir.

Enfim, eu fiquei presa no enredo e não vi a hora passar (o que para mim um filme deve ser desse jeito).

Lembrar que os laços familaires podem ser muito mais fortes do que imaginamos e como é importante buscarmos o perdão e compreensão daqueles que nos cercam. Às vezes temos que gritar para que alguém nos dê uma chance de falarmos nosso ponto de vista. Não vou ser spoiler aqui.

Se você gosta de dramas e um enredo forte (tenso), recomendo assistir esse filme.

Se você já o assistiu... o que achou?

Minha nota na minha percepção:
8,5 🤓👍

https://youtu.be/DuoI5x2BWog

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MEUS FILHOS SÃO TUDO PARA MIM E EU SOU TUDO PARA ELES

Parece exagerada a frase, mas saiba que já escutei de muitas, mas muitas mães.
A partir do momento em que uma relação se torna o TUDO, algo não pode ir bem.
Sim, entendo que seu amor é infinito para com seus filhos, mas e o amor com a sua vida, suas prioridades?

Ao falar isso aos seus filhos, de certa forma, você está fazendo uma pressão neles. Filhos não são amiguinhos, muito menos posse. Os pais, além de pais, são EDUCADORES e ORIENTADORES. Colocar os limites e deixá-los bater as asas, faz parte desse processo. Mostrar que você tem suas prioridades, vão ensiná-los a se priorizarem também e, principalmente, a se relacionarem com as outras pessoas de forma não controladora. "Ser o sol não fará com que os outros desejem ser os planetas."

Sei que pode ser um post polêmico, mas seu amor é tão grande que não deixa espaço para eles viverem a vida deles? E a sua, por que não tem espaço para você nas suas questões pessoais?

Quando nos ocupamos demais com a vida dos filhos, talvez (talvez!) estamos deixando algo em nós para trás, entende?

Lembrando, quando uma relação tem a força (desejo) de ser 100%, o equilíbrio já se perdeu aí.

Saber ser "desnecessária" no momento certo, pode ser uma tarefa difícil, mas importante para seus filhos crescerem e se tornarem autosuficientes. Não é isso que você deseja? Então por que não deixa de ser o todo e o tudo deles?

Bora trocar ideias?
Filhos são do mundo ou são nossos? (pergunda polêmica! rsrss)

(PS: nào estou me referindo a deixar de dar importância ou cuidado, e sim deixar de ser a única fonte de importância deles).

É SAUDÄVEL DEIXAR A CRIANÇA NO TIK TOK?

Eita que temos uma nova realidade e isso só diz como estamos vivendo e... Ok. Nào vou aqui condenar isso ou aquilo, mas sim deixar meu alerta como médica psiquiatra.

Hoje apareceu um vídeo na minha time line de uma menininha (em torno de dois anos) e seu pai. São várias cenas, até bem engraçadas, mas me chamou a atenção o conteúdo das cenas, que é claro que a menina não entende, mas "atua" até para agradar esse pai. Crianças costumam querer agradar e buscar por validação.

Para você ter uma ideia do que assisti: a primeira cena o pai está no celular no sofá e a menina no chão com sua mamadeira. Ela pede atenção desse pai e ele a "ignora". Até a menia subir no sofá e pegar o celular das mãos do pai e f**ar no celular e ele, agora frustrado, sendo ignorado por ela. Segunda cena: ele bate no bonequinho dela, dando uma indireta que é para ela se comportar e dormir "como boa menina", e assim ela faz (mas dá para ver que a cena foi ensaiada).

Meu questionamento:
Precisamos disso? Temos que sempre entreter, fazer um vídeo engraçado para assim termos muitos seguidores? Que preço essa criança vai pagar, pois além de ser exposta, ela claramente não entende esse conteúdo e pode, de certa forma, incorporar essas cenas em sua memória e gerar um conflito com isso, entende?

Por mais engraçadinho e fofinho que seja ver seu filho fazendo um Tik Tok e as pessoas elogiando, como isso pode impactar na cabecinha da criança?

Outro vídeo que muitos fazem e acho sim preeocupante é aquele que f**am duas pessoas "socando" uma a outra conforme o rítmo da música.

Criança não tem a mesma percepção do adulto e dependendo do conteúdo do vídeo, pode sim gerar uma confusão na mente e não sabemos como isso vai impactar no futuro, pois redes sociais são dessa geração (tudo muito novo).

Enfim, CUIDADO ao expor seu filho e entenda que há outras formas de você conseguir se destacar sem precisar que seu filho(a) se exponha,

Você tem alguma dúvida sobre esse tema?

Bora trocar ideias?

Mariza Matheus
Médica psiquiatra geral e infantil